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Cultos Afro-americanos

Introdução ao Culto de Maria Padilha

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Nenhuma conversa sobre Quimbanda ou Pomba Gira fica completa sem falar da famosa Maria Padilha. Conhecida como a Rainha do Candomblé, Maria Padilha é por vezes considerada o protótipo definitivo da Pomba Gira. No Brasil, ela é uma das mais famosas dos espíritos invocados e, com o passar dos anos, sua capacidade de alcançar seus devotos aumentou sua fama.

A raiz histórica de Maria Padilha encontra-se na dona de Dom Pedro; uma mulher de origem humilde, ela combinou feitiçaria com beleza encantadora para atrair os afetos do rei. Embora o rei fosse casado com outra, a amante logo se tornou muito popular e mãe de seus filhos ilegítimos. Embora ela não usasse a coroa, ela se tornou um poder por direito próprio, controlando até mesmo quem tinha acesso ao rei. Outras lendas mencionam que ela fez uma viagem ao coração da África para aprender a feitiçaria dos muçulmanos angolanos e do Congo Ngangas e, portanto, misturou o poder da sedução com a feitiçaria e a adivinhação.

Portanto, Maria Padilha é a manifestação máxima da Pomba Gira: um espírito com raízes históricas e lendárias, ligado aos poderes da sedução, da feitiçaria europeia e das feitiçarias da África. Ela é a sedutora irresistível que encarna a mulher livre, rejeitada pela sociedade por sua aceitação descarada de sua sexualidade e a ameaça que representa para a sociedade dominada pelos homens, ela é uma bruxa e força da natureza que oferece poder e sabedoria a quem a procura Fora.

No Brasil, não há espírito mais famoso do que Maria Padilha. Sua fama vem de sua habilidade de efetivamente realizar feitiços, especialmente os de amor. Como toda Pomba Gira, Maria Padilha é legião e sob seu nome estão as hostes que formam as diversas vias de manifestação que contêm sua força. O poder de Maria Padilha é irresistível e ela resolve rapidamente qualquer assunto. À mulher de coração partido que anseia por seu amante errante, ela oferece consolo e o rápido retorno do amante, ao homem que compete pelo amor, ela garante a vitória.

Mas a lição mais importante que ela ensina é a majestade que é a feminilidade. Ela é a vitória da beleza, do amor e da Mulher sobre todas as forças que tentam restringi-la, defini-la e controlá-la. A sociedade a trata como uma prostituta e a marginaliza, mas sua força não pode ser contida, seu poder não pode ser negado e suas lições não podem ser ignoradas. Apesar de ser chamada de esposa de Exu e do Diabo, ela não pertence a ninguém, a não ser a si mesma.

Mas nem todas as lições de Maria Padilha são tão fáceis ou leves, pois ela também representa o poder da obsessão e a descida às vertentes mais sombrias da sexualidade. De fato, como muitos dos espíritos da Quimbanda, Maria Padilha, embora certamente não seja o diabo que se faz, também não é um espírito fofo para brincar. Para quem não a respeita, ela tem duras lições, mas para quem anda com ela pode oferecer grandes recompensas.

Entre as muitas coisas que Maria Padilha recebe como oferenda, leva anis, champanhe, batom, perfume, velas vermelhas/pretas, fitas, bijuterias, rosas sem espinhos e frutas.

Na Casa da Quimbanda, Maria Padilha é uma Pomba Gira que convocamos para realizar nossos feitiços e trabalhos de macumba. Nós a honramos por tudo o que ela fez pela nossa Casa, pela sabedoria que ela nos oferece e esperamos continuar a espalhar seu nome.

Saravá Maria Padilha!

Laroyê!

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

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