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Por Margaret Leeming.
A Viagem noturna e Ascensão (em árabe: al-isra wal-miraj).
A história da viagem noturna de Muhammad (isra) a Jerusalém e do eventual encontro com Deus acima do sétimo céu é contada em todo o mundo muçulmano em muitos locais: panfletos ilustrados de rua egípcios, sermões de sexta-feira, manuscritos iluminados persas, ônibus paquistaneses de peregrinação, poesias suaíli e hauçá.
Ela se baseia em eventos narrados nas coleções de hadith e na biografia (sira) de Ibn Ishaq do século oitavo de Muhammad.
Os muçulmanos atribuem a viagem noturna ao Alcorão (Alcorão 17:1):
“Glorificado seja Aquele que, durante a noite, transportou o Seu servo, tirando-o da Sagrada Mesquita (em Makka) e levando-o à Mesquita de Alacsa (em Jerusalém), cujo recinto bendizemos, para mostrar-lhe alguns dos Nossos sinais. Sabei que Ele é Oniouvinte, o Onividente.”
Tradicionalmente, um episódio anterior na vida de Maomé, a abertura de seu peito por Gabriel, que limpa seu coração de toda impureza em preparação para seu papel de mensageiro de Deus, é anexado à história da jornada noturna.
Os muçulmanos consideram como mais uma prova da história o Alcorão Sura 94, que retrata a abertura do peito de Maomé, e Alcorão 53:1-18, que contém visões associadas com a ascensão celestial:
“1 Pela estrela, quando cai,
2 Que vosso camarada jamais se extravia, nem erra,
3 Nem fala por capricho.
4 Isso não é senão a inspiração que lhe foi revelada,
5 Que lhe transmitiu o fortíssimo,
6 O sensato, o qual lhe apareceu (em sua majestosa
forma).
7 Quando estava na parte mais alta do horizonte.
8 Então, aproximou-se dele estreitamente,
9 Até a uma distância de dois arcos (de atirar setas), ou menos ainda.
10 E revelou ao Seu servo o que Ele havia revelado.
11 O coração (do Mensageiro) não mentiu, acerca do que viu.
12 Disputareis, acaso, sobre o que ele viu?
13 Realmente o viu, numa Segunda descida,
14 Junto ao limite da árvore de lótus.
15 Junto à qual está o jardim da morada (eterna).
16 Quando aquela coisa envolvente cobriu a árvore de
lótus,
17 Não desviou o olhar, nem transgrediu.
18 Em verdade, presenciou os maiores sinais do seu Senhor.”
(Alcorão 53:1-18).
De acordo com a versão mais conhecida da história, após ter sido acordado do sono na mesquita de Meca, Muhammad cavalga até Jerusalém no dorso do mítico corcel chamado Buraq, uma criatura retratada como um cavalo com cabeça de mulher.
Em Jerusalém ele reza na mesquita mais distante (aqsa), às vezes entendida como sendo a mesquita celestial, e depois ascende ao céu (miraj significa literalmente “escada”).
Durante sua ascensão pelos céus com Gabriel, Muhammad encontra os antigos profetas – Adão, João Batista, Jesus, José, Enoque (Idris), Aarão, Moisés e Abraão – cada um reconhecendo seu notável status.
Enquanto sua jornada continua, as visões das punições sofridas pelos habitantes do inferno e as recompensas dos abençoados no Paraíso refletem grandes temas escatológicos no Alcorão.
Depois de ser aconselhado por Moisés durante sua descida do mais alto céu a pedir a Deus uma redução no número de orações, Muhammad acaba voltando à sua Umma com as cinco orações diárias.
Embora haja debate no mundo muçulmano sobre se a jornada de Muhammad ocorreu no corpo ou no espírito, ela representa um mandato para a superioridade de Maomé sobre os antigos profetas como o Selo dos Profetas.
Muitos muçulmanos celebram a Viagem Noturna e a Ascensão todos os anos no dia 27 de Rajab (o sétimo mês do calendário deles).
Os sufis, em particular, entendem esta história como um modelo de devoção humana a Deus e, inversamente, a devoção de Deus à sua criação, a ser emulada em suas próprias buscas espirituais de união com o divino.
Entre os Sufis mais famosos que se diz terem empreendido uma ascensão ao céu estão Abu Yazid Bistami (século IX) e Ruzbihan al-Baqli (d. 1209).
Leitura Adicional:
– O Significado dos Versos do Alcorão Sagrado, por Samir El Hayek;
– Annemarie Schimmel, And Muham- mad Is His Messenger: The Veneration of the Prophet in Islamic Piety (Chapel Hill: University of North Carolina Press, 1985);
– Michael Sells, Early Islamic Mysticism: Sufi, Quran, Miraj, Poetic, and Theological Writings (Mahwah, N.J.: Paulist Press, 1996);
– Abu Abd al-Rah- man Sulami, Subtleties of Ascension: Early Mystical Sayings on the Prophet Muhammad’s Night Journey, the Isra wa Miraj. Translated by Frederick Colby (Louisville, Ky.: Fons Vitae, 2007).
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Fonte:
Encyclopedia of Islam
Copyright © 2009 by Juan E. Campo
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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.
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