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Demônios e Anjos

That Old Black Magic

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Os tratados de demonologia antigos sempre mantêm a mesma velha pratica negra – chamam deus e através de deus, chamam o diabo. Talvez, grande parte do fracasso da maior parte dos praticantes de magia negra, atual é justamente esta. Talvez antigamente isso funcionasse quanto a definição de deus e diabo era clara na cabeça das pessoas. Mas as cabeças mudaram e os métodos não acompanharam esta evolução. Pensam demais, ponderam demais, criam em sua mente, sua própria barreira. No fim das contas, quem se predispõe a conjurar um demônio, já não está muito longe da loucura – sejamos menos hipócritas. Vamos abraçar a loucura com toda força.

Seguindo a pérfida forma que os tratados antigos, os atuais satanistas/demonolatras, e não obstante, cerimoniais/herméticos realizam a mesma blasfêmia. Querem se proteger daquilo que conjuram. Maldizem deus no bar e imploram ajuda dentro do círculo. Talvez seja falta de informação ou excesso de desinformação o responsável por estes prodígios – porém, antes de mais nada, vamos novamente relembrar alguns fatos.

Qabalah para Eunucos Mentais

TODA magia demôniaca atual vem de uma única só fonte, querendo ou não – o Hebraísmo. Por mais que outras culturas, como os babilônios, já tivessem uma gama enorme de demônios, atualmente, tudo que temos de demonologia vem deles. Alguns justificam dizendo que os seres infernais de hoje eram deuses antigos e que só depois foram demonizados – uma visão parcial – que justifica alguns demônios, não todos.  Todos os povos tiveram deuses bons ou malignos, mas foi necessário a mente judaica para desvelar os demônios que temos hoje. Além disso, mesmo os deuses antigos não chegaram até nós senão após serem digeridos e transformados pela cosmo visão hebraica. Logo, para qualquer pratica de demonolatria, um estudo minucioso de Qabalah, vai revelar alguns pontos interessantes.

Um grande preconceito se abunda dentro dos denominados satanistas. Eles se contentam com qualquer tipo de desculpa para sua preguiça e ao invés de buscar as fontes semitas, deixam-se levar por qualquer tipo de masturbação ideológica. Livros como Talmud, e o próprio Torah são fundamentais para entender aquilo que se propomos a evocar – o próprio Torah está presente num dos livros mais detestados atualmente, a Bíblia.

Torá (do hebraico תּוֹרָה, significando instrução, apontamento, lei) é o nome dado aos cinco primeiros livros do Tanakh, As cinco partes que constituem a Torá são nomeadas de acordo com a primeira palavra de seu texto, e são assim chamadas:

Bereshit – ‘No princípio’ ou Gênesis
Shemot – ‘Os nomes’ ou Êxodo
Vaicrá -‘ E chamou’ ou Levítico
Bamidbar– ‘No deserto’  ou Números
Devarim – ‘Palavras’ ou Deuteronômio

Demônios como Naamah, Tubal Cain, Astaroth, Baal, Baal Peor (ou Belfegor), Cain e o próprio Baal Zebub (Beelzebub), estão presentes naquele livro insuportável que os satanistas tanto negam. Lilith pode ser encontrada no Midrash, assim como Samael. O interessante, é que quando você pesquisa as fontes, você percebe um fator lógico (ou nem tanto) de todo estudo demonológico – demônios são anjos. E se são anjos, podem ser convocados como qualquer anjo pode. De oração pessoal com queima de incenso, passando por abençoar agua ou alimento com nomes divinos e tomar, todas essas brincadeiras do misticismo hebraico carregam um fator mágico absurdo. Crowley imitava as cerimônias em sua Missa de Fênix justamente por saber disso. Consagrar um alimento para Deus e depois come-lo, é o mesmo que trazer Deus para dentro de si.

E se vale para deus, vale para o diabo.

Thaumiel tem um significado interessante dentro da Qabalah Negra. Ele é o Gêmeo de Deus. Ele não é só o oposto, ele é igual em toda a sua expressão. Uma piada absurda, mas cabível aqui, seria “Jeová é um grande farsante, se disfarça de Diabo somente para conseguir mais seguidores” (Vividvs, Morbitvs). Por incrível que pareça, algumas tradições gnósticas realmente apontam ele como um demônio. Mas isso não vem ao caso.

Quando colocado em pratica, vemos que as principais praticas para se trabalhar com Deus e os seus Anjos, servem também, em um principio oposto.

Visto que anjo, cabalisticamente,  é um ser  individual,  uma emanação, uma extensão do poder de deus, percebemos que, os demônios, também são o mesmo. Em seu livro Cabala Mística, Dion Fortune nos traz o seguinte paragrafo:


“O segundo Nome do Poder é o dos Arcanjos da Esfera, a  represento a consciência organizada do ser, graças a cujas atividades a evolução dessa fase foi inaugurada a dirigida. Embora esses seres sejam representados pictograficamente como formas humanas, embora etéreas,  não se deve acreditar que a vida e a consciência tal como as conhecemos correspondem à sua natureza. Eles são semelhantes em essência às forças naturais, mas, se os considerarmos simplesmente como energia carente de inteligência, não teremos um conceito adequado de sua natureza, porque eles são essencialmente individualizados e inteligentes. Ambas essas ideias devem penetrar nosso conceito, modificando-se mutuamente, até que, finalmente, cheguemos a um entendimento que difira completamente daquele a que o pensamento ocidental está acostumado.”

Releia algumas vezes. Segundo Dion Fortune os Arcanjos são:

– seres conscientes
– individualizados
– inteligentes.

Agora vamos explorar um pouco mais, na bíblia tradicional podemos ver o seguinte.

Anjos são espíritos, que têm inteligência, emoções e vontade.

  • Os anjos possuem inteligência (Mateus 8:29; II Coríntios 11:3; I Pedro 1:12)
  • Demonstram suas emoções (Lucas 2:13, Tiago 2:19; Apocalipse 12:17)
  • Demonstram que têm vontades (Lucas 8:28-31; II Timóteo 2:26; Judas 1:6).
  • O conhecimento dos anjos é limitado por serem criaturas. Isto significa que eles não sabem tudo o que Deus sabe (Mateus 24:36).

Demônios são anjos.

Existe uma grande diferença entre demonolatria e demonologia. Na primeira um demônio é adorado “latria” e colocado acima de tudo. Na segunda é feito um diálogo e estudo com os mesmos “logia”. Demonolatria é no final das contas um tipo de religião, e demonologia um tipo de prática mágica. O que eu quero dizer, com tudo isso é – Demonolatria, adoração a Demônios não tem fundamento. Assim como qualquer outra idolatria. Uma onda grande no Satanismo atual é de pessoas verem os Demônios como seres ultra poderosos e antigos, nos quais escondem sua fé cristã neles ao invés de estuda-los e trabalhar com eles.

Estudar a natureza de espíritos nos traz uma perspectiva diferente daquela pregada pela nossa cultura social.

A pratica mágica deve  livrar-se de todo tipo de preconceito e estudar todo e qualquer tipo de fonte. Mesmo sabendo do Maquiavelismo bizarro dentro da bíblia, podemos perceber que há muitas coisas úteis dentro dela. Mas, vamos mais adiante.

“NÃO PRONUNCIARÁS O NOME DO SENHOR, TEU DEUS, EM VÃO”

(Ex 20,7)

 

Falar é Invocar. O adágio popular “Falando no Diabo..” tem um fundo pesado de verdade, Em uma das praticas de feitiçaria mais claras dentro da bíblia, os Salmos, podemos ver uma das maldições mais interessantes (as streghe enlouquecem);

“Ó Deus do meu louvor, não te cales,
Pois a boca do ímpio e a boca do enganador estão abertas contra mim. Têm falado contra mim com uma língua mentirosa.
Eles me cercaram com palavras odiosas, e pelejaram contra mim sem causa.
Em recompensa do meu amor são meus adversários; mas eu faço oração.
E me deram mal pelo bem, e ódio pelo meu amor.
Põe sobre ele um ímpio, e que Satã esteja à sua direita.
Quando for julgado, saia condenado; e a sua oração se lhe torne em pecado.
Sejam poucos os seus dias, e outro tome o seu ofício.
Sejam órfãos os seus filhos, e viúva sua mulher.
Sejam vagabundos e pedintes os seus filhos, e busquem pão fora dos seus lugares desolados.
Lance o credor mão de tudo quanto tenha, e despojem os estranhos o seu trabalho.
Não haja ninguém que se compadeça dele, nem haja quem favoreça os seus órfãos.
Desapareça a sua posteridade, o seu nome seja apagado na seguinte geração.”

Salmos 109: 1-13

 
Eu fiz questão de grifar uma frase, para que analisemos o seguinte fator:  Satã, o Príncipe do Inferno, nesse salmo é evocado de forma simples – sem ritualística, sem velas, sem sacrifícios bizarros – e enviado pelo orador diretamente para seu inimigo. Na bíblia, a chave para o sucesso com as orações, é a repetição constante (Tessalonicenses 5:17) . Crowley, nos trouxe uma chave a mais, junto á essa.

“Inflame-se em oração”

O poder de deus era tão levado á sério, que seu nome não era nem escrito muito menos pronunciado em vão. Falar, uma palavra em voz alta, YHVH (Yahveh, Jeovah) era o mesmo que trazer a presença dele para o ambiente. Levando em conta que hoje em dia, isso não é mais viável, ainda temos uma das chaves mais profundas de magia. Falar o nome de qualquer entidade, é evoca-la.

Isso de fato, nos traz o porque alguns demonologos, sequer pronunciam nomes dos demônios, usando pseudônimos para os próprios, ao invés de falar diretamente deles. Isso pode ser visto como fanatismo por alguns, porém entra em um conceito interessante;

Se uma pessoa que não tem nada a ver com demonologia, começa a falar ou repete sempre um nome, ela não tem o mesmo poder. O que dá o poder de chamar/expulsar seria a inteligência, a consciência da existência da entidade e de um link entre o conjurador e a entidade. Em outras palavras: a intenção. Entramos naquele velho adágio aonde o que para um é uma fonte de satisfação, para outro não há valor algum.

É essa inteligência, como diz Eliphas Levi em seu Dogma e Ritual de Alta Magia, que faz o operador tomar domínio sobre uma entidade. O que torna, esse salmo, uma arma letal nas mãos de um fanático cristão. Outros salmos tem outras funções mas usá-los é uma arte.

Por falar em Levi, vamos reler uma conjuração interessante do livro dele;

“Em nome de Mikael, que Jeová te mande e te afaste daqui, Chavajoth! ”.
“Em nome de Gabriel, que Adonai te mande e te afaste daqui, Belial! ”.
“Em nome de Rafael, desaparece diante de Elchim, Sachabiel! ”.
“Por Samael Zebaoth, e em nome de Elohim Ghibor, afasta -te Adrameleck! ”.
“Por Zacariel e Sachiel Melek, obedece a Elvah, Samgabiel! ”.
“Pelo nome divino e humano de Schaddai, e pelo signo do pentagrama que tenho em minha mão direita, em nome do anjo Anael, pelo poder de Adão e Eva, que são Jotchavah, retira -te, Lilith; deixa – nos em paz, Nahemah! ”.
“Pelos santos Elohim e os nomes dos gênios Cassiel, Sehaltiel, Aphiel e Zarahiel, sob o mando, de Oriphiel, afasta -te de nós, Moloch! Não te daremos nossos filhos devorares ”. 

Já, alguma vez, pensaram no efeito que isso teria, se vocês invertessem essa conjuração ?

Essa é a base daquilo que chamamos de magia. Criatividade no fim das contas, é o que torna o ser Humano um Deus. Observar esses conteúdos e se possível, trabalhar com eles de forma em que, possa adulterar e aplicar sua própria experiência em busca de um novo mundo. That Old Black Magic strikes again, e ela traz consigo uma novo fator, fundamental para a evolução dentro da magia – estudar a base de tudo – para então, erguer seu pilar.

Levi, ainda nesse capitulo, explana demais o sistema septenário, que na época dele era praticado de tal forma (mas ainda deve existir algum tradicionalista que tenta fazer o mesmo, enfim). Porém, Crowley veio com uma ideia moderna (para época dele) em que catalogou no seu Liber 777. Não somente isso, ele ousou um pouco mais;

Evocava espíritos ofertando sêmen.

Crowley, Porra e a Demonologia como nunca antes vista (ou praticada)

No liber 777, Crowley nos traz uma gama extensa de simbologia para associarmos a qualquer ritual nosso e então, entrando no “padrão vibratório” da entidade, podemos chama-la. Mas vamos levar em conta um fator, pequeno e fundamental.

“Tudo é Mente.”

Seguindo o roteiro de Crowley, se eu deseja-se evocar uma entidade do amor, algo como Baal (arquidemônio de Venus, A arab Zarak),  deveria estar em um ambiente em que, a cor verde fosse predominante. As velas, caso houvessem, deveriam ser verdes ou rosas e incensos de cravo, rosas e/ou canela deveriam estar presentes, uma bebida doce, um licor de morango talvez, seria bem apropriado. Eu precisaria alinhar minha mente aquela ideia, ao máximo possível para evocar o espírito. Lógico que, isso para quem está começando – uma pessoa com certa experiência, poderia usar o fator modernidade e modificar aquilo que no principio foi uma regra, de modo que, se ele for em uma praça, e tiver um tempo sozinho lá, poderia fazer uma libação do licor para Baal e então, como os incensos não estariam presentes, acender um cigarro aromatizado, ofertando ao Deus/Demônio. Tudo isso intercalando com uma “oração” – uma conversa simples e respeitosa ao demônio ao qual esta se dirigindo.

Vale a pena relembrar o uso do fumo no xamanismo. Vale a pena relembrar do velho xamanismo. Trabalhar com magia, é trabalhar com a força da natureza. Usar o poder pessoal em conjunto as forças naturais e então adquirir algum resultado. Evocar o espírito, pode ser tão simples quanto conversar com qualquer pessoa, até porque, espíritos são cérebros sem corpo.

Ao contrario da grande massa satânica/demonolatra atual, que são corpos sem cérebro.

Toda esse conjunto de fatores, por assim dizer, podem ser burlados, conforme a experiência do operador. Conforme a pessoa cresce magicamente, ela perde o porque de associar tantos fatores, ou fazer tanta cerimonia. Conforme o velho hermetismo diz, Tudo é Mente. Caso queira alguma coisa, basta fixar a mente em um único ponto/nome, para que então, aquele seja conjurado. Uma chave que vale a pena ressaltar esta no livro de J.R.R. Abrahão em seu Curso de Magia;

“Tenha em mente que, sendo Deus, você será o Deus daquele ser também, que, então, lhe ouvirá também; permaneça nesse estado fatigante por alguns instantes, pois então seu espírito conceberá que a entidade evocada está lhe respondendo em sua mente; desde que você está com toda a sua consciência na esfera em questão, você primeiramente ouvirá a voz da inteligência em questão como se ela emanasse das mais profundas REGIÕES do seu espírito.” 

Logo adiante, Crowley nos dá uma chave interessante em seu Liber A’Ash vel Capricorni Pneumatici Sub Figura CCCLXX :

Que ele se sente e conjure; que ele se contraia nesta força; que ele se erga junto ao inchaço e à tensão; que ele jogue para trás o capuz de sua cabeça e fixe seu olho de basilisco sobre o sigilo do demônio. Então que ele balance a força dele de cá para lá, como um sátiro em silêncio, até que a Palavra exploda de sua garganta.”

Para quem não entendeu, ele está falando algo bem simples, até – masturbe-se olhando para o sigilo de um demônio, repetindo o nome dele. Dessa forma, ele estaria canalizando a energia do orgasmo para o demônio. Alguns vão até mais adiante, oferecendo o sêmen para o demônio e então comendo logo em seguida para que o demônio em si, faça parte do Operador. Ou em outro ponto de vista – em que o Homem contem tudo que existe no Universo – ele estaria alimentando o demônio que existe dentro de si. (Praticantes de Zos Kia vão curtir isto, prevejo)

“Partes do subconsciente” parafraseando Crowley.

Crowley fez extenso uso da porra. Ou Elixir, como ele falava. De todas as formas, fluidos femininos e masculinos juntos, menstruo e… detritos anais. Creio que vocês entenderam – Merda.

Alguns críticos acirrados da OTO, condenam essas praticas, há um texto até falando sobre isso, e o quanto o Crowley era machista. O uso dos fluidos femininos sozinhos, foi abordado somente pelo Kenneth Grant (O livro Renascer da Magia e toda sua saga Tifoniana, pode ajudar nas pesquisas). Crowley se mantinha a adoração ao Olho de Hórus e ao Olho que Chora. (Liber 333 – Cap.61 pode se ver uma abordagem pequena sobre)

Toda essa mistura – sangue, semen e detritos, era usada como alimento para demônios. (Vide XI°)

Tudo isso, faz parte daquilo que vemos anteriormente. Para que qualquer coisa se erga, é necessário uma base sólida. Evocar demônios, além da ousadia, requer um estudo constante da base daquilo que vemos hoje em dia. O texto, tinha esse único objetivo; mostrar uma parte da base e que negar as raízes hebraicas esta satanicamente errado. As fontes semitas devem ser usados pelos satanistas/demonólogos como um fortalecimento de sua própria egrégora. Você já se perguntou o significado de palavras como Shemhamforash?

Negar e blasfemar qualquer coisa é simples, é feito por qualquer idiota. Mas ir atrás dos fosséis e daí traçar teu próprio rumo não é. É isso que diferencia um magista de sucesso de um magista de bueiro.  A comparação e a ultima parte ter levado a Crowley, nos traz uma perspectiva clara de que, usando as bases daquilo que foi reprimido, o uso e perversão do próprio cristianismo, era uma fonte de energia inesgotável para o magista.

Foi dessas perversões que nasceu Lilith, segundo alguns mitos. Foi dessas perversões que nasceu aquela velha magia negra.

por King

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