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Bruxaria Negra: Fundamentos da Senda Luciferiana

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Por Michael W. Ford
Excerto Lucifer Luciferax XII

A essência da Bruxaria da “Mão Skir” no mundo antigo e moderno é contrária a natureza, ou melhor, é “Antinomiana”, uma palavra grega que significa “contrário à lei”. Esta palavra refere-se à rebelião de uma estru-tura ou plano espiritual das massas, a maioria e qualquer que seja a corrente ideológica estabelecida que esteja em vigor naquele momento. A feitiçaria, independentemente de seu propósito ou forma, sempre se distinguiu por estar fora de qualquer aceitação convencional dentro da sociedade – seja pela hierarquia religiosa (mesmo quando retém organizações chamadas “igrejas” e obtenção de lucro) ou mesmo governamental. Para proporcio-nar uma compreensão clara sobre a Bruxaria Luciferiana na qual sou iniciado, devo escrever diretamente desde a experiência e visão que todos os iniciados – antigos, atuais ou incógnitos – trouxeram para o fluxo e como ele se manifesta hoje. Os de natureza Luciferiana não serão mais forçados a condenar a escuridão inerente a nós; a feitiçaria, como o espírito humano ou dæemônico, é de natureza dupla, luz e sombra, bestial e angélica, ad infinitum.

A palavra “Negro”, dentro do contexto aqui escrito, refere-se à natureza oculta da Arte Sinistra, ela repre-senta a profundidade da iniciação que se enraíza em nossas almas e a possibilidade futura de que os impulsos atávicos possam ser explorados como armas poderosas para refinar e fortalecer nossa consciência. A Ordem do Fósforo é uma fraternidade de praticantes de feitiçaria do ponto de vista do Caminho da Mão Esquerda. A pala-vra “Negro” é descrita por Idries Shah, identificando-a com o som FHM na língua árabe, também pode significar “negro”, “sábio” ou “entendimento”. Shah também menciona que a palavra “negro” mantém uma conexão com a sabedoria oculta, por isso a frase “Dar Tariki, Tariqat”, que significa “Na Escuridão, o Caminho”. A Ordem de Fósforo é símbolo do fogo iluminado desde a argila, da luz emergindo da escuridão. Os magos e bruxas desta Irmandade da “Mão Skir” estão focados não apenas em feitiços baixos, mas também em usar a natureza oculta da escuridão para revelar a Luz dentro de si mesmos. Encontramos aqui o fundamento e a essência de Baphomet, o Pai da Sabedoria. O Deus Sabático é a união da Besta e da Prostituta, Ahriman (Satanás, Samael) e Az (Lilith, Babalon) os quais engendram Caim (pelo círculo de Leviatã, a Serpente das Profundezas). Uma imagem inicial de Caim como Baphomet (de Soror Lilitu Azhdeha) pode ser encontrada em “O Livro de Caim” (Bruxaria Lu-ciferiana) e representa o Senhor Negro do Sabá como uma forma do Adversário.

Uma representação deste caminho pode ser encontrada em minhas publicações, Bruxaria Luciferiana: O Livro da Serpente, que contém os grimórios “O Livro de Caim”, “A Goetia Luciferiana”, “Yatuk Dinoih”, “Nox Umbra”, “Paitisha”, “Azothoz”, “Vox Sabbatum” e muito mais. O infame Livro da Lua da Bruxa também apre-sentou uma base para os aspectos mais obscuros da feitiçaria e do vampirismo, os quais Aleister Crowley alude no livro “De Arte Magica”. O leitor que tem interesse na procedência do Sabá das Bruxas em consideração à gnose luciferiana referida neste artigo terá material de referência nos títulos mencionados acima, bem como nas obras de Kenneth Grant, que continuou o trabalho de iniciação de Crowley a partir de 1950.

Simbolismo e Compromisso

“O modelo da Magia Sexual do Caminho da Mão Esquerda é um desafio que ultrapassa os limites das limitações sociológicas; este é um tabu sem degradação psicológica e com um fortalecimento auto-motivacional através do ato de tornar-se um Deus ou Deusa para descobrir suas fraquezas e forças.” ADAMU – Magia Sexual Proibida.

As definições do Caminho da Mão Esquerda têm sido obscurecidas e, muitas vezes, mal interpretadas. Essencialmente, o Caminho da Mão Esquerda vem a ser, pela percepção universal, a mutação ou transformação da consciência em uma divindade ou divina, isto é feito através do processo da prática de Magia e Feitiçaria para lograr o movimento do corpo e a mente em direção a uma percepção superior. Os Adeptos Negros da Ordem de Fósforo e da Ordem Negra do Dragão são magos que se comprometem com o processo de exercícios mágicos determinados por eles próprios para refinar e expandir a consciência através da atividade física e mental. Isso in-clui, mas não está limitado à, Magia Sexual, prática cerimonial e trabalho solitário de todos os tipos para buscar os resultados iniciais da Magia em si.

Este não é um caminho de oração e súplica, mas de reconhecimento dos poderes inerentes do feiticeiro. As forças da Escuridão são chamadas como meios de expressão pessoal, fortalecimento e deificação.” – Nathaniel Harris, (autor do livro “Witcha – A Book of Cunning” e atual Magister do Red Circle, Inglaterra), excerto da introdução à Bruxaria Luciferiana de Michael W. Ford

A Bruxaria Negra, tal como definida nos grimórios acima mencionados, trata sobre autodeificação e também sobre uma maior expansão da consciência, transformando o mundano em divino, daí o simbolismo antinomiano e Satânico. No entanto, aqui está oculta, cifrada, a essência do caminho Luciferiano, são o compro-misso e a posse dos aspectos inferiores e superiores da identificação demoníaca que fortalecem as formas divinas encontradas nos grimórios negros e proibidos, como Adamu, Liber HVHI e Bruxaria Luciferiana. Não se trata de mero psicodrama e, dentro do círculo dos sábios, o mago não procura um espírito superior fora do seu ser, mas no interior; a coreografia e os instrumentos do ritual não são mais que ferramentas de capacitação pessoal como auxílio no processo de Transformação. A Bruxaria da “Mão Skir” inspirou-se internamente nas linhas familiares de Nathaniel Harris, que significa “Skir” como “mão esquerda” ou “sinistro”.

“O círculo, dentro da Bruxaria Luciferiana, representa o próprio espaço de união do corpo do feiticeiro, do espiritual/celestial e do carnal/infernal. Este é o símbolo do Sol e da Lua, a esfera que engendra força e o foco do Mago.” Adamu – Magia Sexual Proibida, por Michael W. Ford.

As ferramentas rituais dentro da Tradição Negra são tão variadas quanto os próprios feiticeiros. Alguns criam fetiches servidores, familiares demoníacos encarnados, frequentemente, criados e atados a objetos feitos a partir dos restos de animais, sangue ou fluidos sexuais para formar uma sombra visualizada que é importante para o feiticeiro. Alguns criam bonecas e outros usam poucas ou nenhuma ferramenta ou implementos exterio-res. O que continua sendo uma tradição entre esses Adeptos é o compromisso do espírito Luciferiano interno. Esta é a mente do praticante, que foi liberada através de práticas e pensamentos antinomianos, é por esse foco determinado que a Vontade do Adepto Negro foi transformada em um Ser Demoníaco. Dentro da antiga prática persa, Ahriman (Satanás), criou o dæ Akoman (que significa Mente Má), que é a Mente Luciferiana, que procura libertação e independência da mentalidade de massa ou rebanho, para se tornar algo “distinto” pelo caminho proibido ou “Malévolo” da Magia e da Bruxaria. Algumas ferramentas dentro da Arte Sinistra são muitas vezes consideradas como “objetos encantados”, fortalecidos pela prática ritual contínua pelo bruxo ou feiticeiro, que dá ao fetiche uma aparente vida independente, sempre de acordo com sua Vontade.

Alguns instrumentos rituais são: o Kangling Tibetano; uma trombeta feita do fêmur de um enforcado, uma faca ritual conhecida como Athame; de acordo com Idries Shah, “adhdhame”, sendo “quilha”, usado na prática ritual do Sabá para enfocar a Vontade ou projetar a Mente para a direção determinada do ritual Mágico, a lâmina, representando a Mente Luciferiana do mago, o cálice de crânio; feito a partir do topo de um crânio humano, se converte uma taça para a prática cerimonial ou solitária. Nenhuma dessas ferramentas rituais é ne-cessária para a consecução, que depende unicamente dos meios e predileção do feiticeiro.

As formas divinas mantêm um poder específico dentro dos cultos de bruxaria, a medida que são fortale-cidas pelos próprios praticantes. Os Deuses e Deusas não existiriam de forma tangível se a humanidade não os capacitasse, subconscientemente ou conscientemente, portanto, quando o Adepto se converte, a forma divina se converte. A energia Deífica é uma fonte que não se baseia apenas no sangue do praticante, mas também nos recessos atávicos ou primordiais da mente humana. Essa energia ou poder Deífico pode ser trazida à carne e à mente consciente do praticante, desse modo, o indivíduo encontra o conhecimento empreendido por correntes mais antigas, tais como a Golden Dawn, oa Maskhara das tribos árabes e asiáticas, o Zos Kia Cultus de Austin Osman Spare, etc. Existem inúmeros rituais explorados pelos praticantes do Sabá Luciferiano dentro da Ordem de Fósforo e da Ordem Negra do Dragão que usam métodos antigos de licantropia e o “desprendimento da car-ne”, para mudar o aspecto no sonho um uma forma Teriônica para sair das convulsões eróticas do Sabá Infernal

O Deus da Bruxaria Luciferiana é Seth-an ou Set (o mesmo que Samael, Satã). Este é o Príncipe Egípcio das Trevas, um Senhor do Caos e do poder feiticeiro. Set não deve ser considerado apenas um Deus em um sentido antropomórfico, mas uma força deífica que é a própria essência do nosso ser. Quando Azazel ou Lúcifer entregou a Caim a Chama Negra da Consciência, este foi um presente de Set para a humanidade. Ao trabalhar nos círculos de Arte Luciferiana, você está cumprindo sua antiga herança. Embora alguns escolham fugas menos perigosas do que esta; a realidade da bruxaria como uma gnose luciferiana não pode ser negada. O Grande Tra-balho em referência a Set é que o mago busca a divindade, que é consciência, individualidade e poder pessoal. Ao acreditar em si mesmo em vez de algo “superior” para você (o único ser Angélico [k] ou Demoníaco é VOCÊ, o Anjo Luciferino ou o Sagrado Anjo Guardião), você se se torna seu modelo.

Dentro da Tradição Negra, a Trindade Luciferiana de Samael-Lilith-Caim, tem importância no modelo da prática dentro do culto. Esta trindade é um processo alquímico de transformação no qual o mago se alinha e usa as associações de Samael-Lilith-Caim para transformar sua consciência na essência divina que é Baphomet, a cabeça do Conhecimento. Para descrever Samael, segue pequeno excerto de Liber HVHI, um trabalho ritual que define a prática mais profunda e mais obscura do Caminho da Mão Esquerda em termos de Bruxaria.

“Porque o Diabo é chamado Diabolus, isto é, que flui para baixo: aquele que cresceu com orgulho, determinado a reinar nos lugares elevados, caiu para as partes inferiores, como a torrente de uma corrente violenta.” – The Fourth Book of Occult Philosophy, de Heinrich Cornelius Agrippa

É descrito na Bíblia que Samael/Satã caiu abruptamente do céu como um raio, Aquele que antes da queda, era um Serafim em torno do trono de Deus. Após a sua queda, ele era um senhor da morte, o próprio veneno de Deus, no entanto, ele também era um Dador de Vida, sendo o pai entre os anjos caídos e as mulhe-res. Em escritos judaicos posteriores, Samael é associado ao nome de Malkira, que Morris Jastrow Jr. associou a Malik-Ra, sendo “o Anjo Maligno” e com o nome de Matanbuchus, sendo uma forma de Angro-Mainyush ou Ahriman. Aqui o círculo se completa e a natureza do Primeiro Anjo é percebida ou sentida. Em um trabalho ritual contínuo, o mago começa a se identificar com Samael (e Lilith) dentro dos parâmetros de sua própria vida e iniciação.

“O Senhor da Terra, sendo um nome atribuído a Samael (Satã) e seus anjos caídos e demônios, não são considerados mais que espíritos astrais, que já não tomam formas físicas, mas podem se manifestar através do mago ou bruxo que pode fazer com eles um “pac-to”, sendo uma iniciação e dedicação ao Caminho da Mão Esquerda. Samael é o espírito condutor/líder do Caminho da Mão Esquerda, pois sua Palavra é o que formou nosso pensamento e nos deu o fogo interno da Chama Negra, nosso processo individual de pensamento e livre arbítrio. Os magos que alinharam sua vontade com a Via Sestra, de Samael (o Diabo), receberam poderes sobre a terra de uma maneira ou de outra; ao mesmo tempo em que fortaleceram, definiram e expandiram sua consciência. No capítulo 7 do Êxodo, os magos foram capazes de produzir rãs e serpentes pelo poder que obtiveram no Diabo, portanto, tais criaturas são formas astrais de Ahriman (Samael) e o corpo em estado onírico dos bruxos e feiticeiros”. Liber HVHI

Aqui podemos ver que Samael ou Satã/Shaitan, não é o aspecto devorador de tudo, mas também é o salvador da humanidade e o semeador original da semente da luz em nosso ser. Através de Caim, sua linhagem sobreviveu e continuou na espiritualidade até o presente.

Lilith, como a Noiva do Diabo, é uma parte do Adversário, sendo o lado obscuro instintivo do homem e da mulher, o feminino, o horrível e amando a todos dentro do mesmo alento. Lilith é conhecida pela palavra semítica “Layil”, que significa “Noite”, mas também é o nome do demônio da tempestade. Lilith está associada com a coruja e outras bestas da natureza, pois é seu refúgio depois que deixou o céu para percorrer a Terra. Ela é considerada um dos Três Demônios Assírios, sendo Ardat Lilit, Lilith e Lilu, mas esses podem ser apenas variações de seu nome. Alguns acadêmicos hebraicos sugerem que Lilith foi adorada pelos judeus exilados da Babilônia como uma deusa do deserto.

Lilith, como descrito na literatura pós-bíblica, é vista como a Rainha dos Demônios, ela foi às cavernas perto do Mar Vermelho e copulou os anjos caídos para engendrar demônios, ela também ensinou esses anjos como formar corpos e ter relações sexuais para dar vida a outros “filhos dragão” (segundo o maniqueísmo – Az). Dizia-se que ela havia se encontrado com seu par, Samael (Ahriman), depois da queda, quando ele não podia ser despertado por seus companheiros caídos e demônios; somente as palavras de Az (Lilith) poderiam fazê-lo. Ele então beijou sua forma e causou a menstruação, a qual foi transmitida a todas as mulheres, pois Lilith está diretamente ligada a seus lados ardentes e obscuros.

Como descrito anteriormente, a Deusa da Bruxaria Luciferiana é Lilith ou Babalon. Ela também é Héca-te, a Obscura Deusa Lunar do Círculo Artificioso, cuja benção é a juventude, a imaginação e a morte ao mesmo tempo. O Filho está dentro de você e esse é Caim, o Dæmon Baphomético cuja magia(k) é a essência fundamen-tal da religião da feitiçaria. O próprio rito de projetar o círculo, como descrito por Gerald Gardner, apresenta a Mãe da Bruxaria: “Mãe, Obscura e Divina, Meu é o Açoite e Meu o Beijo, a Estrela de Cinco Pontas de Amor e Êxtase”. Dentro do círculo está o Graal do Adversário, através do amor próprio, a essência do pentagrama pode ser sentida e compreendida. Ele se refere a Hécate ou Lilith (através de Diana) como a “Senhora Negra do Inferno, a Rainha do Céu”. Esta é a natureza dual do Diabo e sua Noiva, ou Adversário; que pelos ritos do Sabá, sejam preenchidos os cálices do Céu (o Aethyr, o Sabá Luciferiano) e o Inferno (o Infernal, o Sabá Ctónico).De acordo com alguns relatos, Caim foi o filho nascido de Samael (o Diabo) e Lilith (através de Eva); o primeiro Satanista e Bruxo.

“É dito nas tradições obscuras que a Bíblia está equivocada sobre o verdadeiro parentesco de Caim. Caim era de fato um filho bastardo meio humano e meio demônio de Adão e Lilith. Foi por esta razão que o Senhor se recusou a aceitar suas ofertas e orações, nem qualquer demanda específica de sacrifício de animais. A história continua com Caim sendo amaldiço-ado para vagar pela terra como um vagabundo, cultivando a terra que nunca dará recompensa.” – Nathaniel J. Harris, em “The Mark of Cain, the First Satanist and First Murder.”

Em determinada fonte rabínica, as filhas de Caim se uniram sexualmente com os Anjos Caídos, os Vi-gilantes, e deram à luz os Nephilim, os Gigantes belígeros e brutais. Dizia-se que eles povoaram a terra em abun-dância e atacaram os filhos de Seth. Na tradição maniqueísta, a Rainha dos Demônios e a iniciadora espiritual de Caim, Lilith-Az, ensinou aos Anjos Caídos como formar corpos físicos e se uniu com outros sexualmente. Também é sugerido por escritores como Kaufmann Kohler, W.H. Bennett e Louis Ginzberg que os Filhos de Caim passaram seus dias ao pé de uma montanha (o Éden?) em orgias selvagens à música de Lúcifer criada através de Tubal. As mulheres, as primeiras Pairikas ou Fadas/Bruxas, em suas aparências belas, convidaram os filhos de Seth (filhos de Deus) e copularam com eles, dando à luz outras crianças. O folclore judaico apresenta as primeiras formas do Sabá das Bruxas como uma celebração Luciferiana e prática de magia sexual.

“Para Philo, da mesma forma, Caim é a classe de avareza, de “insensatez e impiedade” (‘De Cherubim’, xx.) e de amor próprio (‘De Sacrificiis Abelis et Caini’; ‘Quod Deterius Potiori Insidiari Soleat,’ 10). “Ele construiu uma cidade” (Gen. iv. 17) significa que “ele construiu um sistema doutrinário de anarquia, insolência e indulgência imoderada no prazer” (“De Posteritate”, 15); e os filósofos epicuristas são da escola de Caim, “alegando ter Caim como mestre e guia, que recomendou a adoração de poderes sensuais em preferência aos poderes do alto e que praticou sua doutrina destruindo Abel, o expositor da doutrina oposta” (ib. 11).” – The Jewish Encyclopedia, compilado por Kaufmann Kohler, W. H. Bennett, Louis Ginzberg.

Podemos perceber assim que Caim é, portanto, uma personificação de carne e sangue do Caminho Luciferiano, ele é o Filho de Satã e Lilith, a essência obscura que se conecta profundamente com Eva, a esposa de Adão. Caim não é apenas o guia pai das Bruxas, ele também é o símbolo do iniciado no caminho antinômico.Nathaniel Harris, um Bruxo Hereditário britânico, possuidor de um longo envolvimento em vários círculos mágicos e autor de grimórios, não só dentro da Tradição Negra, mas também no caminho tradicional de Witcha, é corajoso o suficiente para apresentar ideias de nossa linhagem espiritual encontrada nas mentes em um estado onírico dos Irmãos e Irmãs Artificiosos. A Marca simbólica da iniciação, que Aleister Crowley chamou a Marca da Besta do Apocalipse no Livro de Thoth, levou a diferentes interpretações de sua forma, mas a própria função em si é clara.

“Essa marca ou estigma pode ter sido uma referência a algum tipo de tatuagem. A história pode referir-se original-mente à tribo nômade dos Kenitas, ourives itinerantes que acreditavam ser descendentes de Caim, também relacionados aos Medianitas e Israelitas que viajaram pelo deserto árabe por volta dos séculos XIII e IX a.c. Eles vingavam a morte de qualquer membro da tribo com severidade. Posteriormente, nos tempos da perseguição à bruxaria, tal marca foi associada às marcas conferidas aos iniciados do culto. Historicamente, Caim é reconhecido como um iniciador em várias sociedades heré-ticas, incluindo a antiga Fraternidade dos Homens Sapo” – Nathaniel J. Harris, Witcha, A Book of Cunning (Mandrake de Oxford)

Esta marca é representada como um Glifo do Compromisso Antinomiano, do ser despertado para o Caminho do Diabo e de sua Noiva, para se transformar através do Espírito Dæmônico inerente ao nosso san-gue. Este processo dinâmico foi representado nos grimórios do livro Bruxaria Luciferiana de várias maneiras; no “Yatuk Dinoih”, apresentei um sistema coerente com Trabalhos Cainitas baseados no espírito isolado que é personificado na Carne do iniciado, representado também em “Paitisha”, o “Rito de Zohak” e outros trabalhos do grimório. O espírito de Baphomet ou da Cabra Sabática, o Deus dos Bruxos, é revelado, portanto, como o próprio Caim, o Deus Bestial que se despojou da carne para descobrir a cabeça do Dæmon do Deus-Bruxo Te-riomórfico.

Uma vez que se tenha iniciado o processo de separação, a ignorância cai como argila queimada nas cha-mas enegrecidas, o espírito se eleva para dançar em formas retorcidas no sentido anti-horário, o corpo juntamen-te com a sombra e a luz copulam com a Música(k) de Tubal Caim e o Círculo do Sabá está completo.

Fundamentos da Bruxaria da Mão-Skir

As propostas dos fundamentos da feitiçaria provêm das primeiras lendas, memórias e mitologia da hu-manidade. Caim, que vagou no leste para a Terra de Nod, tornou-se, de acordo com a “verdade do círculo”, o primeiro Satanista e Bruxo, cujos filhos geraram outros e a linhagem da Arte nasceu. Sugere-se em algumas tradições judaicas que as filhas de Caim foram aquelas que seduziram ou copularam com os anjos caídos, os Vigilantes. É com os Vigilantes que os aspectos desequilibrados da magia Angélica e Satânica são encontrados – estão nas profundezas atávicas, onde esta linhagem de sangue está profundamente enraizada em nossa psique, juntamente com as Serpentes e atavismos Teriônicos dentro da nossa carne. Em “O Livro de Enoque”, traduzido do etíope por R.H. Charles, no capítulo 69, encontramos os nomes, e neles, a essência dos Anjos Luciferianos, que são a própria fonte da arte da magia. Os Vigilantes mencionados que desceram de volta à terra foram: Samya-za, Artaqifa, Armen, Kokabel, Turael, Rumyal, Dánjal, Neqael, Baraqel, Armaros, Batarjal, Busasejal, Hananel, Turel, Simapesiel, Tumael, Turel, Rumael e Azazel. Estes são alguns dos nomes dos Chefes dos Vigilantes que encarnaram. Jeqon levou os outros à terra para cobiçar as filhas de Caim. Foi dito que Asbeel deu conselhos do-entios aos Filhos de Deus, sendo os Vigilantes, que eles deveriam sair e copular com as filhas de Caim. Gadreel ensinou aos homens, mulheres e crianças os golpes da morte e a criação de armaduras e armas. Penemue ensinou aos sábios a arte da tinta e da escrita, bem como o amargo e o doce, o bom e o ruim. Este é o espírito que deu artifício ao Livro da Arte, que engendrou ao Demônio e ao Anjo, das formas Teriônicas das Trevas fez carne, a arte da licantropia. Kasdeja ensinou aos homens a arte de trabalhar com demônios e espíritos, além de abortos e a arte secreta da Serpente de Meio Dia, Tabaet. O espírito angélico Kasbeel foi o portador do Juramento; quando ele estava no céu, seu nome era conhecido como Biqa.

Procuro enfatizar as ideias ecléticas da Bruxaria da Mão-Skir dentro do Círculo que todos podem trazer de sua imaginação para o arcano do Espírito Luciferiano, seja na escuridão ou na luz. A medida em que a rea-lização da experiência iniciática é conhecida pelo indivíduo, o sentimento de vazio deixa de existir em relação à identificação e comprometimento no coração do Bruxo; se conhece e se crê de acordo com a predileção do Adepto. Os trabalhos rituais encontrados no grimório Bruxaria Luciferiana e em outros trabalhos meus apresen-tam meios reais para manifestar espíritos Infernais e Luciferianos, sombras atávicas que o feiticeiro pode infundir em seu próprio arcano prático. Pode-se tomar como referência as bases do grimório “A Goetia Luciferiana”, é alinhado ao Caminho da Mão Esquerda e aos 72 Espíritos da Goetia, embora sejam os rituais que preparam o mago para convocar e lidar com tais espíritos. A Invocação do Santo Anjo Guardião, Azal’ucel, assim como a Invocação do Adversário, preparam o estado mental do mago; ao invés de adotar um dogma cristão, o espírito dæmônico é iluminado internamente através de uma prática determinada e focada. Essas coisas também podem ser consideradas no compromisso necessário para este caminho e o círculo da Bruxaria Luciferiana, mesmo dentro das obras da luz, o feiticeiro está se tornando a Chama Negra de Azazel (de forma sigilizada, entoada no mantra, Azal’ucel). Este é, obviamente, um sério ponto de introspecção que o indivíduo precisa atingir antes de prosseguir; um nível de habilidade que se sente ao invés de ser aprendido. Compreende-se então como a Corren-te Iniciática dos Vigilantes, o Chamado do Sangue Feiticeiro de Nosso Pai, o Diabo por Caim e Tubal Caim, o Iniciador e sua Mãe Lilith-Az sobrevive. Aqueles do caminho Yatu – ou Feiticeiro de Ahriman dentro do Círculo de evocação ritual, conhecido como Azothoz, fazem com que as sombras Terial-Atavisas emergam da escuridão da carne. Azothoz na tradição do círculo, representa o Alfa e Omega, sendo o Início e o Fim, que também é a corrente primária da serpente ou Az – Azhi Dahaka, o Dragão Rei da tradição da feiticeira persa. Os indivíduos ligados ao Yatu (ou Caminho Feiticeiro de Ahriman) fazem com que as forças Teriônicas-Atávicas emerjam da obscuridade da carne dentro do Círculo de evocação ritual, também conhecido como Azothoz. Por sua vez, na tradição do círculo, Azothoz representa o Alfa e o Ômega, o Início e o Fim, que também é a corrente primária da Serpente ou Az-Azhi Dahaka, o Dragão Rei da tradição persa de feitiçaria.

A Grande Obra, como pode ser vista no modelo do Sabá das Bruxas, revela-se uma jornada desafiadora e obscura em que o iniciado bebe avida e profundamente o Sangue envenenado de Seth-an no Cálice feito com um crânio humano, o iniciado ingere a Carne de Abel, cujo sangue é oferecido ao seu próprio Anjo-Demônio, a própria essência e representação da Grande Obra em si. O Sabá como uma dupla participação do sonho e o ritual cerimonial/solitário é representado como encarnação do desejo e da crença, na qual o arcano de Caim é revelado ao iniciado, onde não há diferença entre a Grande Meretriz, Lilith-Az e Samael como o Adversário, todos são ‘um’ através da expansão e deificação do Mago. Em suma, o feiticeiro se torna um receptáculo e expres-são de Ahriman e de sua Noiva, o Círculo de Lúcifer se completa e a projeção traz Caim; portanto, o iniciado é o primeiro do Sangue dos Bruxos e a Gnose da Sombra e da Luz da Mão-Skir.

Os fundamentos da gnose da Bruxaria Luciferiana se encontram no círculo, o próprio lugar de convoca-ção onde os nomes das forças Deíficas Infernais estão traçados, desde Azazel ou Ahriman no antigo cruciforme persa, aos sigilos luciferianos medievais que anunciam a encarnação do poder satânico, nossa herança e linha-gem espiritual. Este artigo tem como meta iluminar aqueles que condenariam isso na primeira oportunidade sem considerar seu significado mais profundo; mas é preciso saber que aqueles que seguem esse caminho serão considerados amaldiçoados e serão condenados pela sociedade. Uma vez que você anda pelo caminho da inicia-ção, o Sangue do Diabo estará nas suas veias, sua sombra será a dança obscura do Dæmon e do Angel, de Caim e Lilith.

O ritual do Sabá dentro da Ordem de Fósforo é aquele que ecoa os conceitos e ideais antigos que des-crevem o rito. Alguns procuram deixar a carne na noite e sair em espírito para o círculo, outros acham a prática cerimonial mais atraente, enquanto outros praticam solitários e sua imaginação abre as portas para o encontro infernal e celestial. Na obra “Ecstasies: Deciphering the Witches Sabbat”, de Carlo Ginzburg, descreve-se um rito em que os atributos mencionados têm ressonância não só com a prática atual, mas também com as práticas an-tigas: “… o diabo apareceu-lhes na forma de um animal preto – às vezes um urso, às vezes um carneiro. Depois de ter renunciado a Deus, fé, batismo e a Igreja”. Continua a descrever os horríveis ritos de maldição. Outra seção menciona feiticeiros que usam a pele dos lobos para operações licantrópicas. Este é um processo de ressurgimen-to atávico e ainda é praticado hoje, embora dentro da afirmação do Diabo seja uma associação mais profunda à autodeificação e ao reconhecimento da mente consciente; a licantropia praticada é a convocação atávica da Besta/Therion – as sombras dentro do corpo e da mente.

Em suma, a Bruxaria da Mão-Skir pode ser vista como uma prática racional e de fortalecimento; essa dedicação exige mais do que curiosidade, e os resultados e benefícios serão conhecidos por aqueles que estão dispostos a se dedicar instintivamente a si mesmos. A corrente da Bruxaria Luciferiana é uma gnose poderosa e multicultural; fala para aqueles que podem ouvi-la e eleva aqueles que se atrevem a praticá-la.

Leitura adicional recomendada:

FORD, Michael W.. Book of the Witch Moon: Chaos, Vampiric & Luciferian Sorcery. Spring: Succubus Pu-blishing, 2006.
FORD, Michael W.. Liber HVHI: Magick of the Adversary. Spring: Succubus Publishing, 2007.
FORD, Michael W.. Luciferian Witchcraft: Book of the Serpent. Spring: Succubus Publishing, 2009.
GARDNER, Gerald E.. The Gardnerian Book of Shadows. [S. I.]: Forgotten Books, 2008.
GINZBURG, Carlo. Ecstasies: Deciphering the Witches’ Sabbath. Chicago: University Of Chicago Press, 2004.
HARRIS, Nathaniel. Liber Satangelica. Oxford: [S.I.], 2004.
HARRIS, Nathaniel. Witcha: A Book of Cunning. Oxford: Mandrake, 2004.
SHAH, Idries. Los Sufis. New York: Isf Publishing, 2018.
SHAH, Idries. The Secret Lore of Magic. New York: Rider & Co, 1990.

Para conhecer mais sobre os trabalhos do Autor, por favor, confira os sites abaixo:

https://www.luciferianapotheca.com/
http://www.luciferianapotheca.com/blogs/articles-of-luciferian-witchcraft-and-magick
http://www.theorderofphosphorus.com/
http://www.lulu.com/spotlight/succubusbooks
https://www.youtube.com/akhtya75
https://akhtya.bandcamp.com
http://luciferianresearch.ning.com

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