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As Exalações de Aristóteles

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Excertos do livro Metereologia, de Aristóteles

Exalação = ἀναθυμίασις, ou seja, anathumiasis (Vaporoso ou fuliginoso)

Livro 1 Pt. 3

“A porção que envolve a Terra revela-se úmida e tépida, pois abriga tanto o vapor quanto uma exalação seca proveniente da Terra. Já a camada subsequente, acima desta, é calorosa e árida. O vapor, sendo naturalmente úmido e frio, contrasta com a exalação, que é aquecida e seca; o vapor, potencialmente semelhante à água, a exalação, potencialmente ao fogo.”

Pt. 4

“Quando o sol aquece a Terra, a evaporação que ocorre é, necessariamente, de dois matizes, não de um apenas, como alguns supõem. Um tipo assemelha-se mais ao vapor, o outro à natureza de uma exalação ventosa. A que se eleva da umidade contida na Terra e em sua superfície é vapor, enquanto aquela que emerge da própria Terra, que é árida, assume a forma de fumaça. Dessa dualidade, a exalação ventosa, por sua calidez, ascende acima do vapor mais úmido, que, por ser pesado, desce abaixo do primeiro. Assim, o mundo que circunda a Terra se ordena da seguinte maneira. Primeiramente, abaixo do movimento circular, surge o elemento caloroso e árido, ao qual denominamos fogo, visto que nenhuma palavra plenamente adequada abarca todo o espectro da evaporação fumígena; contudo, recorremos a essa terminologia, uma vez que tal elemento representa a substância mais inflamável entre todos os corpos. Abaixo dele encontra-se o ar. Devemos conceber aquilo que recém chamamos de fogo como se estivesse circundando a esfera terrestre externamente, assemelhando-se a uma espécie de combustível, de modo que um pequeno movimento frequentemente o faz incendiar-se, tal como ocorre com a fumaça: pois a chama representa a ebulição de uma exalação seca.”

Livro 2 Pt. 4

“Avancemos agora para a teoria dos ventos, cujo alicerce reside em uma distinção que anteriormente delineamos. Reconhecemos dois tipos de evaporação, um úmido, o outro seco. O primeiro é intitulado vapor; quanto ao segundo, não existe uma designação genérica, sendo necessário nomeá-lo como uma espécie de fumaça, aplicando a ele uma palavra que se adequa a uma de suas formas. O úmido não subsiste sem o seco, e vice-versa; sempre que nos referimos a um deles, subentende-se que ele predomina. Quando o sol, em sua trajetória circular, se aproxima, ele atrai, por meio de seu calor, a evaporação úmida; ao recuar, o frio faz com que o vapor previamente elevado se condense de volta em água, a qual precipita-se e se distribui pela Terra. (Isso explica a razão pela qual há mais chuva no inverno e durante a noite, em comparação com o dia, embora tal fenômeno passe muitas vezes despercebido.) Contudo, há uma abundância significativa de fogo e calor na Terra; o sol não apenas atrai a umidade situada em sua superfície, mas também aquece e seca a própria Terra. Consequentemente, dado que existem dois tipos de evaporação, como mencionamos, um assemelhando-se a vapor, o outro a fumaça, ambos são gerados de maneira imperativa. A evaporação na qual a umidade predomina constitui a origem das chuvas, conforme anteriormente explanado, enquanto a evaporação seca representa a gênese e a essência de todos os ventos. A inevitabilidade desse curso de eventos torna-se patente pelos próprios fenômenos resultantes, pois a evaporação responsável por sua manifestação necessita, obrigatoriamente, diferir; e tanto o sol quanto o calor na Terra não apenas têm a capacidade, mas a obrigação de gerar essas evaporações.”

Livro 3 Pt. 6

“Já fornecemos uma explicação acerca dos efeitos da secreção acima da superfície terrestre; avancemos, agora, para descrever suas operações abaixo, quando esta se encontra confinada nas partes internas da Terra. Da mesma forma que sua natureza dual gera uma diversidade de efeitos na região superior, aqui ela ocasiona a formação de dois tipos de corpos. Sustentamos a existência de duas exalações, uma vaporosa e outra fuliginosa, e delas derivam dois tipos de substâncias originadas na Terra: os ‘fósseis’ e os metais. O calor emanado da exalação seca é a causa de todos os ‘fósseis’. Incluem-se nessa categoria os tipos de pedras imunes à fusão, o realgar, a ocra, ocre, o enxofre e outras substâncias análogas, sendo a maioria dos ‘fósseis’ ou uma lama colorida ou, como no caso do cinábrio, uma pedra composta por esta. Por sua vez, a exalação vaporosa é responsável por todos os metais, corpos estes que são ou fusíveis ou maleáveis, tais como o ferro, o cobre e o ouro. Todos esses têm sua origem na aprisionamento da exalação vaporosa na Terra, especialmente nas rochas. Sua secura a comprime, levando à sua solidificação, à semelhança do orvalho ou geada que se formam quando segregados, embora, neste caso, os metais sejam gerados antes desse processo de separação. Portanto, eles são, em certo sentido, água, mas, em outro sentido, não o são. Sua essência é aquela que poderia ter se transformado em água, mas que agora não mais pode; não são, como os sabores, decorrentes de uma alteração qualitativa na água real. O cobre e o ouro não são formados dessa maneira; em cada caso, a evaporação solidifica-se antes que a água seja formada. Assim, todos eles (exceto o ouro) são suscetíveis ao fogo e ostentam uma composição terrosa, já que ainda retêm a exalação seca. Essa é a teoria abrangente de todos esses corpos; entretanto, é imperativo abordar individualmente cada um deles e discuti-los em separado.”

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