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Resumo da Teogonia de Hesiodo

Leia em 8 minutos.

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A Teogonia de Hesíodo é uma peça central na formação da literatura e do imaginário ocidental. Escrito oito séculos antes de cristo apresentam as histórias de geração e combate entre os deuses da mitologia grega.

Sua leitura entretanto não é das mais simples. Seus 1022 versos são hexâmetro datílicos e apresentam grande dificuldade de leitura para quem não está familiarizado com a cultura grega e seu vocabulário próprio. Por esta razão a iniciativa Morte Súbita inc preparou este prático resumo.

Dividimos ele em duas partes:

Primeiro, analisamos todo o texto original e computamos quantas vezes cada deus é mencionado. Em seguida fizemos uma lista e selecionamos os 12 deuses mais citados por Hesíodo. Estes deuses foram então ordenados conforme a ordem em que aparecem no texto e um resumo de seus principais feitos foi adicionado.  Neste resumo não foram incluídos informações de outras fontes mitológicas, mas apenas o que é mencionado neste poema que está sendo estudado.

E então criamos um resumo da história para você conseguir entender o que está leu. Caso não tenha lido o texto ainda segue um link para ele, basta clicar aqui.

Quem é Quem na Teogonia

Nix : Filha do Caos, irmã de Erebus. Mãe de muitos deuses sombrios como Eris (Discordia), Apate (Engano), Thanatos (Morte) e Momo (Culpa), entre outros.

Tartaro : Deus primordial da escuridão. Se oculta abaixo de Gaia e serve de prisão para deuses derrotados.

Gaia: Deusa primordial da terra que serve de palco para a vida. Mãe de Urano (Céu), Óreas (Montanhas) e Ponto (Águas). Com Urano gera Titãs, Cíclopes e Hecatonquiros. Mais tarde para vingar a morte de Cronos gera com Erebos, Tifeu, gigante dos ventos, que tenta derrubar Zeus mas é derrotado.

Urano: Filho e esposo de Gaia. Pai de Titãs, Cíclopes e Hecatonquiros. Nega seus filhos e os oculta de volta no ventre de Gaia, que irada planeja a sua morte com Cronos.

CronosFilho de Gaia com Urano Mata o pai corta o pau dele fora e isso dá origem as Fúrias, Gigantes, Ninfas e Afrodite.  Torna-se o rei dos titãs, mas como seu pai Cronos nega sua prole e come os próprios filhos.

Hecate principal deusa doméstica de Atenas. Cobre de honra e prosperidade os que lhe fazem sacrifícios. Muito poderosa por ser muito querida por Zeus.

Zeus:  Figura central da teogonia. Filho de Cronos e Réia. Zeus foi ocultado e quando cresceu matou Cronos e fez ele vomitar os deuses que havia comido. Após dez anos de luta os deuses derrubam os titãs que são enviados ao Tártaro. Em seguida derrota Tifeu e se estabelece como Rei do Olimpo. Tem muitos filhos: Com Astúcia tem Atenas, mas come  a filha e se torna sábio. Depois ela brota de novo da sua cabeça. Com Memória gerou as Musas. Com Leto gerou Artémis e Apolo. Por fim casou com Hera, com quem gerou Ares. Com Maia, Zeus ainda gerou Hermes. Com mortais Zeus gerou com Sêmele, Dioniso e com Alcmena, Heracles.

Oceano : Primogênito de Urano e Gaia. Deus das águas doces e rio que circunda a terra dando origem a todos os rios, fontes e lagos. Figura neutra tanto na guerra contra Urano como na contra os Titãs.

Afrodite: Deusa da beleza, da sedução e da sexualidade. Nasce da espuma criada pelo pau cortado de Urano.

Heracles: Filho da mortal Alcmena com Zeus. Conquista para si a sua mãe o status de divindade.

Jápeto : Pai dos principais titãs: Atlas, Prometeu, Epimeteu e Menoécio.

Prometeus: Filho de Jápeto. Titã que criou a humanidade do barro e enganou Zeus fazendo-o comer ossos em vez de carne (abrindo precedente para sacrifícios de ossos. Como punição Zeus tirou o fogo dos homens e Prometheus roubou de volta. Como castigo Zeus enviou Pandora ao mundo e com ela todas as mulheres – umas boas outras perigosas – e acorrentou Prometeus para ser comido eternamente.

Guia de Leitura

A Teogonia é um dos registros mais antigos existentes hoje sobre a história do surgimento dos deuses, narrando a forma que os gregos enxergavam a criação do mundo. Mas o texto não é apenas uma narração folclórica: muitos afirmam que esta obra (justo com os outros dois textos conhecidos de Hesíodo) como base da moral grega, como base da formulação e cumprimentos de leis e de práticas religiosas. Para os gregos de então a mitologia mostrada no texto não era classificada como histórica ou fictícia, como falsa ou verdadeira, ela era Real, estava descrevendo o mundo como ele de fato era.

Os aspectos perenes do mundo, aqueles que sempre existiram antes dos homens e que continuariam a existir depois que toda raça humana desaparecesse eram vistas como formas de divindade (o sol, a lua, o oceano, a noite, rios, o amor, a guerra, etc.). De forma simples a história narrada na obra pode ser dividida em 3 partes:

Parte I – Cosmogonia

Na primeira parte Hesíodo nos mostra a cosmogonia ou, literalmente, a criação do universo. Os deuses que iniciam a história são os Deuses Primordiais, que não foram criados, existem desde sempre, são os primeiros nomeados:

  • Caos, que representava o nada e o tudo, a matéria vazia;
  • Gaia, a terra e a força da natureza;
  • Tártaro, o deus do submundo, para onde iam as almas dos mortos;
  • Eros, que representava o amor.

Vale notar que o conceito de Caos não é o mesmo que é popularmente atribuído a ele, o Caos não é a “desordem, ou a bagunça ou o nada” e sim a uma “possibilidade infinita de vir a ser”. Enquanto o nada é uma não existência – e portanto não pode existir – o caos é a possibilidade de qualquer e toda coisa vir a existir.

Estes quatro deuses também tem princípios importantes: Gaia é o mundo físico onde tudo o que vive habita, o Tártaro é a “anti-Terra”, é um gargalo sem fundo que existe abaixo da terra e para onde deuses tombados vão (se um Deus é imortal ele não deixa de existir, vai para o Tártaro onde cai eternamente, empurrados de um lado para outro por ventos violentos). Ai também temos duas formas de procriação, a sexual (representada por Eros) e a assexual (representada pelo Caos, que se dividi e dá origem a novos seres, uma forma de reprodução por cissiparidade).

Até este ponto da história esses quatro deuses não tinham relações entre si, mas conseguiam gerar outros deuses espontaneamente. Foi assim que Caos gerou Erebus e Nix, deuses gêmeos que representavam a noite e a escuridão.

Mesmo com a distância física entre Tártaro e Gaia, eles se uniram e formaram Urano, que representava o céu. Urano, por sua vez, junta-se à Gaia e dão origem à outros deuses importantes ao longo da história, os titãs e as titânias.

Urano, porém, não permitia que Gaia pudesse dar à luz aos seus filhos, por isso, os prendia dentro dela em uma gestação eterna. Sofrendo dores e revoltada com essa situação, Gaia pede a seus próprios filhos (que estavam presos dentro dela) que desafiassem, derrotassem e destronassem o pai. De todos os titãs, apenas um aceita o desafio: Cronos, o deus do tempo.

Gaia criou uma foice com um metal resistente e a entregou para que Cronos pudesse castrar o pai. No momento oportuno ele acerta diretamente o pai, fazendo com que o órgão sexual de Urano caísse no mar.

Da espuma gerada pela queda do órgão no mar, nasceu Afrodite, a deusa do amor e das gotas de sangue nascem as Fúrias (que punem, entre outras coisas, o parricídio), as Ninfas e os Gigantes.

Parte II – O Nascimento de Zeus e a queda de Cronos

Cronos derrota o pai, liberta os irmãos que estavam presos dentro de Gaia e se une a própria irmã Réia, a deusa da maternidade, para ter filhos. Porém, Gaia não ficou satisfeita com a atitude do filho que destronou o pai apenas por interesse em dominar o mundo e acaba por profetizar que ele teria um fim parecido com de Urano: Cronos também seria destronado por um de seus filhos. Então, assim como seu pai, ele passa a hostilizar os próprios filhos, desta vez os devorando quando nasciam.Ele engoliu Héstia, Deméter, Hera, Hades e Poseidon, que passaram a crescer dentro do pai.

Réia, claro, fica incomodada e triste por não acompanhar o crescimento dos seus filhos e pede auxílio dos seus pais, Gaia e Urano (castrado), para que seu sexto filho pudesse ser salvo. Gaia então ajudou Réia, levando-a para a Ilha de Creta onde ela deu à luz ao seu sexto filho com Cronos, Zeus.

Para fugir da fúria de Cronos e proteger o filho, Réia o engana enrolando uma grande rocha em um cobertor e mostra para o marido como se fosse o recém nascido, Cronos engole a pedra sem perceber que não era a criança que sua esposa esperava.

Zeus então cresce na Ilha de Creta, aos cuidados de Gaia, sabendo que seu destino seria libertar seus irmãos e destronar seu pai. Ele então envenena o pai e liberta os irmãos, que se tornam os deuses olímpicos.

Parte III – As batalhas e a soberania de Zeus

Depois de assumir o trono do pai, Zeus abre muitas batalhas contra outros deuses. Uma das mais importantes foi a titanomaquia, que acontece entre os deuses olímpicos, irmãos de Zeus, e os titãs.

A guerra perdurou por anos em grandes embates. Zeus então organizou uma grande armadilha que causou o recuo dos titãs. Ele joga todos os titãs no Tártaro, o submundo, e sentencia o deus Atlas a carregar o peso do mundo em suas costas.

Quando acabou a guerra, os irmãos Zeus, Hades e Poseidon dividiram o mundo entre eles da seguinte forma:

  • Os mares e rios ficaram aos cuidados de Poseidon;
  • O submundo passou a ser controlado por Hades;
  • Todo o restante, como céu, ar e a terra passaram a ser comandados por Zeus, o soberano do Monte Olimpo.

Zeus era um deus poderoso que dominava não somente os outros deuses, como também os homens que viviam na terra.

Ainda vale notar que são 12 deuses que nasceram no início dos tempos. Eles eram os ancestrais dos futuros deuses olímpicos (como Zeus, Afrodite, Apolo…) e também dos próprios mortais. Os titãs nasceram da união entre Urano, que representava o Céu, e Gaia, que seria a Terra. Assim havia 4 deuses primordiais, dois deles deram origem a Titãs e estes titãs por sua vez deram origem a outros deuses. Os semideuses viriam da união de deuses e humanas, e seriam os heróis da humanidade, capazes de atos impossíveis.

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