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Magia do Caos

Mantras e Sigilização Sonora

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Poderíamos escrever diversos volumes, abordando o assunto MANTRAS; a literatura específica conta com milhares de páginas dedicadas ao tema. Em nosso curso, caso desejássemos ampliar o conhecimento teórico dos participantes, poderíamos fornecer uma apostila com inúmeras páginas, abordando os primórdios da MAGIA MÂNTRICA, contando como ela evoluiu através da história. Mas temos um compromisso: DESVELAR OS MISTÉRIOS. Ao assumirmos a posição de Frater Superior e O.H.O. – Outer Head of the Order (Cabeça Externa da Ordem) da Ordo Rosae Caelestis bem como de seu “Círculo Interno”, a Ordo Lotus Caelestis, não poderíamos, jamais, trair nossas convicções e velar o conhecimento puro com uma cosmética disfarçada de erudição. Portanto, nosso curso será de cunho eminentemente prático, visando facilitar seu emprego por todos. Vamos a ele.

Introdução

Para a maioria das pessoas, a idéia de que “Magia” é algo prático, simples e exeqüível, é uma surpresa. Fomos acostumados a pensar que Magia é algo destinado a “escolhidos” ou “iluminados”, sem nada em comum com nossa sociedade preocupada com o dia-a-dia. Para muitos autores do assunto, Magia é uma experiência individual, impossível de ser transmitida, só podendo ser vivida, experimentada. Outros dizem que a Magia é “como uma noite escura”, aonde se deve penetrar sem espectativas ou temores. Eu, pela minha própria experiência, afirmo que não existe Magia – o que existe são técnicas. Magia é um assunto técnico, tanto quanto qualquer outro. Da mesma forma que nas artes, há indivíduos com um talento maior para determinada área; conhecemos inúmeros casos de crianças, da mais tenra idade, que compõem com maestria, pintam magnificamente e executam obras dignas de gênios autênticos. De outro lado, há pessoas que, apesar de apreciadores sinceros das artes, são incapazes de criar uma obra de relevância, embora se esforcem para isso. Mas, tanto aos primeiros quanto aos últimos, o estudo diligente por um método eficaz será capaz de aprimorar técnicas, refinar a percepção e lapidar o talento. Talento, obviamente, não se cria. Todos, porém, dotados de maior ou menor talento, tirarão raro proveito do estudo técnico adequado. E é esse, justamente, o ponto de partida de nosso curso: Dar, aos “Magos naturais”, técnicas que lhes permitam aproveitar melhor seu talento e, aos “Magos artificiais”, formas de suplantar suas dificuldades, de molde a coloca-los em pé de igualdade com os primeiros. A MAGIA MÂNTRICA é uma técnica extremamente simples, prática e eficiente de Magia, que pode ser praticada por todas as pessoas. Sua origem remonta à pré-história estando, ainda hoje, presente em todas as religiões primitivas e cultos shamânicos. O mundo moderno travou contato com essas técnicas através dos escritos de um talentoso pintor inglês, Austin Osman Spare. Spare, por esses textos, foi considerado o “redescobridor do culto à Príapo”. Na verdade, tal culto jamais foi extinto, pois está vivo e ativo no Vudú haitiano e, em menor escala, nos cultos afro-negros espalhados pelo mundo. Mas foi Spare quem, pela primeira vez, elaborou uma teoria bem embasada sobre como essas técnicas funcionam e qual o motivo disso. Além disso, o sistema criado por Spare, é uma forma de Magia muito prática – pois não necessita de uma grande teoria para poder ser posta em prática – extremamente econômica – dispensando qualquer tipo de instrumento ou paramento – e, mais importante que isso tudo, nenhuma das formas de Magia conhecidas atualmente é mais eficiente que a criada (ou aprimorada) por A.O.Spare. Não bastasse isso, até mesmo os iniciantes obterão resultados excelentes desde a primeira vez em que colocarem essas técnicas em prática. Basicamente, o sistema de Spare destina-se mais aos Yantras ou Sigilos do que aos MANTRAS (palavras ou sentenças de poder).

Por esse motivo, um maior aprofundamento no sistema de Spare será dado no curso de Sigilização Mágica (Magia Yântrica). Aqui, abordaremos somente o fundamental para que o praticante possa obter os resultados desejados em suas experiências. Apenas para saciar a eventual curiosidade dos participantes, faremos um breve parêntese, contando um pouco da história desse Mago, Austin Osman Spare. Austin Osman Spare nasceu na Inglaterra em 1886, falecendo no mesmo país, em 1956. Depois de Aleister Crowley, Spare foi o mais interessante ocultista do mundo Anglo. Pouco se sabe dele quando criança; filho de um policial Londrino, Spare foi iniciado, ainda menino, nos mistérios da Wicca (Bruxaria), por uma “Senhora Paterson”, uma velha bruxa, praticante da Wicca. De 1927 até sua morte, Spare viveu como um eremita, num subúrbio de Londres, Inglaterra. Pessoas que conviveram com ele comparam sua vida à de H.P.Lovecraft, outro “explorador” dos níveis obscuros da mente humana. As obras de Spare vem sendo reeditadas com regularidade, mas seus escritos são de difícil compreensão pelos não-iniciados. A Magia Ocidental repousa sobre dois pilares, por assim dizer. São eles: a VONTADE e a IMAGINAÇÃO. Conectados a eles estão pensamentos análogos e imagens simbólicas. Os sistemas de convencionais Magia, fazendo uso de simbolismos externos ao Mago, recebem o nome de Dogmáticos; já os que se utilizam do simbolismo pessoal do operador tomam o nome de Pragmáticos. Assim, o sistema de Spare é totalmente Pragmático, muito embora alguns de seus seguidores tenham transformado parte de seus métodos numa espécie de Dogma. Mas isso é assunto para outra ocasião.

A bem da verdade, Austin Osman Spare é o pai da Magia Pragmática (termo cunhado por Frater U:. D:.). Aleister Crowley, Peter James Carroll e tantos outros, aprimoraram o sistema, tornando-o acessível ao grande público.

Teoria

– TRABALHANDO COM A NOSTALGIA ATAVÍSTICA, OU COM A RESSURGÊNCIA ATÁVICA –

O nome “Nostalgia Atavística” é a designação do princípio mais importante do sistema de Magia Pragmática criado por Austin Osman Spare. Esse princípio recebe, também, o nome de “Ressurgência Atávica”. Daremos apenas um breve apanhado disso pois, caso contrário, teríamos de escrever dezenas de páginas delineando todas as nuances desse princípio, além dos ditames próprios do sistema de Spare, sua filosofia pessoal e sua visão individual da Magia como um todo. Assim, nos concentraremos na estrutura básica da Nostalgia Atavística e em suas possíveis aplicações na MAGIA MÂNTRICA. O raciocínio fundamental desse princípio é a Teoria da Evolução, de Darwin. Estou certo de que o leitor está familiarizado com a Teoria Darwiniana, de que o homem é somente o produto-final momentâneo de um longo processo de evolução que vem ocorrendo ao longo de milhões de anos, e que partiu dos organismos uni celulares, daí aos répteis, então aos mamíferos, incluindo-nos nesse último contexto. Distinta do popular “Darwinismo vulgar”, a Teoria Darwiniana não afirma que “o homem deriva do macaco”, mas afirma que carregamos, em nós, a completa herança de todas as formas de vida e que nós literalmente incorporamos toda essa carga hereditária. Esse “carregando conosco a história da vida no Planeta” foi provado, em grande parte, pela genética moderna, bem como pela antropologia, pela fisiologia e por outras disciplinas da biologia humana, a despeito do fato de que as teorias de origem Darwiniana sofreram incontáveis transformações e alterações no decorrer dos últimos cento e cinqüenta anos. Por exemplo, o cérebro humano não se desenvolveu prontamente e de forma suave. Ao contrário, ele mostra diversas variações na forma de “agregações” ao longo da evolução, ao fim da qual temos “vários” cérebros unidos, dentro de nosso crânio.

Essas “camadas adicionadas” derivam em parte dos primórdios da evolução, como, por exemplo, o cerebelo, conhecido nos meios esotéricos como “cérebro de réptil”. É nesse “cérebro de réptil” que está situado o “Complexo-R”, responsável pelos instintos de territorialidade, disputa, destruição, posse e auto-destruição.

Uma vez mais, sairíamos fora do caminho traçado, caso fôssemos discutir os prós e contras da Teoria da Evolução, de Darwin. Em nosso contexto, é meramente importante saber que, no paradigma de A.O.Spare, nossa inteira história evolucional está ainda presente em nós. Em outras palavras, quer dizer que é como se não tivéssemos completado totalmente nosso estágio anterior de evolução, superando esse estágio e deixando suas “informações” de lado. Bem ao contrário, aliás. As informações desses estágios anteriores de nosso desenvolvimento permanecem gravadas em nossos genes, até os dias atuais e, de acordo com Spare e muitos outros Mestres, podem ser revitalizadas e aproveitadas. Os paralelos com o conceito de C.G.Jung a respeito do Inconsciente Coletivo – ao menos em uma de suas possíveis interpretações – é óbvio. Isso é exatamente o que ocorre com o Atavismo que, em biologia, denota uma espécie de regressão a estágios anteriores de evolução. O termo “Nostalgia Atavística” precisa ser esclarecido. Spare usou essa terminologia como significando “um ato de revitalização consciente de estruturas antigas ou arcaicas da consciência”. Conseqüentemente, Spare tentou voltar aos primórdios da humanidade, aos estágios pré-humanos da consciência, ativando uma memória genética ou hereditária. Isso, para ele, não era um fim em si mesmo, pois suas premissas básicas eram de que nossos maiores poderes mágicos, provavelmente a própria fonte da Magia, permanecia oculta nesses estágios primários da evolução. Essa idéia é confirmada por qualquer pessoa que se detenha a examinar as práticas mágicas dos shamans siberianos, pajés sul-americanos, sacerdotes africanos e bruxos ligados aos cultos primitivos de todos os povos, pois eles trabalham com o poder dos arquétipos animais, fetiches e totens de formas híbridas entre homens e animais, e assim por diante. A prática nos confirma essa visão, cada vez mais e mais. Apenas quando a vontade mágica (que Spare chamava de “crença” ou “convicção”) torna-se “orgânica”, isto significando inconsciente e carnal, é que, de acordo com Spare, torna-se mais efetiva. Quanto mais profundo formos em nosso transe mágico, retornando aos mais antigos estágios de consciência, mais fácil se tornará, para nós, tirararmos proveito dos poderes mágicos residentes nesse nível de consciência e, mais importante, de dirigí-los e usá-los. É necessário dizer que esses procedimentos requerem uma grande dose de experiência mágica e uma forte estabilidade psíquica. Não esqueçamos também que, com a “Nostalgia Atavística”, nós penetrámos nos estágios pré-humanos da vida que, quando trazido para a consciência, podem ter resultados catastróficos.

Assim, podemos perceber que não somente nossa visão global mas todas nossas idéias usuais sobre moral e ética podem ser drasticamente alteradas pela “Nostalgia Atavística”. Alguém pode ser completamente suplantado por sua “consciência-animal” (por exemplo, seu “karma de réptil”), ou até mesmo ficar obsediado, o que resultará em experiências de conseqüências particularmente desagradáveis em sua vida social. De qualquer forma, devemos ter em mente que, ao trabalhar com a “Nostalgia Atavística”, estamos tratando com poderes extremamente perigosos. Caso tenhamos qualquer dúvida se estamos ou não preparados para isso tudo, é melhor que nos mantenhamos isolados dessas experiências, a não ser que estejamos prontos para experimentar “viagens ao inferno”, uma atrás da outra! Há diversos métodos de ativar a “Nostalgia Atavística”. Por exemplo, podemos transmutar nossa consciência em diferentes animais, construindo MANTRAS que exprimam essa vontade. Spare tinha uma visão distinta do significado da palavra Karma, daquele que é comumente conhecido. Em sua terminologia, Karma significa “soma de todas as experiências”. Podemos, por exemplo, criar sentenças de desejo que exprimam nossa vontade, qualquer que seja ela. Em geral, ao se trabalhar com a “Nostalgia Atavística”, obtém-se resultados incríveis. No início, é aconselhável só se trabalhar com a “Nostalgia Atavística” em estados de sonho apenas, até que tornemos mais familiares todo o sistema. Somente após isso é que poderemos trabalhar com a “Nostalgia Atavística” em nosso dia-a-dia e, é claro, em rituais. Neste ponto, torna-se óbvio que a “Nostalgia Atavística” é uma forma poderosa de “regressão da memória”, terapia muito em voga no momento. Para se obter resultados previsíveis com a “Nostalgia Atavística”, muita prática torna-se necessária. O Atavismo nos leva de volta à fonte de toda a vida, pouco importa se para nós ela se chama Big-Bang, Deus, Ain, Caos, Buda, Cristo, etc.

Nesse conceito, a Magia da “Ressurgência Atávica” também representa um método místico e filosófico, que opta pelo caminho “diretamente na carne”, diametralmente oposto ao método tradicional Ocidental, empregando apenas o Espírito, sem apreciar o “vaso” que permite sua existência neste plano, em primeiro lugar. Para completar a imagem, devemos dizer que a MAGIA MÂNTRICA não é o único método eficiente de Magia existente. Desta maneira, o “caminho da memória carnal” pode facilmente ser combinado com caminhos puramente mentais e místicos, se assim se desejar. A “Nostalgia Atavística” nos oferece amplos campos de pesquisa. Nela encontramos campos férteis e virgens aguardando há milhões de anos para serem descobertos e explorados.

MAS… COMO É QUE ISSO FUNCIONA?

O MANTRA é “implantado” no inconsciente, após o que ele começa a funcionar como se tivesse vida própria. Na verdade, o MANTRA “encarnará”, “tornar-se-á vivo”. Apesar disso, não devemos nos esquecer que o MANTRA representa apenas uma segunda-natureza do processo mágico como um todo. Spare dizia que cada passo evolucional era um ato inconsciente, literalmente “corporal”, ato de vontade. Os animais, por exemplo, só começaram a desenvolver suas asas quando seu desejo de voar tornou-se “orgânico”. Essa parece uma propositura estranha, mas, basicamente, não é diferente da velha teoria de que toda a criação é baseada num ato da vontade de Deus. O MANTRA é a “carne” da vontade do Mago e seu sucesso é a “encarnação” desse mesmo MANTRA. Explicar como esse método funciona nos levaria a explanar como toda a Magia funciona. O importante ao praticante é saber que esse método funciona, é poderoso e fácil de ser posto em prática. Além disso, faz uso dos poderes “adormecidos” de nossa mente, assim como de toda nossa “memória genética”. Desta forma, estando certos de que pudemos dar um breve, mas profundo apanhado, sobre esse tipo de Magia, passemos à prática.

Prática

 

A prática da MAGIA MÂNTRICA é a mais simples de todas as formas de Magia. Por isso mesmo, devemos seguir alguns princípios básicos para obtermos os resultados desejados. Deixem-me, por um momento, relatar dois casos verídicos envolvendo essa forma de Magia. Ambos são muito conhecidos dentro dos círculos da O.T.O. do Rio de Janeiro, e de épocas recentes. Uma senhora, praticante da Wicca (Feitiçaria/Bruxaria), aprendeu o método de Magia a que este curso é dedicado. Sem dar muita atenção às “sutilezas” e “detalhes”, foi logo, afoitamente, colocando em prática o que aprendera. Seu maior desejo era poder pagar todas as suas dívidas. Expressou assim seu desejo:

EU QUERO PAGAR TODAS AS MINHAS DÍVIDAS.

No dia seguinte, todos seus credores a procuraram, pessoalmente ou por telefone. Até mesmo pessoas às quais ela nem se lembrava de dever algo, resolveram cobrá-la. Ela não prestou atenção aos “detalhes sem importância” que lhe foram ensinados.Ela deveria ter desejado:

TER OS MEIOS DE QUITAR TODOS OS SEUS DÉBITOS.

Cuidado com os detalhes!

O segundo caso é mais grave. Um rapaz, de vinte e poucos anos de idade, estava entediado com seu relacionamento afetivo. Sua namorada era possessiva, inconveniente, desagradável. Ele não tinha coragem de por um fim ao namoro. Um Mago ensinou-lhe o método de Magia de que falamos. O rapaz colocou-o em prática, sem dar atenção aos “detalhes”. Desejou:

EU QUERO ME VER LIVRE DE FULANA.

Uma semana depois, a garota era atropelada por um caminhão desgovernado, que subiu na calçada aonde a moça aguardava condução. Durante o velório da infeliz vítima de alguém despreparado para a Magia, sua melhor amiga postou-se ao lado do “namorado-viúvo”, pondo-se a consolá-lo. O Elementar havia tomado conta. A Criatura voltara-se contra o Criador. Quando a “barra” é muito “pesada”, vence o mais forte.

Sempre. Portanto, por favor, atenção aos detalhes…

Assim sendo, começaremos por

O QUE NÃO FAZER EM MAGIA MÂNTRICA

Primeiramente, devemos NEGAR a existência de qualquer desarmonia. Dessa forma, as palavras

NÃO – NUNCA – JAMAIS

e outras de sentido semelhante, deverão ser definitivamente eliminadas em nossas sentenças.

Por exemplo, caso tenhamos alguma enfermidade, agiremos assim:

EU DESEJO TER SAÚDE PERFEITA

ou

EU DESEJO QUE TAL ÓRGÃO DE MEU CORPO SEJA PERFEITAMENTE SAUDÁVEL

Errado será dizer

EU DESEJO FICAR CURADO DISSO

ou

EU NÃO QUERO FICAR DOENTE

ou

EU DESEJO ME LIVRAR DE TAL DOENÇA.

Deu para perceber? Nega-se a desarmonia. Nosso Atavismo tem a peculiaridade de desconhecer palavras complementares de uso inverso ao sentido geral da frase. Dessa maneira, ao se desejar não ficar doente, pode-se obter o oposto! Outra coisa importante: TODO MANTRA CRIADO POR ALGUÉM, PERMANECE LIGADO A ESSA MESMA PESSOA, PELO TEMPO QUE EXISTIR. Assim, ao criarmos um MANTRA para influenciar alguém, o mesmo tanto de efeito que produzirmos nessa pessoa, acumularemos em nosso Karma. Provocando efeitos agradáveis colheremos, mais cedo do que o esperado, energias agradáveis, que se sobreporão a nós. A recíproca é verdadeira. Para bom entendedor, basta. Não façam mal a ninguém pois, se não por motivos éticos, morais, filosóficos ou ideológicos, ao menos por medo do “choque do retorno”, realmente infalível nesse tipo de Magia. Na tradição Indú, no Tantra, os MANTRAS são os “suportes acústicos” ou “ferramentas auditivas”; eles são a própria Divindade.

Na MAGIA MÂNTRICA, os MANTRAS são os “Sigilos Acústicos”. O princípio da construção desses “Sigilos Acústicos” é bastante simples: a sentença que expressa o desejo é transformada num MANTRA que não possua qualquer sentido ou significado. Isso pode ser feito de forma fácil, bastando escrever a sentença do desejo de uma maneira quase-fonética, isto é, como se fala. Esse método pode demandar alguma engenhosidade, mas qualquer Mago precisa disso. Somente a prática faz a perfeição. Exemplo de Sentença de Desejo:

EU QUERO ENCONTRAR UM BOM MESTRE DE TAROT

Reescrita de forma quase fonética, teríamos algo assim:

EU QUERO INCONTRARUM BOMMESTRE DE TARÔ

Agora, eliminemos todas as “letras dobradas”, quando obteremos:

EQROINCTAUMBSD

Basta, agora, arrumar as letras, até mesmo eliminar algumas, para que possamos montar uma sentença que possa ser recitada, mas isenta de qualquer sentido.

EROBIN TACUM

Temos, assim, nosso MANTRA pronto para ser recitado. Outra opção seria criar uma única PALAVRA DE PODER, assim:

EROTUM

Simples ao extremo. Agora, o meio de “internalizar” o MANTRA. Nosso MANTRA deverá ser repetido de forma ritmada e monótona. Deverá, o MANTRA, ser repetido sem se contar quantas vezes, até que atinjamos o que no Oriente é chamado de “exaustão mântrica”, ou seja, a língua começa a “enrolar”, impedindo que continuemos com a prática. Faça isso até atingir a exaustão descrita quando, então, o MANTRA já estará internalizado. Nesse exato momento, “bana” o MANTRA, dando uma gargalhada (nem que seja forçada, daquelas de Exú de Quimbanda), dirigindo, imediatamente, sua atenção para outra coisa qualquer. O ideal seria repetir a prática por três dias, não mais, e se esquecer de tudo. Somente estando totalmente esquecido do “objeto de desejo”, que motivou a sentença inicial, é que o MANTRA funcionará.

Aqui cabe um parêntese: “Crie” seu MANTRA pelo método ensinado neste curso; estando pronto o MANTRA, destrua todo e qualquer resíduo da sentença que expressava o desejo original; só trabalhe para “internalizar” o MANTRA quando tiver se esquecido completamente qual o desejo que o originou. Assim, o ideal é se “criar” diversos MANTRAS, digamos, que expressem nossos desejos a serem atingidos ao longo de um ano. Elaboremos, por exemplo, vinte MANTRAS ou PALAVRAS DE PODER. Após uns dois meses, com os desejos impossíveis de serem lembrados com precisão, ou identificados através dos MANTRAS, passemos a “internalizálos”, um a um. As PALAVRAS DE PODER também podem ser “internalizadas” de forma espasmódica: após grande e extenuante atividade física (“quase morrendo”); no extremo de uma dor lancinante (dor de dente, dor de bursite, etc.); ou durante o êxtase, de qualquer espécie, inclusive sexual. De qualquer forma, não se esqueça de, após “internalizar” o MANTRA ou a PALAVRA DE PODER, baní-la com uma sonora gargalhada, nem que seja de forma forçada. E esqueça, imediatamente, o MANTRA ou a PALAVRA DE PODER, voltando sua atenção para qualquer outra coisa. Agora, para terminar, algumas sugestões de Sentenças de Desejos para que criemos nossos MANTRAS:

– É MEU DESEJO EXPERIMENTAR MEU ATAVISMO

– É MEU DESEJO EXPERIMENTAR OS ESTÁGIOS ANTERIORES AO MEU NASCIMENTO

– É MEU DESEJO EXPERIMENTAR A FONTE DE MINHA VIDA

– É MEU DESEJO EXPERIMENTAR MINHA ENCARNAÇÃO COMO RÉPTIL DURANTE UM RITUAL

– EU QUERO EXPERIMENTAR O KARMA DE UM GATO

– EU DESEJO EXPERIMENTAR O KARMA DE UM RÉPTIL EM MEUS SONHOS

– É MEU DESEJO OBTER A CONSCIÊNCIA DE UM PÁSSARO

– DESEJO TORNAR-ME UM ORGANISMO UNI CELULAR EM MEUS SONHOS

– DESEJO EXPERIMENTAR O PARAÍSO EM MEUS SONHOS

– DESEJO EXPERIMENTAR O INFERNO EM MEUS SONHOS

– EU QUERO CONSEGUIR UM EMPREGO ADEQUADO A MIM

– EU DESEJO OBTER DEZ MIL REAIS PRESTANDO CONSULTORIA A FULANO

– EU DESEJO COMPRAR UM CARRO DE MEU AGRADO

– EU QUERO ENCONTRAR UM SUCCUBUS EM MEUS SONHOS

– É MEU DESEJO MAIOR PERMANECER SAUDÁVEL

– EU QUERO ENCONTRAR TAL LIVRO

– EU DESEJO OBTER O NECRONOMICON

Mas, evite desejos muito complexos, muito detalhados ou, até mesmo de difícil realização, como os quatro exemplos seguintes:

– EU QUERO GANHAR CINCO MILHÕES DE DÓLARES AMANHÃ

– EU DESEJO ENCONTRAR UM CHEQUE DE SETE MIL E OITOCENTOS E QUARENTA E DOIS REAIS E TRINTA E SEIS CENTAVOS, NOMINAL E PROVIDO DE FUNDOS

– É MEU DESEJO GANHAR UMA LIMOUSINE ROLLS ROYCE DE ANIVERSÁRIO

ou ainda

– EU QUERO ME ENCONTRAR COM ALEISTER CROWLEY NA ESQUINA DA AVENIDA PAULISTA COM A RUA PAMPLONA, NA SEXTA-FEIRA PRÓXIMA FUTURA, ÀS VINTE E DUAS HORAS E QUARENTA E SETE MINUTOS, E QUE ELE SE DIRIJA A MIM CANTANDO UMA ÁRIA DE ALGUMA ÓPERA FAMOSA

MAS… O QUÊ SE PODE CONSEGUIR PELA “MAGIA MÂNTRICA”?

Literalmente, tudo o que se desejar, ardente e de maneira real. É simples. Portanto, cuidado com os seus desejos, pois eles se tornarão realidade, mais cedo do que se possa esperar!

Por J.R.R. Abrahão

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