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Sitra Achra

Um pouco de Satanarquia

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Anarquismo vem do grego e significa, literalmente, “sem governo”. Apesar de haver inúmeras correntes doutrinárias anárquicas, todas elas defendem a abolição da autoridade do Estado e do uso da força.

É curial observar que o Anarquismo não significa uma ausência de ordem, e sim o estabelecimento de uma ordem espontânea, sem o controle coercitivo, sem a ingerência das grandes instituições seculares e sedentárias.

O Anarquismo possui ponto em comum com a Magia do Caos pois ambos trabalham em termos de quebra de paradigmas e assumpção de uma ordem natural. À guiza de recordação, um dos principais motes da Magia do Caos é “nada é verdadeiro, tudo é permitido”.

Interessa o estudo do Anarquismo vinculado ao Satanismo, pela simples e espantosa razão de que, neste último, o homem é o seu único e exclusivo mestre. Assim, por que motivo o indivíduo gostaria de ser governado por um terceiro? Por que motivo o indivíduo não poderia assumir o controle total de sua própria vida? NENHUM.

A idéia de contrato social estipulada por Rousseau há muito deveria ter sido abolida. Quando foi que o indivíduo assinou um contrato permitindo que alguém lhe diga o que deve ou não fazer da sua vida? Você assinaria um papel desse tipo?

Houve inúmeras tentativas de um ideal libertário, como o caso da Fazenda Cecília, aqui mesmo no Brasil, mas sempre esbarrou na prepotência das forças armadas organizadas em prol da elite governista, sempre pronta a exterminar esse tipo de idéia. Um exemplo de sistema anárquico vivo é o do kibutz, em Israel, que são comunidades autogerenciadas.

Destarte, o anarquismo é possível, mas será improvável até o momento em que as populações, já cansadas de tanta exploração e miséria, resolverem emergir e assumir pessoalmente o controle dos serviços sociais. A pena costuma ser mais poderosa que a espada, assim essa idéia pode e deve ser desenvolvida, afim de que prospere.

Cumpre observar que a idéia de Anarquismo seria semelhante ao sentido original da democracia grega, em que os cidadãos se reuniam, debatiam os assuntos primordiais da cidade e votavam em conjunto. O único adendo é que o “governante” deveria se tornar uma espécie de síndico, ou seja, apenas um executor das decisões deliberadas por todos.

O advento da internet já traz em seu bojo uma espécie de sistema anárquico. É muito difícil exercer um controle efetivo na web. É bom que seja assim, caso contrário não poderíamos estar explorando esse estado natural de ser. O maior direito do ser humano é justamente o da expressão. A expressão é o braço do Self. A expressão desvela que o bicho homem se torna a dança e o dançarino ao mesmo tempo, num estado de divinitude.

Pontos comuns a quaisquer correntes anárquicas são a autonomia de cada ser humano, o apoio mútuo como método de fortalecimento e superação, a autogestão que leva cada indivíduo a governar a si mesmo, a autodefesa baseada na ingerência dos próprios membros, o apolitismo que é a regência do próprio indivíduo, o anticlericalismo que expurga a doutrinação religiosa e, por fim, a completa eliminação da idéia estulta de pátria. Esse é um resumo do que seria uma comunidade anárquica.

Dentro do Satanismo, os estudos anárquicos assumiram a forma da Satanarquia, em que leva em conta a gnose da Sombra, voltada para a superação do Eu. Foi criada pelo diácono Maskim Xul, da Church of Lucifer, para dar cumprimento aos ideais anárquicos dentro da seara satânica.

A Satanarquia distancia das demais correntes anárquicas por se insurgir contra a estupidez de um amor universal, contra a falácia de uma paz duradoura, contra a pura e simples eliminação do rebanho, contra a eliminação do capital e a inutilidade de usar uma língua morta ao invés de uma viva, entre alguns outros detalhes.

A Satanarquia não é conhecida pela grande massa. Para ser sincero, ainda engatinha, malgrado possa se tornar um amálgama para romper definitivamente com os grilhões escravizantes de qualquer forma de governo, seja político, seja religioso.

 

Por: Maleficence

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