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Muhammad Ibn Abd al-Wahhab (1703- 1791) foi um reformador religioso conservador que lançou o movimento Wahhabi e ajudou a fundar o primeiro estado saudita.
Ibn Abd al-Wahhab nasceu em Uyayna, uma cidade oásis localizada no Najd, a região central do que hoje é a Arábia Saudita.
Ele foi criado em uma família de juristas e estudiosos religiosos da Escola Hanbali e demonstrou um interesse inicial em estudar o Alcorão e outras áreas do aprendizado islâmico, especialmente os estudos sobre a Hadith (Coletânea de Narrações e Ditos do Profeta Muhammad e seus Companheiros).
Seu pai, um juiz da Escola Hanbali e professor da Hadith e da Fiqh (a Jurisprudência Islâmica), lhe proporcionou sua educação precoce nas ciências religiosas.
Mais detalhes sobre o início da carreira de Ibn Abd al-Wahhab são anedóticos, mas parece que ele começou a defender um rigoroso reformismo islâmico quando estava na casa dos 20 anos.
Ele ganhou seguidores em sua cidade natal, mas a oposição política o forçou a ir a Meca e Medina, onde ele se encontrou e estudou com outros Ulamas (teólogos islâmicos) reformistas.
Ele se familiarizou com os escritos do reformador medieval da Escola Hanbali, Ibn Taymiyya, e se destacou por seu conhecimento da lei Hanbali.
Mais tarde ele viajou para Basra, uma cidade portuária no Iraque, onde encontrou doutrinas e práticas do Xiismo que encontraram sua desaprovação por terem se afastado do Islã do Alcorão e da Sunna.
Depois de Basra, Ibn Abd al-Wahhab mudou-se para Huraymila, a cidade Najdi onde seu pai vivia.
Foi aqui que ele escreveu O Livro da Unidade (Kitab al-Tawhid), no qual expressou muitos dos seus principais ensinamentos.
Cópias do mesmo foram espalhadas por todo o Najd.
Após a morte de seu pai em 1740, sua missão tornou-se mais pública.
Ele promoveu a doutrina do Tawhid, a crença na unicidade absoluta de Deus e a rejeição do politeísmo (shirk), da idolatria e da descrença.
Aqueles que falharam em atender seus ensinamentos eram vistos como descrentes (Kafirs, os infiéis) e podiam ser subjugados através da Jihad.
Líderes tribais e Ulamas em Huraymila decidiram que não queriam que Ibn Abd al-Wahhab minasse a autoridade deles, então conspiraram contra a sua vida, forçando-o a voltar para Uyayna, sua cidade natal.
Uthman ibn Hamid ibn Muammar (d. 1749), o governante de Uyayna, a princípio deu as boas-vindas ao reformador, até mesmo providenciando para que ele se casasse com a sua tia.
A situação mudou, porém, quando ele cortou uma das árvores sagradas da cidade, demoliu um santuário pertencente a Zayd ibn al-Khattab (um dos companheiros do profeta) e, acima de tudo, condenou uma mulher à morte por apedrejamento depois que ela confessou adultério.
O clamor público que essas ações provocaram fez com que Uthman retirasse o seu apoio a Ibn Abd al-Wahhab, o qual teve que fugir de Uyayna em 1744.
Ele se estabeleceu em Diriya, a cerca de 65 quilômetros de Uyayna, perto de Riyadh.
A pequena cidade era governada pelo clã dos Saud, liderado por Muhammad ibn Saud.
Nesse mesmo ano, “os dois Muhammads” chegaram a um acordo mútuo: Ibn Saud protegeria Ibn Abd al-Wahhab de seus inimigos e o tornaria o Imã (líder religioso islâmico) de Diriya, enquanto Ibn Abd al-Wahhab coletaria Zakat para o governante saudita e o ajudaria a estender seu controle sobre a região de Najd através de sua pregação e da sua declaração da Jihad contra os inimigos dos sauditas.
Estes incluíam os “infiéis” que não atendiam ao chamado de Ibn Abd al-Wahhab (Daawa) para aceitar sua versão do Islã, bem como as tribos que não se submeteriam ao domínio saudita.
O acordo acabou sendo mais frutífero do que os dois poderiam ter imaginado.
A partir dele eles puderam criar uma confederação de grupos tribais, tanto estabelecidos como nômades, a qual forneceu a base para um novo estado na Arábia Central.
Quando Muhammad ibn Saud morreu em 1765, Ibn Abd al-Wahhab continuou a aliança com seu filho Abd al-Aziz ibn Muhammad (m. 1803).
Ele manteve sua base em Diriya, onde ensinou e escreveu, procurando conquistar outros para sua causa.
Sua estratégia incluía a designação de juízes Wahhabi para as cidades e oásis que se haviam submetido ao domínio saudita.
Na época de sua morte, o governo saudita Wahhabi alcançou Riad (a futura capital saudita) e as margens do Golfo Pérsico.
Alguns anos mais tarde, o governo saudita abrangeu a maior parte da Península Arábica, incluindo as cidades sagradas de Meca e Medina.
O legado de Ibn Abd al-Wahhab foi levado adiante por seus descendentes e discípulos.
Seu filho Abd Allah escreveu obras contra o Xiismo e endossou as incursões Wahhabi no sul do Iraque no início de 1801.
Seu neto Sulayman (m. 1818) serviu como juiz em Diriya até ser executado pelas forças otomanas-egípcias enviadas do Egito para a Arábia para destruir o estado saudita primitivo.
Hoje, seus ensinamentos fazem parte da ideologia oficial do Reino da Arábia Saudita, que surgiu das cinzas do primeiro estado saudita sob a liderança do rei Abd al-Aziz ibn Saud (m. 1953) no início do século 20.
Os herdeiros de Ibn Abd al-Wahhab, conhecidos como Al al-Shaykh (a família do Shaykh Ibn Abd al-Wahhab), agora ocupam poderosos cargos no governo saudita e se casam com membros da família real saudita.
Suas obras estão amplamente disponíveis em forma impressa, e suas ideias prevalecem entre os reformadores religiosos conservadores e radicais em muitos países Sunitas.
Entre aqueles influenciados pelos ensinamentos de Ibn Abd al-Wahhab estava Osama bin Laden, líder da organização Al-Qaeda responsável pelos ataques ao World Trade Center e ao Pentágono em 2001.
No entanto, muitos muçulmanos, Sunitas, e Xiitas rejeitam o entendimento puritano do Islã conforme feito por Ibn Abd al-Wahhab.
Leitura adicional:
– Natana J. DeLong-Bas, Wahhabi Islam: From Revival to Global Jihad (Oxford: Oxford University Press, 2004);
– Madawi al-Rasheed, A History of Saudi Arabia (Cambridge: Cambridge University Press, 2002), 14–23;
– John O. Voll, “Muhammad Hayat al-Sindi and Muhammad Ibn Abd al-Wahhab: An Analysis of an Intellectual Group in Eighteenth Century Medina.” Bulletin of the School of Oriental and African Studies 38, no. 1 (1975): 32–39.
Encyclopedia of Islam
Copyright © 2009 by Juan E. Campo
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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.
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