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O que ninguém fala sobre o Liber Oz

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Anarco-Thelemita

O Liber OZ, cujo primeiro nome era “Objetivos de Guerra do novo Aeon”, foi compilado ao longo de vários meses na última parte de 1941 e portanto redigido durante a Segunda Guerra Mundial. Esta Proclamação de direitos se baseou quase inteiramente em dois materiais anteriores de Crowley: o Livro da Lei e os rituais da Ordo Templi Orientis.

No Liber 4 lemos o comentário de Crowley de que “Os itens não se encaixam facilmente na Árvore [da Vida]; mas eu os reduzi a cinco seções: moral, corporal, mental, liberdade sexual e a salvaguarda do tiranicídio.”

Rascunho de Liber OZ, por volta de 1941

Vejamos agora alguns detalhes pouco comentados deste documento.

É um Talismã

Com a guerra na Europa, Crowley foi confrontado com a necessidade de mudança do ser humano e queria desesperadamente derrubar as barreiras do antigo pensamento o aeon de Osiris. Com OZ, ele foi capaz de concentrar toda a força de sua intenção mágica neste fim. Para Crowley, OZ era uma das várias peças de propaganda que ele produziria nos esforços para ajudar na guerra; mas também era um talismã mágico escrito com o propósito explícito de causar mudanças no mundo – e em resposta direta às condições que Crowley via como tirânicas ou opressivas por natureza. É uma proclamação mágica que expõe a Lei de Thelema com o objetivo de guiar a humanidade adiante, e Crowley acreditava que fornecia um código de ética prático para todos os thelemitas.

Crowley completou seu primeiro rascunho completo na manhã de 10 de outubro de 1941 e então decidiu compartilhá-lo com Gerald Yorke, Harold Mortlake e Robert Cecil e registrou em seu diário que todos os três “aprovaram fortemente”

Um mês depois, em 15 de dezembro, Crowley escreveu a seu querido amigo, Louis Wilkinson:

“…foi bastante divertido preparar Liber LXXVII: o Livro da Cabra. Estou tão absorvido em meu próprio mata-borrão espiritual  (uso estranho, mas de alguma forma parece adequado!) que a publicação deste Manifesto – pensei em chamá-la de Leite de Cabra, com um olhar em sua direção – pode significar um Gesto Mágico. Eu poderia garantir isso, suponho, fazendo algo idiota em público no momento do Solstício. Bem, bem, se isso conta como um gesto, podemos esperar uma grande revolução sangrenta de algum tipo no equinócio de outono.

OZ é uma palavra com muitas conotações em hebraico. Se pronunciado como “owes” significa “força.” Se pronunciado como “ezz” significa “cabra”. Se pronunciado como “ahs” significa “forte, poderosos”. As letras Ayin Zayin somam 77, um número cujo gematria incluem palavras como BOH, “orou”; e MZL, “Influencia de Kether,” normalmente traduzido como “sorte.”

A Lei é para todos

Com relação a universalidade de aplicação assim comenta Crowley:

“Aqueles de nós que concordam com esta declaração notavelmente clara e poética dos direitos naturais da humanidade – completamente expressos em palavras de uma sílaba – devem refletir sobre ela frequentemente e profundamente porque é nossa força e nosso refúgio. Se nossas orações forem fervorosas e nossa sorte persistir, ninguém pode nos derrubar. Poderíamos nos beneficiar dos Quatro Poderes da Esfinge nisso. Mas seguintes cuidados também podem ser úteis para certas pessoas.”

O primeiro cuidado que Crowley menciona em Magick Without Tears, cap 72 é que o Liber Oz é aplicável a todos os homens e mulheres e que ao adotar o Liber Oz você afirma esses direitos como seus, mas também de todos os outros, incluindo não membros da Ordem e Não-Thelemitas. Aqui está mais uma vez o princípío de que “Todo homem e toda mulher é uma estrela”.

Assim comenta no capítulo 49:  “Violar os direitos de outra pessoa é renunciar à própria reivindicação de proteção no assunto envolvido”

Crowley emitiu Liber OZ na manhã de 21 de dezembro de 1941 durante o Solstício de Inverno. Ele registrou os nomes dos primeiros onze destinatários, cada um líder em seu setor específico. Eles foram:

  1. Literatura – H.G. Wells,
  2. Imprensa  – Lord Edward Donegal,
  3. Medicina – Ivor Back,
  4. Arte – G.F. Kelly,
  5. Exército – General Fuller,
  6. Marinha – Sir R Keyes,
  7. Agricultura – FW Hylton,
  8. Direito – Lord Maugham,
  9. Igreja – Vigário de St. George,
  10. Comércio – Allchild,
  11. BBC e Teatro – Esme Percy.

Crowley registra a hora exata em que ele enviou este primeiro lote de onze como “9¾ AM”. Não era inédito para Crowley registrar quem recebeu as primeiras cópias de sua última publicação; isso era, de fato, um tanto comum. No entanto, as primeiras cópias eram geralmente reservadas para membros da A∴ A∴, O.T.O. ou associados próximos. Mas, neste caso, Crowley escolheu intencionalmente indivíduos influentes em toda a sociedade, esperou pelo momento mágico adequado e registrou a hora exata da emissão.

Em outras palavras, se você violar os direitos de outra pessoa, estará violando a própria existência dela e perdendo seus próprios direitos. Você não pode ter um direito que nega a outra pessoa. Uma Lei baseada na Vontade não pode justificar a violação da Vontade que ocorre no abuso, estupro, tortura e outras insanidades.

Não há promessas

O Liber Oz não nos protege das consequências e dois efeitos negativos de exercer nossos direitos.  Por exemplo, lá encontramos o direito de “beber o que quiser”, mas isso não nos dá a permissão de dirigir um carro, operar máquinas ou se envolver em rituais enquanto estiver embriagado. Nem este nem nenhum documento substitui  Magick e não empodera ninguém para “desenhar, pintar, esculpir, gravar, moldar ou construir o que quiser”. O exercício de qualquer direito inerente não garante sucesso, felicidade, realização, contentamento ou qualquer outro tipo de ” bom” resultado, de acordo com Liber Oz.

Há consequências

O Liber Oz também não nos concede autoridade ou mesmo capacidade para exercer qualquer um dos direitos neles listados. O direito de um homem de “descansar como quiser” não o protege de perder o emprego, assim como seu direito de “comer o que quiser” não o protege de intoxicação alimentar ou obesidade, nem o direito de “falar o que quiser”. o proteje de provocações, zombarias, ações legais ou o rompimento de uma amizade. Da mesma forma, seu direito de “amar como quiser” não o isenta da paternidade, e seu direito de “de matar esses que quereriam contrariar estes direitos” não nos protegerá das sanções legais do assassinato. Portanto o Liber Oz não nos isenta de nossas responsabilidades e não é desculpa mentir ou deixar de cumprir nossos compromissos, acordos ou obrigações.

O Liber Oz é acima de tudo um código de ética para aqueles que querem identificar e realizar sua Verdadeira Vontade. Tenha isso em mente e esteja sempre do lado dos direitos devidos a todos os homens e mulheres conforme a Lei deste aeon.

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