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Thelema

Liber Pennae Praenumbra

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Por Nema Andahadna.

1. Isto está inscrito no Akasha-Eco:

2. Pela mesma boca, Oh Mãe do Sol, o mundo respira e o néctar é recebido. Pelo mesmo alento. Oh Contrapeso do Coração, o que é manifestado é criado e destruído.

3. Existe apenas um portal, embora pareça haver nove, Dançarina Mímica das Estrelas. Como é bela tua trama e tua teia, brilhando no fogo negro do espaço!

4. Os dois que nada são te saúdam, Chama Negra que move Hadit! Quanto menos Um cresce, quanto mais Pra-Nu pode se manitestar. Por favor, fala agora conosco, as crianças do porvir: expressa tua Vontade e dá-nos teu Amor!

5. ASSIM FALA AQUELA-QUE-SE-MOVE:

6 Lanço-me sobre vós, crianças de Heru! Todos vós que amais a Lei e a mantêm, conservando o Nada em vós mesmos, sede abençoadas. Procurais as peças dispersas de Nosso Senhor, sem jamais cessar de juntar tudo que foi. E no Reino dos Mortos geraram dos Mortos o Iluminado. Vós o haveis gerado e nutrido.

7. Vossa Terra de Leite terá também o mel, derramado como orvalho pelo Divino Ginantropo. O prazer e o gozo estão na Obra, o todo sobrepujando as Partes juntas.

8. O Senhor das Partes está em Seu Reino, com à Besta e o Pássaro. A terra do Sol não está aberta às Crianças. Atenção à Eterna Criança — seu Caminho flui abertamente, condizente com a Natureza do teu ser.

9. Uma Voz brada no Eco de Cristal:

10. O que significa esse apontar para frente? Será o Tempo em Si Mesmo oblíquo? O Falcão fez setenta vezes seu curso previsto!

11. Ela sorri, linda como a Noite:

12. Cuidado, Ele abre suas asas já em pleno voo, espalhando a Luz Dourada sobre os corações dos homens. E onde ele voa, e de que modo? Dirige a Pluma e o Ar que o amparam em Sua jornada.

13. Os pilares das eras estão intactos, firmemente alicerçados O Dia do Falcão mal viu seu amanhecer e continuará a vê-lo de acordo com as Leis do Tempo e do Espaço.

14. Então disse a voz.

15. Então a Visão falhou? Estarei te interpretando mal, pensando que És Quem Não És?

16. Ela dançou e rodopiou, espalhando à luz das estrelas com sua risada silenciosa.

17. Algumas vezes. Sou Quem pareço ser, e depois de novo uso um triplo véu. Não te sintas confuso! Acima de tudo, prevalece à Verdade.

18. Sou o Não-Cofinado. Quem irá me dizer não, “Tu não passarás”? Quem, na verdade, pode dizer. “Teu tempo ainda está por vir”, quando o próprio Tempo é meu principal servo, e o Espaço o mordomo de meu Templo?

19. Na verdade, Oh Voz de Akasha, sou o mero pelo qual tu falas. Pela mesma boca que respira o Ar, saem as palavras de dúvida. Então, no silêncio, trata de Me conhecer. Pois venho agora com o propósito de ajudar os Amantes do Falcão a voar.

A PALAVRA DO VÔO

20. Quem se engana no vôo deve cair; a grandeza dos deuses está no voo.

21. Quando, pela primeira vez, criastes as penas para o voo, Amado de Heru, a casca protetora já havia se rompido há muito tempo. Sobre as Asas da Vontade tu te lançaste adiante, ganhando força e poder à medida que voavas Recebestes todo o ensinamento do Reino Emplumado, onde te transformastes, perfeito corno o Sol. Amigos e mestres, todos se tornaram irmãos.

22. O Cisne real, a Garça e a Coruja, o Corvo e o Garnisé te ajudaram. A beleza do Falcão foi  conquistada, as virtudes do Pavão, do Colibri e do Mergulhão A Águia revelou sua natureza interior, daí os Mistérios — atenção, tu testemunhastes como, com seu Leão, ela se transformou no Cisne. E o Íbis do Abismo mostrou o Conhecimento.

23. Voaste, Oh Reis e Eremitas! E continuar voando até agora, dentro do encanto de NU que se inclina. Mas existem aqueles entre ti, e abaixo de ti que cortariam tuas asas e te tirariam dos céus!

24. Olha com atenção para dentro de ti mesmo! Julga bem teu Coração! Se fordes puro, teu coração não pesará mais do que Eu. Não te conduzirá ao Abismo. Pois a Luz é Dourada, mas O Chumbo é fatal para o vôo — perscruta as profundezas de teu ser, na Verdade e no autoconhecimento.

25. Se alguma coisa te impede, a culpa é tua. Contempla esses ensinamentos agora, dentro do Templo.

26. Assim dizendo, Ela-Que-Se-Move assumiu a forma da grande Chama Negra, crescendo a partir da coluna central e encapelando-se no Vazio. As Crianças de Heru observaram em silêncio, e ouviram Suas palavras se formando em seus corações.

27. Atenção! Essa miríade de Estrelas que agora giram no Espaço à vossa frente – os homens a chamaram de Andrômeda. Através delas vôo para dentro do halo da Lua e dali para Ra, e então para vós, Oh Sacerdotes.

28. Não deveis ficar contente enquanto no Reino, mas lutar e exceder o que for feito. No Amor da Senhora do Norte e na Vontade do Príncipe do Sul, existem todas as coisas. No poder da Estrela dos Sete Raios vós compreendereis a Besta e no Coração de HAD deletai- vos na vossa querida estrela.

29. Faz tudo isso e depois passa adiante. Abandona tudo que te possa distinguir das outras coisas ou do nada. Se a ave te armar uma cilada, deixe sua plumagem cair de tua mão e parar nas alturas, nua e invisível!

30. Agora! Estais todos aqui como Sacerdotes dentro do Templo, como Reis, Guerreiros e Magistas. A Solução é a Obra.

31. Aquele que se oculta no Abismo agora apresenta os dois inclusos na Suprema Alquimia: suportando a Terra está Chthonos – aprenda-o bem e todas as amarras se soltarão para a Obra da Vontade. Acima do Espírito, está Ychronos cuja natureza é à duração e a passagem.

32. Os dois são um e formam a essência do Reino. Quem os dominar será o Senhor do Mundo. Eles são as chaves da Transmutação e as chaves do poder para os outros Elementos.

33. Os Sacerdotes Guerreiros receberam as chaves, e as guardaram em seus mantos, bem escondidas junto ao coração. A Chama Negra dançou e minguou, ficando pequena, uma pena de ave, emplumada e pontuda. Não havendo sobre o que escrever, um dentre os Sacerdotes se aproximou e deixou a pele de seu corpo sobre o altar como um pergaminho vivo.

34. Aquela-Que-Se-Move escreveu por cima uma Palavra, mas não a revelou para eles. Esperou com paciência que todos os Reis e Eremitas apreendessem plenamente o Conhecimento.

35. A Pluma voltou a crescer, arredondada nas suas extremidades, transformando-se ante seus olhos em Yonilingam. A imagem veio do Velho Baphomet, o Chifrudo, que falou:

36. Há muito conheceis a Chave dos Dois em Um unidos. Viveram e amaram ao extremo como NU e HAD, como PAN e BABALON. Também conhecem o segredo de minha própria imagem, pois essa era a Verdade para as antigas Ordens do Oriente e do Ocidente.

37. Em seus volteios, a Raça Humana se dividiu em duas. O Pai e a Mãe conceberam uma Criança. Sou a mais velha dos Filhos, é verdade — mas agora o mais moço surge para o Seu Dia.

38. A natureza da verdadeira Alquimia é a de que muda não apenas a substância da Obra, mas também o Alquimista. Portanto, Vós cuja Vontade é Trabalhar, atenção à minha imagem invertida, e estudem bem seu significado para vossa Obra.

MOSTRANDO A IMAGEM

39. Do Yonilingam sai uma nuvem flutuando, violeta e brilhante. Do coração nebuloso saiu um som vibrando com suavidade, entretanto preenchendo todas as partes.

40. Em meio a asas rutilantes como joias e coloridas como o arco-íris, surgiu uma humilde ABELHA. Com macias listas douradas e marrons e com forma curva, faiscou os olhos sobre os Sacerdotes e Reis reunidos.

41. Então falou Aquela-Que-Se-Move, saindo da neblina ao redor:

42. Este é o símbolo da Obra que virá. O Grande Ginantropo em sua forma terrestre. O Mago deverá se transformar na ABELHA enquanto Éon se desdobra, um líder e um sinal sobre a Raça Humana.

43. O que a ABELHA deverá mostrar da sua natureza?

44. Atenção, não é macho nem fêmea no singular. Trabalha de dia em voo constante, sem ego pessoal, cuja Vontade e a Vontade da Colmeia são uma só.

45. Colhe o néctar da flor, voa para a Colmeia e lá, em pura Comunhão, transforma-se nesse corpo Transubstancial.

46. Agora o Néctar é Mel. Transferido de abelha em abelha, falando de todos os Mistérios da Colmeia de boca em boca. Pela mesma boca que primeiro o colheu, o Mel é consumido, a Alquimia secreta de dentro dos Centros transforma a Prata em Ouro.

47. A Colmeia agora vive, imortal. Com a rainha e as operárias, zangões e construtoras, soldados, mães de criação — todos são um. Constantemente renovando a vida, a Colmeia respira como Um Só Ser, como na verdade o é. Na Verdade da Colmeia realiza-se a Verdade da Abelha. Cada qual no lugar certo, as Abelhas executam sua Vontade em harmonia e ordem.

48. A imagem vai se desvanecendo. Agora a pluma se move como se dançasse, abrindo longas asas do centro, tomando a forma do Abutre negro

49. Mas saibam, Oh Crianças do Falcão, um Homem não é uma Abelha. Entretanto, pode aproveitar a imagem para aprender sobre a Vontade na Obra. Atenção ao ver em Mim outra imagem criada por ordem de vosso coração.

50. Diante de vossos olhos ergue-se a Torre do Silêncio, onde os Amantes do Fogo guardam os mortos.

51. A forma do Abutre ergueu-se, devorando a carne dos cadáveres até os ossos. O vento ululou, desolador, nesse lugar terrível, fazendo as mortalhas balançarem sobre os ossos cor de marfim.

52. Em silêncio, o Alado ficou olhando, o bico manchado de sangue. Seu olhar malévolo procurou o semblante de cada Sacerdote ali reunido. Perfeitamente calmos, estes suportaram o olhar, pois cada um deles, como Guerreiro que era, fizera da Morte uma irmã. Então, de modo deliberado, ele abriu as asas e voou ao vento, elevando-se daquele lugar.

A PALAVRA DADA

53. Então, reinou a Eternidade. Infinito era o véu que pairou sobre eles.

54. Em algum lugar, em determinado tempo, o véu se abriu por um instante, e Aquela-Que-Se-Move surgiu. Ela, mais do que qualquer outra mulher que já tivesse existido, brilhou como pérolas e ametistas. Sua veste era de Iinho fino, pregueada, entremeada de ouro e prata, e na cabeça, um toucado (nemyss) circundado pelo brilho azul das estrelas. Como coroa, apenas uma pluma, ereta, e em Suas mãos o Ankh e a Baqueta da Cura.

55. Em meio a cada Sacerdote-Guerreiro, moveu-se, abraçou-os e beijou-os. Então, sentada no nevoeiro, falou de igual a igual:

56. Trabalharam bem em tudo que lhes foi dado — estão sedimentados sobre a Árvore da Vida Continuaram em Tetragrammaton; agiram bem em tudo que a Besta forneceu. Transformaram-se em Hadit e Nu, é Ra-Hoor-Khuit. Como Heru-Pa- Kraath, residem no silêncio. Conhecem Pan como amante e como forma divina, e BABALON é vossa noiva e vosso Ser.

57. Despertaram a foiça de Shaitan, invocando o nexus de noventa-e-três para operar segundo a vossa Vontade. Conheceram a separação para dar lugar à felicidade da União, e a Alquimia é a Ciência de vossa Arte.

58. Para os que sabem, e desejam, e ousam e permanecem em silêncio, ainda há caminho a percorrer.

59. Na morte há vida — para todo o sempre. A Morte Desejada é eterna — que assim seja. O Ego, filho de Maya, deve ser morto assim que nasce. O Olho que não dorme deve manter vigilância, Oh Guerreiros, pois a ilusão é errada em si mesma.

60. Constante vigília e a primeira coisa a ser feita — o Abismo é percorrido a cada minuto, todos os dias.

61. Se dançar com a Máscara, então mascare a Dança. A esse respeito, a Arte deve ser perfeita; e que se mantenha o equilíbrio Central, ou dará Vida indesejável às suas próprias criações. Palmilhe com cuidado esse caminho de Obra Mágica. Uma ferramenta, inventada pela Vontade, pode criar um mau mestre.

62. Agora na Missa, a Águia deve ser alimentado com aquilo que ajudou a fazer. Pela mesma boca que ruge acima da montanha, está a palavra dada sobre a Não-Diferença.

63. E quando a Vontade se manifesta, então junta-se à Abelha para acrescentar o ouro ao vermelho e ao branco. Aqui a essência de Shaitan é néctar, o Templo é a Colmeia. O Leão é a Flor, logo, a Água invoca a natureza da Abelha.

64. Dentro do sacrário imerso na câmara tripla é tirado o primeiro néctar. A chamada da baqueta de Pan desperta a bênção do portal aberto. E da terceira e mais profunda câmara, em suprema alegria, O presente que é Sothis, a quintessência de Mead, surge para unir-se às lágrimas da Águia e ao sangue do Leão.

65. Dissolvido e coagulado. A seguir, União, enquanto o Cosmos se autodissolve e reforma-se pela Vontade. E saibam, se tal pode ser ordenado no Reino, que três ou mais é zero, assim como a mais antiga das Verdades.

66. Então os Sacerdotes-Guerreiros se moveram, e dentre eles um desconhecido adiantou-se.

67. Nós te conhecemos, Senhora, embora teu nome não tenha sido pronunciado até o momento. Mas diz agora — o que foi escrito na pele do homem? Qual é a palavra que ensinas?

68. Ela sorriu e tirou do manto um rolo de pergaminho no formato de Estrela. Desenrolando-o, virou-o para que todos pudessem ver.

IPSOS

69. O que é essa Palavra, Oh, Senhora – como pode ser usada?

70. Em sábio silêncio, Rei e Sacerdote-Guerreiro. Que a ação brilhe e se adiante e que a palavra permaneça oculta – a lâmpada da ação oculta a face.

71. É a palavra do vigésimo-terceiro caminho, cujo número é cinquenta e seis. É a Morada silenciosa em cujo interior a Dança da Máscara é por Mim ensinada. Tehuti vela sem o Macaco; também sou o Abutre.

72. É o Cálice do Ar e a Baqueta da Água, a Espada da Terra e o Pantáculo do Fogo. É a serpente da ampulheta que devora a própria cauda. E o Ganges transformando-se em Oceano, o Caminho da Criança Eterna.

73. Dá nome à Fonte de Meu Próprio Ser — e do teu. É a origem desta mensagem que permeia através de Andrômeda e Set. Que raça de deuses fala com o Homem, Oh Vós que agis pela Vontade? Sua palavra é tanto o Nome quanto o Fato.

74. É para o mântrico e o encantamento. Pronunciá-la é causar uma certa mudança. Sejam circunspectos ao usá-la — pois se a verdade foi revelada indiscriminadamente, levariam os escravos à loucura e ao desespero.

75. Apenas um verdadeiro Sacerdote-Rei pode conhecê-la plenamente, e continuar equilibrado no vôo. É tudo que direi por enquanto. O Livro do Pré-Ocaso da Pluma está completo. Faze o que tu queres, há de ser o todo da Lei. Amor é a lei, amor sob vontade.

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Fonte:

Liber Pennae Praenumbra.

A Magia Thelêmica de Maat – Amor sob Vontade: Um Guia de Auto-Iniciação, por Nema.

Tradução: Dorothea Lorenzi Grimberg Garcia.

© 1999, by Madras Editora.

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.


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