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As Visões Coléricas – A Experiência Psicodélica

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(Pesadelos do Segundo Bardo)

Sete visões do Segundo bardo foram descritas. Em cada uma delas, o viajante poderá reconhecer o que viu e ser libertado. Multidões serão libertadas por esse reconhecimento; e embora multidões obtenham a libertação desta maneira, o número de seres sensíveis sentindo-se grandes, as poderosas obscuridades do mau carma se adensam, propensões de uma espera muito longa, a Roda da Ignorância e da Ilusão não fica nem esgotada nem acelerada. A despeito das confrontações, há uma enorme preponderância daqueles que vagam e caem sem ser libertados.

 

Assim, no Thodol Tibetano, depois de sete deidades pacíficas, vêm sete visões de deidades coléricas, cinqüenta e oito em número, masculinas e femininas, “cuspidoras de fogo, coléricas, bebedoras de sangue”. Essas Herukas, como são chamadas, não serão descritas em detalhes, especialmente porque os ocidentais estão sujeitos a experienciar as deidades coléricas de formas diferentes. Ao invés de ferozes demônios de muitas cabeças, é mais provável que sejam engolfados e moídos por uma maquinaria impessoal, manipulada por cientistas, aparelhos de tortura e outros horrores da ficção científica. [Algumas observações gerais a respeito da interpretação tibetana dessas visões. As Deidades Coléricas são consideradas “apenas as antigas Deidades Pacíficas num aspecto modificado”. O Lama Govinda escreve: “As formas pacíficas de Dhyani-Buddhas representam o mais alto ideal de Budidade[15] em sua condição estática, final, completa, do alcance final ou perfeição, vistas retrospectivamente como um estado de completo descanso e harmonia. As Herukas, por outro lado, são descritas como ‘bebedoras de sangue’, raivosas ou deidades ‘terrificantes’- são meramente o aspecto dinâmico do esclarecimento, o processo de se tornar um Buda, ou alcançar a iluminação, como simbolizado pela luta de Buda com a Multidão de Mara (…) As figuras extáticas, heróicas e terrificantes, expressam o ato de avançar em direção ao impensável, o intelectualmente “Inalcansável”. Elas representam o salto por sobre o abismo[16], que boceja entre a consciência de superfície intelectual e a consciência-profunda supra-pessoal intuitiva.” (Govinda, op. Cit., pp. 198, 202)]

 

Os tibetanos consideram as visões de pesadelo primariamente como produtos intelectuais. As atribuem ao chakra do Cérebro, enquanto as deidades pacíficas são atribuídas ao chakra do Coração e as deidades Portadoras do Conhecimento ao chakra intermediário da Garganta. Elas são as reações da mente ao processo de expansão da consciência. Representam as tentativas do intelecto de manter suas fronteiras ameaçadas. Simbolizam a luta do avanço da consciência e do entendimento da ego-perda.

 

Por causa do terror e do espanto que causam, o reconhecimento é difícil. De certo modo é até mais fácil que, uma vez que alucinações negativas comandem toda a atenção, a mente esteja alerta e portanto através da tentativa de escapar do medo e do terror, as pessoas se envolvam em estados psicóticos e sofram. Mas com a ajuda deste manual e a presença de um guia, o viajante reconhecerá essas visões infernais assim que as vir, e lhes dará as boas vindas como a velhos amigos.

 

Novamente, quando psicólogos, filósofos e psiquiatras que não conhecem estes ensinamentos experienciam a ego-perda – embora se tenham assiduamente devotado ao estudo acadêmico e embora hábeis tenham sido ao expor teorias intelectuais – nenhum dos fenômenos mais elevados aparecerá. Isso porque eles são incapazes de reconhecer as visões que ocorrem nessas experiências psicodélicas. Ao ver subitamente algo que ele jamais viram e sem possuir quaisquer conceitos intelectuais, eles vêem isso inamistosamente; e, com os sentimentos antagônicos alçando vôo, passam a estados miseráveis. Assim, se alguém não tiver tido experiência prática com esses ensinamentos, as irradiações e luzes não aparecerão.

 

Aqueles que acreditem nesses doutrinas mesmo que elas pareçam incultas, irregulares no desempenho de deveres, inelegantes os hábitos, e talvez até incapazes de praticar a doutrina com sucesso – não deixem ninguém duvidar deles ou ser-lhes desrespeitoso, mas preste reverência a sua fé mística. Só isto já será capaz de torná-lo(a) apto(a) a alcançar a libertação. Elegância e eficiência da prática devocional não são necessárias – apenas conhecimento e confiança nesses ensinamentos.

 

As pessoas bem preparadas não precisam absolutamente experienciar as visões infernais do Segundo Bardo. Desde o início elas podem passar por estados paradisíacos guiadas por heróis, heroínas, anjos e superespíritos. “Elas se fundirão numa irradiação de arco-íris; haverá chuvas de sol, doce aroma de incenso no ar, música nos céus, irradiações.”

 

Este manual é indispensável para os estudantes que estejam despreparados. Os competentes em meditação reconhecerão a Serena Luz no momento da ego-perda e entrarão no Vazio-Cheio-de-Felicidade (Dharma-Kaya). Reconhecerão também as visões positivas e negativas do Segundo Bardo e obterão a iluminação (Sambhogha-Kaya); e renascerão num nível mais elevado e se tornarão inspirados santos ou professores (Nirmana-Kaya). O estudo e a busca do esclarecimento sempre podem ser retomados do ponto em que foram interrompidos pela última ego-perda, assegurando assim a continuidade do carma.

 

Através do uso deste manual, o esclarecimento pode ser obtido sem meditação, estudando-se a sós. Ele pode libertar mesmo os muito apegados aos scripts[17]. A distinção entre aqueles que sabem e aqueles que não sabem torna-se muito clara. O esclarecimento segue-se instantaneamente. Aqueles que forem alcançados por ele não terão experiências negativas prolongadas.

 

A visão concernente às visões do inferno é a mesma de antes; reconhecê-las como suas próprias formas-pensamentos; relaxar, flutuar rio abaixo. As è INSTRUÇÕES PARA AS VISÕES COLÉRICAS podem ser lidas. Se, depois disto, o reconhecimento ainda for impossível e a libertação não for obtida, então o viajante descerá ao Terceiro Bardo, o Período da Reentrada.

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