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Realismo Fantástico

O livro de Marshall B. Gardner – A Terra Oca

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Marshall B. Gardner passou vinte anos em pesquisas, baseadas nos relatórios dos exploradores árticos e suplementadas por evidências astronômicas, antes de publicar, em 1920, o seu grande livro, A Journey to the Earth’s Interior ou Have the Poles Really Been Discovered?. Ele não parecia saber a respeito da teoria e do livro de Reed, de modo que os dois desenvolveram seus trabalhos independentemente. A grande contribuição de Gardner é a teoria de um sol central, como fonte das temperaturas mais elevadas nas regiões dos orifícios polares e da aurora boreal, que Reed atribuiu a erupções vulcânicas. Um sol central, como fonte de calor e luz, torna possível a existência de vida vegetal e animal no interior da Terra, e também a vida humana, o que Reed acreditou ser um fato, mas não pôde explicar, de acordo com a sua teoria, que não incluía um sol central, como uma fonte de luz e sem a qual não poderia haver vida.

Gardner assevera também, e apresenta em seu livro, evidência astronômica para prová-lo, que não somente a Terra mas todos os planetas do sistema solar têm interiores ocos e sóis centrais, o que relaciona a sua formação original, de uma nebulosa espiralada. Como resultado da força centrífuga, a sua rotação, durante sua formação primitiva quando ainda fundida, fez com que os componentes mais pesados fossem arremessados para fora, formando uma crosta dura na superfície externa de cada planeta e deixando o interior oco, enquanto uma porção do fogo original permaneceu no centro, para formar o sol central. Igualmente, a força de sua rotação e sua movimentação pelo espaço fizeram com que se formassem as aberturas nas suas extremidades polares.

Por que se tornaram tão raros os livros  de Reed  e  de  Gardner,  que é  impossível  conseguir exemplares e não são encontrados na maioria das bibliotecas? Porque provam que existe uma grande área, não registrada em qualquer mapa, que não somente é igual mas talvez maior do que o total da área de terras da superfície da Terra – estando esta terra não cartografada no lado de dentro da crosta da Terra. Naturalmente, qualquer governo que saiba deste vasto território terá a ambição de ser o primeiro a descobri-lo e a reivindicá-lo, por cuja razão faria todos os esforços para conservar secreta esta informação, para que outros governos não  saibam  dele  e pretendam  reivindicar  a  sua posse primeiro. Uma vez que o Governo dos Estados Unidos foi o primeiro a saber a seu respeito, como resultado da visita do Almirante Byrd, que voou por 2.730 quilômetros nesta “terra misteriosa além do Pólo”, que não é mostrada em qualquer mapa, e viu montanhas, florestas, vegetação, rios, lagos e animais nela, podemos compreender a razão do sigilo e por que os livros dos dois escritores americanos, Reed e Gardner, foram suprimidos e esquecidos, a fim de guardar este segredo.

Evidências das explorações árticas

O livro de Gardner tem 450 páginas. Com cinqüenta livros na sua bibliografia, principalmente sobre explorações árticas, foi muito meticuloso nas pesquisas. Gardner asseverou que a Terra é uma crosta oca, com a espessura aproximada de 1.290 quilômetros e com uma abertura na extremidade polar de cerca de 2.250 quilômetros de diâmetro. Ele diz que o mamute vem do interior e esta ainda vivendo lá, e que os enormes animais tropicais, encontrados congelados no gelo das regiões polares, não são pré-históricos mas sim animais do interior que vieram para a superfície e foram congelados quando saíram. Em apoio da sua teoria de uma abertura polar e de um sol central, no interior oco da Terra, Gardner chama a atenção para o fato de que pássaros e animais emigram para o norte, no inverno, para achar clima mais quente. Ele nota também que, quando os exploradores vão ao norte da latitude de 80 graus, descobrem que a água se torna mais quente devido às correntes cálidas vindas da região polar e que o ar também se torna mais quente em virtude dos ventos cálidos do norte. Isto ocasiona um mar aberto, em lugar de gelo, no extremo norte. Eles acharam também pólen vermelho nos icebergs e geleiras, e troncos e outros restos arrastados da terra por estas correntes quentes do norte. Gardner resume a evidência em favor da sua teoria de uma Terra oca, com duas aberturas polares e um sol central, da seguinte maneira:

“Como explicam os cientistas o fato de que quando se vai para o norte torna-se mais frio até um certo ponto e depois começa a ficar cálido? Como explicam o fato adicional de que a fonte deste calor não é qualquer influência do sul, e sim uma série de correntes de águas e ventos quentes do norte — supostamente, uma terra de gelo sólido? De onde podem vir estas correntes? Como poderiam vir de qualquer outra coisa, senão de um mar aberto? Por que deve haver um cálido mar aberto no próprio lugar onde os cientistas esperavam encontrar gelo eterno? De onde, possivelmente, pode vir esta água cálida?

Por que também achariam os exploradores as escarpas de gelo inabitáveis, do norte distante, cobertas em grande parte de pólen vermelho de uma planta desconhecida?

E por que achariam as sementes de plantas tropicais flutuando nestas águas — quando não são encontradas em águas mais ao sul? Como poderiam ser encontrados nestas águas, troncos e ramos de árvores, algumas vezes com gemas frescas, todos sendo levados pelas correntes cálidas do norte?

Por que devia ser a parte norte da Groenlândia o maior habitat mundial dos mosquitos, um inseto que só é encontrado nos países quentes? Como poderia ter ele chegado à Groenlândia se veio do sul? Para onde vão todas as raposas e lebres que são vistas no norte da Groenlândia? Para onde vão os ursos? Será possível que criaturas tão grandes quanto os ursos possam encontrar sustento nas planícies de gelo eterno?

Como explicam os cientistas o fato de que praticamente todos os exploradores competentes, desde os dos primeiros dias até Nansen, têm admitido que quando chegaram ao Norte Distante suas teorias sobre o que encontrariam falharam assim como o seu método de determinar sua posição? Como explicam os cientistas aquelas passagens de Nansen que citamos, mostrando que ele estava absolutamente perdido na região ártica?

Como explicam os cientistas a migração daquelas aves que apareceram na Inglaterra e em outros países do norte num período do ano, nos trópicos em outro, mas que desapareceram completamente no inverno? Como explicam o fato de que nem Peary nem Cook foi capaz de provar a alegação de ter alcançado o pólo? Mesmo supondo que ambos tenham agido de boa fé, não é óbvio que estiveram perdidos? Que outra maneira explicaria as discrepâncias da própria narrativa de Peary?

Por que, dirá o leitor, Peary não descobriu aquela enorme abertura na extremidade do pólo da Terra, se ela estava lá?

A razão é muito simples e pode ser melhor explicada com outra pergunta.

Por que o homem não descobriu, olhando em volta, que estava vivendo na superfície do que é, em termos práticos, uma esfera imensa (ou para ser exata, um esferóide)? E por que, durante séculos, o homem pensou que a Terra era chata? Simplesmente porque a esfera era tão grande que não podia ver a sua curvatura, mas pensou que era uma superfície chata, e parecia-lhe tão natural que fosse capaz de se movimentar por sobre toda a sua superfície que, quando pela primeira vez os cientistas lhe disseram que era uma esfera, começou a imaginar por que não caía, ou pelo menos, se vivesse no hemisfério norte, por que os australianos não caíam — uma vez que não tinha concepção da lei da gravidade.

Assim, no caso dos exploradores polares, a mesma coisa é verdadeira. Navegam até a margem externa da imensa abertura polar, mas aquela abertura é tão vasta, considerando que a crosta da Terra em volta da qual ela se curva é da espessura de 1.290 quilômetros, que a curvatura para baixo da sua margem não lhes é perceptível, e o seu diâmetro é também tão grande — cerca de 2.250 quilômetros — que o seu outro lado não lhes é visível. Assim, se um explorador fosse longe o bastante, poderia navegar direto sobre aquela margem, para baixo sobre os mares do mundo interior e sair através do orifício antártico, e tudo o que lhe mostraria o que tinha feito seria que, logo que chegasse do lado de dentro, veria um sol menor do que estava acostumado a ver  – que poderia lhe parecer maior devido à sua proximidade – e que não podia fazer qualquer observação pelas estrelas, porque não haveria nem estrelas nem noite em que fosse possível vê-las.

Mas, dirá o leitor, a força de gravidade não puxará o explorador que entrar no orifício da superfície para o sol central, uma vez que a gravidade atrai tudo para o centro da terra?

A resposta para isto é que, em relação à força de gravidade, não é a posição geográfica que importa. O centro, no sentido geométrico da palavra, não se aplica. É a massa que atrai. E como a grande massa da Terra está na sua espessa crosta, é a massa daquela crosta que atrairá, e não um mero ponto geométrico, que não está na crosta, mas distante dela 4.650 quilômetros, que é a distância aproximada entre o sol central e a superfície interna da Terra. Na realidade, é a distribuição igual da força de gravidade por toda a crosta da Terra que conserva o sol suspenso no local em que fica, eqüidistante de todas as partes da crosta. Quando se está do lado de fora da crosta é a sua massa que nos atrai para a sua superfície. Quando se vai para o lado de dentro da crosta, aquela mesma força conservará nossos pés plantados solidamente na superfície interna.

Veremos tudo isto quando explorarmos o Ártico a sério, como seremos capazes de fazê-lo facilmente com auxílio de naves aéreas. E quando afinal o tivermos visto, ficaremos imaginando porque fomos cegos por tanto tempo à evidência que, como mostrado neste livro, tem estado em frente dos olhos humanos por praticamente mais de um século.”

Vinte e sete anos depois de Gardner ter escrito isto, o Almirante Byrd fez exatamente o que ele tinha esperado que fosse feito. Voou de avião dentro da abertura polar norte, por 2.730 quilômetros, e chegou a uma terra de árvores, como Gardner acreditava que lá existissem, e também a um clima mais quente, como mostrado pelos rios, lagos e vegetação e vida animal que lá observou.

Gardner escreve: “Que o boi almiscarado não é o único animal a ser encontrado onde dificilmente poderíamos suspeitar de sua presença, é evidente por uma anotação do diário de Hayes. Quando estava na latitude de 78 graus e 17 minutos, no princípio de julho, disse ele: ‘peguei uma borboleta de asas amarelas e — quem o acreditaria — um mosquito. E também dez mariposas, três aranhas, duas abelhas e duas moscas.’ ”

Como estes insetos não são encontrados mais ao sul, uma terra de gelo e neve, a única explicação que Gardner podia oferecer para a sua origem á a de que vieram do interior da Terra, pela abertura polar.

As observações de Hayes sobre a vida de insetos no extremo norte foram confirmadas por Greely, no seu livro Three Years of Artic Service, descrevendo suas observações no Ártico, começadas em 1881. No prefácio do seu livro, Greely nos diz que as maravilhas da região ártica são tão grandes que se sentia obrigado a modificar as suas notas reais, feitas na ocasião, atenuando-as para evitar de ser exagerado. Que as regiões árticas sejam tão cheias de vida e de estranhas evidências de vida mais longe ao norte, que um explorador não possa descrevê-las sem ser acusado de exagerado, é certamente uma coisa muito estranha se estas regiões apenas levam a uma terra estéril, de gelo eterno, de acordo com as teorias geográficas mais antigas.

Greely fala de pássaros de espécies desconhecidas, de borboletas, de moscas e de temperaturas de 8 a 10 graus, e de uma madeira fresca boiando, bem como de ramos de salgueiro para acender fogo. Achou duas flores diferentes de qualquer uma que jamais tivesse visto.

Em muitas páginas de evidências astronômicas, Gardner discute as luzes brilhantes vistas aparecendo nas calotas polares de Marte, Vênus e Mercúrio, e conclui que estes planetas todos têm sol central e aberturas polares. Assevera que a Terra tem a mesma coisa e que a aurora boreal é o resultado da projeção dos raios do sol central, pela abertura polar, no céu da noite. Gardner resume as evidências em favor de sua teoria da seguinte maneira:

“Quando os exploradores seguem ao norte de 80 graus de latitude norte, descobrem que a água, em vez de se tornar mais fria na mesma razão em que o vinha fazendo desde que deixaram a zona temperada, começa, gradualmente, a ficar quente novamente, e acham que este calor é trazido do chamado norte gelado por correntes cálidas vindas das regiões polares. Além disto acham que as aves e animais emigram para o norte para se alimentar e se reproduzir, em lugar de seguirem para o sul. Na realidade, quando chegam às latitudes realmente elevadas, os exploradores encontram uma grande riqueza de vida animal e vegetal, maior do que a encontrada nas latitudes mais baixas das regiões árticas e subárticas. E, quando estavam navegando nestas regiões do norte, encontraram, espalhados nos icebergs e geleiras, o pólen vermelho de plantas que crescem — onde? Somente no interior da Terra. E acharam troncos e outros restos da Terra arrastados nestas correntes quentes de que acabamos de falar. E isto ainda não é tudo. No nosso capítulo sobre o mamute e o mastodonte, mencionaremos evidências para mostrar que o mamute ainda vive no interior — na realidade exibiremos casos e mais casos em que os mamutes têm flutuado do interior, envolvidos em geleiras e icebergs e têm sido congelados em fendas no interior, perto das aberturas polares, e então transportados sobre a borda pela movimentação glacial para a Sibéria.” Além das madeiras flutuantes, encontradas no extremo norte, cuja origem, segundo Gardner, só pode ser o interior da Terra, têm sido achadas árvores com gemas verdes nos mares árticos. Semente de espécies tropicais desconhecidas têm também sido encontradas boiando nas correntes ao norte, vindas do norte e não do sul. Entre estas estava a semente de um feijão, uma semente tropical, que foi achada por uma expedição sueca perto da Baía de Trurengerg. Gardner comenta: “Esta semente deve ter vindo do interior da Terra, pois é de uma planta que só se desenvolve sob condições tropicais, e ela teria sido desintegrada se tivesse estado vagando, por todo o mundo, durante muitos meses, como seria o caso, se tivesse vindo de uma região tropical, do exterior do planeta.”

Sverdrup encontrou tantas lebres perto da latitude de 81 graus norte que denominou uma enseada de Hare Fiord. Havia também muitas outras caças, suficientes para conservar todo o grupo de exploradores bem alimentado de carne. O Capitão Beechey viu tantos pássaros na costa ocidental de Spitzbergue que o lugar ressoava com os seus gritos desde o amanhecer até ficar escuro. As pequenas tordas eram tão numerosas e ficavam tão juntas que, algumas vezes, um único tiro matava trinta delas. Com 16 aves por metro cúbico, havia cerca de quatro milhões delas. Outras aves eram tão numerosas que escureciam o céu, e o seu coro podia ser ouvido por seis quilômetros. Havia também renas e patos. Havia quatro variedades de gaivotas sobre o oceano em volta, além de peixes e animais anfíbios, desde a enorme baleia até o diminuto “clio” do qual ela se alimenta, engolindo talvez um milhão em cada bocada.

Franklin viu um grande número de gansos emigrando para o norte desconhecido, a uma alta latitude, indicando a existência de terra por lá. Ele observa que, não importa quão longe ao norte vá o explorador, sempre encontra o urso polar na sua frente. Não importa quão longe ao norte sejam encontrados, estes ursos estão sempre caminhando para o norte.

Na latitude de 82 graus, Kane encontrou borboletas, abelhas e moscas, bem como lobos, raposas, ursos, gansos, patos, galinhas-d’água e perdizes. Um fato estranho que todos os exploradores observaram é que os animais não emigram para o sul, para escapar ao frio inverno ártico, mas, ao contrário, seguem para o norte.

O Comandante McClure explorou Banks Land e achou imensas quantidades de árvores arrumadas em camadas pela ação glacial, que evidentemente as havia trazido do norte. Em uma garganta achou um monte de árvores empilhadas juntas, a uma altura de doze metros. Enquanto alguma madeira estava petrificada, a maioria era de origem recente. Estas árvores foram achadas muito além da latitude onde crescem árvores.

Nansen ficou intrigado por esta madeira que encontrou boiando ao longo da costa da Groenlândia. Ele disse que a encontrou tão longe ao norte quanto na latitude de 86 graus.

Gardner diz que é o testemunho unânime dos exploradores que, “quanto mais ao norte se vai, mais vida animal há, uma prova completa de que há, no norte distante, um grande asilo ou refúgio onde todas as criaturas podem se multiplicar em paz e com abundância de comida. E daquela região devem vir também aquelas evidências de vida vegetal, que os exploradores têm visto repetidamente, o pólen vermelho de plantas que flutua nas brisas favoráveis e colore icebergs e geleiras inteiras com um toque avermelhado, bem como aquelas sementes, gemas e ramos, e mais impressionante ainda, aqueles representantes de raças de animais que ainda vivem no interior, embora tenham desaparecido do lado de fora da Terra. (Aqui, Gardner se refere   aos   mamutes   encontrados   congelados   no gelo.)

“Que verdadeiro paraíso de vida animal e vegetal deve ser! E talvez, para algum tipo de vida humana seja também uma terra de calma e paz perpétuas. O povo esquimó, que continua vivendo lá, terá sido modificado em relação ao tipo que vemos na superfície externa. Sua vida será mais fácil, pois não terá que lutar contra o clima frio e a escassez de alimento. Como os habitantes de algumas das nossas ilhas tropicais, refletirão nos seus temperamentos amáveis e calmos a facilidade de suas vidas. Eles serão… comedores de muitos frutos e de outros produtos vegetais desconhecidos por nós.

Quando penetrarmos na sua terra, acharemos crescendo, quase que até à margem interna da abertura polar, aquelas árvores, das quais temos visto tantos troncos e ramos boiando.

Encontraremos, aninhados talvez naquelas árvores, talvez nas rochas à volta da região polar interna, os cisnes, gansos selvagens e as gaivotas que temos visto, tão freqüentemente, nas páginas precedentes, voando para o norte, a fim de escapar aos rigores do clima que, na nossa ignorância, temos por tanto tempo suposto ser pior ao norte do que em qualquer outra parte.”

Falando de Nansen, que alcançou mais longe ao norte do que qualquer outro explorador, Ottmar Kaub, comenta:

“Marshall B. Gardner estava certo quando escreveu seu livro, em 1920. Em 3 de agosto de 1894, o Dr. Fridtjof Nansen foi o primeiro homem na história a alcançar o interior da Terra. O Dr. Nansen ficou perdido e o admitiu. Ele ficou surpreso com o tempo quente lá. Quando encontrou o rastro de uma raposa reconheceu que estava perdido.

Como podiam os rastros de raposa estar ali, pensou ele. Tivesse ele sabido que tinha entrado na abertura que leva ao interior oco da Terra e que esta era a razão por que quanto mais ao norte ficava mais quente, teria encontrado não somente rastros de raposa, porém, mais tarde, pássaros tropicais e outros animais e, finalmente, os habitantes humanos desta ‘terra além do Pólo’, dentro da qual o Almirante Byrd penetrou por 2.730 quilômetros de avião, e que o enganou completamente.”

DESCOBERTA DO MAMUTE ENCAIXADO EM GELO – Um pescador russo, de Tongoose, na Sibéria, em 1799, descobriu um enorme elefante, em perfeito estado de conservação, encaixado num enorme bloco de gelo, tão claro quanto o cristal. Embora suposto previamente ser um animal pré-histórico que viveu na região polar, quando esta tinha, em tempos prévios, um clima tropical, de acordo com a teoria apresentada neste livro, o elefante veio do interior da Terra, que goza de um clima tropical, e foi congelado ao alcançar o exterior da Terra, de clima ártico. (De A Journey to the Earth’s Interior ou Have the Poles Really Been Discovered?, por Marshall Gardner.)

Origem do mamute

Gardner assevera que o mamute e criaturas semelhantes ao elefante, de origem tropical, encontrados congelados no gelo ártico, que é formado de água doce (e não de água salgada como pensaria, desde que é a única água ali existente), são realmente animais do interior da Terra que vieram para a superfície e tornaram-se congelados, e não animais pré-históricos como suposto comumente. A teoria de Gardner da origem subterrânea do mamute foi confirmada pelas observações do Almirante Byrd, de um mamute vivo, durante o seu vôo de 2.730 quilômetros dentro da Terra, além do Pólo Norte, na abertura polar.

Gardner assevera que estes estranhos animais, desconhecidos na superfície da Terra, foram levados por rios do interior da Terra, congelando-se dentro do gelo que foi formado na ocasião. Esta teoria parece muito razoável, em vista de o gelo ser formado de água doce, não encontrada no Oceano Ártico. Uma vez que este gelo, como os icebergs não podia ser formado pela água do oceano, a única explicação é de que veio de outra água — rios de água doce fluindo através das aberturas polares do interior da Terra.

O sol central, como apareceria para um explorador quando alcançasse o local indicado pela letra “D” no diagrama, se as condições atmosféricas fossem favoráveis.

Como estes animais são achados dentro de icebergs, que são formados de água doce, esta água como os animais congelados no gelo por ela formado, quando chega à superfície e fica exposta à sua temperatura mais baixa, deve vir do interior da Terra. Gardner fala de manadas de mamutes, elefantes e outros animais tropicais que, quando se aventuram para fora, para as regiões mais frias próximas – da margem da abertura polar,  junto com geleiras  que  lá  se  formam  de  água   do  interior fluindo para fora e se congelando, tornam-se congelados dentro do gelo. Ou eles podem cair em fissuras, talvez escondidas pela neve, e no momento em que caem são cobertos pela neve e água de neve e ficam hermeticamente lacrados dentro do gelo. Isto explicaria a condição de conservação perfeita em que estes mamutes congelados no gelo são encontrados, depois que estas geleiras caminham gradualmente por sobre a margem da abertura polar e saem para os ermos da Sibéria, onde estes animais congelados têm sido encontrados muito frescos e até em condições de serem comidos.

Robert B. Cook fala de restos, não somente de mamutes, mas também de rinocerontes peludos, renas, hipopótamos, leões e hienas encontrados nos depósitos glaciais do norte. Ele diz que estes animais, que eram incapazes de resistir ao clima frio, eram os visitantes durante a severidade do período glacial ou os residentes permanentes, quando a região tinha um clima mais temperado.

Entretanto, Gardner sustenta que estes animais vieram de dentro da Terra, pelas razões seguintes: “Como a rena, o leão e a hiena são formas de vida atuais e não tão velhas quanto o mamute (pelo menos na forma em que os conhecemos hoje e nas formas em que os seus restos mostram como teriam sido quando vivos), é evidente que estes animais visitavam os lugares onde seus restos foram achados, não vindos de climas do sul durante as primeiras épocas glaciais, mas sim da terra do interior. De outra maneira, estas formas atuais não seriam achadas junto às dos mamutes, que temos mostrado ser um habitante atual do interior da Terra. Não sabendo disto, Cook tem grande dificuldade, em explicar a ocorrência junto destas formas que, a sua vista, são formas antigas e mais recentes. Entretanto, quando vemos que são realmente contemporâneas (e ambas vieram do interior da Terra)  a dificuldade desaparece.”

No estômago dos mamutes foi encontrado alimento não digerido, consistindo de brotos novos de pinheiros e de abetos e frutos novos de abeto. Em outros foram encontradas samambaias e outras plantas tropicais. Como podia um animal ártico ter alimento tropical no seu estômago? Uma explicação é que a região ártica tinha antigamente um clima tropical e que uma mudança súbita da Terra em relação ao seu eixo trouxe o Período Glacial e mudou o clima para frígido.

Esta teoria tem sido apresentada tanto para explicar a vegetação tropical no estômago dos animais árticos congelados quanto o fato de que muitos destes enormes animais eram de espécies tropicais, relacionadas com os elefantes. Grandes depósitos de presas de elefantes foram encontrados na Sibéria, como evidência de ter sido então um habitat de animais tropicais. Entretanto, há outra teoria para explicar estes fatos: a de que estes animais tropicais vieram do interior da Terra, que tem um clima tropical, saindo através da abertura polar norte. Em chegando ao exterior frio, com o seu clima ártico, eles se congelaram, visto não estarem acostumados com tal clima frio. Esta é a teoria defendida por Ray Palmer, que não aceita a idéia de que estes animais morreram em tempos pré-históricos, como o resultado de uma mudança da Terra em relação ao seu eixo. Ele diz:

“Na verdade, a morte deve ter sido súbita, mas não porque o Ártico fosse previamente tropical e subitamente mudasse para um clima frígido. A vinda repentina do Período Glacial não foi a causa da morte. A causa da morte foi a natureza ártica, e poderia ter ocorrido em qualquer tempo, até mesmo recentemente. Desde o período glacial que não existem mamutes no mundo conhecido, a menos que existam na terra misteriosa, além do Pólo, onde um deles foi realmente visto vivo por membros da expedição de Byrd!

“Temos tomado o mamute como uma evidência moderna e sensacional da misteriosa terra de Byrd, mas existem muitas provas menores de que um ponto originário desconhecido existe em algum lugar das regiões nórdicas. Apenas relacionamos umas poucas, sugerindo que o leitor, examinando os dados das explorações polares dos dois últimos séculos, dificilmente conciliará as conhecidas áreas alimentícias mencionadas previamente nesta apresentação de fatos, com aquelas áreas em volta dos pólos dos mapas de hoje.”

Evidências astronômicas em apoio da teoria de Gardner de uma Terra oca

Gardner dedica uma parte considerável do seu livro à discussão da evidência astronômica em apoio da sua teoria de uma Terra oca, com aberturas polares e um sol central, referindo-se à formação original dos planetas de uma nebulosa e às luzes polares observadas em Marte, Vênus e Mercúrio .

Em referência à nebulosa, Gardner chama a atenção para o fato de que as nebulosas planetárias mostram uma estrutura de concha, geralmente com uma estrela central, como observado por H. D. Curtis, da Sociedade Astronômica do Pacífico, num artigo na Scientific American, de 14 de outubro de 1916. Ele relata:

“Cinqüenta destas nebulosas têm sido estudadas fotograficamente, com o refletor de Crosly, usando diferentes comprimentos de exposição, a fim de apanhar os detalhes estruturais da porção central brilhante, bem como das partes mais afastadas e desmaiadas. A maioria das nebulosas mostra um anel mais ou menos regular ou estrutura de concha, geralmente com  uma estrela central.”

Baseado no acima e era outras evidências astronômicas, Gardner assevera que a forma da nebulosa, como vista através do telescópio, confirma a sua teoria, mostrando que na formação original dos planetas das nebulosas, eles adquirem um interior oco, aberturas polares e um sol central, como indicado pela forma da nebulosa de anel, mostrada nas fotografias que acompanham o seu trabalho. Gardner escreveu:

“Por que os cientistas realmente jamais consideraram o problema da forma da nebulosa planetária?

Eles sabem, por observações reais e por fotografias,   que  a nebulosa planetária toma a forma de uma concha oca, aberta nos pólos e tendo um núcleo central brilhante ou sol central.

Por que nunca pensaram no que isto devia implicar? É evidentemente  uma  etapa  na  evolução  da  nebulosa. Por que os cientistas nunca se perguntaram ao que esta conformação deve logicamente conduzir? Por que a ignoram de todo? Não será isto porque não a possam explicar, sem uma alteração muito grande de suas próprias teorias?

Entretanto, nossa teoria mostra como cada etapa na evolução de uma nebulosa é alcançada e como é ultrapassada, mostramos a que a precede e a que se segue na história da  nebulosa.  Mostramos  uma  evolução  contínua, passando através de cada etapa para a seguinte, as etapas nas quais aquelas aberturas polares são fixadas, a concha solidificada, a nebulosa reduzida a um planeta. E deve ser lembrado que, enquanto a nebulosa  original  era  incomparavelmente- maior do que o planeta em tamanho, medindo mesmo milhões de quilômetros de diâmetro talvez, ao mesmo tempo aquela  nebulosa  é  composta de  gases  tão tênues e tão expandidos pelo seu calor imenso que, quando se solidificam, constituem apenas um planeta.”

Gardner chama a atenção para o fato de que, justamente como no caso da formação do sistema solar, em que algum do fogo original permaneceu no centro para formar o sol, também no caso de cada planeta individual e pelo mesmo processo em que o sistema solar como um todo foi formado, e pela  continuação  do mesmo  movimento geral  de rotação e de forças centrífugas arremessando para a periferia as massas mais pesadas (como mostrado pelo fato de que os planetas mais longínquos, como Urano e Netuno, são maiores do que aqueles que estão mais próximos do sol, como Mercúrio e Vênus), no caso de cada um dos planetas, na sua formação, algum do fogo original permanece no centro -de cada um, formando o sol central, enquanto os seus componentes mais pesados são arremessados para a superfície, para formar a crosta sólida, deixando o interior oco.

Também, devido a sua rotação em torno do seu eixo, a força centrífuga faz com que a massa se acumule mais em ângulo reto com o eixo, ocasionando um abaulamento no Equador, com uma compensação correspondente nos pólos, em forma de depressões que se abrem para o interior oco, em vez de ser perfeitamente redondo .

Faz parte da teoria de Gardner, em apoio da qual apresentou evidência astronômica no seu livro, que todos os planetas são ocos e têm um sol central, sendo este o padrão básico de acordo com o qual são formados os sistemas solares, da nebulosa primitiva da qual se originam. Assim também o nosso universo deve ter um sol central, em volta do qual as estrelas circulam.

Gardner cita o famoso astrônomo, Professor Lowel, que tem visto cintilações de luzes da calota polar de Marte. De acordo com Gardner isto é devido à luz do sol central de Marte passando através da abertura polar. Luzes semelhantes foram observadas vindas da região polar de Vênus. Durante a passagem de Mercúrio pelo sol, o planeta, embora preto no lado virado para nós, foi observado emitindo uma luz brilhante, comparável à do nosso sol, vinda do seu disco preto.

Gardner conclui que estes três planetas são todos ocos e têm aberturas polares grandes, erradamente chamadas de calotas polares de gelo e neve, mas que são na realidade brancas devido à grande quantidade de nuvens e nevoeiros nestas regiões, e que aberturas nas nuvens e nevoeiros permitem que o sol central brilhe através delas. Tais luzes brilhantes têm sido repetidamente observadas pelos astrônomos que, não lhes compreendendo a razão, não podiam oferecer explicações satisfatórias. Gardner observa que, às vezes, estas calotas polares desaparecem subitamente, devido a uma alteração no clima e que o gelo e neve não podem se fundir tão rapidamente. O Professor Newcomb, diz:

“Não há evidência de que neve igual à nossa tenha jamais se formado em volta dos pólos de Marte. Não parece possível que qualquer queda de neve considerável tivesse ocorrido, nem há qualquer necessidade de supor que neve ou gelo reais sejam responsáveis pelas calotas brancas.”


AURORA BOREAL – Não há  nada  acerca   desta  aurora  boreal,   descrita  por  Hall,   que um grande fogo no interior da Terra não pudesse explicar.


O FUNCIONAMENTO DA BÚSSOLA – Esta ilustração é apresentada para mostrar como a agulha magnética funciona na passagem para dentro do interior da Terra, e como a bússola os dirigiria para fora novamente, se os exploradores  não  soubessem  que  a  Terra era  oca.


Vistas de Marte, tomadas do Observatório de Yerkes, em 28 de setembro de 1902, mostrando o círculo branco, da chamada calota polar, projetando-se além da superfície do planeta, o que elimina toda a possibilidade de ser neve ou gelo. (Do livro de Marshall B Gardner, A Journey to the Earth’s Interior ou Have the Poles Really Been Discovered?)

Em apoio da sua alegação relativa à existência de luzes vistas no pólo de Marte, Gardner cita o Professor Lowell que observa que, em 7 de junho de 1894, estava observando Marte quando viu, subitamente, dois pontos de luz brilharem do centro da calota polar. Eram de brilho ofuscante. As luzes brilharam por uns poucos minutos e desapareceram. Green, alguns anos antes, em 1846, também viu duas manchas de luz no pólo de Marte.

Vista de Marte, mostrando a mancha branca circular, que é uma entrada para o interior do planeta, em vez da chamada calota polar de gelo, provando assim que Marte, a Terra e todos os outros corpos planetários são ocos e contêm um sol central. (Fotografado por F.A.A. Talbott, em Beighton, na Inglaterra.) Por razões óticas   todas   as   fotografias   astronômicas   são invertidas.


Uma vista do alto, da abertura para o interior da Terra.

Lowell tentou explicar as luzes que viu como reflexos do sol no gelo polar, mas Gardner nega isto, citando o Professor Pickering que viu uma vasta área branca se formar no pólo de Marte, dentro de vinte e quatro horas, visível como uma calota branca, e depois desaparecer gradualmente. Lowell viu também uma faixa azul escuro, que acreditou ser água do gelo ou neve derretida da calota. Gardner acredita que a chamada calota de Marte seja realmente nevoeiro e nuvens, que poderiam aparecer e desaparecer tão rapidamente. Ele escreveu:

“O que Lowell realmente viu foi um facho direto — dois fachos diretos no mesmo momento — brilhando do sol central de Marte, através da abertura do pólo marciano. Não indica, a faixa azul em volta da área a que Lowell se referiu, a aparência ótica da superfície refletora do planeta se curvando gradualmente para o interior, de modo que uma parte da curva começa a deixar de refletir a luz? E o fato de que não seja visível com freqüência mostra que somente o é quando Marte fica numa determinada posição em relação à Terra em que somos capazes de observar a boca da abertura polar e pegar um facho direto.

Por que os cientistas jamais compararam os fatos das claras calotas de Marte com as luzes em atividade sobre as nossas próprias regiões polares? Esquecem eles que a manifestação da aurora boreal tem sido observada sem qualquer referência a alterações da agulha magnética? E, se a aurora é independente das condições magnéticas, a que mais então pode ser devida, senão a uma fonte de luz? Não é o reflexo da luz da aurora na atmosfera comparável à projeção da luz das calotas de Marte na atmosfera marciana? E como podem os cientistas explicar o fato de que a aurora boreal é vista distintamente somente no norte muito longínquo, e vista somente de uma maneira fragmentária quando nos afastamos mais para o sul?”

Em apoio do seu ponto de vista de que as calotas polares de Marte não são formadas de gelo e neve mas representam as luzes do seu sol central, brilhando através da abertura polar, Gardner diz:

“Por que o quente planeta Vênus tem calotas polares iguais às de Marte, se as calotas marcianas são realmente formadas ou de gelo ou de neve ou de dióxido de carbono congelado? Também, por que as calotas de Vênus e Mercúrio não crescem e diminuem como é dito que as de Marte o fazem? E por que as calotas polares de Marte são vistas lançando clarões de luz, muitos quilômetros acima da superfície do planeta, quando vistas de perfil, se são realmente de gelo? Como podem ser tão luminosas, em primeiro lugar — mais luminosas de que a neve quando vista em circunstâncias semelhantes? E como pôde Lowell ver raios diretos de luz das calotas se não eram fachos de uma fonte direta de luz?

Além disto, como podem os cientistas explicar o fato, também notado pelo Professor Lowell, cujas observações sobre Marte parecem vir todas em apoio da nossa teoria, de que quando o planeta é visto pelo telescópio, à noite, sua luz polar é amarelada e não branca, como a luz de calotas de neve seria? O sol central é uma massa incandescente, e da mesma maneira como o brilho de uma lâmpada elétrica incandescente parece amarelado quando visto de longe, na escuridão, assim a luz direta do sol marciano apareceria amarelada — mas se esta luz fosse o reflexo de uma sólida superfície branca ela certamente pareceria branca. Contudo, isto não ocorre, e assim compete aos cientistas explicar por quê. Entretanto, pelo que sabemos, ainda não conseguiram explicações”.

Mitchell viu dois clarões brilhantes de luz nas calotas polares de Marte, que gradualmente se uniram. Gardner explica isto como sendo devido à passagem de nuvens por sobre o sol interior, ocasionando variações na luz emitida através da abertura polar.

Um astrônomo inglês, W. E. Denning, num artigo no periódico científico Nature, relativo às suas observações em 1886, escreveu:

“Durante os últimos meses a calota polar norte de Marte tem estado muito brilhante, oferecendo algumas vezes um contraste surpreendente com as outras regiões mais debilmente reflexivas. Estas regiões luminosas de Marte necessitam, pelo menos, tanta investigação cuidadosa quanto as suas partes mais escuras. Em muitos desenhos e descrições anteriores de Marte, não foi dada a importância suficiente a estas manchas brancas.”

Em 1892, o astrônomo inglês, J. Norman Lackyer, escreveu o seguinte, a respeito de Marte: “A zona de neve era, às vezes, tão brilhante que, como a lua nova crescente, parecia se projetar além do planeta. Este efeito de irradiação era visível freqüentemente. Em uma ocasião foi observado que a mancha de neve brilhava como uma estrela nebulosa, enquanto o planeta propriamente dito estava obscurecido por nuvens, um fenômeno observado por Beer e Madler, e registrado no seu trabalho, Fragments sur les corps celestes. O brilho parecia variar consideravelmente, e às vezes, especialmente quando a zona de neve estava perto do seu mínimo, ela não era, de maneira nenhuma, o objeto proeminente que aparece sobre o disco do planeta.”

Gardner faz os comentários seguintes sobre as observações acima:

“Ninguém que leia isto, à luz da nossa teoria, pode deixar de ver como se encaixa bem. Somente fachos de luz direta, de um sol central, podiam dar tal efeito luminoso sobre a superfície do planeta, variando segundo a atmosfera estivesse clara ou nublada. Fosse ela uma simples calota de gelo, não teria havido esta luminosidade quando o planeta estava coberto por nuvens, como Lackyer disse que estava. Além disto, esta luminosidade é precisamente a que mostraria a nossa aurora boreal vista de muito longe. E a luz é a mesma em ambos os casos. Voltando ao planeta Vênus, demonstraremos de maneira absoluta que os círculos polares não são neve ou gelo ou mesmo calotas de geada, mas simplesmente aberturas que levam à superfície interior e iluminada do planeta.”

Em Vênus, o vapor abundante tende a igualar a temperatura, de modo que suas calotas polares não são compostas de gelo ou neve, como é suposto no caso de Marte, mas do que Gardner duvida. Falando das calotas polares de Vênus, MacPherson diz o seguinte, no seu livro Romance of Modem Astronomy:

“Tem sido observada a existência de calotas polares, supostas por alguns de serem semelhantes às do nosso próprio planeta e de Marte. Alguns astrônomos, entretanto, não as consideram como sendo de neve.”

Em 1878, o astrônomo francês Trouvelet observou, no pólo de Vênus, uma massa confusa de pontos luminosos, o que Gardner atribui à luz do sol central forcejando através das nuvens. Desde que a calota polar não é feita de gelo, estas luzes não podem ser um reflexo do sol. Ele acredita que o mesmo se dá com Marte.

Luzes semelhantes são vistas vindo de Mercúrio. Richard Proctor, um dos melhores astrônomos conhecidos do século dezenove, escreveu: “Um fenômeno de Mercúrio, se real, poderia muito bem ser considerado como indicativo de energias vulcânicas, comparadas com as quais as da nossa própria Terra seriam como as débeis forças de uma criança comparadas com as energias de um gigante. Tem sido suposto que uma certa mancha brilhante vista no disco escuro de Mercúrio indica alguma fonte de iluminação, ou na superfície do planeta ou na sua atmosfera. Da sua atmosfera dificilmente poderia ser; nem se poderia supor que os raios da aurora de Mercúrio possuíssem a necessária intensidade de brilho. Se a superfície de Mercúrio estivesse brilhando com a luz assim supostamente vista, então pode facilmente ser mostrado que mais de centenas de milhares de quilômetros quadrados daquela superfície devem luzir com uma intensidade de brilho comparada com a qual a iluminação das luzes da ribalta seria como a escuridão. De fato, as luzes da ribalta são escuridão absoluta em comparação com o brilho intrínseco da superfície do sol; e as manchas brilhantes, supostamente pertencentes a Mercúrio, têm sido vistas quando os óculos escuros mais fortes foram usados. Entretanto, não pode haver dúvida de que as manchas brilhantes são apenas um fenômeno ótico.”

Comentando as declarações de Proctor, Gardner, escreve:

“De novo concordamos com a observação mas não com a conclusão. Aqui está um ponto de luz em Mercúrio, claramente visível através de um telescópio, tão brilhante que o observador o compara com a de um sol incandescente. É muito mais brilhante do que poderia ser possivelmente dado por qualquer reflexo. Para Proctor, tal aparecimento foi chocante em extremo. Não o estava esperando e estava extremamente despreparado para ver tal fenômeno. Assim, é completamente incapaz de explicá-lo. E assim Proctor chama esta luz de apenas um ‘fenômeno ótico’. Entretanto, não podemos acreditar que os olhos de Proctor o tenham enganado. Ele era um observador astronômico treinado, e o que viu deve ter uma explicação ou causa.


Reprodução  Fotográfica  de  um  Desenho  Mostrando  a  Cabeça  do Cometa  Donati,  como  Visto  em  1853. – Nada poderia servir de apoio, de maneira mais extraordinária, a nossa teoria que a ilustração acima. Foi tirada de um desenho do Cometa Donati, da maneira como foi visto pelo Observatório de Cambridge, em 1º de outubro de 1853. o núcleo central é visto muito claramente, cercado por esferas de gases incandescentes, circundatas por um envelope externo. O cometa está passando por uma área de forças conflitantes, e isto, e talvez o calor excessivo do corpo, causou a grande separação que se estende por todo o envelope e até o próprio sol central. Um cometa é simplesmente um planeta que está se desintegrando, e esta fotografia nos mostra a desintegração se efetuando e bastante adiantada para que se possa observar a estrutura interna do planeta. E aquela estrutura é precisamente a que a nossa teoria diz ser a estrutura real de todos os planetas, inclusive a da nossa Terra. Enquanto o leitor continua na leitura deste livro, conserve ele esta fotografia em mente, e ficará cada vez mais impressionado pela maneira feliz em que a teoria é demonstrada pela estrutura aqui mostrada. E que ele se lembre de que esta fotografia não foi feita para apoiar nossa teoria e sim muitos anos antes de que a nossa teoria fosse divulgada.

“É óbvio para nós que o que ele viu foi o sol central de Mercúrio, brilhando diretamente através da abertura polar, e como Mercúrio é um planeta pequeno, o sol interior estaria bem perto da abertura e não havia atmosfera aquosa com nuvens, para ofuscar o seu brilho, com o resultado de que este sol brilharia  com  fulgor extraordinário.  Deve ser notado que os seus raios lembraram a Proctor os raios do sol que brilha sobre todos os planetas.

“Que mais poderia ser desejado do que isto para mostrar que Mercúrio, bem como outros planetas, tem um sol central, e que tal sol será encontrado universalmente? Não é significativo que, começando com Marte, fomos capazes de chegar a Vênus e Mercúrio, aplicando o mesmo teste e obtendo os mesmos resultados? Os testes são observações diretas ou fotográficas. Os resultados são o do invariável aparecimento de um sol central.”

Além das evidências astronômicas acima, em favor da sua teoria, Gardner se refere à estrutura das cabeças dos cometas, mostrando um centro oco, crosta externa e sol central. Apresenta no seu livro um desenho do cometa Donati, detectado de um observatório de Florença, em 1858. Como pode ser visto, tinha um núcleo ou sol central, que “luzia com brilho igual ao da Estrela Polar” e tinha mais de 1.000 quilômetros de diâmetro. Gardner acredita que um cometa é um planeta que entrou na órbita de algum outro corpo maior, como o nosso sol, que o tirou da sua própria órbita e possivelmente o fez colidir com outro planeta de modo que o calor resultante o transformou, em sua maior parte, em uma cauda gasosa que se arrasta atrás dele. Gardner assevera que o núcleo ígneo do cometa era previamente o sol central do planeta do qual ele foi formado depois que se quebrou em fragmentos.


Origem da aurora boreal

Assim como há luzes polares de Marte, Vênus e Mercúrio, vindas do seu sol central e brilhando através das suas aberturas polares, Gardner assevera que o mesmo ocorre, no caso do nosso planeta, cujas luzes polares emitidas são a aurora boreal, que não é devida ao magnetismo mas sim ao sol central da Terra.

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Figura 21
UMA  SEÇÃO  DA  GRANDE  BARREIRA  DE  GELO – Um iceberg monstro no Oceano Antártico, com seiscentos e quarenta quilômetros de comprimento e oitenta de largura, fundeado em seiscentos e quarenta metros de água e se estendendo por cerca de cinqüenta metros acima do oceano; congelado de água doce e desligado da Terra.  Como  foi  parar  lá?

Gardner apresenta a seguinte teoria, da origem da aurora boreal:

“Por que os cientistas nunca comparam os fatos relativos à calota clara de Marte com a luz que aparece sobre as nossas próprias regiões polares? Esquecem eles que o espetáculo da aurora boreal tem sido observado sem qualquer referência a alterações na agulha magnética? E se a aurora demonstra ser independente das condições magnéticas, ao que mais ela pode ser devida, senão a uma fonte luminosa? Não é o reflexo da luz da aurora na atmosfera comparável com a projeção da luz das calotas de Marte na atmosfera marciana? E como explicam os cientistas o fato de que a aurora boreal é vista distintamente no norte muito distante, e vista somente de maneira fragmentária quando se está mais ao sul?”

Gardner conclui que a aurora boreal é devida ao brilho do sol central através do orifício polar no céu noturno; e as variações dos raios de luz são devidas às nuvens do interior que, na sua movimentação, cortam a luz do sol central e fazem com que os reflexos no céu se conservem cambiantes. Que a aurora não é devida ao magnetismo ou às descargas elétricas é provado pelas observações de muitos exploradores árticos,’ mostrando que não há perturbações da bússola ou os ruídos que acompanham as descargas elétricas, quando a aurora era mais intensa . Gardner diz:

“Há algumas outras considerações que mostram que a aurora é realmente devida ao sol interior. O Dr. Kane, no seu relato de suas explorações, nos diz que a aurora é mais brilhante quando é branca. Isto mostra que quando a luz do sol é tão clara que é refletida a luz branca total, temos um efeito muito mais brilhante do que quando a luz é decomposta em cores prismáticas. No último caso, a atmosfera está úmida e densa (no interior da Terra) — sendo isto a causa do efeito de arco-íris — e através da atmosfera não se pode ver muito.

Assim, nestas condições, o espetáculo é menos brilhante do que quando a atmosfera é clara e a luz não é decomposta.

E ainda, se a aurora é o reflexo do sol central, deveríamos esperar vê-lo completamente apenas perto do orifício polar, e captar apenas débeis lampejos dos seus bordos externos quando nos afastássemos para o sul. E isto é precisamente o que acontece realmente. O Dr. Nicholas Senn, no seu livro, In the Heart of the Artics, diz o seguinte:

‘A aurora, que somente ocasionalmente é vista na nossa latitude, é apenas a sombra da que pode ser vista na região polar’.

A aurora não é uma perturbação magnética ou elétrica, mas simplesmente um reflexo deslumbrante dos raios do sol central. Pois, se ele aquece continentes e águas no interior da Terra, se, como temos visto, aves têm seus locais de alimentação e de multiplicação ali, se um tronco ocasional, ou semente ou poeira semelhante à de pólen é vista no Ártico, vinda de um tal lugar desconhecido, como temos descrito, deve ser possível obter evidência bastante de tal vida.”

por Raymond Bernard

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