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Por Jon Armajani
Jesus (em árabe: Isa) foi o instrutor judeu do primeiro século que os cristãos acreditam ser um salvador e que os muçulmanos acreditam ser um profeta que trouxe o Evangelho, que continha parte da mensagem de Deus para a humanidade.
O nome de Jesus aparece em 15 capítulos e 93 versículos do Alcorão.
Conhecido como “o Messias Jesus, o filho de Maria” (por exemplo, Alcorão 3:45), os muçulmanos acreditam que Jesus nasceu de uma virgem chamada Maria e que ele ensinou a verdadeira religião de Deus, muitos aspectos dos quais os cristãos mais tarde interpretaram mal (por exemplo, Alcorão 5:17; 19:16-37).
“45 E quando os anjos disseram: Ó Maria, por certo que Deus te anuncia o Seu Verbo, cujo nome será o Messias, Jesus, filho de Maria, nobre neste mundo e no outro, e que se contará entre os diletos de Deus.” (Alcorão 3:45)
“17 São blasfemos aqueles que dizem: Deus é o Messias, filho de Maria. Dize-lhes: Quem possuiria o mínimo poder para impedir que Deus, assim querendo, aniquilasse o Messias, filho de Maria, sua mãe e todos os que estão na terra? Só a Deus pertence o reino dos céus e da terra, e tudo quanto há entre ambos. Ele cria o que Lhe apraz, porque é Onipotente.” (Alcorão 5:17)
“16 E menciona Maria, no Livro, a qual se separou de sua família, indo para um local que dava para o leste.
17 E colocou uma cortina para ocultar-se dela (da família), e lhe enviamos o Nosso Espírito (o anjo Gabriel), que lhe apareceu personificado, como um homem perfeito.
18 Disse-lhe ela: Guardo-me de ti no Clemente, se é que temes a Deus.
19 Explicou-lhe: Sou tão-somente o mensageiro do teu Senhor, para agraciar-te com um filho imaculado.
20 Disse-lhe: Como poderei ter um filho, se nenhum homem me tocou e jamais deixei de ser casta?
21 Disse-lhe: Assim será, porque teu Senhor disse: Isso Me é fácil! E faremos disso um sinal para os homens, e será uma prova de Nossa misericórdia. E foi uma ordem inexorável.
22 E quando concebeu, retirou-se, com um rebento a um lugar afastado.
23 As dores do parto a constrangeram a refugiar-se junto a uma tamareira. Disse: Oxalá eu tivesse morrido antes disto, ficando completamente esquecida.
24 Porém, chamou-a uma voz, junto a ela: Não te atormentes, porque teu Senhor fez correr um riacho a teus pés!
25 E sacode o tronco da tamareira, de onde cairão sobre ti tâmaras maduras e frescas.
26 Come, pois, bebe e consola-te; e se vires algum humano, faze-o saber que fizeste um voto de jejum ao Clemente, e que hoje não poderás falar com pessoa alguma.
27 Regressou ao seu povo levando-o (o filho) nos braços. E lhes disseram: Ó Maria, eis que fizeste algo extraordinário!
28 Ó irmã de Aarão, teu pai jamais foi um homem do mal, nem tua mãe uma (mulher) sem castidade!
29 Então ela lhes indicou que interrogassem o menino. Disseram: Como falaremos a uma criança que ainda está no berço?
30 Ele (Jesus) lhes disse: Sou o servo de Deus, o Qual me concedeu o Livro e me designou como profeta.
31 Fez-me abençoado, onde quer que eu esteja, e me encomendou a oração e (a paga do) zakat enquanto eu viver.
32 E me fez piedoso para com a minha mãe, não permitindo que eu seja arrogante ou rebelde.
33 A paz está comigo, desde o dia em que nasci; estará comigo no dia em que eu morrer, bem como no dia em que eu for ressuscitado.
34 Este é Jesus, filho de Maria; é a pura verdade, da qual duvidam.
35 É inadmissível que Deus tenha tido um filho. Glorificado seja! quando decide uma coisa, basta-lhe dizer: Seja!, e é.
36 E Deus é o meu Senhor e vosso. Adorai-O, pois! Esta é a senda reta.
37 Porém, as seitas discordaram a seu respeito. Ai daqueles que não creem no comparecimento ao grande dia!” (Alcorão 19:16-37).
Seguindo a narrativa do Alcorão, os muçulmanos sustentam que Jesus não foi crucificado, tendo sido substituído na cruz por um sósia, ele foi elevado ao céu e voltará no final dos tempos para derrotar o anticristo (al-Dajjal).
A ressurreição citada no Alcorão 19:33, refere-se à ressurreição de Jesus após a sua vinda no final dos tempos para derrotar al-Dajjal, não à ressureição de Jesus após a crucificação descrita nos quatro evangelhos.
José, o pai de Jesus no Novo Testamento, não consta em nenhuma passagem do Alcorão, o qual retrata Maria dando a luz a Jesus sozinha.
Os muçulmanos também acreditam que Jesus foi um profeta (Rasul, Nabi) que predisse a vinda de Muhammad.
Mais tarde foram incluídos relatos adicionais sobre Jesus no Hadith, na literatura sobre as Vidas dos Profetas, e nas poesias e hagiografias sufistas.
Um dos vários erros que os muçulmanos acreditam que os cristãos cometeram sobre Jesus é sua afirmação de que ele era divino.
Como uma crença chave no Islã é um monoteísmo absoluto (Tawhid), os muçulmanos acreditam que é blasfêmia afirmar que qualquer ser humano possa ter atributos divinos.
Para os muçulmanos, Deus é perfeito e santo e, como tal, não pode ser contido em qualquer forma humana.
A ideia de que Jesus era humano e não divino não diminui seu importante papel de profeta.
A mensagem que ele pregava à humanidade era tão significativa quanto os profetas que o precederam.
Os muçulmanos também rejeitam a noção cristã da Trindade porque acreditam que ela é uma forma de idolatria que mina a unicidade de Deus.
As afirmações do Alcorão sobre Jesus sugerem que ele e Muhammad tiveram experiências semelhantes e, como tal, os muçulmanos acreditam que havia alguns paralelos entre as vidas destas figuras.
Deus deu a cada um deles a tarefa de proclamar sua mensagem à humanidade.
Ambos tiveram companheiros que tentaram entender sua mensagem, encontraram adversários que criticaram severamente as ideias que declararam, e deram profecias sobre o futuro.
Os muçulmanos acreditam que Jesus predisse a vinda de Muhammad, enquanto que no Hadith, Muhammad declarou o dia do julgamento que viria no final dos tempos.
Os muçulmanos acreditam que quando os inimigos de Jesus tentaram crucificá-lo, Deus intencionalmente os enganou projetando a semelhança de Jesus sobre alguém que eles erroneamente crucificaram (Alcorão 4:157-158):
“157. E por dizerem: Matamos o Messias, Jesus, filho de Maria, o Mensageiro de Alah, embora não sendo, na realidade, certo que o
mataram, nem o crucificaram, senão que isso lhes foi simulado. E aqueles que discordam, quanto a isso, estão na dúvida, porque não possuem conhecimento algum, abstraindo-se tão-somente em conjecturas; porém, o fato é que não o mataram.” (Alcorão 4:157-158).
Entretanto, os muçulmanos acreditam que Jesus ascendeu ao céu.
Para eles, nem a divindade nem a crucificação são necessárias para autenticar o enorme valor da vida e dos ensinamentos de Jesus.
O nome árabe Isa (Jesus) é usado pelos muçulmanos como um nome pessoal, e pensa-se que a mistura de muçulmanos e cristãos na Andaluzia (Espanha islâmica) ajudou a fazer de Jesus um nome comum também entre os cristãos de língua espanhola.
Os seguidores de um dos ramos da seita Ahmadiyya, ao contrário da maioria dos muçulmanos, sustentam que Jesus sobreviveu à crucificação e migrou para Kashmir com o nome de Yuz Asaf, onde sobreviveu até a velhice e foi enterrado.
Leitura adicional:
– Kenneth Cragg, Jesus and the Muslim: An Exploration (London and Boston, G. Allen & Unwin, 1985);
– Tarif Khalidi, The Muslim Jesus: Sayings and Stories in Islamic Literature (Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 2001);
– Javad Nurbakhsh, Jesus in the Eyes of the Sufis (London: Khaniqahi-Nimatullahi Pub- lications, 1983);
– Edward Geoffrey Parrinder, Jesus in the Quran (Oxford: Oneworld, 1995);
– Neal Robinson, Christ in Islam and Christianity: The Representation of Jesus in the Quran and the Classical Muslim Commentaries (London: Macmillan, 1991);
– Ahmad ibn Muhammad al-Thalabi, Arais al-majalis fi qisas al-anbiya, or “Lives of the Prophets.” Translated by William M. Brinner (Leiden: E.J. Brill, 2002), 622–680.
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Fonte:
Encyclopedia of Islam
Copyright © 2009 by Juan E. Campo
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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.
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