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O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. Atos 8:20
Existe uma crença forte, difundida entre as igrejas e templos criados pelo homem em que devemos compartilhar com as instituições parte de nosso dinheiro. Os ditos “lideres” espirituais e auto entitulados “pastores” do rebanho do Senhor afirmam que todos nós somos devedores perante Deus e nossos dízimos são como que uma “garantia de pagamento” do que devemos ao Senhor. Pagar o dízimo é o reconhecimento de que somos devedores e não proprietários. Ainda em sua visão deturpada afirmam que quando um crente não paga os seus dízimos, põe de manifesto o que existe em seu coração: uma pobreza interior.
Bem aventurada a pessoa que nunca ouviu que essa pobreza espiritual manifesta-se quando amamos mais a nós mesmos do que a Deus, pela falta de amor à igreja, pela falta de amor ao ministério. Bem aventurada pois provavelmente nunca teve que ouvir a falácia de que a recusa de pagar parte do seu dinheiro para uma instituição ocorre quando a pessoa ama mais ao dinheiro do que a Deus, e que pagar o dízimo é um antídoto contra o amor ao dinheiro, uma forma de receber bênçãos espirituais. Que tipo de mente associa Deus e a Graça Divina com dinheiro? Basta frequentar um culto ou ir a uma missa e logo vemos bandejas ou sacolas sendo passadas e enchidas pois as pessoas acabam crendo que pagar o dizímo é contribuir para a realização de projetos missionários ou ainda pior: que pagar nossos dízimos é efetuar uma aplicação no Reino de Deus, que esta aplicação acumula recompensas eternas.
A maior das ignominias surge quando nos pedem para pagar por amor a Jesus Cristo, o maior “doador” de todos nós: caso você queira receber todas as bênçãos de Deus, deve pagar todos os seus dízimos. Afinal se quer viver na sobre-abundância de Deus, seja generoso com a obra do Senhor.
É óbvio que qualquer pessoa pode manipular as palavras de Deus para enganar os necessitados e aqueles que buscam compreensão, mas o que dizer de fatos jogados contra essa aberração criada por mentacáptos? Muitos hoje associam toda a forma de cristianismo a um bando de pessoas que dão parte do seu salário, muitas vezes ja mirrado, para um aproveitador, e o pior é que muitos acham que isso ocorre porque Deus assim quer. Nada mais longe da verdade.
O trecho bíblico mais usado para justificar a cobrança do dízimo é o famoso Malaquias 3:8-10:
“Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas. Com maldição sois amaldiçoados, por que me roubais, vós a nação toda. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança”.
Sabemos que a Bíblia é a palavra de Deus, a autoridade maxima do Cristianismo, estudemos então estes versículos como se deve ser feito, com mais atenção:
O ponto a entender é que antes de Jesus Cristo Israel era governado por vários tipos de leis, as principais delas eram as Leis Morais, como “Não Matar”, “Não roubar” e as leis cerimoniais que regulamentavam o culto e adoração. A grande questão a entender é que a instrução do dízimo se refere sempre à leis cerimoniais. Tome sua Bíblia e leia atentamente os três primeiros capítulos de Malaquias e veja que o contexto inteiro está fundamentado na lei sacerdotal, ou seja, exatamente aquelas leis que caducaram na cruz pelo sacrifício de Jesus Cristo. Os mandamentos referentes a antiga adoração (o que inclúi o dízimo) são para os judeus da antiga aliança apenas.
Acham isso surpreendente? Continuemos com nosso bíblia então:
Deus conduziu o seu povo à Terra Prometida. Ali repartiu-lhes a terra, distribuindo cada parte a uma das onze tribos. A tribo dos LEVITAS deveria se dedicar ao serviço de Deus e, por isso, as demais tribos deveriam pagar o dízimo para sustentar o sacerdócio judáico, e este sacerdócio deveria ser mantido até a chegada do Messias.
Jesus Cristo ab-rogou os sacrifícios do Templo, o velho Templo foi rasgado, Jesus abriu o caminho. O sacerdócio levita, necessário para o sacrifício de animais ou oferendas, instituído a partir de Aarão, estava anulado. Já não seriam necessárias nem as oferendas e nem os holocaustos; não mais compraziam a Deus o sangue de touros nem bezerros. Apenas um sacrifício perfeito é agora agradável ao Pai (Malaquias 1,11).
Por isso, o que fazem os pastores de qualquer denominação autointitulada “cristã” exigindo o pagamento do dízimo, pressionando seus irmãos, NÃO é de Deus, mas um mandamento humano, que sem nenhum pudor se aproveitam dos seus irmãos mais fracos para tirar-lhes dinheiro em nome de Deus. “A religião se lhes tornou puro negócio” (1Timóteo 6,5).
Continuando a leitura atenta a Malaquias 3 ou qualquer outra passagem sobre o dízimo constatará que o contexto é sempre referente a instruções cerimoniais. Os dízimos estão sempre na companhia das ofertas alçadas e dos antigos sacrifícios dos Levitas e do Templo. Um cristão é tão obrigado a dar o dízimo hoje quanto a sacrificar um bode pelos seus pecados, pois a adoração hoje não é feita mais da antiga maneira, mas sim em “Espírito e Verdade”.Com o resgate feito por Jesus o véu do Templo se rasgou de cima em baixo como conta a Bíblia, e neste instante a antiga lei cerimonial foi cravada na cruz e a antiga aliança deu lugar ao novo testamento de Deus. De tal forma é que não existe nenhum texto bíblico que instrua o povo de Deus a pagar dízimos após a ressurreição de Cristo.
Ademais Malaquias é um livro com um público muito bem definido é completamente tirado de contexto por igrejas que servem primeiro ao Dinheiro antes de qualquer coisa. Vamos portanto entender quem de fato são os ladrões mencionados em Malaquias 3:8-10. Este texto na verdade faz parte de um clamor que começa no capítulo 2, versículo 1 e vai até o verso 18 do capítulo 3. O primeiro passo é portanto ler toda a passagem.
Logo no começo podemos ver claramente para quem é endereçada a dura mensagem. E adivinhem só? Deus está bravo com os sacerdotes (de novo): “Agora, ó sacerdotes, este mandamento é para vós”. A mensagem é clara, quem está levando bronca são os sacerdotes, não o povo de Deus. Mesmo a passagem “vós a nação toda” em Malaquias 3:9 tem os sacerdotes como alvo, como que dizendo “vós, a nação de sacerdotes, todos estão roubando”, temos que lembrar que Deus, quando separou as tribos reservou uma ao sacerdócio, essa nação é que merecia o puxão de orelha. Ou seja, a Bíblia contém mensagens específicas para públicos e pessoas específicos. Não faz sentido por exemplo construir uma arca da madeira porque em Gênesis Deus ordena que Noé o faça. Da mesma forma que não é lógico que pessoas comuns se submetam às práticas sacerdotais. Não pedimos para um carteiro realizar uma cirurgia, ou que um engenheiro revise uma sinfonia. Por que aplicar para a pessoa comum os sermãos criados para os sacerdotes hipócritas?
Assim, em Malaquias 3:8-10 Deus não estava ordenando que os cristãos de hoje dêem dinheiro aos pastores, mas ironicamente estava chamando os sacerdotes de ladrões, ordenando que eles parassem de roubar! E o que torna ainda pior tudo isso é afirmar que o objeto roubado era dinheiro, de forma a poder estorquir hoje dinheiro dos crentes. O contexto era que o povo levava animais perfeitos para serem sacrificados na expiação de seus pecados e os sacerdotes trocavam e ofereciam seus próprios animais defeituosos no lugar.
Na Bíblia o dízimo nunca está relacionado a dinheiro. Dízimo sempre está relacionado a comida, alimentos, produção agro-pecuária.
Não que não houvesse dinheiro nos tempos bíblicos. Algumas taxas para o Templo só eram aceitas em forma de dinheiro (Êxodo 30:14-16 e 38:24-31). O dinheiro era utilizado para comprar sepulturas (Gênesis 23:15-16). O dinheiro era usado para comprar bois para serem oferecidos em sacrifícios. (II Samuel 24:24). Era utilizado para pagar tributos vassalos. (II Reis 23:33,35). Era utilizado para comprar imóveis (Jeremias 32:9-11). Para pagar salários (II Reis 22:4-7). Para fazer câmbios (Marcos 11:15.17). O próprio Jesus foi vendido por dinheiro.
Entretanto, Deus estabeleceu que somente as pessoas ligadas à produção agro-pecuária deveriam trazer dízimos. Uma vez que os dízimos eram oferecidos somente em forma de grãos, ovelhas, gado. Não há nenhuma citação bíblica de que os frutos do trabalho podiam ser cambiados ou compensados por ovelhas ou grãos a fim de se cumprir o procedimento dos dízimos.
Nos tempos antigos haviam variadas profissões e ocupações como hoje. Se o dízimo tivesse sido estabelecido sob a forma de dinheiro, ninguém teria dificuldade de adorar a Deus desta forma. Mas não foi assim que Deus quis. Dízimo na Bíblia é sinônimo de alimento. Ofertas podiam ser trazidas em forma de dinheiro (II Reis 22:4-7) Mas, quando o assunto era dízimo, somente ovelhas, bois, grãos, comida. Dinheiro nunca!
“Todos os dízimos do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do Senhor, são santos ao Senhor. No tocante a todos os dízimos de vacas e ovelhas, de tudo que passar por debaixo da vara do pastor, o dízimo (O DÉCIMO) será santo ao Senhor. Não esquadrinhará entre o bom e o ruim, nem o substituirá. Se de algum modo o substituir, ambos serão santos, e não podem ser resgatados”. Levítico 27:30-32
Curiosamente, ainda, o dizimista não tinha que separar o PRIMEIRO para Deus, mas o DÉCIMO, o último. Os animais iam passando por debaixo da vara do pastor. O dízimo ou o décimo era separado e entregue ao Senhor. Quem tivesse nove ovelhas estava automaticamente isento do dízimo.
E o pior dos erros ainda era acreditar que o dízimo era uma forma de pagamento ou oferta aos sacerdotes: os dízimos deveriam ser aproveitados pelos próprios dizimistas.
“Certamente darás os dízimos de todo o fruto das tuas sementes, que cada ano se recolher no campo. Perante o Senhor teu Deus, no lugar que ele escolher para ali fazer habitar o seu nome, comereis os dízimos do teu cereal, do teu vinho e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas, para que aprendas a temer ao Senhor teu Deus todos os dias. Mas se o caminho for longo demais, de modo que não os possas levar, por estar longe de ti o lugar que o Senhor teu Deus escolher para ali pôr o seu nome, quando o Senhor teu Deus te tiver abençoado, então vende-os e leva o dinheiro na tua mão e vai ao lugar que o Senhor teu Deus escolher. Com esse dinheiro comprarás tudo o que deseja a tua alma, por vacas, ou ovelhas, ou vinho, ou bebida forte, ou qualquer outra coisa que te pedir a tua alma. Come-o ali perante o Senhor teu Deus, e alegra-te tu e a tua familia” Deuteronômio 14:22:29
“Trareis a este lugar os vossos holocaustos e os vossos sacrifícios, os vossos dízimos e as vossas ofertas especiais, os vossos votos e as vossas ofertas voluntárias, e os primogênitos das vossas vacas e das vossas ovelhas. Ali comereis na presença do Senhor vosso Deus e vos alegrareis com as vossas familias por todo o bem que vos abençoar o Senhor vosso Deus. Então, ao lugar que escolher o Senhor vosso Deus… para ali trareis…. vossos dízimos” Deuteronômio 12:6,7,11
Como lemos em Levítico ainda a parte destinada aos sacerdotes era uma parte em alimento (Levítico 5:13). Nunca houve o pedido da entrega de dinheiro por Deus para seus sacerdotes. O dízimo em dinheiro é uma invenção do homem. Para que Deus iria querer dinheiro? Caso ficasse com fome e estivesse muito ocupado para criar um Big Mac e tivesse que pagar por um?
Os sacerdotes e pastores corruptos não são, portanto, novidade do cristianismo de hoje. Na verdade as mais duras ressalvas da Bíblia são para eles e não para o cristão comum. Talvez este seja um dos motívos de Jesus ter se oposto aos líderes religiosos durante seu ministério na Terra.
Quanto ao argumento de que o dízimo de hoje é usado para sustentar o trabalho do ministério e da pregação. Bem, Jesus nunca pediu que isso fosse feito. Muito pelo contrário a postura dos cristãos primitivos era “De graça recebei e de graça dai.” Mt. 10:8.
Os cristãos primitivos nunca cobraram nada como desculpa para sustentar seus ministérios. Esse é o exemplo Bíblico (Mateus 10:7-10).
A mentira do dízimo se coloca ainda em oposição ao evangelho quando tomamos a consciência de que muitos cristões humildes passam necessidade e deixam de comer para poder entregar dinheiro à igreja, na esperança de que assim poderão cumprir a vontade de Deus. Sofrem de fome e se atolam em dívidas enquanto seus líderes andam de carro importado e fazem viagens ao exterior.
Faça um exercício, peça para seu pastor ou seu padre que dê para algum fiel qualquer, dentre toda a congregação a chave de seu carro, e os documentos de posse. Você confia em uma pessoa que é incapaz de lhe dar a chave de um carro a responsabilidade de lhe dar a chave para a vida eternal?
A superstição do dízimo foi criada para manter os vendilhões do templo de hoje e não condiz com a mensagem de liberdade do novo testamento. A crença de que seremos amaldiçoados se não dermos dez por cento de nossos salarios, coloca o próprio sacrifício de Cristo em dúvida, como ato insuficiente para livrar-nos de todo mal, e ainda condiciona nossa herança de uma vida plena à doação de parte de nosso salário, de nosso dinheiro, aos sacerdotes. Os senhores que dirigem algum grupo religioso NÃO têm qualquer autoridade apostólica delegada por Deus para “exigir” de seus fiéis o cumprimento do “dízimo” judaico, como se eles fossem judeus, como se ainda tivessem que sustentar um sacerdócio que já caducou.
Mas Deus não é um comerciante, e na condição de pecadores nada temos a oferecer ao criador do Universo. A Graça da Salvação e da vida em abundância não vem em troca de nosso dinheiro humano, mas da iniciativa de Jesus Cristo em pagar toda a dívida moral que acumulamos com nosso erros.
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