Categorias
Bruxaria e Paganismo

Invocação à Afrodite

Leia em 4 minutos.

Este texto foi lambido por 216 almas essa semana.

Afrodite é a deus grega do amor, do romance, da beleza e da fertilidade e sua invocação é usada sempre que um destes atributos precisam de estímulo na vida. Foi identificada como Vênus pelos romanos e possui forte correspondência mitológica com Iemanja. Para a realização da invocação de Afrodite, você vai precisar de pétalas de:

1. rosas brancas,
2. pétalas de rosas vermelhas,
3. hortelã aquática (essa hortelã é conhecida como levante),
4. canela,
5. margaridas brancas,
6. quatro maças bem vermelhas,
7. quatro velas cor-de-rosa e
8. uma pequena peneira de vime.

O ritual deve ser realizado ao entardecer numa praia, pois o mar é o reino de Afrodite. Como muitas de vocês devem morar distante de regiões marinhas, podem realizá-lo à beira de um pequeno riacho, pois os rios sempre se dirigem para o mar. Quando o relógio estiver marcando dezoito horas comece a preparar seu altar.

Trace uma círculo, suficientemente grande para que você caiba dentro, contorne-o com as pétalas de rosas vermelhas e coloque no centro a pequena peneira com o restante das ervas. As quatro maças deverão ser colocadas em torno da peneira, na posição dos quatro pontos cardeais.

Esfregue no corpo um pouco de pó de canela antes de entrar no círculo e sentar-se perante a peneira. Não se esqueça de colocar ao lado de cada maça uma vela acesa. Depois de tudo preparado, respire profundamente, procurando relaxar o mais que puder. Quando estiver relaxado o suficiente, visualize uma praia deserta.

Você está completamente despida, e seus pés brincam com a areia, descrevendo pequenos círculos que a espuma do mar engole. O céu tem a cor do crepúsculo, e o sol reflete seu brilho nas águas, Intensa sensação de apaixonar-se invade todo o seu ser, e você, então, percebe que duas lindas mulheres são trazidas por uma grande onda. A espuma dessa onda é de um verde nunca visto, cheio de pontos cintilantes que cegam por segundos seus olhos. Não tenha medo, logo se acostumará com esse cintilar de cores que brinca no ar, como vaga-lumes de sol. Quando estiver familiarizado com esses pontos luminosos, notará que, deitadas na areia, estão as duas mulheres, os corpos cobertos por estranho musgo, muito verde, que lhe parece uma fina película trançada em fios de seda.

Preguiçosamente, essas duas mulheres levantam-se, como se estivessem acordando; seus movimentos coreografam delicada dança, em que seus cabelos se movimentam como finíssimas raízes querendo se prender no ar. Elas lhe sorriem e o chamam para o amar com as mãos. Não tenha medo. Acompanhe-as nesse deliciosa passeio. Ao mergulhar com elas, você percebe que misteriosos peixes prateados se põem à frente, como se indicando o caminho a seguir. Você está muito leve e, por vezes, é até mais veloz do que as duas mulheres.

Enquanto nadam, uma multidão de espécimes marinhos desfila à sua frente. Intensa felicidade o invade, e você, então, percebe que seu corpo está agora coberto pelo mesmo musgo que envolve sus silenciosas companheiras. No momento em que percebe essa maravilhosa túnica no seu corpo, terá chegado a uma ilha. Suas companheiras se despedem graciosamente e mergulham outra vez no mar. Embora a ilha esteja deserta, uma estranha sensação de que o observam lhe provoca misto de curiosidade e apreensão. Não permita que o temor predomine; deixe-se levar pela curiosidade e comece a explorar a pequena ilha. Note que ela é rodeada por uma espuma muito difusa que, às vezes, se confunde com as águas. Pequenos caramujos passeiam, preguiçosos, pela areia, e um, em especial, lhe chamará a atenção. É um pouco maior do que os outros, de tonalidade rosa que, à medida que a luz incide, se espalha em infinitos matizes, do pérola ao violeta.

Esse estranho caramujo tomará a direção de um estreito caminho de pedras recobertas por delicado musgo azulado. O caminho é escorregadio, e você deve estar bem atento! Após ter andado um pouco, voc6e percebe que está bem no centro da ilha. Um odor suave de rosas preenche todo o ambiente, deixando-o intensamente emocionado. Algumas pedras desempenham o papel de minúsculas montanhas, e preguiçosas gaivotas brincam de beliscar a vegetação rasteira que recobre as rochas. Você fica por instantes absorto nessa divertida cena até perceber que três lindas gaivotas alçam vôo, descrevendo um rápido balé por sobre sua cabeça. Elas dançam como suaves bailarinas cujo propósito é somente rodopiar numa espiral eterna, feita de música e dança.

Enquanto as gaivotas descrevem vertiginosos rodopios, uma espessa espuma se espalha pelo solo. Seus pés sentem um suave arrepio e toda sua pele exala um delicado aroma de mar e rosas. Note que, no céu, as gaivotas foram substituídas por uma enorme concha, conduzida por três pombas. Pouco a pouco, à medida que esses pássaros se aproximam, você percebe uma linda mulher recostada na concha, qual magnífica pérola. Quando a concha estiver, enfim, depositada no solo, a mulher sairá da estranha carruagem. Perceba que seu andar deixa um rastro de espuma rosada, cheia de pequeninas estrelas cintilantes. Uma suave música se ouve por toda parte, e, aos poucos, você compreende que essa mágica melodia sai do corpo desnudo dessa soberba mulher. Nos cabelos, ela tem delicadas estrelas espalhadas entre os longos cachos, e, cada vez que um tímido raio de sol incide por sobre elas, o efeito é tão brilhante, que sues olhos quase queimam.

Num certo momento, a mulher, notando sua presença, o chamará com um suave gesto. Aproxime-se com reverência e ajoelhe-se por alguns minutos, enquanto ela lhe acaricia os cabelos. O contato é tão intenso, que de seus olhos rolam algumas lágrimas, que ela colherá, uma a uma, transformando-as num delicado colar que colocará nos cabelos. Em seguida, ela lhe pedirá que se levante e dirá com voz de sereia:

“Você veio ao reino de Afrodite, e Afrodite veio a você.”

E lhe soprará na face uma poeira dourada que a levará de volta à praia original. Nesse momento, mentalize seus desejos profundos e dê por encerrada a visualização.

Márcia Frazão

Deixe um comentário

Traducir »