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A Evocação de Espíritos nas antigas Pajelanças e no Catimbo-Jurema

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Rômulo H. P. Angélico [1]

Me empenharei em transmitir, nas próximas linhas, aos caros leitores e leitoras desta revista, um mínimo de informações sobre uma das tradições mais antigas do território brasileiro (quiçá uma das mais antigas do mundo) – legado atualmente conhecido como Catimbó-Jurema. Por mais que seja um rito (ou antes, um conjunto de ritos) vetusto e complexo, marcado por Mistérios, entes divinos, estrutura de fé e uma diversidade de práticas espirituais, o Catimbó-Jurema permanece muito pouco conhecido e isso faz com que seja comumente depreciado.

Sendo esta uma revista voltada aos assuntos herméticos, apresentarei não apenas aspectos históricos que marcam esta Tradição, mas, tentarei analisar, mesmo que resumidamente, algumas práticas mágicas que se fizeram presentes entre nossos ancestrais indígenas e permanecem vivas nos centros e terreiros juremeiros da atualidade – principalmente a evocação de espíritos. Aviso, de antemão, que centrei minha atenção principalmente no Catimbó-Jurema do Rio Grande do Norte – uma vez ter sido este o estado em que realizei a maior parte de meus estudos sobre espiritualidade indígena.

Foi do interesse de sacerdotes cristãos, católicos e protestantes, assim como de outros cronistas europeus, que estiveram no território brasileiro durante os primeiros momentos da colonização, tomar nota de mitos, crenças, rituais e demais costumes oriundos das nações indígenas com as quais aqui interagiam.

Compreender as estruturas de fé dos primevos habitantes do solo em que vivemos era importante a franceses, espanhóis, holandeses e portugueses, porque, analisando-as, catequistas e colonizadores seriam capazes de encontrar tanto os pontos que possivelmente estariam em consonância com a fé cristã, quanto os marcos de discrepância entre o universo espiritual nativo e as colunas do Cristianismo adventício – o que facilitaria a tradução dos evangelhos à conversão dos índios, ao mesmo tempo que facilitaria aos cristãos combaterem elementos considerados pagãos e diabólicos que pudessem estar presentes no universo ameraba.

Com esse intuito, foram as antigas práticas espirituais indígenas estudadas e, tendo como base as leituras e análises realizadas principalmente por padres de várias ordens católicas, as tentativas de conversão de índios ao catolicismo tiveram início e adquiriram cada vez mais eficácia à medida que a sociedade colonial se estruturava sob o controle da Coroa Portuguesa e da Igreja Católica Apostólica Romana.

Os dialetos de diversas nações indígenas também foram estudados e gramaticados; os catecismos e textos bíblicos passaram a ser traduzidos; conceitos e ideias religiosas, que a princípio não faziam parte do universo cultural nativo, foram progressivamente inseridas em aldeias e comunidades caboclas – ora por meios pacíficos e trocas de ideias mais ou menos complexas, ora mediante proibições, perseguições, torturas, imposições e assassinatos.

Assim ocorreu, primeiramente, no Nordeste brasileiro. Muito provavelmente por ter sido esta região a primeira a experienciar contatos de comerciantes piratas provenientes de diversas partes da Europa; e por ter sido a primogênita a suportar as estruturas que instalaram e consolidaram o processo colonizador implantado por Portugal (que se alastrou, em alguns séculos, por todo o território brasileiro), foi a citada região a que mais sofreu com os tratos e maus-tratos perpetrados por colonos e catequistas adventícios.

Os textos coloniais que sobreviveram ao tempo possuem fragmentos de vetustas práticas espirituais, mágicas e medicinais, de origem indígena. Tais escritos legaram, ainda, aos pesquisadores do presente, informações sobre crenças e cosmogonias originárias das diversas etnias que por centenas de anos aqui viveram antes da chegada de qualquer horda invasora européia.

Alguns desses textos, provenientes de cronistas e catequistas que estiveram na região Nordeste, possuem notas sobre determinados conhecimentos e costumes oriundos de etnias como os Potiguara (que habitam, ainda hoje, o litoral do Rio Grande do Norte), os Tarairiú e os Chumimy (sociedades sertanejas cujos descendentes permanecem vivos no interior do citado estado) – práticas que nos permitem fazer referência a um primevo Culto à Jurema: Tradição mágico-medicinal e religiosa que, malgrado séculos de condenações e perseguições, permanece viva em nossos dias, por mais que tenha recebido influxos coloniais de procedência principalmente cristã, africana e judaica, elementos que fomentaram adaptações no que hoje chamamos “complexo de Jurema”, além de releituras e outras formas de manifestação e expressão que passaram a fazer parte dos trabalhos dos juremeiros.

A Jurema

Realizemos um apanhado geral do universo mágico e espiritual de nossos ancestrais indígenas nordestinos. Mais de um cronista identificou, durante os primeiros séculos de colonização, nas comunidades autóctones, a existência de cerimônias nas quais os índios produziam bebidas especiais ingeridas ritualisticamente. Uma dessas bebidas, citada, a princípio, por poucos, era (e nos ritos de Catimbó atuais, continua sendo) preparada a base de um vegetal sagrado popularmente conhecido como Jurema Preta. A Jurema, conforme alguns índios contaram a determinados padres, permitia-lhes conhecer mundos que os catequistas consideraram mágicos (mundos espirituais ou realidades de planos paralelos, digo eu, por não encontrar expressões mais adequadas para tentar explicá-los), observar a atuação de seres divinos e os lugares para onde iam as almas dos mortos, regiões em que os maus não podiam entrar.

Jurema, com o tempo, tornou-se sinônimo de “beberagem enfeitiçada” e os antigos ritos nos quais essa bebida era comungada foram progressivamente combatidos – exceção feita em algumas ocasiões nas quais aos índios era chancelado bebê-la para que “sonhassem” com os lugares em que os inimigos dos colonos portugueses e da Igreja Católica estivessem escondidos. Ocorreram, por parte dos indígenas, tentativas de ocultar a planta, tendo os índios, durante certo tempo, se recusado a apresentá-la a qualquer estrangeiro que por ela perguntasse; e as velhas cerimônias, sendo combatidas, migraram cada vez mais ao coração das florestas – até que fossem descobertas e novamente abjuradas: pajés e curandeiras violentamente torturados, assassinados, ocas de rezo queimadas, foram o resultado que o Clero e a Coroa consideraram à altura da teimosia daqueles índios rebeldes que não abriram mão de suas estruturas de fé e medicinas sagradas.

Ao lado da Jurema Preta (talvez tão ou mais presente que a própria bebida Jurema), nos rituais indígenas do passado encontrava-se um outro vegetal – chamado, por alguns, Petym, por outros, Badzé. Esse vegetal sagrado, manifestação física de uma divindade de mesmo nome conforme a mitologia Chumimy, importantíssimo para a boa realização de diversos trabalhos (rituais para evocação e manifestação de entidades espirituais, cerimônias de casamento, transmissão de força aos guerreiros e fertilização do solo, por exemplo) é o nosso tão conhecido e maculado, desrespeitado, profanado, vulgarmente comercializado, Tabaco. Era (e continua sendo) com a fumaça do Tabaco que os pajés e os mestres (herdeiros culturais e espirituais de antigos pajés indígenas e de curandeiros e feiticeiros ibéricos) realizavam trabalhos de cura, conjuração de forças construtivas e banimento de energias destrutivas. Foi, por sinal, a defumação ritualista com o Tabaco e outras plantas sagradas que atribuiu à Tradição um de seus nomes: Catimbó (do Tupi Antigo Ka’atimbór, palavra que em língua portuguesa significa “fumaça de mato” ou “vapor de erva”). Os padres parecem não ter compreendido como os pajés curavam os doentes soprando-lhes fumaça e, no correr das décadas, a osmoterapia indígena adquiriu o significado de “malefício mágico”.

Transe Mediúnico

O transe mediúnico esteve presente entre os índios das três etnias ainda há pouco citadas. Darei alguns exemplos que podem ser encontrados, com maiores detalhes, em crônicas coloniais utilizadas nos trabalhos de Baptista Siqueira, Luiz da Câmara Cascudo, Olavo de Medeiros Filho e Cristina Pompa. Vejamos: os índios Chumimy (cujos descendentes atualmente são chamados Kariri), anualmente, realizavam uma festividade em que Poditã (um ente divino proveniente das estrelas) manifestava-se através de um pajé para visitar a comunidade; entre os Tarairiú, uma categoria específica de pajés (que os holandeses chamavam “esconjuradores”) recebia em seus corpos entidades espirituais que vaticinavam e contavam diversas coisas ocultas e desconhecidas aos membros das aldeias. Entre os Potiguara, os pajés, com suas vozes modificadas, algumas vezes falando como se fossem crianças, atuavam em meio aos moradores das aldeias.

Os Grandes Pajés

Um ponto importante que acredito ser pertinente abordar neste momento é a existência, no passado, de uma outra categoria de pajés que atualmente não mais existe. Eram chamados, em Tupi Antigo, karaíba (palavra que em português significa “homem santo”). Os karaíba foram considerados os maiores inimigos da catequese. Habitavam a floresta, isolados e distantes das aldeias, visitando-as, em peregrinação, uma vez a cada dois ou três anos. Equivaliam, ao meu ver, aos nossos grandes iniciados contemporâneos. Possuíam a reverência e o temor de todas as tribos. Utilizavam, durante seus rituais, um dialeto desconhecido pelos próprios índios (um dialeto hierofântico, esotérico, acredito, possivelmente arcaico). Os pajés que habitavam às aldeias silenciavam quando um karaíba se fazia presente.

A resistência em preservar os antigos ritos e crenças, por parte daqueles payéguasú (grandes pajés) e sua relutância em receber a conversão, fez com que fossem ostensivamente perseguidos – sendo possivelmente Manicoré (um Mestre da Jurema, Grande Pajé, entidade espiritual presente no universo juremeiro) o liame existente entre o Catimbó do presente e os karaíba que protagonizaram as grandes pajelanças do passado. O mito de Manicoré, que analisei no livro Visões de Catimbó, o liga aos ancestrais míticos do povo Tupi (um dos quais, citados por vários autores, se chama Tamandaré, foi um dos poucos sobreviventes do dilúvio que sobreveio aos índios de sua geração) – entes ao mesmo tempo divinos e humanos enviados de Munhã (o Deus Criador dos Tupi), entes civilizadores que transmitiram técnicas agrícolas aos índios e instituíram princípios morais em seu meio, além de serem grandes pajés.

Sucção Medicinal

Após a mais que sucinta digressão sobre os grandes pajés, sigamos com nosso estudo relacionado às pajelanças dos índios juremeiros do passado e algumas de suas práticas presentes entre os catimbozeiros da atualidade. Um outro exercício mágico-medicinal que caracterizou o ambiente indígena-caboclo do período colonial (e que permanece vivo entre alguns juremeiros de nossos dias, por mais que atualmente não seja encontrado com facilidade) é a sucção da doença e a subsequente expulsão do mal em forma de insetos ou de pequenas pedras. Os pajés literalmente chupavam a doença (ou o malefício mágico) e a vomitavam (observei, por mais de uma vez, em Canguaretama (cidade localizada no litoral sul do Rio Grande do Norte), uma mestra de Catimbó que, em meio a trabalhos de cura, após defumar a parte adoecida do corpo de alguém, chupava-lhe o mal e o cuspia em forma de insetos, pedaços de ossos ou outros pequenos objetos).

Materializações

Mas uma das maiores realizações mágicas de nossos ancestrais amerabas (“ciência oculta” que, particularmente, muito me interessa tanto por seus aspectos históricos e antropológicos, quanto pelo Mistério que a envolve dentro daquilo que chamamos “Ciência dos Antigos”, Tuyabaékuaá) – e sobre a qual me deterei um pouco mais – é a evocação seguida de materialização visível e/ou audível de entidades espirituais. Essa atividade ritualística deveria pesar nas mentes e nos corações dos europeus católicos e protestantes que conviveram com os antigos pajés, visto que os entes espirituais que se apresentavam nos rituais eram considerados demônios pelos cristãos.

Os pajés sabiam o método de evocar uma entidade espiritual e torná-la visível, audível e sensível. Os seres, segundo relatos holandeses, manifestavam-se em forma de inseto ou animal; em outros momentos, como índio com uma única perna e falando com voz muito fina; em outras ocasiões, surgem como os próprios indígenas, feito seres humanos, situações em que participam dos rituais, dançam, fumam, abençoam casais com a fumaça de tabaco – para depois, misteriosa e rapidamente, desaparecerem deixando a comunidade entristecida e chorosa. Tais espíritos eram consultados, sempre, por pajés e morubixabas, antes de algum grande empreendimento ser realizado. Algumas vezes, em meio a assembleias nas quais curandeiros e lideranças se reuniam para ouvir os conselhos e orientações daqueles misteriosos entes espirituais, apenas suas vozes se apresentavam. Tais situações deixavam os europeus amedrontados – aquelas cerimonias, conforme dito, eram consideradas práticas nigromânticas nas quais demônios eram evocados.

Ao contrário do beber jurema, da defumação ritualística, da sucção medicinal e do transe mediúnico, que permanecem vivos nos catimbós da atualidade; esse tipo de evocação, seguida de materialização da entidade, conforme ocorria nos momentos iniciais da colonização brasileira, desapareceu. Ao menos ao longo desses dezessete anos de pesquisas ostensivas que realizo, sobre Espiritualidade Indígena e Catimbó-Jurema, em nenhum dos rituais que participei, tenham sido em zonas urbanas, em áreas rurais ou em meio às florestas, pude observar um juremeiro que realizasse algo do gênero, seja mestre ou pajé… com uma interessante exceção que se aproxima, longinquamente, desses ancestres ritos evocativos: raras vezes observamos a aparição espontânea e rápida de um “encantado”.

Encantados

“Encantados” é como chamamos as entidades que atuam nos trabalhos de Jurema. Não são espíritos de pessoas mortas. São, conforme ensinavam os antigos juremeiros, seres humanos que, em algum momento de suas vidas, entraram em contato com a Ciência da Jurema e, independente de sofrerem a experiência do desencarne (a morte) ingressaram em um plano paralelo que nós, juremeiros, tradicionalmente, chamamos “Encanto”, “Inkante” ou “Juremal”; são, ainda, seres provenientes de áreas subjetivas da Natureza – Mestres Elementais, Devas da Natureza, Guardiões da Floresta responsáveis pela proteção e evolução de espécies animais e vegetais; entes oriundos de estrelas (dentre outras formas espirituais de vida).

Algumas vezes, em meio a sessões de Jurema, ou em lugares nos quais trabalhos mágicos haviam sido realizados ou estavam por realizar, principalmente na floresta, os encantados se tornaram lindamente visíveis aos presentes e, segundos depois, desapareceram – nós os vimos sem qualquer ingestão de enteógenos naturais ou drogas lícitas ou ilícitas. Apareceram, também, em uma fotografia que me foi apresentada por um antigo presidente da Federação de Umbanda e Candomblé do Estado do Rio Grande do Norte (FEUCRN): surgiram, na foto, um encantado com uma única perna bem no meio do terreiro, e um Mestre, com guias cruzadas e chapéu, sentado em uma das cadeiras que se encontravam por trás da Mesa da Ciência.

Esses fatos me fizeram passar uns bons momentos de minha vida de juremeiro e pesquisador, tentando resgatar e reconstituir ao menos um daqueles ritos evocatórios. A primeira lição que obtive, em meio às pesquisas, foi que um encantado não era um morto e que, justamente por isso, o modo de evocá-lo é distinto de qualquer ritual necromântico presente em livros de Alta Magia dos séculos XVIII e XIX (nos quais a sombra ou cadáver astral do desencarnado é conjurada, sua imagem ou ideia presente no plano mental é forçada a se apresentar ou ecos da suposta voz do falecido são ouvidos mediante manipulação de seus restos mortais); métodos espíritas de materialização, nos quais uma forma se torna visível e sensível com o apoio do plasma de um médium de efeitos físicos, também não funcionam – muito menos técnicas nigromânticas.

As outras lições que obtive sobre este assunto me fizeram concluir que um encantado da Jurema é uma inteligência espiritual singular que não pode ser comparada, sem que cometamos erros crassos, a entidades infernais ou a seres humanos desencarnados, muito menos a cascas ou larvas astrais ou formas-pensamento geradas por algum Iniciado. Também não são comparáveis a anjos – embora lembrem, por seus contatos e movimentos na e com a Natureza, os espíritos elementais da Sagrada Cabala, porém, suas naturezas, composições e movimentos são distintos: a Jurema (que, mais que uma planta sagrada, é uma Divindade) os coloca em frequências muito mais rápidas e altas, distintas, que as dos entes espirituais que nos são apresentados nos textos de Alta Magia. Ademais, por estarem voluntariamente sujeitos a concepções muita antigas de Deus e por serem detentores de métodos mágicos próprios, característicos de suas realidades (marcadas por leis distintas das que regem o plano tridimensional em que vivemos), apenas um mergulho profundo na Ciência da Jurema pode fornecer ao magista um método ou conjunto de técnicas capazes de proporcionar a realização dessas antigas formas de manifestação dos entes do Encanto.

Palavras Finais

Em textos coloniais como História das Últimas Lutas no Brasil entre Holandeses e Portugueses e Relação da Viagem ao País dos Tapuias (da autoria de Roulox Baro e Pierre Moreau) e livros contemporâneos como Índios do Açu e Seridó (de Olavo de Medeiros Filho), podemos encontrar outras crenças e práticas que estiveram presentes no universo indígena mais antigo – muitas das quais permanecem vivas na Jurema de nossos dias.

Acredito que as “práticas ocultas” e elementos culturais ameríndios acima citados – de modo especial as atividades evocatórias e ocorrências de aparições de entidades espirituais como as que foram citadas e sucintamente comentadas no presente artigo – podem levar qualquer ocultista sério a especular e concluir que o Catimbó (também chamado Jurema, Jurema Sagrada, Catimbó-Jurema, Jurema-Catimbó e Culto aos Senhores Mestres) é uma Tradição ancestral completa, brasileira, ancestre, de matriz indígena-nordestina – muito mais que um culto, mas uma verdadeira religião que, como a maioria das religiões presentes neste Planeta, é caracterizada por mitos, ritos e práticas mágico-medicinais diversas; e que o legado do Catimbó é tão grande e culturalmente rico quanto o sejam sistemas, ritos e credos de outros povos do mundo Antigo e Medieval.


Rômulo H. P. Angélico ( @romulo_guyrauna ) é escritor, professor, historiador, cientista da religião e mestre da Jurema Sagrada. Publicou diversos livros e mantem o canal no youtube Arqueologia do Sagrado

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