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Raflifu (Túneis de Set)

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Por Kenneth Grant, O Lado Noturno do Éden.

 

O 30º Túnel está sob a égide de Raflifu cujo nome deve ser vibrado numa eufonia suave e doce na clave de ‘D’. Seu sigilo deve ser pintado em vermelho raiado sobre um disco âmbar.

 

O kala filtrante através deste túnel é de uma natureza solar. No tubo infernal de Raflifu este se torna escurecido mais como uma sombra profunda lançada na luz brilhante do sol.

 

O número de Raflifu, 406, é aquele da letra Tau soletrada por completo, ou ‘estendida’. O Tau místico, ou Sinal da Cruz, se tornou um emblema do deus dos mortos porque a Cruz simboliza a travessia do ser para o não ser. Ele é o emblema especial de Shaitan, a forma caldaica de Set. A identidade de Osiris, deus dos mortos, e Set, o Sol Negro, está substanciada no símbolo do Tau. 406 é o número da palavra hebraica AThH, significando ‘tu’ como em Faze o que tu queres no Culto de Thelema. ‘Faze o que tu queres’ é uma exortação ao sol ou espírito na escuridão do Amenta, i.e. o subconsciente. Isto é uma invocação da Verdadeira Vontade e daquela espontaneidade que é o estado de consciência supremo descrito pelo Wei Wu Wei como ‘viver não-volitivo’708

 

AThH (Ateh) é um aspecto da tríplice deidade AHA, que compreende Ani (Eu), Hua (Ele), Ateh (Tu); três facetas de uma deidade adorada em três pessoas e de três maneiras: 1) com a face virada, 2) com prostração, e 3) com identificação. As iniciais A H A somam 7, o número da Deusas Estelares cujo símbolo – neste contexto – é o glifo de uma fórmula sexual consistindo também de três aspectos: 1) p.v.n.709 (com a face virada); 2) cunnilinctus (com prostração); e, 3) coito normal (com identificação).

 

O quanto acima é substanciado, cabalisticamente, pelo fato que o número de Raflifu é o resultado de somar juntos a série de números de 1 a 28, o que o conecta com o ciclo lunar.

 

406 é o número de QVSh, significando um ‘arco’, da palavra egípcia Kesr, ‘uma flecha’; o símbolo de Sothis a Estrela de Set, o que, novamente, indica o XIo O.T.O. O arco e a flecha estão entre as armas mágicas atribuídas a este kala. 406 é também o número de ShVQ, significando ‘aguaceiro’(?), ‘inundação’, do egípcio sekh, ‘liquido’; e ShQV, ‘bebida’, do egípcio sheku, ‘bebida’. ThV (também 406) significa ‘desejo’; e MOTzVR significa ‘coibido’, ‘restrito’, ‘retido’, o que sugere que uma forma de Karezza também pertence à este túnel. Estas idéias se referem à uma libação, e a natureza sexual desta oferenda de bebida é confirmada pelo texto correspondente no Liber CCXXXI:

 

Então o sol apareceu sem nuvens, e a boca de Asi estava na boca de Asar.

 

Isto se refere aos gêneros, Set Horus, abraçando e se tornando um com o Sol Negro (Osiris ou Shaitan), o Deus da Travessia.

 

O sigilo de Raflifu exibe o tridente com chifres de Tífon (ou Choronzon) guardado em ambos os lados pelo sinal do machado ou neter e encimado por um sol negro nos braços de uma lua crescente. O tridente com chifres é a tripla deidade cuja fórmula foi explicada acima. O machado é o sinal de deidade. Ele é o instrumento de abrir caminho e é portanto da Deusa, A Dividida710, que é neter; ou seja, ela não é nem masculina nem feminina porém neter (= neutra) pois ela é ambos homem e mulher num sentido místico que é indizível.711 O sinal do machado é representado pela cifra árabe do 7. Seu veículo planetário é Vênus, sendo um de seus nomes AHA, cujo número também é sete.

 

O leopardo é o animal sagrado à este túnel. O preto e o dourado de suas manchas simbolizam o sol na escuridão de Amenta; ou, em termos mágicos, o ouro sexual iluminando a subconsciência com seus raios. O falcão é o pássaro do sol, dourado na atmosfera superior onde ele tipifica Hórus, negro no abismo onde ele tipifica Set.

 

O siddhi mágico conectado ao 30º Caminho é o Poder de conseguir Riqueza (ouro), e o de Preparar a Tintura Vermelha. Este simbolismo combina os elementos solar e lunar em um glifo alquímico.

 

A enfermidade típica deste kala de energia solar é a exaustão. Os fetors (algo como névoas_?) de brejos e charcos são simbólicos do sol ‘doente’ em Amenta.712 As qliphoth portanto povoam este túnel na forma de fogos-fátuos ou gases de pântano que lembram as curiosas fosforescências observadas por sensitivos sobre os túmulos dos mortos.

 

708 Vide Tudo Mais é Escravidão, e outras obras de Wei Wu Wei.

 

709 Para detalhes relativos à p.v.n. (per vas nefandum), que comporta o uso do XI OTO, e portanto o Olho de Set, vide Aleister Crowley e o Deus Oculto, págs. 107, 108.

 

710 Nota do Tradutor: no sentido de partida, fendida.

 

711 Vide Parte I, capítulo 2.

 

712 Para o significado do sol ‘doente’; o sol na sua fase feminina, vide as obras de Gerald Massey.

 

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

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