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O arquétipo de Lúcifer – Satanomicon

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Segundo a Grande Enciclopédia Delta Larousse, este nome foi, nos primeiros séculos da Igreja, aplicado ao Cristo. Entretanto, a sua origem é anterior ao Cristianismo. Era o nome que os latinos davam ao planeta Vênus, também conhecido como a Estrela da Manhã. Lúcifer é uma palavra latina que significa “portador da luz” (Vem do latim lux, lucis = luz; ferre = carregar)  cuja correspondente em grego é “phosphoros”, significa “o portador do archote” ou “o portador da luz”, sendo ele mesmo, como indica o seu nome, aquele que traz a luz onde ela se faz necessária. Mais tarde, o sintagma Estrela da Manhã foi copiado para compor a figura do Cristo no Apocalipse, 22:16, assim como inúmeros outros itens do Paganismo, sem que fosse apontada a sua origem correta… E transformaram Lúcifer num demônio.

Devido à cópia deste sintagma, alguns estudiosos concluem que Cristo = Lúcifer. Bem, depende do enfoque. Se levarmos em conta que o termo cristo[1] significa a autodivinização, estão corretos. Afinal, cristo é palavra de origem essênia, e não cristã, não se confundindo com Jesus.

Outra questão acerca de Lúcifer é a possibilidade de ser um arquétipo feminino. É bem possível: uma teoria diz que Lúcifer é oriundo da deusa babilônica Ishtar. Existe também sua relação com Vênus. Esta seria a chave também do filme O Último Portal do diretor Roman Polansky, em que uma mulher acompanha o personagem na sua busca, essa mulher seria o próprio Lúcifer, na forma de Babalon. De qualquer forma, não se olvide que a essência do ser sempre será andrógina, melhor dizendo, assexuada.

Por Cousté, “Hervé Masson, um dos melhores compiladores modernos do esoterismo, escreve, no capítulo destinado a Lúcifer de seu Dicionário iniciático, sobre a suposta expulsão do Diabo do reino da luz e se posiciona contra o que ele chama de simplismo especulativo. ‘Lúcifer, o portador da luz, é pelo contrário a personificação da Gnose, que livra o homem das cadeias da ignorância e permite-lhe libertar-se da escravidão em que o mantém o criador deste mundo mau. Ele é, nesse sentido, o grande escriba universal, o grande enviado cósmico, o grande agente mágico.’ Para uma visão que tradicionalmente temos do Diabo, essa variante pode parecer exagerada, quando não sacrílega.” Na Introdução ao Livro de Lúcifer[2], LaVey expõe: “O Deus romano, Lucifer, foi o condutor de luz, o espírito do ar, a personificação da iluminação espiritual. Na mitologia cristã ele se tornou sinônimo de demônio, que era somente o que se esperava de uma religião cuja real existência é perpetuada por definições vagas e valores fraudulentos! É o momento de definir um critério correto. Falsos moralismos e ocultismos imprecisos precisam ser corrigidos. Diversão é o quanto eles precisam se ocupar, muitas histórias e brincadeiras sobre a devoção ao Demônio precisam ser reconhecidas como os absurdos obsoletos que eles são. Tem sido dito ‘a verdade tornará o homem livre’. A verdade sozinha nunca  torna ninguém livre. É somente a dúvida que trará emancipação mental. Sem o maravilhoso elemento da dúvida, o vão por onde a verdade se move seria firmemente fechado, impenetrável pelo mais ativo seguidor de mil Luciferes. Como compreender que a Sagrada Escritura poderia se referir ao Monarca Infernal como o ‘Pai das Mentiras’ – um magnífico exemplo de inversão de caráter. Se alguém acredita na acusação teológica que o Demônio representa a falsidade, então seguramente precisa concordar que foi O HOMEM, NÃO DEUS, QUE ESTABELECEU TODAS AS RELIGIÕES ESPIRITUAIS E QUEM ESCREVEU TODAS AS BÍBLIAS SAGRADAS! Quando uma dúvida é seguida de outra, a fraude, crescida abundantemente de longas e acumuladas falácias, ameaça romper. Para aqueles que já duvidam de supostas verdades, este livro é revelador. Então Lúcifer terá renascido. Agora é o momento da dúvida! A fraude ou a falsidade está se rompendo e seu som é o urro do mundo!”

 

Na verdade, Lúcifer representa a inteligência, a sabedoria e a consciência no seu mais alto grau, ou seja, quando as três se tornam uma só. Daí este grande arquétipo ser intimamente associado à transformação qualitativa da consciência no ser humano, representada essa essência pelo Self junguiano.

 

Lúcifer representa o elemento Ar, o seu ponto cardeal é o Leste, naipe de Tarot é Espadas, e está simbolicamente relacionado à supraconsciência. No ser humano representa a inteligência.

[1] É importante dissociar a idéia de Jesus da de Cristo, Jesus foi um mito criado para dar cumprimento à profecia judaica acerca do Messias; Cristo é um termo essênio e vincula-se à idéia de transpessoalidade (iluminação).

[2] Refere-se a The Book of Lucifer, o segundo livro de The Satanic Bible. O primeiro é The Book of Satan, e os outros The Book of Belial e The Book of Leviathan.

 

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