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Visão 4: A Estrutura de Vibrações Ondulares de Formas Externas – A Experiência Psicodélica

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(Olhos abertos e envolvimento com estímulos exteriores; aspectos intelectuais.)

 

a luz pura e livre de conteúdos do Primeiro Bardo provavelmente envolve energia básica de ondas elétricas. Isto é inominável, indescritível, porque está muito além de quaisquer conceitos que possuamos agora. Algum físico atômico do futuro pode ser capaz de classificar essa energia. Talvez isto seja sempre inefável para um sistema nervoso tal qual o do homo sapiens. Pode um sistema orgânico “compreender” o enormemente mais eficiente inorgânico? Em qualquer evento, a maioria das pessoas, mesmo as mais iluminadas, acham impossível manter o contato experiencial com essa luz-nula e escorregam de volta à imposição de estruturas mentais, alucinatórias e revelatórias do fluxo.

 

Assim somos trazidos a outra visão freqüente que envolve intensa e unitiva consciência dos estímulos exteriores. Se os olhos estiverem abertos, essa super-realidade pode ser efetivamente visual. O impacto penetrante de outros estímulos pode também desencadear o imaginário revelatório.

 

A coisa acontece desta forma: A consciência do indivíduo é subitamente invadida por um estímulo de fora. Sua atenção é capturada, mas sua antiga mente conceitual não está funcionando. Mas outras sensibilidades estão. Ele experimenta sensações diretas. O “ser” bruto[9]. Ele vê não objetos, mas padrões de ondas luminosas. Ele ouve não “música” ou sons “significativos”, mas ondas acústicas. Ele está fascinado com a revelação súbita de que todas as sensações e percepções são baseadas em vibrações de ondas. Que o mundo em torno de si, que até agora tinha uma solidez ilusória, é nada mais que um jogo de ondas físicas. Que ele está envolvido num show televisivo cósmico que não tem mais substancialidade que as imagens na tela de sua televisão. [A Deidade Pacífica do Thodol personificando esta visão é Akshobhya. De acordo com o Lama Govinda, “Na luz da Sabedoria-em-Forma-de-Espelho (…) as coisas estão livres se sua ‘coisidade’[10], seu isolamento, sem estarem privadas de sua forma; estão despidas de sua materialidade, sem estar dissolvidas, porque o princípio criativo da mente, que está no botão de toda forma e materialidade, é reconhecido como o lado ativo da Consciência de Suprimento (alaya-vijnana) universal, na superfície da qual as formas se erguem e se vão, como as ondas na superfície do oceano (…)” Govinda, op. Cit., p. 119).]

 

A estrutura atômica da matéria é, por suposto, intelectualmente conhecida por nós, mas nunca experimentada pelo adulto exceto em estados da consciência intensamente alterada. Aprender a partir de um livro de física sobre a estrutura ondular da matéria é uma coisa. Experienciá-la – estando nela – com as velhas, familiares, rudes coisas “sólidas” e seu conforto alucinatório distantes e indisponíveis, é uma coisa totalmente distinta.

 

Se essas visões supra-reais envolvem fenômenos ondulares, então o mundo exterior assume uma irradiação e uma revelação que são surpreendentemente claras. O insight experienciado de que o mundo existe na forma de ondas, imagens eletrônicas, pode gerar uma sensação de força iluminada. Tudo é experimentado enquanto consciência.

 

Essas radiações exultantes devem ser reconhecidas como produtos de seus próprios processos internos. Você não deve tentar controlar ou conceitualizar. Isto pode vir mais tarde. Há o perigo de congelamento alucinatório. O indivíduo corre (às vezes literalmente) de volta à realidade tridimensional, convencido da “verdade” de uma revelação experienciada. Muitos místicos mal-instruídos e muitas pessoas chamadas loucas caíram nesta armadilha. E como tirar uma foto de uma tela de TV e sair gritando que finalmente tomou-se posse da verdade. Tudo é o Maya extático-elétrico, a dança de ondas de dois bilhões de anos. Nenhuma parte dela é mais real que as outras. Tudo em todos os momentos está cintilando com todo o significado.

 

Até aqui temos considerado a irradiação positiva da claridade; mas há terríveis aspectos negativos na quarta visão. Quando o indivíduo sente que seu “mundo” está se fragmentando em ondas, ele pode ficar terrificado. “Ele”, “mim”, “eu” estão se dissolvendo! Espera-se que o mundo à minha volta esteja parado, estático e morto, esperando tranqüilamente por minha manipulação. Mas essas coisas passivas se transformaram numa dança cintilante de energia viva! A natureza maya dos fenômenos causa pânico. Onde está a base sólida? Toda coisa, todo conceito, toda forma sobre a qual alguém apoia sua mente entra em colapso e torna-se vibrações elétricas carentes de solidez.

 

O rosto do guia ou do amigo querido da pessoa transforma-se num mosaico de impulsos em seu córtex. “Minha consciência” criou tudo aquilo de que estou consciente. Eu esculpi meu mundo, meus entes queridos, eu mesmo. Todos são apenas padrões de energia cintilante. Em vez de claridade e força exultante, há confusão. O indivíduo cambaleia, agarrando-se a padrões de elétrons, esforçando-se para congelá-los de volta a suas funções robóticas familiares.

 

Toda a solidez se foi. Todos os fenômenos são figuras de papel grudadas na tela de vidro da consciência. Para o despreparado, ou para a pessoa cujo resíduo cármico acentue o controle, a descoberta da natureza ondular de toda estrutura, a revelação maya, é uma desastrosa rede de incertezas.

 

Temos discutido apenas os aspectos visuais da quarta visão. Os fenômenos auditivos são de igual importância. Aqui a natureza sólida e rotulada dos padrões auditivos se perde, e o impacto mecânico do som chocando-se contra o tímpano é registrado. Em alguns casos, o som converte-se em sensação pura, e ocorre a sinestesia (mistura de modalidades de sentidos). Os sons são experienciados como cores. Sensações externas chocando-se contra o córtex são consideradas como eventos moleculares, inefáveis.

 

As mais dramáticas visões auditivas ocorrem com música[11]. Assim como todo objeto irradia um padrão de elétrons e pode tornar-se a essência de toda energia, também ode toda nota musical ser sentida como energia nua temendo no espaço, eterna. O movimento das notas, como o bate-rebate dos feixes oscilográficos. Cada uma capturando toda a energia, a cota elétrica do universo. Nada existindo a não ser a nítida e aguda ressonância na membrana do tímpano. Revelações inesquecíveis a respeito da natureza da realidade ocorrem nesse momento.

 

Mas a interpretação infernal também é possível. Enquanto a estrutura de som aprendida entra em colapso, o impacto direto de ondas pode ser sentido como ruído. Para alguém que estiver obrigado pela ordem instituída, sua ordem, no mundo em volta de si, é pelo menos aborrecido e freqüentemente perturbador ter a tatuagem crua do som ressonando na consciência.

 

Ruído! Que conceito irreverente. Não é tudo ruído; toda sensação, o padrão divino de energia ondular, sem sentido a penas para aqueles que insistem em impor seu próprio sentido?

 

A preparação é a chave para uma passagem serena através desse território. O indivíduo que tenha estudado este manual será, quando face a face com o fenômeno, capaz de reconhecê-lo e fluir com ele.

 

O guia sensível estará pronto a perceber, a partir de qualquer deixa, que o indivíduo está vagando na quarta visão. Se os olhos do viajante estiverem abertos (indicando reações visuais), ele poderá ler as è INSTRUÇÕES PARA A VISÃO 4.

 

Se o guia sentir que o viajante estiver experienciando a fragmentação do som exterior em vibrações ondulares, ele pode corrigir apropriadamente as instruções (mudando das referências visuais para as auditivas).

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