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Mecanismos Magísticos no Ritual de Banimento

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Paulo Jacobina do Pedra de Afiar

Capítulo do Banimento Ritualístico: Guia de Orientação Prática

A Correspondência do interno/superior com o externo/inferior

Conforme visto em tópicos anteriores, o Princípio de Correspondência determina uma equivalência entre os planos existenciais em decorrência do télos (Τέλος) da MENTE. Além desta, também estabelece a correspondência entre o aspecto interno do magista e o ambiente externo. E é, justamente, esta correspondência que se torna fundamental compreender para se realizar o Ritual.

Já foi abordada a questão da ocorrência dos 4 (quatro) elementos (Fogo, Água, Ar e Terra) na composição do magista. Bem como já foi mencionado o uso de itens que simbolizam cada um destes elementos e não cabe, aqui, criar uma listagem acerca de qual item corresponde a cada elemento, posto não ser a proposta do material. Entretanto, pode-se destacar que esta correspondência decorre da similaridade entre atributos do item com os contidos no elemento.

Neste sentido, aponta-se apenas 4 (quatro) itens, para fins didáticos, e as suas respectivas correspondências:

Vela (Fogo): a vela, em si, não é o item, mas a chama que ela sustenta. A chama possui natureza fluída e que se comporta, constantemente, buscando se elevar, isto é, aquilo o que é mais sutil. Além disso, ela é fonte de luz, o que indica o fornecimento da clareza daquilo o que verdadeiramente é. Seu comportamento indica as inúmeras possibilidades do que pode realizar, mas sempre se mantendo una;

Cálice (Água): tal qual acontece com a vela, o cálice, em si, não corresponde diretamente ao elemento, mas aquilo o que ele comporta. O liquido que se encontra no interior do cálice apresenta o aspecto de buscar o interior, a conexão com o que é íntimo. Ademais, dependendo do estímulo que recebe, pode se comportar de maneira plácida (sentimento) ou de maneira turbulenta (emoções), “transbordando” do seu recipiente. Outrossim, em vários sistemas, a comunhão pelo cálice, com todos bebendo do mesmo líquido e do mesmo objeto, representa, não são a união dos membros, mas também o fato de que eles compartilham os mesmos ideais (o pensamento do Objeto);

Incenso (Ar): tecnicamente, pode-se dizer que existem 2 (dois) tipos de incenso: (i) o incenso propriamente dito, que é feito com a resina (seiva olíbano) de uma árvore específica (boswellia papyrufera), que recebe o nome de incenso; e (ii) todos os demais itens que são utilizados como o incenso. Assim, stricto sensu, incenso é a seiva olíbano, e, latto sensu, é qualquer item que é queimado como se faz com o olíbano. A queima do incenso produz fumaça, que se espalha por todo o ambiente, estimulando a tudo o que nele se encontra, em especial o olfato. Pela sua ação, odores são transformados e, pelo seu uso repetido em um determinado local, o seu cheiro passa a aderir ao ambiente. Ademais, o olfato tem a capacidade de despertar memórias e, consequentemente, sensações, como ocorre ao sentir o cheiro de café, o perfume que remete a alguém, um odor que remete a um prato de comida feito por alguém específico ou numa determinada ocasião; e

Trajes (Terra): a roupa cerimonial estabelece a aparência do magista. Além disso, ela o protege das intemperes e apresenta as formas físicas. Contudo, apesar de proteger, dando um envoltório, ela também possui certo grau de flexibilidade a fim de permitir que ele atue e, consequentemente, interaja no ambiente de maneira física com o intuito de executar o ritual. Ademais, o traje, constantemente, toca a pele e, portanto, estimula os sentidos.

Portanto, a presença externa destes itens, funciona como símbolos de elementos internos do magista, fazendo com que o contato sensível com os itens provoque, no magista, o reconhecer os seus elementos internos. Por isso que estes itens devem se encontrar, preferencialmente, de maneira constante ao alcance dos sentidos físicos, pois, o estimulo perene tenderá a afastar a possibilidade do esquecimento da conexão externa-interna e, consequentemente, impedir que outro tipo de PENSAMENTO se faça presente.

Corpos existenciais no Quaternário

O magista, assim como tudo o que existe, possui 4 (quatro) corpos, que faz uso para se manifestar no Quaternário. A denominação “corpo” aqui adotada, equivale a ideia de veículo de manifestação. Assim, o corpo não é a coisa em si, mas a sua expressão naquele Elemento.

Desta maneira, para fins didáticos, adota-se a seguinte nomenclatura para se referir a cada um dos corpos (Fogo, Água, Ar e Terra): mental, emocional, energético e físico, respectivamente. A nomenclatura adotada, funciona para indicar, de maneira didática, características correspondentes à cada elemento e, por isso, pode variar de sistema para sistema, de acordo com os critérios adotados em cada um deles. Por exemplo, em alguns sistemas com origem na (ou influência da) região da atual Índia, o corpo físico é denominado de annamaya kosha, o que, traduzido, significa vaso (kosha), no sentido de recipiente, ilusório (maya), posto que ele não é real, de alimento (anna), indicando que a sua composição é feita dos elementos que o indivíduo se alimenta.

Os 4 (quatro) corpos podem ser esquematizados, para fins didáticos, numa hierarquia do mais sutil para o mais denso [o que também pode ser dito das seguintes maneiras: do menos denso para o menos sutil ou do mais sutil para o menos sutil ou do menos denso para o mais denso]: mental (fogo), emocional (água), energético (ar) e físico (terra).

A escolha da densidade para classificar os corpos decorre do ethos (ήθος) do Quaternário, que, em seu estado do ser, separa os elementos de acordo com a frequência da sua ocorrência em uma medida. Em uma mesma medida de espaço, o físico, por ser o mais denso, terá uma frequência maior e, por isso, será mais perceptível em comparação com os demais corpos, que são mais sutis (ou menos densos) em relação ao físico.

Desta maneira, ao se pensar num bloco espacial, encontrar-se-á mais “pontos” do físico, depois do energético, depois do emocional e, por fim, do mental. Contudo, o fato de se encontrar “mais pontos” do físico do que dos demais corpos, isso não significa que eles “apenas” estão nos “pontos” em que “aparecem”. Estes “pontos” indicam, para fins didáticos, a crista da onda da manifestação do corpo.

Ainda para fins didáticos, utilizar-se-á a figura de uma onda quadrada para representar o físico, uma onda senoidal para representar o energético, o emocional também será representado por uma onda senoidal, mas pontilhada, e uma onda triangular para representar o mental. A escolha do mesmo tipo de onda para representar tanto o emocional, quanto o energético deriva de uma “equivalência” adotada na representação em cruz (+) abordada em tópico anterior, no qual, os dois elementos que eles representam, encontram-se “equidistantes” tanto do topo, quanto da base da cruz e, portanto seriam “equivalentes” entre si, apenas possuindo sentidos distintos, posto que, enquanto a água possui sentido “negativo”, o ar possui sentido “positivo”:

Assim, numa sobreposição das 4 (quatro) ondas (corpos), posto que todas ocupam o mesmo espaço (o plano existencial denominado Quaternário), encontra-se a seguinte imagem:

Com a sobreposição, e ao verificar a proporção de quantos “pontos” de cada crista “toca” a linha superior, passa-se a ter uma ideia a respeito da percepção, decorrente da análise sensível (visão física) de que o físico “domina” a linha e que os demais corpos, quase não existem. Porém, ao se observar o gráfico como um todo, constata-se que os 4 (quatro) corpos se encontram ali em sobreposição, mesmo que uns estejam mais “aparentes” (na linha superior) do que os outros.

Outra imagem que pode ser utilizada para facilitar a compreensão, encontra-se na utilização de frequência. Frequência é, resumidamente, a quantidade de comprimentos de onda formados em um segundo, enquanto o comprimento de onda é distância entre 2 (dois) vales ou entre 2 (duas) cristas. Assim, apresentando 2 (duas) ondas a seguir, a superior terá uma frequência menor do que a onda inferior:

Esta diferenciação entre frequências de onda também possibilita, por outras vias, fazer a mesma analogia que a apresentada com os diferentes tipos de onda, estabelecendo que o corpo mais perceptível, para os sentidos físicos, é aquele que possui maior frequência e, portanto, gera mais estímulos aos sentidos e, consequentemente, mais prevalência na análise das informações.

Retornando ao caso específico do magista, como ele não ocupa todo o espaço do Quaternário, os seus corpos irão, em função da densidade de cada um, alongar-se, “espalhando-se” por todo o meio, em um processo que “lembra” a decantação alquímica. Desta maneira, um observador externo ao magista, ao olhar para ele, “verá”, ao redor do corpo físico do magista (e “dentro” dele, por sobreposição de onda), o seu corpo energético, que é o segundo mais denso, e irá se manifestar, formando uma espécie de halo ou casulo ao redor do físico. Da mesma maneira, ao redor do corpo energético (e “dentro” dele e do físico), será possível encontrar o emocional, que também formará uma espécie de halo ou casulo ao redor dos corpos menos sutis. E, por fim, ao redor do emocional (e dentro dele, e do energético e do físico), está o mental, delimitando o espaço que o magista ocupa no Quaternário.

Portanto, os corpos formam uma espécie de “boneca matrioska”, na qual os mais densos se encontram no interior e os mais sutis no exterior. E, tendo em vista o ethos (ήθος) do Quaternário, que estabelece, em seu modo de ser, a ocorrência da gravidade, os corpos se atraem mutuamente, posto que todos possuem massa, e os mais densos geram “distorções” nos mais sutis, numa espécie de efeito de maré.

Corpos do Quaternário no Ritual

Conhecendo a “ocupação” espacial dos corpos do magista, torna-se possível compreender os mecanismos decorrentes da prática ritualística correta, bem como fenômenos do cotidiano.

Confira também o vídeo: Círculo de Proteção Mágico

A) O Círculo de Proteção:

Todo estudioso das artes arcanas já ouviu falar do “Círculo de Proteção”. Nele, o magista é o imperador e, como tal, apenas a sua vontade deve prevalescer no interior do círculo.

Do ponto de vista prático, o Círculo de Proteção representa, no exterior, os limites estabelecidos pelo magista onde ele impera. Do ponto de vista existencial, os limites externos do círculo, determinam o espaço no qual o magista irá “reunir” os seus corpos mais sutis, criando uma barreira em relação aos elementos “exteriores” e estabelecendo um local no qual o Banimento é perene.

Cabe destacar que, apesar de se delimitar externamente um círculo de proteção, o verdadeiro Círculo de Proteção é formado pelo conjunto de corpos do magista. Assim, mesmo que exista um desenho no chão, delimitando o círculo de proteção, caso o magista saia deste desenho, o Círculo de Proteção irá acompanhá-lo, posto que os seus corpos mais sutis, encontram-se radialmente ao corpo físico. Entretanto, costuma-se recomendar que o magista não deixe o interior do círculo de proteção externo, posto que ele funciona como reforço positivo para a conexão simbólica com o seu interior, determinando constantemente o fortalecimento e o estabelecimento do Círculo de Proteção.

B) O Centro do Círculo de Proteção

Todo círculo tem um centro e o mesmo acontece com o Círculo de Proteção. O centro deste Círculo se encontra no corpo físico do magista, pois é neste ponto em que o télos (Τέλος) o une aos demais planos existenciais. Este ponto é o seu axis mundi. O local que o conecta, por intermédio do télos (Τέλος) com os demais planos existenciais, e, de onde irradia toda a potência organizadora dos seus elementos constitutivos no Quaternário. É deste ponto que “partem” as 4 (quatro) ondas que, por suas frequências, “moldam” os corpos existenciais utilizados no plano.

C) Tamanho do Círculo de Proteção

O Círculo de Proteção estabelece uma área na qual o magista impera e, por isso, ele se torna, dentre outras coisas, inatingível, inatacável e invulnerável. Isso acontece porque o magista, intencionalmente, “retrai” os seus corpos mais sutis de maneira a ocupar todo o espaço do Círculo de Proteção. Assim, ao ocupar todo o espaço, ele impede que outro tipo de PENSAMENTO ocupe aquele espaço.

Tendo em vista que, na verdade, o Círculo de Proteção é um espaço ocupado pelos elementos constitutivos de cada um dos corpos do magista, ele pode assumir tamanhos variados, isto é, ter diferentes medidas de raio. Neste sentido, quanto menor o raio, supostamente, mais fácil é para o magista preencher o Círculo com o seus corpos. E, a contrario sensu, quanto maior o raio, mais difícil é para preenchê-lo totalmente. Assim, mesmo que um praticante de magia trace no exterior um círculo de proteção com 100 (cem) metros de raio, isso não sigifica que o verdadeiro Círculo de Proteção terá este tamanho.

Portanto, recomenda-se que o desenho do círculo de proteção não seja muito grande, mas que, também, não seja muito pequeno, posto que ele deve permitir que o magista execute movimentos em seu interior e ainda manter contato sensível com os elementos externos que atuam como símbolos do interno.

D) Função do Círculo de Proteção

A construção de um Círculo de Proteção tem, na verdade, 2 (duas) funções.

A primeira é meramente protetiva, como o nome indica. Assim, diante de uma ameaça externa, o magista estabelece o seu Círculo de Proteção e nele se mantém seguro até que a ameaça externa termine. Note-se que, neste caso, o magista “apenas” ficará protegido no centro do seu Círculo, isto é, ele não irá atuar externamente contra a ameaça. O Círculo funcionará como um escudo que bloequeia e repele todo ataque, enquanto o magista se mantiver concentrado em seu axis mundi, reunindo todos os elementos contitutivos da sua existência no Quaternário.

A segunda função é a de estabelecer uma área segura em seu interior, mas que possa permitir que o magista atue em seu exterior. Neste caso, o Círculo de Proteção terá um raio menor do que o estabelecido na primeira função. Isso acontece porque devem “sobrar” elementos constitutivos dos corpos sutis do magista, no lado exterior do Círculo, para que ele possa utilizá-los como ferramenta de atuação, uma vez que o magista apenas interage com o plano no qual se encontra, fazendo uso dos elementos constitutivos dos seus corpos.

E) Da importância do Santuário Pessoal

Em uma atuação externa, estabelecida no tópico anterior, é claro que o magista pode fazer uso de elementos constitutivos de outras coisas existentes no ambiente no qual se encontra. Contudo, tal qual um indivíduo que só consegue manusear um garfo, se tocar nele, o magista só conseque fazer uso desses outros elementos constitutivos, se conseguir tocá-los em seus respectivos corpos.

No geral, os elementos constitutivos dos itens que existem no Quaternário, adotam padrões de neutralidade quanto a utilização do magista, de maneira análoga a uma espada que “permite” ser manuseada por quem a segurar. Contudo, tal qual acontece no exemplo da espada, que, pelo constante manuseio, ela tenderá a se adequar ao uso do espadachim, chegando ao ponto de ter a sua empunhadura moldada na forma da mão do seu manuseador, o mesmo acontece com os elementos presentes no ambiente. Desta maneira, a ação humana constante tende a estabelecer padrões que aqueles elementos estão propensos a executar com mais facilidade.

Em um ambiente coletivo amplo, há uma sobreposição dessas influências, fazendo com que ele tenda a uma certa “neutralidade”. Contudo, em ambientes mais restritos e com atuações mais direcionadas a um determinado propósito, a um fim, os elementos tendem a estabelecer um padrão de “comportamento” e de “familiaridade” com o seu manuseador. Desta forma, ao se estabelecer um local onde apenas o magista tem acesso ou que outras pessoas o acessem minimamente, o magista começa, com a sua atuação constante, a “moldar” todos os elementos presentes de acordo com as suas práticas. Este local, transforma-se em seu santuário pessoal, onde ele atuará como uma divindade e terá o seu máximo poder de ação.

F) Da ação externa ao Círculo de Proteção

Uma vez estabelecido o Círculo de Proteção como ferramente da segurança em uma determinada prática, volta-se a atenção para esta ação externa.

Os corpos existentes no Quaternário possuem padrões vibratórios distintos e, consequentemente, diferentes densidades. Isto faz com que os mais sutis se expandam por áreas mais amplas do que os corpos mais densos. Esta “expansão” também ocorre pela mudança da frequência do corpo, ou seja, o corpo mental, por exemplo, ao diminuir a sua frequência, acaba por se “alongar”, alcançando distâncias maiores do que as anteriores, quando se encontrava numa frequência maior.

Em condições normais, os corpos mais sutis do magista se “entrelaçam” com os corpos que se encontram no exterior do Círculo de Proteção, fazendo com que eles possam, tanto influenciar o “meio”, quanto serem influenciados por ele. O mesmo acontece no coditiano do magista, no que alguns chamam de “vida profana”.

Assim, fazendo uso do direcionamento da sua intenção, o magista conseque transmitir as informações que quiser para aqueles com quem compartilha algum espaço. Contudo, como o oposto também é possível de acontecer, torna-se fundamental que o magista busque se conhecer, isto é, conhecer os seus próprios elementos constitutivos, a fim de não se deixar conduzir por influências que desaprove.

G) A Respiração

Tendo em vista que o elemento Ar representa a ação que gera o estímulo aos demais elementos constitutivos do magista, a prática da respiração se torna chave mestra para executar os estímulos que o magista busca em suas atividades. Essa função ocorre, dentre outros motivos, pelo fato de respiração corresponder, num ciclo micro, a uma série de ciclos maiores que ocorrem no Quaternário, em especial o do dia, o do ano e o da encarnação, conforme pode ser verificado na figura a seguir:

Na imagem acima, integrante da obra A Manifestação, verifica-se, dentre outras coisas, a corrêspondência de uma série de ciclos, como o da encarnação, representada pelas fases da vida; o do ano, representado pelos marcos das estações do ano; e o do dia, representando nos momentos do sol.

Apesar de não se encontrar expressa na imagem, o ciclo da respiração também segue o mesmo padrão. Ele tem início no ponto indicado na imagem como sendo o da “meia noite”, no momento no qual os pulmões se encontram “vazios”. Com o ato de inspirar, os pulmões começam a se encher, seguindo em direção ao “meio dia” pelo caminho da esquerda, indicado como o “nascer do sol”. O ponto de amplitude máxima dos pulmões é alcançado no “meio dia”, quando se inicia o ato de expirar, esvaziando os pulmões em direção ao “vazio”, à “meia noite”.

Tal qual acontece nos simbolismos contidos na imagem, o ato de inspirar representa o momento de juntar recursos, enquanto o de expirar representa o momento no qual esses recursos são utilizados de maneira plena. Assim, o domínio das mais diferentes técnicas relacionadas ao respirar, permite ao magista controlar estes ciclos em si e, desta maneira, utilizá-los de acordo com o seu intento. Por exemplo, o magista pode inspirar rapidamente, a fim de concentrar potência, e, por fim, expirar devagar, a fim de prolongar a ação desta potência acumulada, ampliando a frequência deste ato. Da mesma maneira que, aquele que aprende a realizar longas respirações, por correspondência, pode gerar o prolongamento do seu ciclo do dia, do ano e da encarnação.

H) Símbolos Mágicos

Símbolos Mágicos são, de maneira resumida, símbolos que têm o propósito específico de serem utilizados em práticas magísticas. No geral, diferenciam-se de itens mágicos, pelo fato de sua aplicabilidade ser restrita à prática mágica, diferentemente do que acontecem com os itens mágicos, que são itens “profanos”, mas que pelo uso magístico, adquirem a sua natureza mágica, mas sem perderem a “profana”.

Existem diferentes tipos e espécies de símbolos mágicos e não faz parte do intuito deste material catalogá-los e descrevê-los. Contudo, recomenda-se ao magista, o estudo dos símbolos mágicos a fim de que o seu uso possa, tanto facilitar o reconhecimento daquilo o que eles simbolizam, quanto direcionar o PENSAMENTO a um determinado objetivo.

Outrossim, a confecção de símbolos mágicos de uso pessoal também se torna ferramenta interessante nas práticas do magista, posto que, além de permitir o seu uso, como ocorre com os demais símbolos mágicos, tende a dificultar que terceiros, diante do símbolo, consigam anulá-lo pelo uso da polaridade oposta.

Apesar de não ser o objetivo deste material, pode-se destacar, brevemente, a ocorrência de 2 (dois) símbolos mágicos que, provavelmente, em conjunto com os símbolos astrológicos, estão entre os mais “conhecidos”, mas não necessariamente, compreendidos no meio esotérico:

i – O Pentagrama

Provavelmente o mais famoso dos simbolos mágicos, o Pentagrama representa, essencialmente, a manifestação da Telesma (Τέλεσμα). Isto é, ele é composto por 4 (quatro) pontas, que representam os elementos do Quaternário (Fogo, Água, Ar e Terra), sob o “domínio” da quinta, a ponta superior, que representa a Tríade, aqui, comumente, denominada de Quintessência. Assim, tendo a Quintessência no vértice superior do Pentagrama, ela “estabelece” os “limites” do Quaternário, Terra e Fogo, que representam os vértices “inferiores”, esquerdo e direito, respectivamente, ou os pés do Pentagrama, estabelecem onde ele “pisa”. Cada um destes “pés”, sob a influência da Quintessência, estabelece a “ocorrência” de um novo “vértice” ou “braço” do Pentagrama. O Fogo, com a Quintessência e a “presença” da Terra, estabelece o vértice do Ar, à esquerda; enquanto a Terra, com a Quintessência e a “presença” do Fogo, estabelece o vértice da Água, à direita. Desta forma, o Pentagrama representa o chamado Microcosmos, isto é, o Quaternário atuante em sintonia com à Tríade.

É claro que, por se tratar de um símbolo, o Pentagrama também representa outros aspectos da prática do magista, mas que não cabem no objetivo deste material.

A representação mais comum do Pentagrama está na figura da estrela de 5 (cinco) pontas. Porém, ele também pode ser representado de outras formas e sem perder a sua simbologia. A título ilustrativo, pode-se exemplificar com (i) o gesto manual do magista que, com a mão aberta e com os dedos unidos lateralmente, abaixa o dedo anelar e o mínimo em direção à palma da mão, fazendo com que estes representem as pontas “inferiores” do Pentagrama, enquanto os outros representam as “superiores”. Outro exemplo representativo do Pentagrama está (ii) no desenho de um triângulo com um quadrado inscrito em seu interior. Também pode ser representado (iii) pelo próprio magista com as pernas e os braços abertos em posição de estrela. Assim como (iv) pela letra hebraica he (ה).

ii – O Hexagrama

Embora, como ocorre com todos os símbolos, o Hexagrama possui uma série de referências e usos, uma de suas simbologias mais essenciais é a representação do plano existencial da Tríade.

Apesar de parecer contraintuitivo fazer o uso de um símbolo com 6 (seis) pontas para representar algo que possui 3 (três) elementos, o Hexagrama representa a Tríade atuando como “ponte”, o próprio télos (Τέλος), unindo o Quaternário, pela ação do vértice inferior do Hexagrama, à Dualidade, pela ação do vértice superior do Hexagrama. A visualização deste “esquema” representativo, torna-se mais fácil ao se pensar que o Hexagrama é formado por 2 (dois) triângulos, um com um dos vértices apontados para baixo e o outro, com um dos vértices apontado para cima, isto é, a Tríade atuando em seus 2 (dois) aspectos conectivos dentro do télos (Τέλος).

Da mesma maneira com que ocorre com o Pentagrama, onde cada vértice representa um elemento, o mesmo acontece com o Hexagrama. Porém nele, cada vértice representa um Planeta: Saturno, Júpiter, Marte, Vênus, Mercúrio e Lua, enquanto o seu centro representa o Sol. Os 7 (sete) Planetas, conhecidos antigamente, simbolizam o Macrocosmos, com os planetas “exteriores” representando os vértices superiores do Hexagrama, enquanto os “interiores” representam os vértices inferiores. A Lua indica o vértice inferior, por ser considerado o Planeta “mais próximo” do Quaternário (Microcosmo), enquanto Saturno representa o vértice superior, por ser o “mais distante”, estabelecendo tanto os “limites” do Macrocosmos, quanto determinando a sua “ordem”, posto estar mais “próximo” da Dualidade.

Apesar de a representação mais comum do Hexagrama ser a da estrela de 6 (seis) pontas, composta por 2 (dois) triângulos, ele também pode ser representado de outras formas, a exemplo de: (i) 2 (dois) triângulos entrelaçados e com 2 (dois) vértices apontando para cima; (ii) um losango, com um vértice para cima e o outro para baixo; (iii) uma “ampulheta”, com os vértices dos 2 (dois) triângulos se unindo no seu centro; e como (iv) a letra hebraica vav (ו).

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Paulo Jacobina mantêm o canal Pedra de Afiar, voltado a filosofia e espiritualidade de uma forma prática e universal.

 

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