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Pistis Sophia

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I

 

 

 

E sucedeu, quando Jesus ressuscitou de entre os mortos, que passou onze anos discorrendo com os Seus discípulos e ins­truindo-os somente até às regiões do Primeiro Mandamento, até às regiões do Primeiro Mistério, esse que está dentro do véu, dentro do Primeiro Mandamento, o qual é o Vigésimo Quarto Mistério por fora e em baixo (esses vinte e quatro) que estão no Segundo Espaço do Primeiro Mistério, o qual é antes de todos os Mistérios, o Pai em forma de Pomba.

 

E Jesus disse aos Seus discípulos: “Apareço fora do Primei­ro Mistério, que é o Último Mistério, que é o Mistério Vinte e Quatro”. E os Seus discípulos não sabiam nem entendiam que existisse coisa alguma dentro desse Mistério, somente pensa­vam desse Mistério que era a cabeça do Universo e a cabeça de toda a existência, que era o fim de todos os fins, porque Jesus, disse-lhes em relação a esse Mistério, que envolve o Primeiro Mandamento e as Cinco Impressões e a Grande Luz e os Cinco Auxiliares e o Tesouro Inteiro da Luz.

 

E por outro lado, Jesus não havia falado aos Seus discípu­los da total expansão de todas as regiões do Grande Invisível e dos Triplos Poderes e dos Vinte e Quatro Invisíveis e de todas as suas regiões e dos seus Aeons e das suas ordens, nem de como estas se estenderam (essas que são as emanações do Grande Invisível) e dos seus Não gerados e dos seus Autogerados e dos Gerados e dos seus dadores de Luz e dos seus ímpares e dos seus regentes e das suas autoridades e dos seus senhores e dos seus Arcanjos e dos seus Anjos e dos seus decanos e dos seus servidores e de todas as casas das suas esferas e de todas as ordens de cada uma delas.

 

E Jesus não havia dito aos Seus discípulos da total expansão das emanações do Tesouro, nem das suas ordens e como estão desdobradas, nem dos seus Salvadores, de acordo com a ordem de cada um deles, como eram; também não lhes disse que guarda se encontra em cada porta do Tesouro da Luz, nem lhes disse da região do Salvador Gémeo, o qual é o Filho do Filho; nem das regiões dos Três Amens, em que regiões estão expandidos, nem em que região as Cinco Árvores estão expan­didas; nem dos Sete Amens, os quais são as Sete Vozes, qual é a sua região e como estão expandidas.

 

E Jesus não havia dito aos Seus discípulos de que tipo são os Cinco Auxiliares nem a que região foram levados, nem como a Grande Luz se expandiu a si própria, nem a que região foi levada; tão pouco lhes havia dito acerca das Cinco Impressões, nem do Primeiro Mandamento e a que região foram levadas, somente havia discorrido com eles de forma geral, ensinan­do-lhes que existiam, porém nada lhes disse acerca da sua expan­são e da ordem das suas regiões, nem como são. Por este motivo não souberam que também havia outras regiões dentro desse mistério.

 

E não havia dito aos Seus discípulos: “Saí de tal e tais regiões, até entrar nesse mistério e até que tive de sair dele “, senão que ao ensinar-lhes disse: “Saí desse mistério “. Por tal motivo eles pensaram de tal mistério que é o fim dos fins, que é a cabeça do Universo e que é a plenitude total, pois Jesus havia dito aos seus discípulos: “Esse mistério envolve o Universo, do qual vos tenho falado desde o dia em que me reuni convosco, até este dia “. Por este motivo os discípulos pensa­ram então que nada havia dentro do mistério.

 

Sucedeu então que os discípulos se sentaram no Monte das Oliveiras a falar sobre estas palavras, regozijando-se com grande satisfação e, sumamente alvoraçados, diziam uns aos outros: “Bem-aventurados somos antes de todos os homens da Terra porque o Salvador isto nos revelou e porque recebemos a plenitude do fim total “, (isto diziam) enquanto Jesus se sen­tava um pouco afastado deles.

E sucedeu então que no Décimo Quinto dia da lua, no mês de Tybi, que é o dia de lua cheia; nesse dia então, quando o sol havia aparecido no seu curso regular, apareceu por detrás dele uma Grande Força luminosa brilhando de modo extraor­dinário e não havia medida para essa luz em simbiose com essa Força pois tinha saído da Luz das Luzes e saíu do Último Mistério, o qual é o Vigésimo Quarto Mistério por dentro e por fora (esses que estão nas Ordens do Segundo Espaço do Pri­meiro Mistério). E a luminosa Força desceu sobre Jesus e envolveu-o completamente enquanto se encontrava sentado, afastado dos seus discípulos e brilhou extraordinariamente e não havia medida para essa Luz que estava sobre ele.

 

E os Seus discípulos não viram Jesus devido à Grande Luz dentro da qual se encontrava ou que o rodeava, pois os seus olhos estavam cegos devido à Grande Luz na qual Ele estava; somente viram a luz que lançava muitos raios de luz.

 

E os raios de luz não eram semelhantes entre si senão que a luz era de diversos tipos desde baixo até Acima, um raio mais excelso que o outro,… numa grande incomensurável Glória de Luz; estendia-se desde a parte inferior da Terra até ao Céu. E quando os discípulos viram essa Luz sentiram grande temor e agitação.

 

Sucedeu então, quando a Força Luminosa desceu sobre Jesus, que gradualmente o envolveu por completo. Então Jesus ascen­deu às Alturas, brilhando extraordinariamente numa Luz Inco­mensurável. E os discípulos olhavam-no e nenhum deles falou enquanto Ele alcançava o Céu, senão que todos eles guarda­ram profundo silêncio. Isto sucedeu no décimo quinto dia da lua, no dia no qual a lua está cheia, no mês de Tybi.

 

Sucedeu então que, quando Jesus alcançou o Céu, três horas depois, todos os poderes do céu entraram em agitação e se puseram em movimento uns contra os outros; eles e todos os Aeons e todas as suas regiões e todas as suas Ordens e a terra inteira se agitou e todos aqueles que a habitavam e todos os homens do mundo entraram em agitação e também os discí­pulos, e todos pensaram: Porventura o mundo será arrebatado!

 

E todos os poderes nos céus não cessaram na sua agitação, eles e o mundo inteiro e puseram-se em movimento uns contra outros, desde a terceira hora do décimo quinto dia da lua de Tybi até à nona hora da manhã. E todos os Anjos e os seus Arcanjos e todas as Forças do Alto, louvaram os Interiores dos interiores para que o mundo inteiro ouvisse as suas vozes, sem cessar, até à nona hora da manhã.

 

Mas os discípulos sentaram-se juntos com temor e estive­ram sumamente com medo e perturbação devido ao grande ter­ramoto que havia sucedido e juntos se condoíam dizendo: Que será então? Porventura o Salvador destruirá todas as regiões? Dizendo assim, todos se inclinavam até ao solo.

 

Enquanto diziam isto e se inclinavam até ao solo naquele tempo, na nona hora da manhã, os céus abriram-se e viram Jesus descer, resplandecendo excessivamente de tal modo que não havia medida para a Luz que o rodeava. Não obstante, resplandeceu mais radiantemente que no momento em que havia ascendido aos céus, para que os homens sobre a Terra não pudessem descrever a Luz que o possuía e lançou raios de Luz em grande abundância e não havia medida para descrever os seus raios e a sua Luz junta não era igual, mas sim de diversas classes e diversos tipos, alguns raios mais salientes que ou­tros… e toda a Luz junta se harmonizava. Era de tripla classe e cada uma sobressaía mais ante a outra… a segunda que estava no meio era mais saliente que a primeira que estava em baixo e a terceira que estava por cima das outras era mais saliente que as duas que estavam por baixo. E a Primeira Glória, a qual foi colocada por debaixo de todas as outras parecia-se com a Luz que havia resplandecido com Jesus antes da sua Ascensão aos Céus e via-se a si mesma como em sua própria Luz. E as Três Formas de Luz eram de diversos tipos e de diversas classes, uma mais saliente que a outra…

 

E sucedeu então, quando os discípulos viram isto, que se atemorizaram com grande perturbação. Então Jesus, miseri­cordioso e compassivo, quando viu os Seus discípulos com gran­de perturbação falou-lhes dizendo: “Tende valor. Sou Eu, não tenhais medo”.

 

E sucedeu então, quando os discípulos ouviram estas pala­vras, que exclamaram: “Senhor, se és tu, recolhe a tua Luz de Glória em ti próprio para que possamos resistir-lhe, de contrá­rio os nossos olhos estarão em trevas; estamos perturbados, e toda a terra também está em perturbação devido à Grande Luz que te rodeia”.

 

Então Jesus recolheu em Si próprio a glória da sua Luz e quando isto sucedeu, todos os discípulos se encheram de valor encaminharam os seus passos até Jesus e prosternaram-se, glorificaram-nO regozijando-se com grande júbilo e disseram-Lhe: “Rabi! Onde foste? Qual foi o teu ministério pelo qual foste? Porque houve todas estas confusões e todos os terramo­tos que sucederam?”

 

Então Jesus, misericordioso, disse-lhes assim: “Regozijai­-vos e alegrai-vos de hoje em diante porque fui às regiões de onde emergi. De hoje em diante pois, falarei convosco sem véus, desde o princípio da verdade até ao seu fim e falarei convosco sem analogias. De hoje em diante nada vos ocultarei do mis­tério do Alto e daquela região da Realidade. Foi-Me concedido graças ao Inefável e graças ao Primeiro Mistério de todos os mistérios falar convosco, desde o princípio até à plenitude, assim como de dentro para fora e de fora para dentro. Portanto escutai que posso dizer-vos todas as coisas.

 

E sucedeu, quando Me sentei um pouco afastado de vós no Monte das Oliveiras, que meditei acerca da Ordem do Minis­tério por graça daquele por quem fui enviado, que já estava consumado e que o Último Mistério, que é o Vigésimo Quarto Mistério de dentro para fora, esses que estão no Segundo Es­paço do Primeiro Mistério, nas ordens desse espaço, ainda não me haviam enviado a minha veste. E sucedeu então, quando soube que a Ordem do Ministério pela graça do qual fui en­viado, estava consumado e que por esse mistério, a minha veste não me havia sido enviada, a qual tinha sido deixada atrás nele até que o seu tempo fosse concluído; meditando então nisto, sentei-Me no Monte das Oliveiras um pouco afastado de vós.”

 

“E sucedeu quando o Sol saiu pelo Oriente, depois des­ses dias através do Primeiro Mistério, que existiu desde o princípio, causa pela qual o Universo surgiu e fora do qual também Eu mesmo agora venho, não antes da hora da minha crucificação, senão agora, sucedeu, que através do manda­to desse mistério a minha veste de Luz deveria ser enviada, a qual Me tinha sido concedida desde o princípio e que havia deixado atrás no Último Mistério, que é o Vigésimo Quarto Mistério de dentro para fora, esses que estão nas Ordens do Segundo Espaço do Primeiro Mistério.

 

Essa Veste a deixei então atrás no Último Mistério, até à hora que deveria ser consumado para poder usá-la e co­meçar a falar com a raça humana, revelando-lhe a verdade desde o princípio até ao fim e falando com ela desde os Interiores dos interiores até aos exteriores dos exteriores e desde os exteriores dos exteriores até aos Interiores dos inte­riores. Regozijai-vos por conseguinte e alegrai-vos, regozijai­-vos mais e mais profundamente porque vos foi concedido que fale primeiro convosco da Realidade desde o princípio até ao fim.”

 

“Por esta razão, em verdade vos elegi desde o princípio até ao fim do Primeiro Mistério. Regozijai-vos e alegrai-vos, por­que quando parti deste mundo, trouxe comigo doze potestades, tal como vos disse desde o princípio, as quais despojei dos doze redentores do Tesouro da Luz, de acordo com o mandato do Primeiro Mistério. Estas, noutro tempo verti-as no ventre das vossas mães, quando vim ao mundo; essas, são aquelas que agora estão nos vossos corpos. Pois estas potestades foram-vos concedidas ante o mundo; porque sois vós quem o salvará e porque vós podereis suportar as ameaças dos governantes da Terra e as ansiedades do mundo, os seus perigos e todas as suas perseguições, que os príncipes do alto acarretarão sobre vós. Muitas vezes vos tenho dito que levei para vós a força dos doze redentores que se encontram no Tesouro da Luz. Por tal motivo verdadeiramente vos disse desde o princípio, que não sois deste mundo. Eu também não o sou. Apesar de todos os homens da Terra terem engendrado as suas almas da força dos redentores dos Aeons. Porém, a força que está em vós, provém de Mim; as vossas Almas residem no Alto. Trouxe doze potestades dos doze redentores do Tesouro da Luz, extraídos da parte do meu poder que primeiramente recebi. E quando Me pus a caminho pelo mundo, cheguei ao meio dos príncipes da esfera, com a forma de Gabriel, o Anjo dos Aeons; e os príncipes dos Aeons não Me conheceram porque acreditaram que Eu era o Anjo Gabriel.”

 

“E sucedeu então, quando cheguei ao Meio dos Regentes dos Aeons, que olhei para baixo sobre o Mundo da humanidade por ordem do Primeiro Mistério. Encontrei Elizabeth, a mãe de João, o Baptista, antes de o haver concebido, semeei nela a força que havia recebido do IAO menor, o Digno, que está no Meio, Aquele que tem o poder de proclamar antes que Eu e preparar o caminho e Baptizar com a água, do perdão dos pecados. Essa força, por conseguinte, está no corpo de João.»

 

“Ademais, em lugar do espírito dos regentes a quem ele havia nomeado para agasalhar, encontrei o espírito de Elias nos Aeons da esfera e o retirei dali e levei o seu espírito até à Virgem da Luz e ela entregou-o aos seus receptores; eles conduziram-no à esfera dos regentes e verteram-no no ven­tre de Elisabeth. Deste modo o Poder do IAO Menor, que está no Meio e o espírito do Profeta Elias, foram ligados ao corpo de João, o Baptista. Por este motivo vós duvidásteis noutro tempo, quando vos afirmei: «João disse: Eu não sou o Cristo», e vós dissesteis-Me: «Escrito está que: quando venha o Cristo, virá Elias antes d’Ele e preparará o seu Caminho». Contudo, quando Me dizíeis isto, Eu respondi-vos: «Verdadeiramente Elias veio e tem preparado todas as coisas tal como está escrito e eles têm feito para Ele o que deveriam». E quando compreendi que vós não tínheis enten­dido aquilo que vos falei relacionado com o espírito de Elias que está ligado a João, o Baptista, vos respondi abertamen­te: «Se aceitais a João, o Baptista: Ele é Elias de quem vos falei que viria».

 

Jesus continuou na Sua prática dizendo: “Então, depois disso, aconteceu que por ordem do Primeiro Mistério olhei para baixo, sobre o mundo da Humanidade, e encontrei Maria, a quem chamam «minha mãe» de acordo ao corpo de matéria. Falei com ela como Gabriel e quando retornou do alto para Mim, dali verti a Primeira Força que havia recebido de Barbelo, que é o corpo que tenho levado no alto. E em vez do espírito, verti nela a força que recebi do Grande Sabaoth, o Digno, que está na região da Direita.

E as Doze Potestades dos Doze Redentores do Tesouro da Luz, que Eu havia recebido dos doze ministros do Meio, verti-as na esfera dos regentes. E os decanos dos regentes e os seus li­turgos acreditaram que eles eram os espíritos dos regentes e os liturgos trouxeram-nos e ligaram-nos aos corpos das vossas mães. E quando a vossa hora chegou, nascesteís no mundo sem espírito de regentes. E recebesteis a vossa parte da força que o Último Auxiliar tinha inalado para a Mescla, força essa que está fundida com todos os Invisíveis e todos os Regentes e todos os Aeons, numa palavra, o que está combinado com o mundo da destruição, que é a Mescla. Esta força que desde o princípio ressaltei de Mim próprio, verti-a no Primeiro Mandamento e o Primeiro Mandamento verteu uma parte desta na Grande Luz e a Grande Luz verteu uma parte daquela que havia recebido nos cinco Auxiliares, e o Último Auxiliar tomou uma parte daquela que recebeu e verteu-a na Mescla. E esta parte está em todos os que estão na Mescla, tal como vos acabo de dizer.”

 

Jesus disse então isto aos Seus discípulos no Monte das Oliveiras. Continuou de novo na prática, dizendo-lhes: “Rego­zijai-vos e alegrai-vos, agregai gozo ao vosso gozo, porque chegou a hora para que use a minha veste, a qual foi preparada para Mim desde o princípio e que deixei no Último Mistério até à hora da sua consumação. Agora, na hora da sua Consuma­ção, é o momento em que serei ordenado pelo Primeiro Mis­tério, para falar convosco de Verdade, desde o princípio até ao fim e desde os Interiores dos interiores até aos exteriores dos exteriores, para que o mundo seja salvo por vós. Regozijai-vos e alegrai-vos porque vós sois os escolhidos entre os homens da terra. Sois vós quem salvará o mundo.”

 

Sucedeu que, quando Jesus acabou de dizer estas palavras aos Seus discípulos, continuou com a sua exposição e disse­-lhes: “Vede aqui, que coloquei a minha Veste e com ela toda a Autoridade que Me foi concedida através do Primeiro Mis­tério. Um momento mais e vos direi o mistério do Universo e a plenitude do mesmo e nada vos ocultarei a partir desta hora. Eu os aperfeiçoarei por completo com toda a perfeição e em todos os mistérios que são a perfeição de todas as perfeições e a grandeza de todas as grandezas, a Gnose de toda a Gnose, os quais estão na minha Veste. Eu vos direi todos os mistérios, desde os exteriores dos exteriores até aos interiores dos interiores. Porém escutai-Me, que posso dizer-vos todas as coisas que Me sucederam.”

 

“E sucedeu então, que quando o sol havia saído pelo Ori­ente, desceu uma grande força de luz, na qual estava a minha vestidura que havia deixado atrás no Vigésimo Quarto Mistério, tal como já vos havia dito e encontrei um mistério escrito na minha veste, com cinco palavras provenientes do Alto: ZAMA ZAMA OZZA RACHAMA OZAI, cuja solução é esta:

 

Oh! Mistério que não tem par no Mundo, por cuja causa surgiu o Universo — esta é a total saída e a ascensão total que emanou todas as emanações e tudo o que está depois e por cuja razão surgiram todos os mistérios —. Vem a nós porque somos vossos membros e semelhantes. Todos estamos contigo, somos um e o mesmo. Tu és o Primeiro Mistério que existiu desde o princípio, no Inefável, antes de aparecer e o Seu nome somos todos nós. Agora portanto, vimos encontrar-Te no último limite, o qual é o Último Mistério desde dentro, Ele mesmo é um pedaço de nós. Agora portanto, enviamos-Te a vesti­dura que Te pertence desde o princípio e que deixaste atrás no Último Limite, o qual é também o Último Mistério desde dentro, até que seja consumada a sua hora de acordo com os mandamentos do Primeiro Mistério. Vede aqui, a sua hora chegou; veste-a.

 

“Vem até nós para que nos aproximemos de Ti e Te vistamos com o Primeiro Mistério e toda a sua Glória, por mandato dele próprio, no que o Primeiro Mistério nos concedeu e que consiste em duas Vestiduras de modo a ornar-Te com elas, além da­quela que Te enviamos porque és digno delas, desde o momento que Tu és anterior a nós. Por este motivo, o Primeiro Mistério Vos enviou através de nós, o mistério de toda a sua glória que consiste em duas vestes.

 

“Na Primeira está a Glória inteira de todos os Nomes de todos os Mistérios e todas as Emanações das Ordens dos Espaços do Inefável.”

 

“E na Segunda está a Glória inteira do Nome de todos os Mistérios e de todas as Emanações que estão nas Ordens dos Dois Espaços do Primeiro Mistério.”

 

“E nesta Terceira Veste, que recentemente Te enviámos, está a Glória do Nome do Mistério do Revelador, que é o Primeiro Mandamento e do Mistério das Cinco Impressões e do Mistério do Grande Enviado do Inefável, que é a Grande Luz e do Mistério dos Cinco Guias que são os Cinco Auxiliares. Há mais nesta Veste, a glória do Nome do Mistério de todas as Ordens das Emanações do Tesouro da Luz e dos seus Salvadores e do Mistério das Ordens das Ordens, que são os Sete Amens e as Sete Vozes e as Cinco Árvores e os Três Amens e o Salvador Gémeo que é Filho do Filho e do Mistério dos Nove Guardas das Três Portas do Tesouro da Luz. Há mais ainda ali, a Glória inteira do Nome de todos Aqueles que estão na Direita e de to­dos Aqueles que estão no Meio. Mais ainda, há ali dentro, a Glória Eterna do Grande Invisível que é o Grande Antecessor e o Mistério dos Três Triplos Poderes e o Mistério da sua região total e o Mistério de todos os seus Invisíveis e de todos Aqueles que estão no Décimo Terceiro Aeon e o Nome dos Doze Aeons e de todos os seus Regentes e de todos os seus Arcanjos e de todos os seus Anjos e de todos Aqueles que estão nos Doze Aeons e o Mistério total do Nome de todos Aqueles que estão no Destino e em todos os Céus e o Mistério completo do Nome de todos Aqueles que estão na Esfera e dos seus Firmamentos e de todos os que estão neles e de todas as suas Regiões.”

 

“Eis que, por conseguinte, Te enviamos esta Veste que nin­guém conhecia desde o Primeiro Mandamento para baixo por­que a Glória da Luz estava oculta nela e as esferas e todas as regiões do Primeiro Mandamento para baixo não a conhece­ram. Apressa-Te portanto, põe em Ti esta Veste e vem até nós para que possamos aproximar-nos de Ti e vestir-Te por man­dato do Primeiro Mistério com as tuas duas Vestes que existiram para Ti desde o Princípio com o Primeiro Mistério até que o tempo assinalado pelo Inefável fosse consumado. Vem rapi­damente até nós para que Te possamos vestir com elas, até que tenhas conseguido o Mistério total da Perfeição do Primeiro Mistério que é assinalado pelo Inefável. Vem rapidamente até nós para que tas coloquemos de acordo com as Ordens do Primeiro Mistério. Falta ainda um momento, um pequeno mo­mento e virás até nós e deixarás o Mundo. Vem, portanto, ra­pidamente para que recebas a Tua Glória completa que é a Glória do Primeiro Mistério.”

 

“Sucedeu então que quando vi o Mistério de todas essas Palavras na Veste que Me enviaram e que vesti, brilhei então excelsamente e ascendi às Alturas.”

 

“Apresentei-Me na Primeira Porta do Firmamento brilhando excessivamente e não havia meio de medir a Luz que estava em Mim e as Portas do Firmamento foram sacudidas umas contra outras e todas se abriram ao mesmo tempo.”

 

“E todos os Arcontes, Autoridades e todos os Anjos dali foram possuídos de agitação devido à Grande Luz que estava em Mim. E eles viram a radiante Veste de Luz que Eu vestia e viram o Mistério que contém os seus nomes e foi excessivo o seu temor E todos os laços que os uniam foram desatados e cada um deixou a sua Ordem e todos se puseram de joelhos ante Mim, glorificaram-Me e disseram: «Como passou entre nós o Senhor do Universo sem o sabermos ?» E todos eles jun­tos cantaram louvores aos Interiores dos interiores porém a Mim não Me viram ainda que somente vissem a Luz. E atemo­rizaram-se, estando enormemente agitados e cantaram louvo­res aos Interiores dos interiores.”

 

“E deixei essa Região e ascendi à Primeira Esfera brilhando com enorme intensidade, quarenta e nove vezes mais intensa­mente do que havia brilhado no Firmamento. Sucedeu então que, quando alcancei as portas da Primeira Esfera, estas se abriram imediatamente depois de se terem sacudido.”

 

 

“Penetrei nas casas da esfera, brilhando radiantemente e não havia modo de medir a intensidade da Luz que Me rodeava. E todos os Arcontes e todos Aqueles que estavam nessa Esfera se agitaram entre si. E eles viram a grande Luz que estava em Mim e observaram com atenção a minha Veste e viram nela o Mistério dos seus nomes. Ficaram possuídos de maior agitação e mostrando grande temor diziam: «Como é que o Senhor do Universo passou entre nós sem o nosso conhecimento?» E to­dos os seus laços foram desatados, as suas Regiões e as suas Ordens e cada um deixou a sua Ordem e todos se prostraram ante Mim e ante a minha Veste. Adoraram-Me e cantaram juntos louvores aos Interiores dos Interiores com grande temor e pos­suídos de uma grande agitação.”

 

“E abandonei essa Região e cheguei à Porta da Segunda Esfera, que é o Destino. Depois todas as suas portas se agitaram e abriram-se por si mesmas e entrei na casa do Destino brilhando com grande intensidade e não havia forma de medir a intensidade da Luz que estava em Mim, porque brilhei no Destino quarenta e nove vezes mais do que na Primeira Esfera.”

 

“E todos os Arcontes e todos Aqueles que estão no Destino foram possuídos de uma grande agitação, prosternaram-se e foram invadidos por um grande temor ao ver a imensa Luz que estava em Mim. E observaram com atenção a minha Veste e viram nela o mistério dos seus nomes e com agitação e com grande temor diziam: «Como foi que o Senhor do Universo passou entre nós sem que tivéssemos conhecimento ?» E todos os laços das suas Regiões e das suas Ordens foram desatados. Todos eles vieram imediatamente prosternar-se ante Mim, glori­ficaram-Me e juntos cantaram louvores aos Interiores dos Inte­riores, estando possuídos de grande temor e grande agitação.”

 

“E abandonei essa região e ascendi à dos Aeons dos Regen­tes e cheguei ante os seus véus e as suas portas brilhando com grande intensidade e não havia medida para a Luz que estava em Mim. Sucedeu então, quando cheguei aos Doze Aeons, que os seus véus e as suas portas foram sacudidas umas contra outras. Espontaneamente os seus véus (por si mesmos) se afas­taram e as suas portas se abriram de par em par E entrei nos Aeons brilhando com grande intensidade e não havia medida para a Luz que Me rodeava, quarenta e nove vezes mais intensa que a Luz com que brilhei nas casas do Destino.”

 

“E todos os Anjos e Arcanjos dos Aeons e os seus Arcontes e os seus Deuses e os seus Senhores e as suas Autoridades e os seus Tiranos e os seus Poderes e as suas Chispas de Luz e as suas Fontes de Luz e os seus Inigualáveis e os seus Invisíveis e os seus Antecessores e os seus Triplos Poderes, viram-Me bri­lhar intensamente e não havia modo de medir a intensidade da Luz que Me envolvia e foram (eles) possuídos de grande agitação e um grande temor os invadiu quando viram a Grande Luz que estava em Mim. E na sua grande agitação e em seu grande temor retiraram-se para a região do Grande Antecessor Invi­sível e dos Três Grandes Poderes Triplos. E devido ao grande temor e à sua grande agitação, o Grande Antecessor com os Três Poderes Triplos, continuaram no seu movimento de um a outro lado da sua região e não puderam fechar todas as suas regiões devido ao grande temor que os invadia. E agitaram todos os Aeons e todas as Esferas e todas as suas Ordens, invadidos de temor e agitação, devido à Grande Luz que estava comigo, a qual não tinha o mesmo poder que tinha quando Eu estava na Terra, quando a Veste de Luz veio até Mim, porque o Mundo não podia suportar a Luz tal como era na realidade; se tivesse sido assim, o Mundo e tudo ao seu redor teria sido destruído nesse momento, pois a Luz que tinha comigo nos Doze Aeons era de uma intensidade de 8700 miríadas mais do que a Luz que tinha quando estava no mundo entre vós.”

 

“Sucedeu que todos aqueles que estavam nos Doze Aeons, quando viram a Luz que estava comigo, foram possuídos de uma grande agitação e correram por todos os lados nos Aeons e todos os Aeons e todos os Céus e as suas Ordens se agitaram uns contra os outros devido ao grande temor que possuíam porque nada sabiam acerca do Mistério que havia sucedido. E além disso, o Grande Tirano e todos os tiranos em todos os Aeons, começaram a lutar em vão contra a Luz, sem saberem contra quem estavam a luta, uma vez que nada mais viam que a sobredominante Luz. Sucedeu então que, quando lutaram contra a Luz, todos e cada um deles se debilitaram e foram expulsos dos Aeons e converteram-se nos habitantes da Terra, mortos e sem alento de vida.”

 

“E tomei de todos uma terça parte dos seus poderes para que eles não participassem nas suas diabólicas actividades e para que, se os homens que estão no mundo os invocarem nos seus mistérios, — esses a que os Anjos que os violaram deram continuidade, quer dizer, as suas feitiçarias —, não possam lográ­-lo em tais invocações.”

 

“E o Destino e a Esfera sobre os quais têm autoridade, Eu os mudei de tal modo que passem Seis Meses virados para a Esquerda e consigam as suas influências e que olhem Seis Meses para a Direita e verifiquem as suas influências. Pelo mandado no Primeiro Mandamento e por mandato do Primeiro Mistério, o Administrador da Luz colocou-os, vendo à Esquerda cada vez que conseguiam as suas influências e os seus propósitos.”

 

“Sucedeu que quando cheguei à sua região, eles se amoti­naram e lutaram contra a Luz. E retirei-lhes um terço do seu poder para que não lograssem os seus diabólicos propósitos. E mudei o Destino e a Esfera sobre os quais têm autoridade e coloquei-os olhando para a Esquerda por um espaço de Seis Meses e levando a cabo as suas influências e coloquei-os ou­tros Seis Meses virados para a Direita e efectuando as suas influências.”

 

No momento em que disse isto aos Seus discípulos, tam­bém lhes disse: “O que tenha ouvidos para ouvir, deixai-o ouvir”Então, quando Maria ouviu o Salvador dizer estas palavras, ficou a olhar fixamente o espaço durante uma hora. E disse–Lhe: “Senho, permite-me falar abertamente.”

 

E Jesus, compassivo, respondeu a Maria: “Maria, bendita és, a quem aperfeiçoei em todos os Mistérios do Alto, fala aber­tamente porque o teu coração é elevado ao Reino dos Céus, mais do que todos os teus semelhantes.”

 

Então, disse Maria ao Salvador: “Senhor o que nos disses­te: «O que tenha ouvidos para ouvir deixai-o ouvir», havei-lo dito para que compreendamos o que disseste. Por isso Senhor eu posso falar sem preconceitos.”

 

“Tu disseste: «Retirei um terço do poder dos Regentes dos Aeons e mudei o seu destino e a sua esfera sobre os que eles  dominam para que se a raça humana os invoca nos mistérios -esses que os Anjos que os violaram lhes ensinaram para levar a cabo os seus propósitos diabólicos e ilícitos no mistério das suas feitiçarias» —. Para que de agora em diante não logrem os seus ilícitos propósitos, Tu lhes retiraste o seu poder e dos adivinhadores e seus consultores e daqueles que dizem, no mundo, aos homens, o que vai suceder, para que eles, a partir deste momento, não saibam como predizer o que vem (porque Tu mudaste as suas esferas e fizeste com que passem seis meses olhando à esquerda e obtendo as suas influências e outros seis meses olhando para a direita e obtendo as suas influências). No que diz respeito a esta palavra, Senhor, o poder que estava no Profeta Isaías falou assim e proclamou noutro tempo com espiritual semelhança quando diz sobre a «Visão do Egipto»:

 

Onde então, oh Egipto!, estão os teus consultores e adivi­nhos e aqueles que chamam da Terra e aqueles que bradam das suas entranhas?

 

Deixai-os então que declarem de hoje em diante as acções que o Senhor Sabaoth levará a cabo! Então o poder que estava no Profeta Isaías e que foi anunciado antes da tua vinda consistia em que Tu retira­rias o poder dos Regentes dos Aeons e mudarias a sua esfera e o seu Destino para que nada possam saber daqui em diante. Por este motivo também se disse: «Tu então não saberás o que fará o Senhor Sabaoth», quer dizer, nenhum dos Regentes saberá o que farás daqui em diante, pois eles são Egipto, por­que eles são matéria. O poder que estava em Isaías, então predito e que a Ti se referia, dizendo: «De hoje em diante não saberás o que fará o Senhor de Sabaoth», devido ao Poder de Luz que recebeste d’Ele, o Digno, que está na Região da Direita e que hoje está no Teu corpo material, por esta razão, meu Senhor Jesus, Tu nos disseste: «O que tenha ouvidos para ouvir que oiça», para que Tu, o mais poderoso, saibas de quem é o coração que mais ardentemente se elevará ao Reino dos Céus.”

 

Sucedeu que, quando Maria concluiu estas palavras, Jesus disse: “Bem o disseste Maria porque tu és bendita entre todas as mulheres da Terra e porque serás a plenitude de todas as plenitudes e a perfeição de todas as perfeições”.

 

Quando Maria ouviu o Salvador dizer estas palavras, impres­sionou-se grandemente e aproximou-se de Jesus, prostrou-se ante Ele, venerou os Seus pés e disse-Lhe: “Senhor, escuta-me, que desejo perguntar-Te sobre o que disseste, antes de nos falares sobre as regiões onde foste “. Jesus respondeu a Maria dizendo: “Fala com liberdade e não temas, todas as coisas que tenhas em dúvida, tas revelarei “.

 

E ela disse: “Senhor, conseguirão todos os homens que co­nhecem o Mistério da Magia de todos os Regentes, de todos os Aeons do Destino e daqueles da esfera na forma em que os An­jos que violaram o que lhes foi ensinado; se os invocam nos seus mistérios, quer dizer na sua diabólica magia, impedir as boas ações?”

 

Jesus respondeu e disse a Maria:

 

“Eles não conseguirão como o conseguiram no princípio, porque lhes retirei um terço do seu poder  porém obterão o apoio daqueles que conhecem os Mistérios da Magia do Dé­cimo Terceiro Aeon. E se eles invocam os Mistérios da Magia desses que estão no Aeon Treze, seguramente os obterão, por­que não retirei o poder dessa Região, segundo Mandato do Primeiro Mistério.”

 

E sucedeu, quando Jesus acabou de dizer estas palavras, que Maria continuou novamente dizendo: “Então meu Senhor! Os adivinhadores e consultores não declararão daqui em dian­te aos homens, o que há-de ocorrer-lhes!”

 

E Jesus respondeu a Maria: “Se os profetizadores ou adi­vinhos encontram o Destino e a esfera virados para a esquerda, de acordo com a sua primeira extensão, as suas palavras terão lugar e dirão o que há-de ocorrer. Porém se encontram o Des­tino ou a esfera virados para a direita, as suas palavras não dirão a verdade, pois Eu mudei as suas influências e os seus esquadros e os seus triângulos e os seus octógonos, ao ver que as influências, desde o princípio e daí em diante, estavam con­tinuamente viradas para a esquerda e os seus esquadros e os seus triângulos e os seus octógonos. Agora fiz com que passem seis meses virados para a esquerda e seis meses virados para a direita. Aquele que encontre os seus considerados, desde o momento em que os mudei, ordenando-os de modo que passem seis meses olhando para a sua esquerda e seis meses os seus cursos virados à direita, aquele que os observe desta forma, saberá que as suas influências são seguras e declarará todas as coisas que hão-de fazer. Do mesmo modo, os consultores, se invocam os nomes dos Arcontes e os encontram virados para a esquerda, dirão com exactidão todas as coisas acerca das quais consultem os seus decanos. Pelo contrário, se os consul­tores invocam os seus nomes, quando olham à direita, não terão de prestar-lhes ouvidos porque estão frente a outra forma, em comparação com a sua anterior posição, na que Jeú os havia estabelecido, ao ver que são outros os seus nomes quando estão virados p’rá esquerda e outros os seus nomes quando estão virados p’rá direita e se os invocam quando estão virados para a direita, não dirão a verdade, pois os confundirão com con­fusão e os ameaçarão com ameaças. Então aqueles que não conheçam o seu curso quando estejam virados p’rá direita e os seus triângulos e os seus esquadros e todas as suas figuras, nada certo encontrarão, senão que se confundirão em grande confusão e encontrar-se-ão a si próprios em grande engano porque Eu mudei as obras que eles noutros tempos realizaram, nos seus esquadros, quando estavam virados já à esquerda e os seus triângulos e os seus octógonos, nos quais continua­mente se ocupavam quando estavam virados p’rá esquerda e os fiz gastar seis meses para formar todas as suas configurações viradas p’rá direita a fim de que se confundissem em confusão em toda a sua extensão. E mais ainda, fi-los gastar seis meses virados p’rá esquerda e realizando as suas obras e as suas influências e todas as suas configurações, a fim de que os Arcontes que estão nos Aeons e nas suas esferas e nos seus céus e em todas as suas regiões, possam ser confundidos em con­fusão e enganados em enganos, de modo que não possam com­preender as suas próprias direcções.”

 

Sucedeu então, quando Jesus acabou de dizer estas pala­vras, enquanto Filipe, sentado, escrevia tudo o que Jesus dizia, que Filipe se aproximou, caiu de joelhos e adorou os pés de Jesus, dizendo: “Meu Senhor e Salvador, dá-me autoridade para discorrer ante Ti e perguntar sobre a Tua Palavra, antes que discorras conosco relativamente às regiões às quais foste por motivo do Teu ministério.”

 

E o compassivo Salvador respondeu a Filipe: “Tens permis­são de falar o que desejas.”

 

E Filipe respondeu, dizendo a Jesus: “Meu Senhor! Devi­do a que mistério mudaste a união dos Regentes e dos seus Aeons e o seu Destino e a sua esfera e todas as suas regiões e os confundiste em confusão quanto ao seu caminho e fal­seaste o seu curso? Fizeste-lhes isto para a salvação do mundo, ou não?”

 

E Jesus respondeu a Filipe e a todos os Seus discípulos em conjunto, dizendo-lhes: “Mudei o seu curso pela salvação de todas as Almas. Amén, Amén, vos digo: Se Eu não tivesse mudado o seu curso, uma hoste de Almas teria sido destruída e teriam per­dido longo tempo, se os Arcontes dos Aeons e os Arcontes do Destino e da esfera e de todas as suas regiões e todos os seus céus e todos os seus Aeons não tivessem sido frustrados e as Almas teriam continuado longo tempo aqui fora e o término, o fim do número das Almas perfeitas, ter-se-ía demorado, os quais contarão na Herança do Altíssimo através dos Mistérios e estarão no Tesouro da Luz. Por tal motivo mudei os seus caminhos, para que caíssem em engano e em agitação e entre­gassem o poder que está na matéria do seu mundo e que eles moldam nas Almas, a fim de que aqueles que se salvam possam ser rapidamente purificados e elevados, eles e o inteiro poder  e aqueles que não se salvam, possam ser rapidamente destruídos.”

 

E sucedeu então, quando Jesus acabou de dizer estas pala­vras aos Seus discípulos, que Maria, a honesta no seu discurso e a bendita, se aproximou, caiu aos pés de Jesus e disse: “Meu Senhor,  permite-me falar diante de Ti e não Te indigne que frequentemente Te incomode interrogando-Te “.

 

O Salvado, cheio de compaixão, respondeu dizendo a Ma­ria: “Diz o que desejas e Eu revelar-Me-ei a ti abertamente “.

 

Maria respondeu e disse a Jesus: “Meu Senhor! De que modo se têm demorado as Almas a si mesmas aqui fora e quais as que serão rapidamente purificadas?”

 

E Jesus respondeu a Maria dizendo-lhe: “Bem dito Maria, interrogas bem com a tua excelente pergunta e lanças Luz em todas as coisas com segura precisão. Portanto, de agora em diante nada te ocultarei, mas revelar-te-ei todas as coisas com segurança e franqueza. Escuta pois, Maria, e vós discípulos, escutai: Antes que Eu proclamasse todos os Arcontes dos Aeons e todos os Regentes do Destino e da Esfera, eles estavam ata­dos nas suas ataduras e às suas esferas e aos seus selos, tal como Jeú, o Supervisor da Luz, os havia atado desde o prin­cípio e cada um deles permanecia na sua Ordem e cada um viajava de acordo com a sua direcção, tal como Jeú, o Supervisor da Luz, havia estabelecido.”

 

“E quando chegou o momento do número de Melchizedek, o Grande Receptor de Luz, este foi ao meio dos Aeons e dos Arcontes, os quais estão confinados à Esfera e ao Destino e arrebatou a purificação da Luz de todos os Regentes e dos Aeons e de todos os Arcontes do Destino e daqueles da Esfera -pois Ele inspirava o que os punha em agitação — e pôs em movimento o Apressurado, que está por cima deles e fê-los girar em círculos velozmente e Ele (o Apressurador) arrebatou o poder que neles havia e o alento das suas bocas e as lágri­mas dos seus olhos e o suor dos seus corpos. »

 

“E Melchizedek, o Receptor da Luz, purificou esses poderes e levou a sua luz ao Tesouro da Luz enquanto os servidores de todos os Arcontes juntavam toda a matéria de todos eles. E os servidores dos Regentes do Destino e os servidores da esfera que está debaixo dos Aeons tomam-na e moldam-na em Almas de homens e gado e répteis e animais selvagens e pássaros e enviam-nas para baixo, para o mundo da humanidade. E logo os receptores do sol e os receptores da lua, se olham de cima e veem as configurações dos cursos dos Aeons e as configura­ções do Destino e da Esfera, então tomam-nas da energia da Luz, e os receptores do sol obtêm-na já preparada e deposi­tam-na até que a apresentam aos receptores de Melchizedek, o Purificador da Luz. E trazem o seu material inútil à esfera que está por baixo dos Aeons e moldam-no em Almas de ho­mens, e moldam-no também em Almas de répteis e de gado e de animais selvagens e de pássaros, de acordo com o círculo dos regentes dessa esfera e de acordo com todas as configu­rações da sua revolução e repartem-nas neste mundo de humanidade e convertem-se em Almas nesta região, tal como vos tenho dito.”

 

“Isto, o realizavam eles continuamente, antes que o seu poder fosse diminuído e se desvanecesse e sentiram-se exaustos ou sem energias. O Poder começou a cessar neles de maneira que ficaram esgotados de poder e a sua luz que estava na sua região cessou, o seu reino foi destruído e o Universo rapidamente ascendeu.

 

Ocorreu que quando compreenderam isto e quando o núme­ro da cifra de Melchizedek, o Receptor da Luz, teve lugar,  então Ele teve que sair de novo e entrar no meio de todos os Arcontes do Destino e dos da Esfera e os pôs em agitação e rapidamente os fez abandonar os seus círculos. E desde então viram-se cons­trangidos a procurar o poder fora deles, fora do alento das suas bocas, das lágrimas dos seus olhos e do suor dos seus corpos.

 

“E Melchizedek, o Receptor da Luz, purificou-os e, como continuamente faz, levou a sua luz ao Tesouro da Luz. E todos os Arcontes dos Aeons e os Arcontes do Destino e os da Esfera voltam-se para a matéria inútil, devoram-na e não lhe permi­tem ir converter-se em Almas no mundo. Eles devoram a sua matéria para não se verem sem energia e esgotados e para que seu poder não cesse (neles) nem o seu reino se destrua, a fim de poder prolongar-se e subsistir longo tempo até ao término do número de Almas perfeitas que estarão no Tesouro da Luz.”

 

“Sucedeu então, quando os Arcontes dos Aeons e os do Destino e os da Esfera continuaram realizando isto — voltando­-se para si próprios, devorando a sua matéria inútil e não per­mitindo às Almas nascer no mundo da humanidade a fim de poder continuar a ser Regentes e de que os seus poderes que estão nos seus poderes, ou seja, as Almas, possam passar longo tempo aqui fora — persistiram em fazer isto continuamente du­rante dois círculos. Assim, quando Eu quis ascender para exercer o ministério para que fui chamado por Ordem do Primeiro Mistério, subi até junto dos tiranos dos Arcontes dos Doze Aeons, com a minha Veste de Luz, brilhando tão extraordinariamente que não havia medida para a Luz que Me envolvia.”

 

“E sucedeu então, quando os tiranos viram a grandiosa Luz que Me rodeava, que o Grande Adamas, o Tirano e todos os tiranos dos Doze Aeons, juntos, começaram a lutar contra a Luz da Minha Veste, desejando apoderar-se dela, a fim de per­manecerem no seu império. Isto sem saber contra quem lutavam.”

 

“Quando se aglomeraram e lutaram contra a Luz, a partir de então e por mandato do Primeiro Mistério, Eu mudei os seus caminhos e os cursos dos Aeons e os cursos do seu Destino e da sua Esfera e virei-os seis meses p’rá esquerda, para os triângulos e para os esquadros e para aqueles nos seus aspectos e para os seus octógonos, tal como tinham estado antes. Po­rém, mudei a sua forma de girar ou de enfrentarem outra ordem e fi-los enfrentar outros seis meses, à direita, as obras das suas influências nos esquadros e nos seus triângulos e em todos aqueles nos seus aspectos e nos seus octógonos. E fi-los con­fundirem-se com grande confusão e enganarem-se com grande engano — os Arcontes dos Aeons e todos os Arcontes do Destino e os da Esfera — e coloquei-os em grande agitação e desde então já não são capazes de girar para a sua matéria inútil e devorá-la afim de que as suas regiões continuem a permanecer e eles (eles próprios) possam passar um longo tempo como Arcontes. Porém, quando lhes retirei um terço do seu poder,  mudei as suas esferas para que passassem algum tempo olhando à es­querda e algum tempo olhando à direita. Mudei todo o seu caminho e todo o seu curso, fiz o caminho do seu curso ace­lerar-se para que possam ser,  rapidamente, purificados e rapi­damente elevados. E abreviei os círculos e tornei o seu cami­nho mais veloz e este será sumamente acelerado. Eles foram postos em confusão no seu caminho e desde então já não foram capazes de devorar a matéria dos resíduos da purificação da sua luz.”

 

“Mais ainda, reduzi os seus tempos e os seus períodos de modo a que o perfeito número de Almas que receberão os Mistérios e estarão no Tesouro da Luz se complete rapidamente. Se Eu não tivesse mudado os seus cursos e abreviado os seus períodos, eles não teriam permitido a nenhuma Alma vir ao mundo devido à matéria dos seus resíduos — que tivessem de­vorado — e teriam destruído muitas Almas. Por este motivo vos disse antes: Abreviei os tempos da minha eleição, de outro modo nenhuma Alma poderia ter sido salva. E abreviei os tempos e os períodos devido ao perfeito número de Almas que receberão os Mistérios, quer dizer, os escolhidos, e se Eu não tivesse abreviado os seus períodos, nenhuma Alma material teria sido salva, mas todas teriam perecido no fogo que está na carne dos Regentes. Estas são pois as palavras sobre as quais, com pre­cisão, me interrogaste.”

 

E sucedeu então, quando Jesus acabou de dizer estas pala­vras aos Seus discípulos, que todos caíram, adoraram-nO e disseram-Lhe: “Bendito sejas ante todos os homens, pois nos revelastes estas grandes façanhas

 

Jesus continuou o Seu discurso e disse aos Seus discípulos:

 

“Escutai o relativo às coisas que Me ocorreram entre os Regen­tes dos Doze Aeons e de todos os seus Regentes e todos os seus Senhores e as suas Autoridades e os seus Anjos e os seus Ar­canjos. Quando viram a Veste de Luz que Eu trazia, eles e os seus ímpares, viram, cada um deles, o Mistério dos seus nomes que estavam na Veste de Luz que Me envolvia. Caíram todos, adoraram a Veste de Luz que Me cobria e choraram dizendo:

 

«Como é que o Senhor do Universo passou entre nós sem o sabermos ?» E todos juntos cantaram Louvores aos Interiores dos interiores. E todos os seus triplos poderes e os seus ante­passados e os seus não gerados e os seus autogerados e os seus gerados e os seus Deuses e as suas Chispas de Luz e os seus Portadores de Luz — numa palavra, todos os seus Grandes —viram os tiranos da sua região e que o seu poder diminuía, que se tornavam débeis e caíam num grande, incomensurável temor Contemplaram o Mistério dos seus Nomes na Minha Veste e propuseram-se vir adorar o Mistério dos seus Nomes que estavam na Minha Veste, porém não puderam devido à Grande Luz que Me envolvia. Contudo, adoraram um pouco afastados de Mim e adoraram a Luz da Minha Veste e cho­raram juntos, cantando Louvores aos Interiores dos inte­riores.”

 

“Sucedeu então, quando isto ocorria entre os Tiranos que estavam por baixo destes Regentes, que todos eles perderam poder e caíram ao solo nos seus Aeons e assemelharam-se aos mortos do mundo, sem alento, como no momento em que lhes retirei o seu poder”

 

“Sucedeu em seguida, quando deixei esses Aeons, que cada um desses que era dos Doze Aeons esteve sujeito à sua ordem e todos realizaram as suas obras como Eu havia estabelecido, para que passassem seis meses, virados para a esquerda, rea­lizando as suas Obras, nos seus esquadros e nos seus triângu­los e naqueles em seus aspectos e depois passassem outros seis meses virados para a direita, para os seus triângulos e os seus esquadros e aqueles nos seus aspectos. Assim viajarão aqueles que estão no Destino e na Esfera.”

 

“Então Eu ascendi aos véus do Décimo Terceiro Aeon. E sucedeu, quando lá cheguei, que os véus se separaram por si próprios e se abriram ante Mim. Eu entrei no Décimo Terceiro Aeon e encontrei Pistis Sophia por baixo do Aeon Treze. Estava só, colocada nessa região, sem ninguém junto dela, lamen­tando-se e gemendo porque não tinha sido admitida no Décimo Terceiro Aeon, a sua região imediata mais alta. E também pena­va devido aos tormentos que o Obstinado, que é um dos três triplos poderes, lhe havia infligido. Porém, quando vos falar dele e de sua expansão, dir-vos-ei o Mistério e de como tal coisa lhe ocorreu.

 

“Sucedeu então, quando Pistis Sophía Me viu brilhando extraordinariamente e sem medida a Luz que Me envolvia, que entrou em grande agitação e contemplou a Luz da Minha Veste. Viu o Mistério do seu Nome na Minha Veste e toda a Glória do seu Mistério, pois anteriormente ela tinha estado na Região da Altura, no Décimo Terceiro Aeon. E pôs-se a cantar louvores à Luz mais Alta que tinha visto no véu do Tesouro da Luz.

 

E sucedeu então, quando ela persistiu em cantar louvores à Luz mais Alta, que todos os Regentes que estão com os dois grandes triplos-poderes e o seu (dela) invisível que é o seu par e as outras vinte e duas emanações invisíveis contemplaram a Luz — dado que Pistis Sophia e o seu Par, elas e as outras Vinte e Duas emanações formam as Vinte e Quatro emanações que Antepassado invisível e os Dois grandes Triplos Poderes ema­naram.”

 

Quando Jesus disse isto aos Seus discípulos, sucedeu que Maria se aproximou d’Ele e Lhe disse: “Meu Senhot ouvi-Te dizet há pouco — «Pistis Sophia é em si mesma uma das Vinte e Quatro Emanações» — Porque é que então, não está na sua região? Pois disseste: «Encontrei-a debaixo do Décimo Ter­ceiro Aeon».”

 

A HISTÓRIA DE PISTIS SOPHIA

 

E Jesus respondeu e disse aos Seus discípulos: “Sucedeu, quando Pistis Sophia estava no Décimo Terceiro Aeon, na Região de toda a sua família de Invisíveis, ou seja, as Vinte e Quatro Emanações do Grande Invisível que, por mandato do Primeiro Mistério, Sophia contemplou a Luz. Ela viu a Luz do véu do Tesouro da Luz e desejou chegar a essa região, embora não pudesse alcançá-la. Porém, deixou de realizar o Mistério do Décimo Terceiro Aeon e cantou louvores à Luz das Alturas, que tinha visto na Luz do véu do Tesouro da Luz.”

 

“Então sucedeu, quando ela cantava louvores à Região das Alturas, que todos os Regentes nos Doze Aeons que estão por baixo a detestaram por ela ter cessado nos seus Mistérios e por ter desejado ir à Altura e ficar por cima deles. Por este motivo enfureceram-se contra ela e detestaram-na, (como fez) o gran­de triplo poder Obstinado, que é o terceiro triplo poder que está no Décimo Terceiro Aeon, o que se tinha tornado deso­bediente, já que não tinha emanado em si próprio a purificação total do seu poder e não tinha dado a purificação da sua luz no momento em que os Regentes deram as suas purificações, pois desejava reger sobre os Treze Aeons e sobre os que estao em baixo.”

 

“Sucedeu então, quando os Regentes dos Doze Aeons esta­vam enfurecidos contra Pistis Sophía que está por cima deles e a detestaram sobremaneira, que o Obstinado, o grande triplo poderoso de quem vos falei agora, se uniu aos Regentes dos Doze Aeons e também se enfureceu contra Pistis Sophia e a odiou excessivamente por ela ter pensado ir à Luz que está mais acima dela e emanou um grande poder com rosto de leão e dele, fora da sua matéria, emanou uma hoste de outras violentas emanações materiais e enviou-as às regiões inferio­res, às partes do caos, a fim de que ficassem aí à espera de Pistis Sophia e lhe retirassem o poder por ela ter pensado ir à Altura que está sobre todos eles e, mais ainda, por ter ces­sado de desempenhar o seu Mistério lamentando-se continua­mente e procurando a Luz que havia visto. E os Regentes que persistem em manifestar o Mistério, detestaram-na e todos os guardiões que estão nas portas dos Aeons também a detesta­ram.

 

Sucedeu desde então, por mandato do Primeiro Mistério, que o Obstinado, o grande triplo poderoso, que é um dos tri­plos poderes, perseguiu Sophia no Décimo Terceiro Aeon, a fim de que olhasse para as Partes inferiores, para que visse na Região o seu poder de Luz com rostos de leão e muito mais para além dele e fosse a essa região para que a sua Luz pu­desse ser-lhe suprimida.”

 

“Então ela olhou para baixo e viu a sua luz (a dele) nas Partes inferiores e não soube que era a Luz do Obstinado, o triplo-poderoso, mas pensou que provinha da Luz que tinha visto desde o princípio na Altura a qual procedia do véu do Tesouro da Luz. E pensou para si mesma: «Irei a essa Região sem o meu Par e tomarei a Luz e em seguida moldarei Aeons de Luz, para poder ir à Luz das Luzes, que está no Alto das Alturas».”

 

“Pensando desse modo, saiu da sua própria Região, a do Décimo Terceiro Aeon e desceu à dos Doze Aeons. Os Regentes dos Aeons perseguiram-na e enfureceram-se contra ela, por ter pensado na grandeza. Ela também abandonou a região dos Doze Aeons e entrou nas regiões do Caos e aproximou-se desse poder de luz com rosto de leão, que a devoraria.”

 

“Todas as emanações materiais do Obstinado a rodearam e o Grande Poder de Luz com rosto de leão devorou todos os Poderes de Luz de Sophia; retirou-lhe a sua Luz e devorou-a e a sua matéria foi lançada ao Caos, converteu-se em Regente com rosto de leão no Caos, do qual uma parte é fogo e outra parte obscuridade — isto é Yaldabaoth — de quem vos falei muitas vezes. Quando isto aconteceu, Sophia sentiu-se exausta e o poder de luz com rosto de leão pôs-se a trabalhar para arrebatar a Sophia todos os seus Poderes de Luz, ao mesmo tempo que todos os poderes materiais do Obstinado rodearam Sophia, opri­mindo-a na sua dor”

 

“E Pistis Sophia chorou excessivamente e gritou à Luz das Luzes que tinha visto desde o princípio e na qual tinha tido Fé e expressou o seu Arrependimento, dizendo assim:

 

«1 — Oh Luz das Luzes!, em quem, desde o princípio, eu tive Fé; escuta-me agora, oh Luz!, no meu Arrependimento! Salva-me, oh Luz!, pois entraram em mim maus pensamentos!

 

2 — Olhei, oh Luz!, para as Partes inferiores; vi ali uma luz e pensei: “Irei a essa região a fim de poder tomar essa luz”.

E fui e encontrei-me a mim própria na escuridão que está no Caos de baixo e não pude apressar-me a voltar à minha região porque todas as emanações do Obstinado me prenderam dolorosamente e o poder rosto de leão tirou-me a minha Luz.

 

3 — E gritei pedindo ajuda, mas a minha voz não saiu das Trevas. E olhei para as Alturas para que a Luz na qual eu tive Fé, me ajudasse.

 

4 — E quando olhei para as Alturas, vi todos os Regentes dos Aeons e como em seus Números olhavam para baixo e se regozijavam à minha custa, mesmo quando eu não lhes fizera mal, mas eles detestavam-me sem motivo. E quando as emana­ções do Obstinado viram os Regentes dos Aeons regozijarem­ -se por minha causa, souberam que os Regentes dos Aeons não viriam em minha ajuda; assim essas emanações animaram-se e oprimiram-me dolorosamente, com violência e a luz que eu não tomei delas, tomaram-na de mim.

 

5 — Agora e portanto, oh Luz da Verdade! Tu que sabes que eu fiz isto inocente, pensando que o poder-luz com rosto de leão Te pertencia, o pecado que cometi é evidente para Ti.

 

6 — Não permitas que me falte a minha Luz, oh Senhor! Pois eu, desde o princípio, tive Fé na Tua Luz, oh Senhor! Oh Senhor dos Poderes! Que eu não sofra mais por falta da minha Luz!

 

7 — Pois por me teres induzido e por Amor à Tua Luz, caí nesta opressão e vejo-me coberta de vergonha.

 

8 — E pela ilusão da Tua Luz, converti-me numa estranha para a minha família, os Invisíveis, e para as Grandes Ema­nações de Barbelo.

 

9 — Isto aconteceu-me, oh Luz!, por ter ambicionado a Tua morada e a ira do Obstinado caiu sobre mim; ele, que não es­cutou o Teu mandato para emanar a emanação do seu poder porque eu estava no seu Aeon sem desempenhar o seu mistério.

 

10 — E todos os Regentes dos Aeons se riram de mim.

 

11 — E eu estava nessa região, lamentando-me e procuran­do a Luz que vira nas Alturas.

 

12 — E os Guardiões das portas dos Aeons procuraram-me e todos os que permaneciam no seu Mistério se riram de mim.

 

13 — Mas eu olhei as Alturas, para Ti e tive Fé (em Ti). Agora e portanto, oh Luz das Luzes!, encontro-me dolorosa­mente oprimida na escuridão do Caos. Se agora Tu desejas salvar-me, — grande é a Tua Misericórdia —, escuta-me então de verdade e salva-me.

 

14 — Retira-me da escuridão desta matéria! Que não me submerja nela, que eu seja salva das emanações do deus Obstinado que me tem oprimida e das suas más acções.

 

15 — Não permitas que me submerja nestas Trevas e não per­mitas que o poder rosto de leão devore por completo todo o meu poder.. e não permitas que este Caos amortalhe o meu poder!

 

16 — Escuta-me, oh Luz!, pois a Tua Graça é preciosa e olha-me, para baixo, de acordo com a Grande Misericórdia da Tua Luz!

 

17— Não me vires o rosto pois estou sumamente atormentada.

 

18 — Apressa-Te, escuta-me e salva o meu Poder!

 

19— Salva-me dos Regentes que me detestam, pois Tu sabes da minha dolorosa opressão e do meu tormento, do tormento do meu Poder que eles me tiraram. Eles, que me colocaram em todo este mal, estão ante Ti; trata-os segundo o Teu desejo.

 

20— O meu Poder olhou para diante no meio do Caos e no meio da Escuridão e esperei pelo meu Par, ele que devia vir e lutar por mim, mas que não veio, o que eu procurei para que viesse e me emprestasse Poder, mas que não encontrei.

 

21 — E quando procurei a Luz, eles deram-me Trevas e quando procurei o meu Poder, eles deram-me matéria…

 

22 — Agora portanto, oh Luz das Luzes!, que a obscuridade e a matéria que as emanações do Obstinado me trouxeram che­guem até eles, os observem e que sejam aí apanhados e cas­tigados e que sejam forçados a tropeçar e a não voltar à região do seu Obstinado.

 

23— Que permaneçam na escuridão e não vejam a Luz; que olhem o Caos para sempre e não lhes seja permitido olhar para a Altura.

 

24 — Caiam sobre eles as suas próprias vinganças e que o Teu Juízo neles permaneça!

 

25 — Que não venham, daqui em diante, à sua região, ao seu deus Obstinado e que as suas emanações não venham, daqui em diante, até às suas regiões; pois o seu «deus» é ímpio e obstinado, o qual pensou que fiz este mal, por si mesmo, sem saber que, se não tivesse sido eu trazida para baixo de acordo com o Teu Mandato, ele não teria tido qualquer autoridade sobre mim.

 

26— Porém quando Tu, por Teu próprio Mandato, me trou­xeste para baixo, mais eles me perseguiram e as suas ema­nações acrescentaram tormento à minha humilhação.

 

27— E eles tiraram-me o Poder de Luz e caíram sobre mim, oprimindo-me até à dor, a fim de levar toda a Luz que havia em mim. Por isto em que me colocaram, que não ascendam ao Décimo Terceiro Aeon, a Região da Justiça.

 

28 — E que não sejam considerados no lote d’Aqueles que se purificam a si próprios e à Luz e que não sejam conside­rados entre Aqueles que rapidamente se arrependerão e rapi­damente poderão receber Mistérios na Luz.

 

29 — Pois eles tiraram-me a Luz e o meu Poder começou a cessar e fui destituída da minha Luz.

 

30 — Agora e portanto, oh Luz!, que estás em Ti e em mim, eu canto louvores ao Teu Nome, oh Luz!, glorfïcando-Te.

 

31 — Que o meu «Canto» de louvor seja do Teu agrado, oh Luz! Como um Mistério admirável que guia às portas da Luz, às quais Aqueles que se arrependerão, o pronunciarão e aos quais a Luz purificará.

 

32 — Agora e portanto, que todas as matérias se regozijem, que toda a Luz Te busque e que o poder das estrelas que está em Ti, perdure.

 

33 — Pois a Luz ouviu as matérias e a ninguém deixará sem as haver purificado.

 

34 — Que as Almas e as matérias, louvem o Senhor de todos os Aeons e que as matérias e tudo o que nelas há, o louvem.

 

35 — Pois Deus lhes salvará a Alma de todas as matérias e uma cidade será preparada na Luz e todas as Almas que se salvem habitarão nessa Cidade e a Herdarão.

 

36—A Alma d’Aqueles que receberão os Mistérios habitará nessa Região e Aqueles que tenham recebido Mistérios em seu Nome, morarão nela. »

 

Sucedeu então, quando Jesus havia dito estas palavras aos Seus discípulos, que também lhes disse: “Esta é a canção de louvor que Pistis Sophia expressou no seu primeiro Arrependi­mento, arrependendo-se do seu pecado, recitando tudo aquilo que lhe ocorreu. Agora, portanto: «O que tenha ouvidos para ouvir que ouça» “.

 

Maria novamente se aproximou e disse-Lhe: “Meu Senhor, o  meu Espírito de Luz tem ouvidos e eu oiço com o meu Poder de Luz e o Teu Espírito que está em mim, serenou-me. Escuta pois e que eu possa falar em relação ao Arrependimento que Pistis Sophia expressou, ao falar do seu pecado e de tudo o que lhe ocorreu. O Teu Poder de Luz profetizou isto, anteriormente, através do Profeta David, no Salmo Sexagésimo Oitavo:

 

«1 — Salva-me oh Deus! Pois as águas chegam até à minha Alma.

 

2 — Afundo-me ou estou já submersa no lodo do Abismo e impotente. Desci às profundidades do mar,  uma tempestade me submergiu.

 

3 — Permaneci em choro, a minha garganta emudeceu e os meus olhos entristeceram, esperando pacientemente por Deus.

 

4— Aqueles que me odeiam sem motivo são muitos mais que os cabelos da minha cabeça; fortes são os meus inimigos que violentamente me perseguem. Exigem-me aquilo que deles não tomei.

 

5 — Deus, Tu conheces a minha insensatez e as minhas fal­tas não se Te ocultam.

 

6 — Que os que em Ti esperam, oh Senhor! Senhor dos Poderes!, não se envergonhem por minha causa; que aqueles que Te procuram não sofram vergonha por minha causa. Oh Senhor,  Deus de Israel, Deus dos Poderes!

 

7 — Pois por Tua causa suportei a vergonha; a vergonha cobriu o meu rosto.

 

8 — Converti-me numa estranha para a minha família, uma estranha para os filhos da minha mãe.

 

9 — Pois o zelo da Tua Casa me consumiu e as injúrias daqueles que Te vilipendiam caíram sobre mim.

 

10 — Dei forma à minha Alma à pressa e foi-me devolvida, para minha reprovação.

 

11 — Apliquei-me silícios e converti-me em provérbio para eles.

 

12 — Os que estão sentados às portas conversaram comigo e os que bebem vinho, cantaram perto de mim.

 

13 — Porém, eu orei com a minha Alma a Ti, oh Senhor! O tempo da Tua benevolência chegou, oh Deus! Na plenitude da Tua Graça, presta ouvidos, verdadeiramente, à minha sal­vação.

 

14 — Retira-me deste lodo. Que nele não me afunde. Permi­te que seja salva daqueles que me odeiam e das profundidades das águas.

 

15 — Que não me afunde num fluxo de águas, que não me trague a profundidade, que o poço não feche a sua boca sobre mim.

 

16 — Escuta-me, oh Senhor! Pela Tua grande Misericórdia, conforme a abundância da Tua Compaixão olha para baixo, para mim.

 

17 — Não vires o Teu Rosto a esta Tua serva, pois estou oprimida.

 

18 — Escuta-me pressuroso, presta atenção à minha Alma e redime-a.

 

19— Salva-me dos meus inimigos pois Tu conheces a minha desgraça, a minha vergonha e a minha desonra; todos os meus opressores estão ante Ti.

 

20— O meu coração sofreu a desgraça e a miséria e esperei por alguém que se preocupasse comigo, porém não chegou; esperei pelo que havia de confortar-me, porém não o encontrei.

 

21 — Por alimento deram-me fel e para a minha sede deram­-me vinagre a beber

 

22 — Sirva a sua mesa de armadilha para eles e de chama­riz, recompensa e tropeço.

 

23 — Que os faças inclinar os seus dorsos a todo o mo­mento.

 

24 — Derrama a Tua indignação sobre eles, assim como a Tua ira e que o Teu furor os intimide.

 

25 — Que a sua casa de campo se veja destruída, que não haja moradores nos seus aposentos.

 

26 — Pois eles perseguiram aquele a quem Tu havias cas­tigado e aumentaram o ardor das suas feridas.

 

27— Porque acrescentaram iniquidade às suas iniquidades, que não entrem na Tua Justiça.

 

28 — Que sejam apagados do livro dos viventes e que não sejam inscritos entre os Justos.

 

29 — Sou uma pobre infeliz que também tem o coração partido. Porém, a salvação do Teu

Rosto foi o que me exaltou.

 

30 — Louvarei o Nome de Deus na «ode» e exaltá-lo-ei na canção de graças.

 

31 — Isto agradará mais a Deus que um touro jovem inves­tindo com cornos e unhas.

 

32 — Que os infelizes vejam isto e se alegrem; que Te pro­curem, oh Deus! E que as suas

Almas vivam.

 

33 — Pois Deus ouviu o desventurado e não desprezou os prisioneiros.

 

34 — Que o Céu e a Terra louvem o Senhor,  o mar e tudo que este contém.

 

35 — Pois Deus salvará Sião e as cidades da Judeia serão construídas e eles habitarão

nelas e as herdarão.

 

36 — A semente dos Teus servos a possuirá e aqueles que amem o seu Nome morarão

aí.»”

 

E sucedeu então, quando Maria acabou de dizer estas pa­lavras a Jesus, no meio dos Seus discípulos, que Lhe disse:

 

“Meu Senhor, esta é a solução do Mistério do Arrependimento de Pistis Sophia “.

 

E quando Jesus escutou estas palavras de Maria, disse-lhe:

 

“Bem o disseste Maria, a bendita, a plenitude ou plenitude bendita, tu a quem haverá de cantar-se como a bendita em todas as gerações”.

 

Jesus prosseguiu com o Seu discurso e disse: “Pistis Sophia continuou e continua cantando louvores num Segundo Arrepen­dimento, expressando-se assim:

 

1 — Luz de Luzes em quem tive Fé, não me deixes na obs­curidade até ao fim dos meus dias.

 

2 — Ajuda-me e salva-me através dos Teus Mistérios, inclina Teu ouvido para mim e salva-me.

 

3— Que o poder da Tua Luz me salve e me leve até aos mais altos Aeons, pois Tu me salvarás e guiarás à altura dos Teus Aeons.

 

4 — Salva-me, oh Luz!, da mão deste poder rosto de leão e das mãos das emanações do deus Obstinado.

 

5 — Porque és Tu, oh Luz!, Aquele em cuja Luz tive fé e em cuja Luz confiei desde o princípio.

 

6 — Eu tive Fé nela desde o momento em que me emanou e naquele em que Tu mesmo fizeste que eu emanasse e tive Fé na Tua Luz desde o princípio.

 

7— E quando tive Fé em Ti, os Regentes dos Aeons riram-se de mim, dizendo: «Ela cessou no seu Mistério». Tu és o meu Salvador e Redentor e Tu és o meu Mistério, oh Luz!

 

8—A minha boca encheu-se de louvares. Que eu possa falar do Mistério da Tua grandeza a todo o momento.

 

9 — Agora e portanto, oh Luz! Não me deixes no Caos até ao término dos meus dias. Não me abandones, oh Luz!

 

10 — Pois todas as emanações do Obstinado me retira­ram todo o meu Poder-Luz e me derrotaram. Elas desejam arrebatar toda a minha Luz, por completo e vigiam o meu Poder

 

11 — Dizem umas às outras: «A Luz abandonou-a. Captu­remos e arrebatemos toda a Luz que nela há. »

 

12 — Portanto, oh Luz! Não me deixes. Vira-Te, oh Luz! E salva-me das mãos dos inmisericordiosos.

 

13 — Que aqueles que arrebatam o meu Poder,  caiam e se tornem impotentes. Que aqueles que arrebatam o meu Poder­ -Luz se vejam envolvidos na escuridão e afundados na impo­tência.

Este é o Segundo Arrependimento que Sophia pronunciou cantando louvores à Luz.”

 

E quando Jesus acabou de dizer estas palavras aos Seus discípulos, perguntou-lhes: “Compreendeis a forma como dis­corro convosco?

 

Pedro adiantou-se e disse a Jesus: “Meu Senhor, não aguen­taremos esta mulher pois retira-nos a oportunidade e não nos deixa falar,  a nenhum de nós, já que discorre muitas vezes.

 

E Jesus, respondendo, disse aos Seus discípulos: “Deixai que aquele em quem se agitar o Poder do seu Espírito se adiante e fale, para que compreenda o que digo; mas agora, Pedro, vejo que o teu Poder compreendeu a solução do Mis­tério do Arrependimento que Pistis Sophia pronunciou. Portanto, Pedro, expressa agora a idéia do seu Arrepen­dimento no meio dos teus irmãos.”

 

E Pedro respondeu dizendo a Jesus: “Oh Senhor! Escuta, pois poderia explicar a idéia do seu Arrependimento, a qual anteriormente o Teu Poder profetizou através do Profeta David que expressou este Arrependimento no Septuagésimo Salmo:

 

1 — Oh Deus! Meu Deus, em Ti confiei! Não permitas que seja posto em desgraça para sempre.

 

2— Salva-me na Tua Virtude e livra-me; inclina o Teu ouvido para mim e salva-me.

 

3 — Sê para mim um Deus forte e um firme lugar onde me refugiar,  pois Tu és a minha força e o meu refúgio.

 

4 — Meu Deus, salva-me da mão do pecador e da mão do transgressor e do ímpio (Uno).

 

5— Pois Tu és a minha resistência, oh Senhor! Tu és a minha esperança desde a juventude.

 

6 — Eu próprio confiei em Ti desde o ventre da minha mãe. Tu me retiraste do seu ventre. A minha recordação és sem­pre Tu.

 

7 — Cheguei a ser um louco para muitos, Tu és a minha ajuda e a minha força, Tu és o meu redentor,  oh Senhor!

 

8 — A minha boca está cheia de louvares. Que eu possa louvar a glória do Teu esplendor durante todo o dia.

 

9 — Não me expulses de Ti nos dias da velhice; se a minha Alma desanima, não me abandones.

 

10— Pois os meus inimigos falam com maldade contra mim e aqueles que esperam pela minha Alma aconselham-se con­tra ela.

 

11 — Dizem entre eles: Deus abandonou-o, persigamo-lo e apoderemo-nos dele, pois não há quem o salve.

 

12 — Deus, apressa-Te a ajudar-me.

 

13 — Que aqueles que caluniam a minha Alma, sofram a vergonha e sejam destruídos. Que a vergonha e a desgraça envolvam os que procuram o meu mal.

 

Esta é, pois, a solução do Segundo Arrependimento que Pistís Sophia expressou.

 

O Salvador respondeu a Pedro dizendo-lhe: “Muito bem Pedro! Esta é a solução do seu Arrependimento. Bendito sejas ante todos os homens na Terra porque Eu te revelei estes Mis­térios. Amén, Amén te digo: aperfeiçoar-te-ei em toda a pleni­tude desde os mistérios do interior até aos mistérios do exterior e encher-te-ei com o Espírito, de modo que serás chamado «Espi­ritual, Aperfeiçoado em toda a plenitude». E Amén, Amén te digo: dar-te-ei todos os Mistérios de todas as regiões do meu Pai e de todas as regiões do Primeiro Mistério de forma que aquele a quem admitas na Terra, admitido será na Luz da Altura e aquele a quem expulses na Terra, expulso será do Reino do meu Pai no Céu. Porém escuta, ouve atentamente todos os Arrependimentos que Pistis Sophia expressou. “Ela continuou e expressou o Terceiro Arrependimento, di­zendo:

 

«1 — Oh Luz de Poderes! Atende-me e salva-me.

 

2 — Que aqueles que arrebatam a minha Luz careçam dela e permaneçam na escuridão. Que aqueles que arrebatam o meu Poder retornem ao Caos e sejam postos em vergonha.

 

3 — Que retornem rapidamente à escuridão aqueles que me lastimam e dizem: “Agora somos os seus amos “.

 

4 — Pelo contrário, que aqueles que procuram a Luz se re­gozijem e alvorocem e que aqueles que desejam o Mistério digam sempre: “Que o Mistério seja exaltado “.

 

5 — Salva-me pois agora, oh Luz! Pois careço da minha Luz, a qual eles me arrebataram. Necessito do meu Poder,  que eles me retiraram. Assim pois, oh Luz! Tu és o meu Sal­vador e Tu és o meu Redentor. Oh Luz! Retira-me prontamente deste Caos. »

 

E sucedeu então, quando Jesus acabou de dizer estas pala­vras, que falou assim aos Seus discípulos: “Este é o Terceiro Arrependimento de Pistis Sophia.” E disse-lhes: “Permiti que aquele em quem surgiu o Espírito sensitivo se adiante e fale so­bre a idéia do Arrependimento que Pistis Sophia expressou

 

E ocorreu então, antes que Jesus acabasse de falar,  que Martha se adiantou e caiu aos seus pés, beijou-os, chorou em voz alta e expressou as suas lamentações e a sua humildade, dizendo: “Meu Senhor,  tem piedade, tem compaixão de mim e permite-me dizer da solução do Arrependimento que Pistis Sophia expressou”.

 

E Jesus deu a mão a Martha e disse: “Bendito todo aquele que se humilha porque eles terão misericórdia dele. Agora e portanto, Martha, és bendita, mas proclama já a solução da idéia do Arrependimento de Pistis Sophia “.

 

E Martha respondeu a Jesus dizendo, no meio dos Seus discípulos: “Quanto ao Arrependimento que Pistis Sophia expressou, oh meu Senhor Jesus, dele o teu Poder-Luz profe­tizou anteriormente, através de David, no Salmo Sexagésimo Nono, dizendo:

 

1 — Oh Senhor Deus! Apressa-Te a ajudar-me.

 

2 — Permite que sejam confundidos e envergonhados os que perseguem a minha Alma.

 

3 — Que se retirem cheios de confusão e plenos de vergonha aqueles que se riem de mim.

 

4— Regozijem-se e alegrem-se todos aqueles que Te buscam e os que amam a Tua salvação, digam sempre: «Glorificado seja Deus. »

 

5— Mas eu sou miserável e pobre, oh Senhor! Ajuda-me. Tu és o meu protector e a minha defesa, oh Senhor! Não te demo­res.

 

Esta é a solução do Terceiro Arrependimento que Pistis Sophia expressara cantando louvares à Altura.”

 

Ocorreu então, quando Jesus ouviu Martha dizer estas pala­vras, que lhe disse: “Muito bem o disseste Martha.”

 

E Jesus prosseguiu o Seu discurso e disse aos Seus discípu­los: “Pistis Sophia continuou de novo, no Quarto Arrependi­mento, recitando-o antes de se ter visto oprimida pela segunda vez, para que o poder rosto de leão e com ele todas as ema­nações materiais que o Obstinado havia enviado ao Caos, não arrebatassem toda a Luz que nela havia. E expressou pois o seu Arrependimento como se segue:

 

«1 — Oh Luz em quem confiei! Presta ouvidos ao meu Arrependimento e deixa que a minha voz chegue à Tua mo­rada.

 

2 — Não retires de mim a Tua Imagem-Luz, mas atende-me se eles me oprimem e salva-me prontamente no momento em que Te chame.

 

3 — Pois os meus dias se desvanecem como um suspiro e converto-me em matéria.

 

4 — Eles retiraram-me a minha Luz e o meu Poder extin­guiu-se. Esqueci o meu Mistério que já não consumarei.

 

5 — Devido à voz do medo e ao poder do Obstinado, o meu Poder desvaneceu-se.

 

6 — Tornei-me num demónio à parte que mora na matéria e que carece de Luz e tornei-me num falso espírito que está num corpo material e que carece de Luz e Poder

 

7 — Tornei-me num decano solitário no ar

 

8— As emanações do Obstinado oprimiram-me e o meu Par disse a si mesmo:

 

9 — Em vez da Luz que havia nela, eles encheram-na de Caos. Devorei o aprazível da minha própria matéria e a an­gústia das lágrimas da matéria nos meus olhos, para que aque­les que me oprimem não possam tirar-me o restante.

 

10 — Tudo isto caiu sobre mim por Teu mandato, oh Luz! E é por Tua ordem que eu estou aqui.

 

11 — O Teu mandato trouxe-me até baixo e estou na descida como um poder do Caos e o meu Poder está paralisado em mim.

 

12 — Porém Tu, oh Senhor! És Luz Eterna e visitas aqueles que estão oprimidos para sempre.

 

13 — Agora e portanto, oh Luz! Surge e busca o meu Poder e a Alma que está em mim. A Tua ordem está cumprida e o que Tu decretaste para mim nas minhas aflições. O meu momento chegou, aquele no qual Tu terias de procurar o meu Poder e a minha Alma. Este é o momento decretado por Ti para buscar-me.

 

14 — Pois os Teus redentores buscaram o Poder que está na minha Alma, porque o número está completo e também para que a sua matéria seja salva.

 

15 — E então, nesse momento, todos os Regentes dos Aeons materiais sentirão o temor da Tua Luz e todas as emanações do Décimo Terceiro Aeon material sentirão o temor do Mistério da Tua Luz de modo que os outros possam lograr a purificação da sua luz.

 

16— Pois o Senhor buscará o poder da tua Alma. Ele reve­lou o Seu Mistério.

 

17 — Para que possa observar o Arrependimento daqueles que estão nas regiões inferiores. Ele não ignorou o seu Arrepen­dimento.

 

18— Este é, pois, esse Mistério que chegou a ser modelo da raça que haverá de nascer. E essa raça cantará louvares à Altura.

 

19 — Pois a Luz olhou para baixo da Altura da Sua Luz. Olhará para baixo para a matéria total.

 

20 — Para ouvir a lamentação daqueles que estão agrilho­ados, para libertar o poder das Almas, o qual está atado.

 

21 — De modo que possa pôr o Seu Nome na Alma e o Seu Mistério no Poder»”

 

Sucedeu então, enquanto Jesus pronunciava estas palavras, que lhes disse: “Este é o Quarto Arrependimento que Pistis Sophia expressara; agora, portanto, deixai que aquele que entendeu entenda “. E ocorreu então, ao dizer Jesus estas palavras, que João se adiantou, adorou o peito de Jesus e Lhe disse: “Meu Senhor,  ordena-me e permite-me dizer a solução do Quarto Arrependimento que Pistis Sophia ex­pressou “.

 

Jesus disse a João: “Dou-te a ordem e permito-te que digas a solução do Arrependimento que Pistis Sophia ex­pressou ‘.

 

E João respondeu dizendo: “Meu Senhor e Salvador, quanto a este Arrependimento que Pistis Sophia expressou, o Teu Poder-Luz, que esteve em David, profetizou-o, anteriormente, no Sal­mo Centésimo Primeiro:

 

1 — Senhor, ouve a minha súplica e permite que a minha voz chegue a Ti.

 

2 — Não desvies o Teu rosto de mim; inclina o Teu ouvido para mim no dia em que esteja oprimido; ouve-me com pron­tidão no dia em que clame por Ti.

 

3 — Pois os meus dias desvanecem-se como fumo e os meus ossos estão secos como a pedra.

 

4 — Estou esgotado como o pasto e meu coração está seco pois esqueci-me de comer o meu pão.

 

5 — Da voz dos meus lamentos, os meus ossos rasgam-me a carne.

 

6 — Sou agora como um pelicano no deserto. Converti-me num «mocho de casa».

 

7 — Passei a noite em vigília; converti-me num «gorrião» solitário no telhado.

 

8 — Os meus inimigos vilipendiaram-me durante todo o dia e aqueles que me honravam injuriaram-me.

 

9— Pois comi cinzas em vez do meu pão e misturei a minha bebida com lágrimas.

 

10 — Devido à Tua ira e indignação. Pois Tu me levantaste e derrubaste.

 

11 — Os meus dias declinaram como uma sombra e estou esgotado como o pasto.

 

12 — Porém Tu, oh Senhor! Perduras para sempre, assim como a Tua lembrança na geração de todas as gerações.

 

13 — Aparece e tem piedade de Sião, pois chegou o dia de se ter piedade dela. O preciso momento chegou.

 

14 — Os Teus servos suspiraram pelas suas pedras e terão piedade do seu solo.

 

15 — E as Nações temerão o Nome do Senhor e os Reis da Terra temerão a Tua Soberania.

 

16— Pois o Senhor construirá Sião e revelar-se-á a Si próprio na Sua Soberania.

 

17 — Ele tomou em conta a oração do humilde e não des­prezou as suas súplicas.

 

18 — Isto será registado para outra geração, e o povo que será criado louvará o Senhor.

 

19 — Porque Ele olhou para baixo, da Sua Santa Altitude. O Senhor olhou para baixo, do Céu sobre a Terra.

 

20— Para escutar os lamentos dos acorrentados, para liber­tar os filhos daqueles que estão mortos.

 

21 — Para proclamar o Nome do Senhor em Sião e a sua glorificação em Jerusalém.

 

Isto, Senhor,  é a solução do Mistério do Arrependimento que Pistis Sophia expressou.

 

E sucedeu então, quando João acabou de dizer estas pala­vras a Jesus, no meio dos discípulos, que Jesus lhe respondeu:

 

“Bem dito João, o Puro, que reinarás no Reino da Luz “.

 

Jesus continuou o Seu discurso dizendo aos Seus discípulos:

 

“Ocorreu de novo que as emanações do Obstinado voltaram a oprimir Pistis Sophia no Caos, desejando arrebatar-lhe toda a sua Luz; ainda não se tinha cumprido o mandato para retirá­-la do Caos e ainda não se tinha ordenado, através do Primeiro Mistério, salvá-la do Caos. Assim pois, quando todas as ema­nações materiais do Obstinado a oprimiam, Ela clamou e ex­pressou o seu Quinto Arrependimento dizendo:

 

1 — Luz de minha salvação, canto-Te o meu louvor na Re­gião das Alturas e também no Caos.

 

2 — Canto a Ti o meu louvor com o hino que cantei nas Al­turas e com ele Te louvei quando estive no Caos. Permite-me chegar à Tua presença e ouve, oh Luz!, o meu

Arrependimento.

 

3 — Pois o meu Poder está cheio de obscuridade e a minha Luz esfumou-se no Caos.

 

4 — Cheguei a ser como os Regentes do Caos que entraram nas trevas que há em baixo. Tornei-me num corpo material que não tem ninguém na Altura que o salve.

 

5 — Sou também como as matérias a quem o poder foi arrebatado e são arrojadas ao Caos, matérias, a quem Tu não salvaste e que estão absolutamente condenadas por Teu mandato.

 

6 — Agora e portanto, puseram-me nas trevas de baixo, na obscuridade e entre matérias que estão mortas e carecem de poder

 

7— Tu efectuaste o Teu mandato em mim e todas as coisas que decretaste.

 

8 — E o Teu Espírito afastou-se, abandonando-me. E mais ainda, por Teu mandato, as emanações do meu Aeon não me ajudaram, detestaram-me e separaram-se de mim e, ainda assim, não estou totalmente destruída.

 

9— E diminuiu em mim a minha Luz e clamei pela Luz com a Luz que ainda há em mim e elevei as mãos para Ti.

 

10 — Agora e portanto, oh Luz! Não cumprirás o Teu man­dato no Caos e os mensageiros que vêm de acordo com as Tuas ordens não se elevarão na obscuridade e virão e serão Teus discípulos?

 

11 — Não gritarão o Mistério do Teu Nome no Caos?

 

12— Ou não pronunciarão talvez o Teu Nome numa matéria do Caos na qual Tu (Tu mesmo) não Te purificarás?

 

13 — Mas Eu cantei-Te louvores, oh Luz! E o meu Arre­pendimento chegará a Ti na Altura.

 

14 — Deixa que a Luz venha até mim.

 

15 — Pois eles arrebataram a minha Luz e estou em tribu­lação por causa da Luz, desde o momento em que fui emanada. E quando olhei a Luz na Altura e vi, em baixo, o poder da Luz no Caos, levantei-me e caí.

 

16 — O Teu mandato veio sobre mim e os terrores que de­cretaste para mim levaram-me ao engano.

 

17 — E rodeando-me em grande quantidade, semelhante a água, mantiveram-se junto de mim o tempo todo.

 

18— E por Teu mandato, não fizeste as emanações dos meus companheiros ajudarem-me, nem o meu Par salvar-me das minhas aflições.

 

Este é pois, o Quinto Arrependimento que Pistis Sophia expressou no Caos, quando todas as emanações materiais do Obstinado continuavam a oprimi-la.”

 

Quando Jesus disse estas palavras aos Seus discípulos, pros­seguiu: “Quem tenha ouvidos para ouvir,  que oiça e aquele em quem o Espírito arde que se aproxime e diga a solução da idéia do Quinto Arrependimento de Pistis Sophia”.

 

E quando Jesus acabou de dizer estas palavras, Filipe adian­tou-se, levantou e poisou o livro que levava nas mãos — pois é o Escriba de todos os discursos e actos praticados por Jesus, aproximou-se e disse: “Meu Senhor, seguramente não foi só a mim que encarregaste de ocupar-se do Mundo e de escrever todos os discursos que pronunciaremos e o que faremos todos nós e, todavia, Tu não me fizeste vir aqui para dizer a solução dos Mistérios do Arrependimento de Pistis Sophia mas, cons­tantemente, o meu Espírito me abrasa constrangendo-me a adiantar-me aqui e dizer a solução do Arrependimento de Pistis Sophia mas não tenho podido fazê-lo porque sou o Escriba de todos os discursos.

 

E sucedeu então, quando Jesus escutou Filipe, que lhe dis­se: “Escuta Filipe, bendito, com quem falo: és tu, Tomé e Ma­teus a quem o Primeiro Mistério manda escrever todos os discursos que Eu direi e tudo o que farei e todas as coisas que vereis. Mas, quanto a ti, o número de discursos que escreveste não está ainda completo. Quando estiver, virás e proclamarás o que te agrade. Agora e portanto, vós os três tereis de escrever todos os discursos que direi (todas as coisas que farei) e que vereis, a fim de que possais ser testemunhas de todas as coisas do Reino dos Céus “.

 

Quando Jesus concluiu, disse aos Seus discípulos: “O que tenha ouvidos para ouvir que oiça “. Maria de novo se adiantou e dando uns passos para o cen­tro onde estavam reunidos colocou-se junto de Filipe e disse a Jesus: “Meu Senhor, a Luz que está em mim tem ouvidos e eu estou pronta a escutar o meu Poder porque compreendi a pala­vra que pronunciaste. Agora pois, meu Senhor, escuta o meu sincero discurso, Tu que nos disseste: «O que tenha ouvidos para ouvir que oiça».

 

Como disseste a Filipe: «És tu, Tomé e Mateus a quem o Primeiro Mistério manda escrever todos os discursos do Reino da Luz e ser testemunhas», escuta então e que eu proclame a solução dessas palavras. São as que o Teu poder de Luz profeti­zou anteriormente, através de Moisés: «Todo o assunto estabe­lecer-se-á mediante Três Testemunhas».

 

As Três Testemunhas são Filipe, Tomé e Mateus.”

 

E ocorreu então que Jesus, ao escutar estas palavras, disse: “Bem falaste, Maria. Esta é a solução das palavras. Agora e portanto, vem tu Filipe e proclama a solução do Quinto Arrependimento de Pistis Sophia; depois tomarás assento e escreverás os discursos que Eu pronunciarei até que o correspondente número de palavras que terás de es­crever sobre o Reino da Luz esteja completo. Depois virás e proclamarás o que o teu Espírito entenda. Mas agora proclama a solução do Quinto Arrependimento de Pistis Sophia.

 

E Filipe respondeu a Jesus dizendo: “Meu Senhor,  escuta a minha solução do seu Arrependimento. O Teu Poder profetizou anteriormente, em relação a ele, através de David no seu Salmo Octogésimo Sétimo, dizendo:

 

1 — Senhor, Deus da minha salvação, dia e noite Te chamei.

 

2 — Deixa-me chorar ante Ti; presta ouvidos à minha súpli­ca, oh Senhor!

 

3 — Pois a minha Alma está cheia de maldade e fui arras­tado para o mundo inferior

 

4 — Encontro-me entre aqueles que baixaram à fossa; sou como um homem que não tem quem o ajude.

 

5 — Os livres entre os mortos são como os assassinados que são arrojados para longe e dormem nas tumbas, a quem Tu não recordas mais e são destruídos por meio das Tuas mãos.

 

6 — Puseram-me numa fossa inferior, na obscuridade e nas sombras da morte.

 

7 — A Tua ira apagou-se e os Teus cuidados chegaram até mim. (Selah).

 

8 — Tu afastaste de mim os meus amigos e eles tornaram-me abominável aos seus olhos. Abandonaram-me e eu nao posso sair daqui.

 

9—A minha vista obscureceu-se na minha miséria; chamei-Te, oh Senhor!, todo o dia e levantei para Ti os meus braços.

 

10— Acaso não farás maravilhas com os mortos? Acaso os médicos não se levantam e Te confessam?

 

11 — Acaso não proclamarão o Teu Nome nas tumbas?

 

12 — E a Tua Virtude numa terra que esqueceste?

 

13 — Mas eu chamei-Te, oh Senhor! E a minha oração al­cançar-Te-á pela manhã.

 

14 — Não retires de mim o Teu olhar.

 

15 — Pois sou miserável e sofro desde a minha juventude. E quando me exalto a mim mesmo, humilho-me e levanto-me.

 

16 — Os Teus desgostos chegaram a mim e os Teus terrores levaram-me ao engano.

 

17— Rodearam-me como a água. Tornaram-me prisioneiro durante todo o dia.

 

18—Afastaste de mim os meus companheiros e as minhas amizades da minha miséria.

 

Esta é, pois, a solução relativa ao Mistério do Quinto Ar­rependimento que Pistis Sophia pronunciou quando esteve opri­mida no Caos.”

 

E então, ao ouvir, Jesus, as palavras de Filipe, disse: “Bem falaste Filipe, Bem-Amado. Agora e portanto, vem, senta-te e escreve a tua parte dos discursos que Eu pronunciarei, de todas as coisas que farei e de tudo o que vejas”. Seguidamente, Filipe sentou-se e escreveu.

 

Depois, Jesus continuou o Seu discurso e disse aos Seus discípulos: “Então Pistis Sophia chamou a Luz, a qual perdoou o seu pecado de abandonar a sua Região e descer à obscuridade. E ela proferiu o seu Sexto Arrependimento, dizendo:

 

1 — Cantei-Te Louvores, oh Luz! Na obscuridade que em baixo há.

 

2 — Escuta o meu Arrependimento e que a Tua Luz atenda a minha súplica.

 

3 — Oh Luz! Se pensas no meu pecado não serei capaz de estar frente a Ti e Tu me abandonarás.

 

4 — Porém Tu, oh Luz! És o meu Salvador,  pois pela Luz do Teu Nome tive Fé em Ti, oh Luz!

 

5 — E o meu Poder teve Fé no Teu Mistério. E ainda mais, o meu Poder confiou na Luz quando se encontrava entre aque­les das Alturas e confiou n ‘Ela quando se encontrava no Caos de baixo.

 

6— Deixa que todos os poderes que há em mim confiem na Luz, agora, quando estou na obscuridade de baixo e que pos­sam confiar de novo na Luz se chegam à Região da Altura.

 

7— Porque Ela (a Luz) é quem teve compaixão de nós e nos guiou. Um grande Mistério de salvação há n ‘Ela.

 

8— E Ela levará todos os poderes para fora do Caos devido à minha transgressão, pois deixei a minha Região e vim para baixo, ao Caos.

 

Agora e portanto, permita-se compreender àquele cuja mente seja exaltada.”

 

E sucedeu então que Jesus, ao terminar estas palavras, dis­se aos Seus discípulos: “Compreendeis a forma em que discorro convosco?” André aproximou-se e disse: “Meu Senhor,  em re­lação com a solução do Sexto Arrependimento de Pistis Sophia, Teu Poder de Luz profetizou, anteriormente, através de David, no Salmo Centésimo Vigésimo Nono, dizendo:

 

1 — Desde o mais profundo, clamei por Ti, oh  Senhor!

 

2 — Escuta a minha voz; deixa que os Teus ouvidos estejam atentos à voz da minha súplica.

 

3 — Se conservas a lembrança das minhas iniquidades, oh Senhor! Quem será capaz de passar a Prova?

 

4 — Pois o perdão está nas Tuas mãos e por Teu Nome esperei por Ti, oh Senhor!

 

5 — A minha Alma esperou a Tua palavra.

 

6 — A minha Alma esperou no Senhor,  desde a manhã até à noite. Deixa que Israel espere no Senhor desde a manhã até à noite.

 

7-  Porque a Graça está junto do Senhor e com Ele é grande a Redenção.

 

8 — Ele salvará Israel de todas as suas iniquidades.”

 

E Jesus disse: “Bem falaste, André bendito. Esta é a solu­ção do seu Arrependimento. Amén, Amén te digo, aperfeiçoar­-te-ei nos Mistérios da Luz e em todos os Conhecimentos, desde os Interiores dos interiores até aos Exteriores dos exteriores, desde o Inefável para baixo até às trevas das trevas, desde a Luz das Luzes até à … da matéria, desde todos os deuses até aos demónios, desde todos os senhores até aos decanos, desde todas as autoridades até aos servidores, desde a Criação do Homem até às bestas selvagens, do gado e dos répteis, a fim de que sejas chamado «Perfeito», aperfeiçoado em toda a plenitude. Amén, Amén te digo: na Região em que estarei no Reino de Meu Pai, também estarás comigo. E quando o Nú­mero Perfeito estiver completo, quando a mescla estiver dis­solvida dar-te-ei ordem para que tragas todos os deuses tiranos que não entregaram a purificação da sua luz e ordenarei ao Sábio Fogo, sobre o qual passa o «Perfeito», para devorar esses tiranos até que entreguem a última purificação da sua luz.”

 

E quando Jesus acabou de proferir estas palavras, disse aos Seus discípulos: “Compreendeis a maneira como falo con­vosco?”

 

E Maria disse: “Sim meu Senhor,  compreendo o que men­cionaste. Relativamente às Tuas palavras, disseste: Com a inteira dissolução da Mescla tomarás o Teu assento numa Luz-Poder e os Teus discípulos, ou seja todos nós, sentar-nos-emos à Tua direita e julgarás os deuses tiranos que não renunciaram à purificação da sua luz e o Sábio Fogo consumi-los-á até que renunciem à última luz que possuem; sobre isto, a Tua Luz­-Poder profetizou, anteriormente, através de David, no seu Salmo Octogésimo Primeiro, dizendo: «Deus sentar-se-á na Assembléia (Sinagoga) dos Deuses e julgá-los-á».”

 

E Jesus disse: “Bem falaste, Maria”.

 

E Jesus continuou o Seu discurso dizendo aos Seus discípu­los: “Sucedeu, quando Pistis Sophia expressou o seu Sexto Arre­pendimento para o perdão da sua transgressão, que de novo se virou para a Altura afim de saber se os seus pecados lhe haviam sido perdoados e se seria conduzida para fora do Caos. Porém, por mandato do Primeiro Mistério, não foi, todavia, escutada deforma a que o seu pecado lhe fosse perdoado e fosse conduzida para fora do Caos. Ao voltar-se para a Luz de modo a verificar se o seu Arrependimento era aceite, viu todos os Regentes dos Doze Aeons rindo-se dela e regozijando-se por não ter sido aceite o seu Arrependimento. Ao ver que se riam dela, ficou tão dorida que clamou à Altura, num Sétimo Arrependimento, di­zendo:

 

«1 — Oh Luz! Elevei o meu Poder para Ti, a minha Luz.

 

2 — Em Ti tive Fé. Não permitas que se riam de mim, não deixes que os Regentes dos Doze Aeons, que me odeiam, se regozijem por minha causa.

 

3 — Pois todo aquele que tenha Fé em Ti não será enver­gonhado. Que os que arrebataram o meu Poder permaneçam nas trevas e que disso não obtenham proveito, mas que este lhes seja retirado.

 

4 — Oh Luz! Mostra-me os Teus modos e neles serei salva; mostra-me os Teus caminhos pelos quais serei retirada deste Caos.

 

5 — E guia-me na Tua Luz e deixa-me saber, oh Luz!, que Tu és o meu Salvador. Em Ti confio todo o tempo.

 

6— Apressa-Te a salvar-me, oh Luz! Que a Tua Graça per­dure para sempre.

 

7— Quanto à transgressão que cometi desde o princípio, na minha ignorância, não a leves em conta, oh Luz!, mas salva-me através do Teu grande Mistério do Perdão dos pecados devido à Tua Bondade, oh Luz!

 

8 — Pois boa e sincera é a Luz e por Ela me será dada a forma de ser salva da minha transgressão.

 

9 — E quanto aos meus Poderes que foram diminuídos por medo das emanações materiais do Obstinado, retirá-los-á pou­co depois do Teu mandato e mostrará em mim esses Poderes que foram diminuídos devido ao ímpio, no seu conhecimento.

 

10 — Pois todos os Conhecimentos da Luz são meios de Salvação e Mistérios para todo aquele que busca as Regiões da sua Herança e dos seus Mistérios.

 

11 — Pelo Mistério do Teu Nome, oh Luz! Perdoa a minha transgressão que é grande.

 

12 — A todo aquele que confie na Luz, Ela dará o Mistério adequado.

 

13 — E a sua Alma habitará nas regiões da Luz e Herdará seu Poder, o Tesouro da Luz.

 

14— A Luz dá Força a todos os que têm Fé n ‘Ela e o Nome do Seu Mistério pertence aos que n ‘Ela confiam. E Esta mostrar­-lhes-á a Região da Herança que está no Tesouro da Luz.

 

15 — Mas eu sempre tive Fé na Luz, pois Ela libertará os meus pés das ataduras das trevas.

 

16— Atende-me, oh Luz! E salva-me pois no Caos me foi retirado o meu Nome.

 

17— Devido a todas as emanações, as minhas aflições e a minha possessão foram multiplicadas excessivamente. Salva-me do meu pecado e desta obscuridade.

 

18 — Vê o meu pesar e a minha angústia e perdoa o meu pecado.

 

19— Vigia os Regentes dos Doze Aeons que, por ciúmes, me detestam.

 

20 — Cuida do meu Poder,  salva-me e não me deixes per­manecer nas trevas, pois tive Fé em Ti.

 

21 — Eles riram-se do meu Poder por ter tido Fé em Ti, oh Luz!

 

22 — Agora e portanto, oh Luz! Salva os meus Poderes das emanações do Obstinado, por cuja culpa estou angus­tiada. »

 

Agora pois, o sensato que o seja.”

 

Quando Jesus disse isto aos Seus discípulos, Tomé apro­ximou-se d’Ele e disse: “Meu Senhor  eu sou sensato, com­pletamente sensato e o meu Espírito está pronto. Regozija-

-me, em extremo, o que nos revelaste. Certamente até agora tenho sido paciente com os meus irmãos, para não Te irritar deixei que viessem até Ti e dessem a sua solução a cada Arrependimento de Pistis Sophia. Agora e portanto, meu Senhor,  eu direi que, no tocante à solução do Sexto Arrepen­dimento de Pistis Sophia, a Tua Luz-Poder profetizou já, através do profeta David, no seu Salmo Vigésimo Quarto, tal como se segue:

 

«1 — Oh Senhor! Para Ti elevei minha Alma, oh Deus!

 

2 — Abandonei-me a Ti. Não permitas que seja posto em vergonha e que os meus inimigos se riam de mim.

 

3 — Pois todo aquele que em Ti espera não será exposto à ignomínia. Deixa que sejam postos em vergonha aqueles que cometem injustiças sem causa alguma.

 

4 — Oh Senhor! Mostra-me as Tuas rotas e ensina-me os Teus caminhos.

 

5 — Conduz-me pelo Caminho da Tua Verdade e ensina-me, pois és o meu Deus e o meu Salvador e em Ti esperarei todo dia.

 

6 — Recorda o Teu perdão, oh Senhor! E os favores da Tua Graça, pois vêm da Eternidade.

 

7 — Mas não recordes os pecados da minha juventude e os da minha ignorância. Recorda-me segundo a plenitude da Tua Misericórdia devido à Tua Bondade, oh Senhor!

 

8 — O Senhor é Bondoso e Sincero e por isso ensinará, aos pecadores, o Caminho.

 

9 — Ele guiará os mansos de coração no Juízo e ensinará, aos bondosos, o Caminho.

 

10 — Todos os aminhos do Senhor são Graça e Verdade para aqueles que buscam a sua Virtude e os seus Testemu­nhos.

 

11—Pela Misericórdia do Teu Nome, oh Senhor! Perdoa o meu pecado pois é extremamente grande.

 

12 — Quem teme o Senhor? Ele restabelecerá as Leis de acordo com a sua Vontade.

 

13 — A sua Alma permanecerá no bem e a sua semente her­dará a Terra.

 

14 — O Senhor é a Força de quem O teme e o Seu Nome a estes pertence para dar-lhes a conhecer a Sua Vontade.

 

15 — Os meus olhos elevam-se sempre para o Senhor,  pois Ele retirará os meus pés da armadilha.

 

16 — Olha-me e dá-me a Tua Graça pois sou um pária, um miserável.

 

17 — As aflições do meu coração aumentaram. Retira-me das minhas misérias.

 

18 — Vê a minha humilhação e a minha miséria e perdoa todos os meus pecados.

 

19— Olha para os meus inimigos, como aumentaram e como me odeiam, com ódio injusto.

 

20 — Preserva a minha Alma e salva-me. Não deixes que seja posto em vergonha pois em Ti esperei.

 

21 — O simples e verdadeiro em mim estão reunidos e em Ti esperei, oh Senhor!

 

22 — Oh Deus! Conduz Israel para longe de todas as suas aflições.

 

Quando Jesus escutou as palavras de Tomé, disse-lhe: “Bem e sagazmente falaste Tomé. Esta é a solução do Sétimo Arre­pendimento de Pistis Sophia. Amén, Amén te digo, todas as gerações do Mundo te louvarão na Terra pois te revelei isto que recebeste do Meu Espírito e te tornaste compreensivo, espi­ritual e entendes o que digo. Daqui para diante, encher-te-ei plenamente da Luz e do Poder do Espírito para que desde agora possas compreender tudo aquilo que te será dito e que terás de ver Dentro em pouco falar-te-ei da Altura, fora do interior e dentro do exterior”.

 

Jesus prosseguiu o Seu discurso, dizendo aos Seus discí­pulos:

 

“Sucedeu então, quando Pistís Sophia expressou no Caos o seu Sétimo Arrependimento, que o Mandato através do Primei­ro Mistério ainda não tinha chegado para salvá-la e conduzi-la para fora do Caos. Contudo, Eu, sentindo compaixão, con­duzi-a sem mandato algum a uma espaçosa região do Caos. E quando as emanações materiais do Obstinado viram que ela tinha sido levada a essa região, deixaram de afligi-la com tanta intensidade pois pensaram que também seria levada para fora do Caos. Enquanto isto sucedia, Pistis Sophia ignorava quem a havia ajudado; não me reconhecendo absolutamente, conti­nuou e persistiu cantando louvores à Luz do Tesouro que tinha visto e na qual havia tido Fé. Pensou que era Ela (a Luz) quem a tinha ajudado; essa Luz, a quem cantava os seus louvores acreditando que era realmente a Luz. Mas como verdadeira­mente ela tinha tido Fé na Luz que realmente pertencia ao Tesouro, seria levada para fora do Caos e o seu Arrependi­mento ser-lhe-ía aceite. Não obstante, o Mandato do Primeiro Mistério não se tinha ainda realizado, para que o seu Arrepen­dimento fosse aceite.

 

Escutai agora, que hei-de contar-vos todas as coisas que aconteceram a Pistis Sophia.”

 

“Sucedeu então, quando a conduzi a uma região do Caos relativamente espaçosa, que as emanações do Obstinado ces­saram por completo de a oprimir,  acreditando que havia de ser conduzida completamente para fora do Caos. E ocorreu que, quando as emanações do Obstinado se deram conta que Pistis Sophia não tinha sido levada para fora do Caos, voltaram todas a oprimi-la violentamente. Foi por isso que ela expressou o seu Oitavo Arrependimento porque não cessavam de afligi-la, opri­mindo-a ao máximo. E então expressou o seu Arrependimento, dizendo:

 

1 — Em Ti, oh Luz! Confiei. Não me deixes no Caos, guia-me e salva-me de acordo com a Tua Gnose.

 

2 — Atende-me e salva-me. Sê o meu Salvador,  oh Luz! Sal­va-me e conduz-me até à Tua Luz.

 

3 — Pois Tu és o meu Salvador e me levarás até Ti. Pelo Mistério do Teu Nome guia-me e dá-me o Teu Mistério.

 

4— Tu me salvarás deste poder rosto de leão que eles puseram como cilada para mim, pois Tu és o meu Salvador.

 

5— E nas Tuas mãos colocarei a purificação da minha Luz. Tu me salvaste, oh Luz! De acordo com a Tua Gnose.

 

6 — Tu me tornaste iracunda com aqueles que me vigiam e não serão capazes de me reter por completo pois tive Fé na minha Luz.

 

7 — Regozijar-me-ei e cantar-Te-ei louvores pela compaixão que tens tido e por me haveres escutado e salvo da angústia em que me encontrava. E Tu porás o meu Poder fora e livre do Caos.

 

8 — Não me deixaste nas mãos do poder rosto de leão mas guiaste-me a uma região que não está atribulada.”

 

Quando Jesus terminou, disse aos Seus discípulos: “Suce­deu então que, quando o poder rosto de leão viu que Pistis Sophia não tinha sido guiada para fora do Caos, voltou com todas as outras emanações materiais do Obstinado e, todas elas, oprimiram novamente Pistis Sophia. E ocorreu então que, ao sentir-se oprimida, gritou no seu próprio Arrependimento:

 

«9 — Tem piedade de mim, oh Luz! Pois oprimem-me nova­mente. Devido ao Teu Mandato, a Luz em mim, o meu Poder e o meu Entendimento ficam conturbados.

 

10 — O meu Poder começou a desvanecer-se enquanto me encontro nestas aflições, assim como o número do meu tempo enquanto permaneço no Caos. A minha Luz diminuiu, pois eles arrebataram-me o meu Poder e todas as forças em mim se agitam.

 

11 — Tornei-me impotente na presença de todos os Regen­tes dos Aeons que me odeiam e na presença das Vinte e Quatro emanações em cuja Região estive. E o meu irmão, o meu «Par», teve medo de ajudar-me devido àquilo em que fui colocada.

 

12 — E todos os Regentes da Altura me consideraram ma­téria sem Luz. Tornei-me num poder material abandonado pelos Regentes.

 

13 — E todos os que moram nos Aeons disseram: Ela con­verteu-se no Caos. E desde então todas as forças ímpias me rodearam propondo-se arrebatar a Luz que há em mim.

 

14 — Mas eu confiei em Ti, oh Luz! E disse: És o meu Sal­vador.

 

15 — E o meu Mandato, que decretaste para mim, está nas Tuas mãos. Salva-me das mãos das emanações do Obstinado que me oprimem e perseguem.

 

16 — Envia-me a Tua Luz pois apareço sem valor ante Ti. Salva-me segundo a Tua compaixão.

 

17 — Não me desdenhes, pois Te cantei louvores. Deixa que Caos cubra as emanações do Obstinado e faz com que sejam levadas para baixo, para as trevas.

 

18 — Que as suas bocas emudeçam, essas bocas que com manha me devorariam e que diriam: “Retiremos-lhe toda a sua Luz “, não obstante eu não lhes ter feito mal. »

 

Quando Jesus acabou de fala, Mateus adiantou-se e disse:

 

“Meu Senhor,  o Teu Espírito agitou-se em mim e a Tua Luz me tornou sábio para proclamar este Oitavo Arrependimento de Pistis Sophia, pois o Teu Poder profetizou sobre isso anterior­mente, através de David, no Salmo Trigésimo, dizendo:

 

«1 — Em Ti, oh Senhor! Confiei.

Permite que jamais seja exposto à ignomínia. Salva-me se­gundo a Tua justiça.

 

2 — Inclina o Teu ouvido para mim. Salva-me prontamen­te. Sê para mim um Deus protector e uma fortaleza de sal­vação.

 

3 — Pois Tu és o meu sustento e o meu refúgio. Por Teu Nome me guiarás e me alimentarás.

 

4 — E Tu me retirarás desta rede que eles, secretamente, estenderam para mim, pois és a minha protecção.

 

5 — Nas Tuas mãos porei o meu Espírito. Tu me redímiste, oh Senhor! Deus da Verdade.

 

6 — Tu aborreceste-Te com aqueles que se prendem à vai­dade, mas eu confiei.

 

7— E regozijar-me-ei no meu Senhor e alegrar-me-ei na Sua Graça. Pois Tu viste a minha humildade e libertaste a minha Alma das suas necessidades.

 

8— E não me arrojaste nas mãos dos meus inimigos, ergues­te-me num espaço aberto.

 

9 — Sê bondoso comigo, oh Senhor! Pois vejo-me atormen­tado; os meus olhos perturbam-se de ira, bem como a minha Alma e o meu corpo.

 

10 — Gastaram-se mal os meus anos na tristeza e a minha vida perde-se em suspiros. O meu Poder debilita-se na miséria e os meus ossos estão separados.

 

11 — Cheguei a ser motivo de riso para todos os meus ini­migos e semelhantes.

Converti-me num problema para os meus amigos e aqueles que me veem afastam-se de mim.

 

12 — Permaneço esquecido nos seus corações tal como um cadáver e cheguei a ser como um barco em ruína.

 

13 — Pois escutei a troça de muitos que me rodeiam e que, agrupando-se contra mim, se aconselham para arrebatar a minha Alma.

 

14 — Mas eu confiei em Ti, oh Senhor! E disse: Tu és o meu Deus.

 

15— O meu destino está nas Tuas mãos. Salva-me das mãos dos meus inimigos e livra-me dos meus perseguidores.

 

16 — Revela o Teu rosto ao Teu servo e liberta-me segundo a Tua Graça, oh Senhor!

 

17 — Não permitas que seja posto em vergonha pois por Ti chamei. Deixa que os ímpios sejam postos em vergonha e lan­çados ao inferno.

 

18— Que os lábios dos hipócritas emudeçam, lábios esses, que falam iniquamente contra o justo com soberba e escárnio.

 

Quando Jesus escutou estas palavras disse: “Bem dito Mateus. Agora e portanto, Amén te digo: quando o Número Perfeito estiver completo e terminado o Universo, Eu tomarei Meu assento no Tesouro da Luz e vós sentar-vos-eis nos Doze Poderes-Luz até que tenhamos restaurado todas as ordens dos Doze Salvadores, na Região das Heranças de cada um deles “. E ao terminar isto, disse: “Compreendeis o que vos digo?”

 

Maria adiantou-se dizendo: “Oh Senhor! Com respeito a esta matéria, Tu disseste-nos, tempos atrás, algo semelhante:

 

«Esperásteis comigo nas tribulações e Eu legar-vos-ei um Reino como Meu Pai Me legou e podereis comer e beber à minha mesa no Meu Reino e sentar-vos-eis em Doze Tronos e julgareis as Doze Tribos de Israel. »“

 

E Ele respondeu: “Bem dito Maria “.

 

Jesus continuou a falar aos Seus discípulos: “E sucedeu então, quando as emanações do Obstinado oprimiam Pistis Sophia no Caos, que ela expressou o seu Nono Arrependimento, como se segue:

 

1 — Oh Luz! Aniquila quem arrebatou o meu Poder e arre­bata o poder daqueles que arrebataram o meu.

 

2 — Pois eu sou o Teu Poder e a Tua Luz. Vem e salva-me.

 

3 — Deixa que as trevas envolvam os meus opressores. Diz ao meu Poder: Eu sou Aquele que há-de salvar-te.

 

4 — Que todos aqueles que arrebatam totalmente a minha Luz se vejam privados de poder. Que sejam enviados ao Caos e se tornem impotentes; sim, esses que arrebatam totalmente a minha Luz.

 

5 — Que o seu poder se torne pó e que «Jeú», o teu Anjo, os aniquile.

 

6 — E se, porventura, chegassem à Altura, que a obscuri­dade os envolva, resvalem e retornem ao Caos. E que o Teu Anjo «Jeú» os persiga e os arroje às trevas inferiores.

 

7 — E pois que usaram o poder rosto de leão como uma armadilha para mim, apesar de que nada lhes fiz de mal, a sua luz lhes seja arrebatada pois oprimiram o meu Poder. Contudo, não serão capazes de mo arrebatar.

 

8—Agora e portanto, oh Luz! Retira a purificação do poder rosto de leão, sem que ele o saiba — a idéia que o Obstinado havia tido de levar a minha Luz — e retira-lhe a sua própria luz; que a luz seja arrebatada, a esse poder rosto de leão, o qual pôs a armadilha para mim.

 

9 — Mas o meu Poder regozijar-se-á na Luz e alegrar-se-á de ser salvo por Ela.

 

10 — E todas as partículas do meu Poder, dirão: Não há maior Salvador do que Tu. Pois me salvarás da mão do poder rosto de leão, o qual arrebatou o meu Poder e me salvarás das mãos daqueles que levaram o meu Poder e a minha Luz.

 

11 — Pois eles contra mim se levantaram, mentindo acerca de mim e dizendo que eu conheço o Mistério da Luz que está na Altura (a Luz na qual tive Fé) e me constrangeram (dizendo) diz-nos o Mistério da Luz das Alturas — o qual desconheço.

 

12 — E vingaram-se com todo este malefício porque tive Fé na Luz das Alturas e deixaram o meu Poder sem Luz.

 

13 — Mas enquanto me constrangiam, sentei-me na obscuri­dade e a minha Alma dobrou-se, lamentando-se.

 

14 — Realiza-o, oh Luz! — Por esta razão Te louvo — salva­-me. Eu sei que me salvarás porque cumpri, a todo o momento, com a Tua vontade quando estava no meu Aeon, tal como os Invisíveis que estão na minha Região e tal como o meu «Par» e chorava buscando incessantemente a Tua Luz.

 

15— Agora todas as emanações do Obstinado me rodearam e têm-se regozijado por minha causa e oprimiram-me dolorosamente sem eu as conhecer. E têm-se distanciado e cessado de oprimir-me, porém, não tiveram piedade de mim.

 

16 — Retornaram e têm-me humilhado e oprimido e crava­ram os seus dentes em mim, desejando arrebatar-me a Luz por completo.

 

17 — Durante quanto tempo permitirás, oh Luz!, que me oprimam? Salva o meu Poder dos seus maus pensamentos e salva-me do poder rosto de leão pois sou a única dos Invisíveis que está nesta região!

 

18 — Cantar-Te-ei louvores, oh Luz! No meio daqueles que contra mim se unem e gritar-Te-ei no meio dos que me oprimem.

 

19 — Agora e portanto, oh Luz! Não permitas que aqueles que me odeiam e desejam arrebatar o meu Poder se regozijem com a minha desdita — esses que me detestam e lançam olhares fulminantes, ainda quando nada lhes tenha feito.

 

20 — Certamente, me têm eles adulado com doces palavras, interrogando-me sobre os Mistérios da Luz que desconheço e maliciosamente falaram mal de mim, irritando-se porque tive Fé na Luz da Altura.

 

21 — Abriram as suas fauces frente a mim e disseram: Certamente arrebatar-lhe-emos a sua Luz.

 

22 — Agora pois, oh Luz! Conheces a sua culpa; não afastes de mim a Tua ajuda.

 

23 — Reivindica-me e vinga-me rapidamente, oh Luz!

 

24 — Julga-me segundo a Tua Bondade. Assim pois, oh Luz de Luzes! Não permitas que me arrebatem a minha Luz.

 

25 — E não deixes que digam nos seus corações: «O nosso poder está sedento da sua Luz». E que não digam: «Consu­mimos o seu Poder».

 

26 — Mas permite antes, que a obscuridade chegue até eles e que aqueles que desejam arrebatar-me a Luz se tornem impotentes. Que o Caos e as trevas envolvam os que dizem:

«Arrebataremos a sua Luz e o seu Poder».

 

27— Agora e portanto, salva-me e que eu me regozije, pois suspiro pelo Décimo Terceiro Aeon, a Região da Virtude e sempre direi: Que a Luz do Teu Anjo «Jeú» brilhe mais e mais.

 

28 — E a minha língua cantar-Te-á louvores na Tua Gnose, eternamente, no Décimo Terceiro Aeon.”

 

Quando Jesus acabou de falar,  disse aos Seus discípulos:

 

“O que seja Sábio entre vós, proclame a sua solução “.

 

Santiago adiantou-se, beijou o peito de Jesus e disse: “Meu Senhor,  o Teu Espírito deu-me Sabedoria e estou pronto para proclamar a solução. A esse respeito o Teu Poder profetizou anteriormente, através de David, no Salmo Trigésimo Quarto, o seguinte relativamente ao Nono Arrependimento de Pistis Sophia:

 

«1 — Julga, Senhor,  quem me injustiça e combate quem luta contra mim.

 

2 — Empunha a arma e o escudo e levanta-Te em meu socorro.

 

3 — Desembaínha uma espada e oculta-a dos meus opresso­res. Diz à minha Alma: “Eu sou a tua salvação “.

 

4 — Sejam humilhados e expostos ao opróbío aqueles que perseguem a minha Alma; que caiam para trás e sejam cobertos de vergonha aqueles que maquinam males contra mim.

 

5 — Que sejam como a palha levada pelo vento e que sejam perseguidos pelo Anjo do Senhor

 

6— Que seja obscuro e perigoso o seu caminho e que o Anjo do Senhor os assole.

 

7 — Pois sem razão alguma montaram uma armadilha a fim de me despojar e escarnecem de mim sem qualquer motivo.

 

8 — Caia sobre eles, sem o saberem, uma armadilha e que o estratagema para mim escondido os apanhe e nele caiam eles próprios.

 

9 — Mas a minha Alma alegrar-se-á no Senhor e regozijar-se-á na sua salvação.

 

10 — Todos os meus ossos dirão: Oh Senhor! quem há que se assemelhe a Ti? Tu que libertas o miserável de quem o ultrapassa em força e salvas o infeliz, o pobre, das mãos de quem o despoja.

 

11 — Chegaram falsas testemunhas e interrogaram-me sobre que eu ignorava.

 

12 — Pagaram-me mal pelo bem e deixaram a minha Alma desamparada.

 

13— Quando me maltratavam, vesti-me de burel e com jejum mortifiquei-me e a minha oração voltou ao meu peito.

 

14 — Servi-Te a Ti, ao meu próximo e ao meu irmão e hu­milhei-me a mim mesmo, tal como quem anda em pesares e tristezas.

 

15 — Eles regozijaram-se com a minha desventura e agora estão cobertos de vergonha. Como praga se uniram contra mim, sem eu o saber. Porém, foram separados e cheios de incertezas.

 

16 — Perturbaram-me, zombaram de mim e cravaram os seus dentes em mim.

 

17— Oh Senhor! Quando olharás para mim? Recupera-me dos danos que causaram à minha Alma e livra-me das garras dos seus leões.

 

18 — Te revelarei, oh Senhor!, na grande assembléia e can­tar-Te-ei louvores no meio da multidão.

 

19 — Que não me tratem injustamente, como a um inimigo, não se riam de mim nem me pisquem os olhos aqueles que, sem causa alguma, me odeiam.

 

20 — Pois eles, certamente, discorrem comigo com pala­vras de paz, ainda quando conspiram maliciosamente con­tra mim.

 

21 — Abriram amplamente as suas fauces contra mim e disseram: “Por certo, os nossos olhos se saciaram de olhá-lo “.

 

22 — Tu o viste, oh Senhor! Não guardes silêncio. Oh Se­nhor! Não Te retires de mim.

 

23— Levanta-Te, oh Senhor! Apressa a minha reivindicação, apressa a minha vingança, meu Deus e Senhor

 

24 — Julga-me, oh Senhor!, segundo a Tua Justiça; que não se regozijem de mim, meu Deus!

 

25— E que não digam: “Bem feito, almas nossas”. Que não digam: “Nós devorámo-lo “.

 

26— Que sejam colocados em vergonha e em opróbio aque­les que se regozijam da minha desventura. Que sejam cobertos de vergonha e desgraça os que contra mim falam.

 

27 — Que aqueles que desejam a minha justificação se ale­grem e regozijem e aqueles que desejam a paz do seu servo digam: “Que o Senhor seja louvado e exaltado “.

 

28 — A minha língua clamará na Tua santificação e para Tua honra durante todo o dia.»”

 

Quando Santiago terminou, disse-lhe Jesus: “Falaste bem, muito bem, Santiago. Esta é a solução do Nono Arrependi­mento de Pistis Sophia. Amén, Amén, te digo: tu serás o pri­meiro no Reino dos Céus, antes que todos os Invisíveis e todos os Deuses e Regentes que estão no Décimo Terceiro Aeon e no Décimo Segundo Aeon. E não somente tu, mas também aqueles que realizem os Meus Mistérios.”

 

E quando Jesus terminou, disse aos Seus discípulos: “Com­preendeis o modo como discorro convosco?”

Maria adiantou-se de novo e disse: “Sim, Senhor,  isto é o que Tu nos disseste: «Os últimos serão os primeiros e os pri­meiros serão os últimos». Assim pois, os que primeiro foram criados, antes de nós, são os Invisíveis e, certamente, surgiram antes da humanidade; eles, os Deuses, os Regentes e os Ho­mens que receberão os Mistérios, serão os primeiros no Reino dos Céus.”

 

Jesus respondeu: “Bem dito Maria “.

De novo disse Jesus aos Seus discípulos: “Sucedeu então, quando Pistis Sophia proclamava o seu Nono Arrependimento, que o poder rosto de leão novamente a oprimiu desejando arre­batar-lhe os seus Poderes. Ela gritou à Luz dizendo:

 

«Oh Luz! Em quem tive Fé desde o Princípio e por cuja causa suportei grandes penas, ajuda-me!»

E nessa hora foi aceite o seu Arrependimento. O Primeiro Mistério escutou-a e por Seu Mandato fui enviado. Fui ajudá-la e conduzi-a para fora do Caos, porque ela se tinha arrependido e também porque havia tido Fé na Luz e suportado estas grandes penas e estes grandes pe­rigos. Ela tinha sido enganada pelo Obstinado, com aparência de Deus e por ninguém mais, à excepção de um Poder-Luz devido à sua semelhança com a Luz na qual tinha tido Fé. Por esta razão fui enviado, por ordem do Primeiro Mistério, para ajudá-la secretamente. Contudo, não fui à Região dos Aeons, senão que passei entre eles sem que um só Poder o soubesse, nem os do Interior do interior,  nem os do Exterior do exterior,  excepto o Primeiro Mistério.

 

E ocorreu então, quando fui ao Caos ajudá-la, que ela Me viu. Compreendendo, brilhou excessivamente e Me enchi de com­paixão por ela; pois Eu não era Obstinado como o poder rosto de leão que arrebatara a Luz-Poder a Sophia e a oprimira a fim de arrebatar-lhe toda a Luz.

Assim pois, Sophia viu-Me brilhar dez mil vezes mais que o poder rosto de leão e viu que estava cheio de compaixão por ela.

Soube que Eu vinha da Altura das Alturas, em cuja Luz ela tinha tido Fé desde o Princípio.

Pistis Sophia, então, encheu-se de valor e proferiu o Décimo Arrependimento, dizendo:

 

«1 — Por Ti clamei, na minha opressão, oh Luz das Luzes! E Tu escutaste-me.

 

2 — Oh Luz! Salva o meu Poder dos lábios injustos e sem lei. E das astutas armadilhas.

 

3 — A Luz que com subtil ardil fora arrebatada, será levada para Ti.

 

4 — Pois as armadilhas do Obstinado e os laços dos inmisericordiosos estão por todo o lado.

 

5 — Ai de mim, longe da minha morada e vivendo no Caos.

 

6 — O meu Poder estava nas Regiões que não são as minhas.

 

7 — E implorei àqueles ímpios. E quando lhes implorei, lutaram contra mim sem motivo algum. »“

 

Quando Jesus terminou, disse aos Seus discípulos: “Ago­ra e portanto, aquele em quem o Espírito se agite, venha e diga a solução do Décimo Arrependimento de Pistis So­phia”.

Pedro respondeu dizendo: “Oh Senhor! Quanto à Tua Luz­-Poder, profetizaste anteriormente, através de David, no seu Salmo Centésimo Décimo Nono, dizendo:

 

«1 — Clamei por Ti na minha opressão, oh Senhor! E Tu me escutaste.

 

2 — Oh Senhor! Salva a minha Alma dos lábios injustos e das línguas maliciosas.

 

3 — Que se Te dará a Ti ou acrescentará com uma língua maliciosa?

 

4—As flechas do forte foram afiadas com o carvão do deserto.

 

5 — Ai de mim que vivo longe da minha morada, nas tendas de Kedar

 

6— A minha Alma morou em muitas regiões, como hóspede.

 

7— Fui pacífico com aqueles que odiavam a Paz. Se eu lhes falava, lutavam contra mim sem motivo algum. »

 

Esta é pois, oh Senhor!, a solução do Décimo Arrependi­mento de Pistis Sophia, o que ela expressou quando as ema­nações do Obstinado a oprimiram; estas e o seu poder rosto de leão, quando todos a oprimiam excessivamente.”

E Jesus respondeu: “Bem dito e muito bem, Pedro.

Esta é a solução do Décimo Arrependimento de Pistis Sophia.”

 

Jesus continuou o Seu discurso dizendo aos Seus discípulos:

“Sucedeu então que, quando o poder rosto de leão Me viu e viu que chegava até Pistis Sophia brilhando excessivamente, pôs-se ainda mais furioso e arrojou de si mesmo múltiplas ema­nações sumamente violentas. Quando isto aconteceu, Pistis Sophia expressou o seu Décimo Primeiro Arrependimento, di­zendo:

 

«1 — Porque é que o grande poder se enlaçou no mal?

 

2 — O seu conjuro arrebatou a Luz que em mim havia e, como afiado ferro, retirou o meu Poder

 

3 — Preferi descer ao Caos do que permanecer no Décimo Aeon, a Região da Virtude.

 

4 — E eles astutamente me levaram, a fim de consumirem toda a minha Luz.

 

5 — Por esta razão, a Luz retirar-lhes-á toda a sua luz e também toda a matéria se converterá em nada. Ser-lhes-á retirada toda a sua luz e não lhes será permitido permanecer no Décimo Terceiro Aeon, o seu lugar de morada e não terão o seu Nome na Região daqueles que viverão.

 

6 — E as Vinte e Quatro emanações verão o que te sucedeu, oh poder rosto de leão! E temerão e não desobedecerão mas darão a purificação das suas Luzes.

 

7— E ver-te-ão e regozijar-se-ão dizendo: Olhai uma emana­ção que não deu a purificação para poder ser salva, mas que alardeou de si própria na abundância da Luz do seu Poder,  a qual não emana do Poder que nele há e que afirmou: “Levarei comigo a Luz de Pistis Sophia, a qual não me será retirada”. »

 

Agora e portanto, que aquele cujo Poder tenha surgido venha e proclame a solução do Décimo Primeiro Arrependimento de Pistis Sophia.”

 

Então Salomé aproximou-se e disse: “Meu Senhor,  a Tua Luz-Poder foi profetizada anteriormente, através de David, no seu Salmo Quinquagésimo Primeiro, dizendo:

 

«1 — Porque é que o poderoso alardeia de si próprio, na sua maldade?

 

2 — A tua língua estudou a iniquidade todo o dia e, como afiada navalha, praticaste habilmente com ela.

 

3 — Tu amaste o mal mais do que o bem; quiseste apregoar o  mal, mais do que a Virtude.

 

4 — Tu amaste as palavras hipócritas e a astuta língua.

 

5— Pelo que Deus te abandonará totalmente e te desenraizará da tua morada e arrojará fora da vida (Selah) as tuas raízes.

 

6 — O Justo vê-lo-á e temerá; eles desprezá-lo-ão dizendo:

 

7— Olhai, é um homem que não confiou na ajuda de Deus, mas apenas na sua grande riqueza e que sobressaiu na sua vaidade.

 

8 — Porém eu sou como a oliveira carregada de frutos na “Casa de Deus “. Confiei na Graça de Deus desde toda a Eterni­dade.

 

9 — E reconhecer-Te-ei, pois Tu procedeste lealmente comi­go; e esperarei no Teu Nome, o que será favorável na presença dos Teus Santos. »

 

Esta é pois, meu Senhor,  a solução do Décimo Primeiro Arrependimento de Pistis Sophia.

Ao surgir o Teu Poder-Luz em mim, falei de acordo com a Tua Vontade.”

 

Sucedeu então que, quando Jesus escutou as palavras de Salomé, disse: “Falaste bem, Salomé. Amén, Amén te digo: aperfeiçoar-te-ei em todos os Mistérios do Reino da Luz”.

 

E Jesus continuou no Seu discurso dizendo aos Seus discí­pulos: “Ocorreu então que cheguei até ao Caos brilhando extraordinariamente para arrebatar a luz do poder rosto de leão. Como Eu brilhava intensamente, ele sentiu temor e cha­mou em sua ajuda o deus Obstinado.

Imediatamente o deus Obstinado procurou o Décimo Ter­ceiro Aeon e olhou para o interior do Caos, sumamente ira­cundo e desejando ajudar o poder rosto de leão. De imediato, o poder rosto de leão e todas as suas emanações rodearam Pistis Sophia desejando arrebatar toda a Luz que nela havia. Aconteceu então, quando oprimiam Sophia, que Ela gritou ao Alto pedindo-Me ajuda e então, quando olhou para o Alto, viu o Obstinado sumamente iracundo e sentindo temor,  expressou o Décimo Segundo Arrependimento relativamente ao Obstinado e às suas emanações. E gritou-Me dizendo:

 

«1 — Oh Luz! Não esqueças o meu canto de louvores.

 

2 — Pois o Obstinado e o seu poder rosto de leão têm aberto as suas fauces contra mim e actuado astutamente.

 

3 — E têm-me rodeado desejando arrebatar o meu Poder e odeiam-me por Te ter cantado louvores.

 

4— Em vez de me amarem, difamaram-me. Porém, eu cantei louvores.

 

5— Contra mim fizeram maquinações para arrebatar o meu Poder, por Te haver cantado louvores, oh Luz! E odeiam-me por Te ter amado.

 

6 — Que a obscuridade caia sobre o Obstinado e o Regente da maior escuridão permaneça junto a ele.

 

7 — E quando Tu lhe deres a sentença, toma dele o seu poder e anula os actos que tem urdido para me arrebatar a Luz.

 

8 — E que todos os seus poderes, assim como a luz que nele há, se acabem e outro dos Três Triplos Poderes receba a sua soberania.

 

9 — Que todos os poderes das suas emanações careçam de influência e que a sua matéria fique sem Luz.

 

10 — Que as suas emanações permaneçam no Caos e não ousem ir à sua Região.

 

11 — Que o Receptor,  o Purificador das Luzes, purifique todas as luzes que há no Obstinado e as retire das suas ema­nações.

 

12 — Que os Regentes da obscuridade inferior dominem as suas emanações e não permitam que nenhuma venha a morar na sua Região. E não permitas que no Caos alguém atenda ao poder das suas emanações.

 

13 — Deixa que levem a luz que há nas suas emanações e limpa o seu nome do Décimo Terceiro Aeon, ou melhor ainda, retira o seu nome dessa região, para sempre.

 

14— E permite que ponham no poder rosto de leão, o pecado que ele emanou ante a Luz e não apague as iniquidades da matéria que o produziu.

 

15 — Que o seu pecado esteja eternamente ante a Luz e que não lhe seja permitido olhar para além do Caos e retirar os seus nomes de todas as regiões.

 

16 — Pois não se compadeceram, mas oprimiram a todo aquele cuja Luz e Poder arrebataram, bem como a mim, de co­mum acordo com quem aí me colocou. E desejaram arrebatar a minha Luz.

 

17— Eles quiseram descer ao Caos. Deixa-os, pois, aí per­manecer e que daí não saiam. Não desejaram a Região da Virtude como morada e jamais serão levados aí.

 

18 — Ele envolveu-se na obscuridade como roupagem e en­trou nela como na água, introduzindo também nela os seus poderes, como o azeite.

 

19— Deixa-o envolver-se a si mesmo no Caos, como numa veste e cingir a obscuridade como um cinturão, para sem­pre.

 

20 — Que isto ocorra a quem, em Nome da Luz, me trouxe aqui, dizendo: Arrebatemos-lhe todo o Poder

 

21 — Porém Tu, oh Luz! Tem piedade de mim pelo Mistério do Teu Nome e salva-me pela bondade da Tua Graça.

 

22 — Pois eles arrebataram a minha Luz e o meu Poder e este desmoronou-se internamente de modo que não pude estar erguida no seu centro.

 

23 — Cheguei a ser como matéria caída, arrojada daqui para acolá, tal como um demónio no ar

 

24 — O meu Poder pereceu porque não possuo Mistério e a minha matéria diminuiu por falta de Luz, pois eles arreba­taram-na.

 

25 — E têm escarnecido de mim, olhando-me e movendo as suas cabeças de modo trocista.

 

26 — Ajuda-me segundo a Tua Misericórdia. »

 

Agora e portanto, que aquele cujo Espírito esteja prepa­rado, venha e expresse a solução do Décimo Segundo Arrepen­dimento de Pistis Sophia.”

 

E André levantou-se e disse: “Meu Senhor e Salvador,  o Teu Poder-Luz profetizou, anteriormente, através de David, em relação a este Arrependimento expresso por Pistis Sophia, dizendo, no Salmo Centésimo Oitavo:

 

«1 — Oh Senhor! Não guardes silêncio ante o meu “Canto” de louvores.

 

2 — Pois as bocas do pecador e do malicioso abriram-se e com a língua astuta e enganosa falaram mal de mim nas mi­nhas costas.

 

3 — E me vexaram com palavras odiosas e lutaram contra mim sem motivo algum.

 

4 — Em vez de me amarem, caluniaram-me; mas eu orei.

 

5 — Deram-me maldade por bondade e ódio por amor

 

6 — Coloca um pecador sobre ele e deixa que o caluniador permaneça à sua mão direita.

 

7— Que quando julgado seja condenado e que a sua oração se converta em pecado.

 

8 — Que se encurtem os seus dias e que outro receba a sua soberania.

 

9 — Que os seus filhos fiquem órfãos e a sua esposa, viúva.

 

10 — Que os seus filhos sejam levados para longe e obri­gados a implorar; que sejam expulsos das suas casas!

 

11 — Que o seu prestamista se apodere de tudo quanto possua e que pessoas estranhas saqueiem os seus bens.

 

12 — Que não haja homem algum que o apoie e que nin­guém tenha piedade dos seus órfãos.

 

13 — Que os seus filhos sejam exterminados e o seu nome apagado numa só geração.

 

14 — E que o pecado do pai desses filhos fique na frente do Senhor e não se apague o pecado da sua mãe.

 

15 — Que esteja sempre presente, nos seus pecados, ante Senhor,  porém, que a sua memória seja arrancada da Terra.

 

16— Pois ele não pensou em apiedar-se e perseguiu o homem pobre e coitado, assim como também a criatura aflita para aniquilá-la.

 

17 — Gostava de amaldiçoar,  mas as suas maldições recaí­ram sobre  ele. Não desejava bênçãos e estas estarão fora do seu alcance.

 

18 — Revestiu-se a si próprio com a maldição como rou­pagem e penetrou no seu interior como a água e o azeite nos seus ossos.

 

19 — Que seja para ele uma veste na qual está envolvido e como um cinturão com que está sempre cingido.

 

20— Esta é a obra daqueles que me caluniam ante o Senhor e falam indevidamente contra a minha Alma.

 

21 — Porém Tu, oh Senhor Deus! Sê misericordioso comigo; pelo Teu Nome, salva-me.

 

22 — Pois sou pobre e miserável, o meu coração é um tumulto no meu interior

 

23 — Sou eliminado como uma sombra que se dilui e sacu­dido como se sacode os insectos.

 

24 — Os meus joelhos são débeis e magra a minha carne.

 

25 — Sou objecto de riso; eles veem-me e movem as suas cabeças em tom de mofa.

 

26 — Ajuda-me, oh Senhor Deus! E salva-me pela Tua Graça.

 

27 — Que eles saibam que esta é a Tua mão e que Tu, oh Senhor!, os formaste. »

 

Esta é, pois, a solução do Décimo Segundo Arrependi­mento expresso por Pistis Sophia quando se encontrava no Caos.”

 

E Jesus continuou no Seu discurso dizendo aos Seus dis­cípulos:

 

“Sucedeu logo que Pistis Sophia gritou-Me de novo, dizendo:

 

«Oh Luz de Luzes! Atravessei os Doze Aeons, desci deles e, por tal motivo, expressei Doze Arrependimentos, um por cada Aeon. Agora e portanto, oh Luz de Luzes! Perdoa a minha transgressão, que é muito grande, uma vez que abandonei as Regiões da Altura e vim morar nas regiões do Caos. »

Quando Pistis Sophia disse isto, continuou com o seu Dé­cimo Terceiro Arrependimento, dizendo:

 

«1 — Escuta o meu “Canto” de louvor a Ti, oh Luz de Luzes! Ouve o meu Arrependimento pelo Aeon Treze, a Região fora da qual estive a fim de que o Décimo Terceiro Arrependimento do Aeon Treze se cumpra — o Décimo Terceiro daqueles Aeons que transpuz e fora dos quais estou.

 

2 —Agora e portanto, oh Luz de Luzes! Escuta o meu “Canto” de louvores a Ti no Aeon Treze, a minha Região, fora da qual me encontro.

 

3 — Salva-me oh Luz! No Teu Grande Mistério e perdoa o meu pecado em Teu perdão.

 

4 — Dá-me o Baptismo e perdoa os meus pecados, purifica­-me da minha transgressão.

 

5 — O meu pecado é o rosto de Leão, que nunca Te será ocultado pois, devido a ele, desci.

 

6 — E só eu, entre os Invisíveis em cujas Regiões estive, pequei e desci ao Caos. E mais ainda porque pequei, que o Teu Mandamento se cumpra. »

 

Isto foi o que disse Pistis Sophia. Agora e portanto, que aquele cujo Espírito tenha urgência em entender as suas pala­vras, venha aqui e proclame o seu pensamento.”

Martha adiantou-se e disse: “Meu Senhor! O meu Espírito tem urgência em proclamar a solução do que Pistis Sophia expressou. O Teu Poder o profetizou anteriormente, através de David, no seu Salmo Quinquagésimo, dizendo:

 

«1 — Sê bondoso comigo, oh Deus! Pela Tua grande Bon­dade. Pela Tua grande Piedade apaga o meu pecado.

 

2 — Lava-me totalmente da minha iniquidade.

 

3 — E que o meu pecado jamais esteja presente ante Ti.

 

4— Sê justo ao julgar-me e que as Tuas palavras prevaleçam quando seja julgado. »

 

Esta é a solução das palavras expressas por Pistis Sophia.”

 

E disse-lhe Jesus: “Falaste bem, Martha bendita”.

 

E Jesus continuou com o Seu discurso dizendo aos Seus discípulos: “Sucedeu então, quando Pistis Sophia pronunciou estas palavras, que se havia cumprido o tempo para que ela fosse conduzida para fora do Caos. E sem o Primeiro Mistério, por Mim mesmo, enviei um Poder-Luz ao Caos para que con­duzisse Pistis Sophia das profundas regiões às altas regiões do Caos, onde chegasse o Mandato do Primeiro Mistério e pu­desse então ser conduzida para fora do Caos. E o Meu Poder-Luz conduziu Pistis Sophia para as regiões superiores do Caos.

 

Sucedeu então que, quando as emanações do Obstinado notaram que Pistis Sophia era conduzida para as regiões su­periores do Caos, se apressaram atrás dela desejando baixá­-la de novo às regiões inferiores. Então, o Meu Poder-Luz, que Eu tinha enviado para conduzir Sophia para fora do Caos, brilhou extraordinariamente e, quando ela se viu nas regiões superiores do Caos, cantou novamente os seus louvores, cla­mando:

 

«1 — Cantar-Te-ei louvores, oh Luz! Pois desejei vir para Ti. Cantar-Te-ei louvores, oh Luz! Pois és o meu Guia.

 

2 — Não me deixes no Caos, salva-me, oh Luz das Alturas! Pois és quem tenho louvado.

 

3 — Tu me enviaste a Tua Luz através de Ti Própria e sal­vaste-me. Tu me conduziste até às regiões superiores do Caos.

 

4 — Que as emanações do Obstinado, que me persegue, se afundem nas regiões inferiores do Caos e não alcancem as par­tes superiores para me verem.

 

5 — E que a maior obscuridade as cubra e a mais escura treva desça sobre elas. Não permitas que me vejam na Luz do Teu Poder,  que enviaste para salvar-me, para que assim não logrem novo domínio sobre mim.

 

6— E não permitas que a resolução que tomaram de arreba­tar o meu Poder tenha efeito. E tal como falaram contra mim para me arrebatarem a Luz, assim lhes seja retirada a sua, em vez da minha.

 

7 — Propuseram-se arrebatar toda a minha Luz, mas não puderam fazê-lo pois o Teu Poder-Luz estava em mim.

 

8 — Posto que formaram conselho sem o Teu Mandato, oh Luz! Não foram capazes de arrebatar a minha Luz.

 

9 — E porque tive Fé na Luz, não temerei; a Luz é o meu Guia e não temerei. »

 

Agora e portanto, que aquele cujo Poder esteja exaltado diga a solução das palavras que Pistis Sophia pronunciou.”

 

E sucedeu, quando Jesus terminou de pronunciar estas palavras, que Salomé se adiantou e disse: “Meu Senhor,  o meu poder constrange-se a proclamar a solução das palavras ex­pressadas por Pistis Sophia. O Teu Poder profetizou-as ante­riormente, através de Salomão, dizendo:

 

«1 — Expressar-Te-ei a minha gratidão oh Senhor! Pois Tu és o meu Deus.

 

2 — Não me abandones Senhor,  pois és a minha esperança.

 

3 — Tu reivindicaste-me e eu vejo-me salvo por Ti.

 

4 — Que caiam os que me perseguem.

 

5 — Que uma nuvem de fumo cubra os seus olhos e a névoa os obscureça; não permitas que vejam o dia para que não possam capturar-me.

 

6 — Que a sua resolução se torne inoperante e que tudo quanto tramam caia sobre eles.

 

7 — Urdiram uma resolução e esta não lhes surtiu efeito.

 

8 — E têm dominado, pois são poderosos, mas tudo quanto vilmente prepararam recaiu sobre eles.

 

9 — A minha esperança está no Senhor e não temerei pois Tu és o meu Deus, meu Salvador»”

 

E ocorreu então, quando Salomé acabou de falar, que Jesus lhe disse: “Falaste bem Salomé e muito bem.

Esta é a solução das palavras pronunciadas por Pistis Sophia.”

 

Jesus continuou então com o Seu discurso, dizendo aos Seus discípulos: “Sucedeu então, quando Pistis Sophia aca­bou de dizer estas palavras, no Caos, que o Poder-Luz que enviei para salvá-la se converteu numa auréola sobre a sua cabeça e, daí em diante, as emanações do Obstinado já não teriam domínio sobre Ela. E quando essa auréola se for­mou, todas as matérias vis, dela foram sacudidas e purificadas. Pereceram e permaneceram no Caos, enquanto as emanações do Obstinado a contemplavam e se regozija­vam. E a purificação da Luz Pura que em Pistis Sophia havia, deu força à Luz do meu Poder-Luz que se tinha con­vertido em auréola ao redor da sua cabeça.

 

Assim, ocorreu que ao rodear a auréola a Luz Pura de Sophia, esta Luz já não se separou da Auréola do Poder Luz-Chama, de modo que as emanações do Obstinado não as roubaram e, quando isso sucedeu, a Pura Luz do Poder de Sophia, iniciou um cântico de louvores. Louvou o meu Poder-Luz, que era a Auréola ao redor da sua cabeça, e cantou assim:

 

«1 —A Luz converteu-se na Auréola ao redor da minha cabeça e já não me separarei dela; assim, as emanações do Obstinado não a roubarão de mim.

 

2 — E mesmo quando todas as matérias forem sacudidas, eu não o serei.

 

3 — E mesmo quando todas as minhas matérias pereçam e permaneçam no Caos — essas emanações que o Obstinado vê –  eu não perecerei.

 

4 — Pois a Tua Luz está em mim e eu estou com a Luz. »

 

Estas foram as palavras de Pistis Sophia. Agora e portanto, aquele que compreende o sentido das suas palavras venha aqui e proclame a sua solução.”

 

Então Maria, a Mãe de Jesus, adiantou-se e disse: “Meu Filho segundo o Mundo, Meu Deus e Salvador segundo a Al­tura, permite-me proclamar a solução das palavras que Pistis Sophia pronunciou “.

 

E Jesus respondeu dizendo: “Tu também, Maria, recebeste d’Aquele que está em «Barbelo» de acordo com a matéria e recebeste semelhança com a Virgem da Luz segundo a Luz; tu e a outra Maria, a Bendita; e por ti a obscuridade foi levantada e de ti proveio o corpo material em que estou — o qual puri­fiquei e refinei — agora e portanto, ordeno-te que proclames a solução das palavras expressas por Pistis Sophia “.

E Maria, a Mãe de Jesus, respondeu dizendo:

 

Meu Senhor,  o Teu Poder-Luz profetizou anteriormente, re­lativamente a estas palavras, através de Salomão na sua «Ode» Décima Nona, dizendo:

 

«1 — O Senhor está sobre a minha cabeça como uma auréola, e não me separei d’Ele.

 

2 — A Auréola, Coroa de Luz, foi, em verdade, tecida para mim e fiz com que as suas varinhas florescessem em mim.

 

3 — Mas de uma coroa murcha não surgirão tais reben­tos. Mas Tu estás vivo na minha cabeça e em mim flores­ceste.

 

4 — Os Teus frutos estão pletóricos e perfeitos, cheios de salvação. »“

 

Sucedeu então que, quando Jesus escutou a Sua Mãe Maria falar assim, lhe disse: “Falaste bem, muito bem; Amén, Amén, Eu te digo: proclamar-te-ão Bendita desde um confim ao outro da Terra, pois a promessa do Primeiro Mistério mantém-se contigo e, através dessa promessa, tudo aquilo proveniente da Terra e da Altura será salvo, e essa promessa é o princípio e o fim”.

 

E Jesus continuou o Seu discurso dizendo aos Seus discípulos: “Quando Pistis Sophia expressou o Décimo Terceiro Arrependimento — nesse momento cumpria-se o Mandato de todas as atribulações decretadas para Pistis Sophia — para cumprimento do Primeiro Mistério, que teve lugar desde o Princípio, chegara o momento de salvá-la do Caos e ser conduzida para fora da obscuridade, pois o seu Arrependimento havia sido aceite através do Primeiro Mistério. Esse Mistério enviou-Me um Grande Poder-Luz da Altura, que haveria de ajudar Pistis Sophia e conduzi-la para fora do Caos. Assim, olhei através dos Aeons para a Altura e vi esse Poder-Luz que o Primeiro Mistério Me enviava e que havia de salvar Pistis Sophia do Caos.”

 

“E quando o vi descer dos Aeons até Mim, apressando-se — Eu estava sobre o Caos — outro Poder-Luz saiu de Mim, também para ajudar Pistis Sophia. E o Poder-Luz que Me tinha chegado do Alto através do Primeiro Mistério, desceu até ao Poder-Luz que de Mim havia saído e ambos se juntaram e converteram-se num Grande Raio de Luz.”

 

Quando Jesus disse isto aos Seus discípulos, exclamou:

 

“Compreendeis a forma como discorro convosco?”

 

Maria adiantou-se de novo e disse: “Meu Senhor, compreendo o que dizes. Relativamente à solução destas palavras, a Tua Luz profetizou anteriormente, através de David, no Salmo Octogésimo Quarto, dizendo:

 

«10 — A Graça e a Bondade encontraram-se e a Virtude e a Paz procuraram-se uma à outra.

 

11 — A Verdade brotou da Terra e a Virtude, do Céu, olhou para baixo.»

 

Então a Graça é o Poder-Luz que desceu através do Pri­meiro Mistério, porque o Primeiro Mistério escutou Pistis Sophia e teve piedade das suas atribulações. Por outro lado, a Verdade é o Poder que saiu de Ti, pois cumpriste com a Verdade a fim de salvá-la do Caos.

 

A Virtude é, além disso, o Poder que veio através do Pri­meiro Mistério para guiar Pistis Sophia.

A Paz é também o Poder que saiu de Ti para entrar nas emanações do Obstinado e retirar delas as Luzes de que fora privada Pistis Sophia, isto é, para que Tu pudesses reuni-las em Pistis Sophia e pudesses pó-las em Paz com o seu Poder.

 

A Verdade, por outro lado, é o Poder que de Ti emanou quando estavas nas regiões inferiores do Caos. Por tal motivo, o Teu Poder disse, através de David: «A Verdade brotou da Terra», pois estavas nas regiões inferiores do Caos. A Virtude que tinha olhado para baixo, do Céu, é o Poder que desceu da Altura através do Primeiro Mistério e que entrou em Pistis Sophia.”

 

E sucedeu que, quando Jesus escutou estas palavras, disse: “Bem falaste, Maria, a Bendita, que herdarás todo o Reino da Luz.” Então Maria, a Mãe de Jesus, adiantou-se também e disse: “Meu Senhor e Meu Salvador, ordena-me também que repita estas palavras “. E Jesus respondeu-lhe: “Não impedirei, pelo contrário, inci­tarei aquele cujo Espírito compreenda, a expressar a idéia que o moveu. Agora e portanto, Maria, Minha Mãe segundo a matéria, tu quem Eu tive por morada, convido-te a que expres­ses a idéia do discurso.”

 

E Maria respondeu dizendo: “Meu Senhor,  no que respeita às palavras que o Teu Poder expressou, profetizando através de David: A Graça e a Virtude encontraram-se e a Virtude e a Paz beijaram-se uma à outra. A Verdade brotou da Terra e a Virtude olhou para baixo, do Céu. O Teu Poder profetizou também sobre Ti.”

 

“Quando eras criança, antes que o Espírito estivesse em Ti, estando Tu, um dia no vinhedo com José, o Espírito veio da Altura e chegou até Mim, a minha casa. E era como Tu. Eu não O conhecia contudo, pensei que Ele eras Tu. O Espírito disse-me: «Onde está Jesus, o meu irmão, para que me reúna com Ele? Quando me disse isto, surpreendi-me e pensei que era um fantasma que desejava irritar-me. De modo que, agarrei-O e atei-O aos pés da cama, em minha casa. Imediatamente saí para o campo e caminhei até chegar junto de Ti e de José, no campo. Encontrei-Vos no vinhedo e José escorava as vides. E sucedeu que, quando falei a José do ocorrido, Tu entendeste as minhas palavras, alegraste-Te e disseste: — Onde está para que Eu o veja! — De outra maneira aguardá-lO-ei neste lugar. –  E então, quando José Te ouviu dizer essas palavras, surpre­endeu-se. Descemos juntos, entrámos em casa e encontrámos o Espírito atado à cama. Olhámos-Te e olhámo-Lo e Tu eras igual a Ele. E Ele que estava atado à cama ficou livre, tomou-Te nos Seus braços e beijou-Te e Tu também O beijaste e convertesteis-Vos em Um. Estas são pois, as palavras e a solução.

 

A Graça é o Espírito que chegou a Ti da Altura, através do Primeiro Mistério, pois teve piedade da Raça Humana e enviou Seu Espírito para que Ele pudesse perdoar os pecados de todos os homens e estes recebessem os Mistérios e Herdassem o Reino da Luz. A Verdade, por seu lado, é o Poder que fez de mim a Sua morada.”

 

“Quando saiu de Barbelo, converteu-se no corpo material para Ti e proclamou a Região da Verdade. A Virtude é o Teu Espírito que trouxe os Mistérios da Altura para dá-los à raça humana. A Paz, por seu lado, é o Poder que morou no Teu corpo material segundo o mundo, que baptizou a raça humana para tornar os homens estranhos ao pecado e pó-los em Paz com o Teu Espírito, de modo que estejam em Paz com as ema­nações da Luz. Isto é: a Graça e a Verdade beijaram-se uma à outra. E em: «A Verdade brotou da Terra», a Verdade é o Teu corpo material que surgiu de mim segundo o mundo dos homens e proclamou tudo o que se relaciona com a Região da Verdade. E também em: «A Virtude é o Poder que olhou da Altura» a que dará os Mistérios da Luz à raça humana para que os homens se tornem virtuosos, bons e herdem o Reino da Luz.

 

E sucedeu então que, quando Jesus escutou as palavras pro­nunciadas por Sua Mãe, Maria, disse: “Bem falaste Maria, muito bem”.

 

A outra Maria adiantou-se e disse: “Meu Senhor,  tolera-me e não Te irrites comigo. Sim, desde o momento em que a Tua Mãe falou contigo sobre a solução destas palavras, o meu Poder incitou-me a adiantar-me e proclamar a sua solução.”

 

E Jesus respondeu-lhe: “Ordeno-te que proclames a sua solução “.

 

E Maria disse: “Meu Senhor, «A Graça e a Virtude encon­traram-se»; assim, pois, a Graça é o Espírito que chegou a Ti, quando recebeste o Baptismo das mãos de João. A Graça é, portanto, o Espírito Divino que a Ti chegou. Ele teve piedade da raça humana, desceu e encontrou-se com o Poder de Sabaoth, o Bom, que está em Ti e trouxe os Mistérios da Altura para dá-los à raça humana. A Paz, por outro lado, é o Poder de Sabaoth, o Bom, que está em Ti, o que baptizou e perdoou a raça humana, pondo em Paz os homens com os Filhos da Luz.”

 

E Jesus, quando escutou Maria, disse-lhe: “Bem falaste Maria, Herdeira do Reino da Luz”.

 

E de novo Maria, a Mãe de Jesus, aproximou-se d’Ele, caiu de joelhos e beijou os pés de Jesus dizendo: “Meu Senhor,  meu Filho e Salvador,  não Te irrites comigo, mas perdoa que mais uma vez expresse a solução destas palavras. «A Graça e a Verdade uniram-se». Somos nós, Maria a Tua Mãe e Isabel a Mãe de João, as que se encontram. É a Graça, então, o Poder de Sabaoth em mim e que de mim saiu e que és Tu. E tiveste piedade da raça humana. A Verdade, por seu lado, é o Poder que estava em Isabel e que era João, o qual veio e proclamou o «Caminho» da Verdade que eras Tu e quem o proclamou ante Ti.

E também «A Graça e a Verdade encontraram-se» — sois Vós, meu Senhor,  e João, que vos encontrásteis quando rece­beste o Baptismo e novamente Tu e João sois «A Virtude e a Paz. que se beijaram uma à outra».”

 

«A Verdade brotou da Terra e a Virtude olhou para baixo, do Céu», significa que durante o tempo em que Te deste a Ti mesmo, tomaste a forma de Gabriel, olhaste para mim do Céu e falaste comigo. E quando falaste comigo, surgiste em mim e eras a Verdade, a qual é o Poder de Sabaoth, o Bom, que está no Teu corpo material e que é a Verdade que brotou da Terra.”

 

Quando Jesus ouviu as palavras de Maria, a Sua Mãe, disse-lhe: “Falaste bem e muito bem. Esta é a solução de todas as palavras referentes ao que o Meu Poder-Luz profetizou anteri­ormente, através do profeta David”.

 

NOTA DE UM ESCRIBA

 

“Agora, estes são os Nomes que Eu darei desde o Porvir sem limites. Escrevei-os como um símbolo e que daqui em di­ante sejam revelados aos Filhos de Deus.

Este é o Nome do Imortal: AAA, 000 e este é o Nome da Voz  pela qual o Homem Perfeito se pôs em movimento: I I I . E estas são as interpretações dos Nomes destes Mistérios: do primeiro (Nome) que é AAA, a sua interpretação é FFF; do se­gundo cujo Nome é MMM, ou melhor 000, a sua interpre­tação é AAA; do terceiro que é PsPsPs, a sua interpretação é 000; do quarto que é FFF,  a sua interpretação é NNN; do quinto que é DDD, a sua interpretação é AAA.

Aquele que está no Trono é AAA.

Esta é a interpretação do segundo: AAAA, AAAA, AAAA.

Esta é a interpretação do Nome Completo.”

 

II

 

 

João adiantou-se e disse: “Oh Senhor! Ordena-me também que diga a solução das palavras que o Teu Poder-Luz profe­tizou, anteriormente, através de David”.

 

E Jesus respondeu, dizendo: “Também a ti, João, ordeno que expresses a solução das palavras que o Meu Poder-Luz profetizou através de David”.

 

“10 — A Graça e a Verdade encontram-se e a Virtude e a Paz beijaram-se uma à outra.

 

11 — A Verdade brotou da Terra e a Virtude olhou para baixo, do Céu.”

 

E João respondeu dizendo: “Isto é o que Tu nos dis­seste anteriormente: «Vim da Altura, entrei em Sabaoth, o Bom, e abracei o Poder-Luz que nele há. Assim pois, Graça e Verdade encontraram-se». Tu és a Graça. Tu que foste enviado das Regiões da Altura, através do Teu Pai, o Pri­meiro Mistério que olhou o interior e onde Te enviou para que tivesses piedade do mundo inteiro. A Verdade, por outro lado, é o Poder de Sabaoth, o Bom, que em Ti se enlaçou e a quem puseste à esquerda. Tu, o Primeiro Mistério que olhou para o exterior. E o Pequeno Sabaoth, o Bom, tomou-a e pó-la na matéria de Barbelo, proclamando o concernente às Regiões da Verdade a todas as regiões daqueles que estão à esquerda.”

 

“E essa matéria de Barbelo é, então, o que actualmente é Teu corpo.” “E quanto à «Virtude e à Paz» que «se beijaram uma à outra», a Virtude és Tu, que trouxeste todos os Mistérios atra­vés do Teu Pai, o Primeiro Mistério (que olhou para dentro) e baptizaste este Poder de Sabaoth, o Digno; Tu és Aquele que foi à Região dos Regentes e lhes deu os Mistérios da Altura, tornando-os, então, virtuosos e bons.

A «Paz» é, por outro lado, o Poder de Sabaoth que é a Tua Alma, a qual entrou na matéria de Barbelo. Assim, pois, os Regentes dos Seis Aeons de Yabraoth fizeram a Paz com o Mis­tério da Luz. E a «Verdade» que «brotou da Terra» é o Poder de Sabaoth, o Bom, que saiu da Região da Virtude que jazia fora do Tesouro da Luz e que veio à região daqueles que estavam à esquerda. Entrou na matéria de Barbelo e proclamou os Mistérios da Região da Verdade.

 

A «Virtude», por seu lado, que olhou para baixo, do Céu, és Tu, o Primeiro Mistério que olhou para o exterior, para baixo, Tu que saíste dos espaços da Altura com os Mistérios do Reino da Luz e Tu que desceste nessa Veste de Luz, que rece­beste das mãos de Barbelo, a (Vestimenta) que é Jesus, nosso Salvador e na qual desceste sobre Ele como uma Pomba.”

 

E sucedeu então, quando João disse tais palavras, que o Primeiro Mistério, que olhou para o exterior, lhe disse: “Fa­laste bem, João, meu amado irmão “.

 

O Primeiro Mistério continuou dizendo de novo: “Ocorreu portanto, que o Poder que havia descido da Altura, ou seja Eu mesmo, que meu Pai enviou para salvar Pistis Sophia do Caos e o Poder que de Mim saiu e a Alma que Eu tinha recebido de Sabaoth, o Digno, uniram-se entre si e converteram-se num só Raio de Luz que brilhava excessivamente. E chamei Gabriel e Miguel para que saíssem dos Aeons por mandato de Meu Pai, o Primeiro Mistério, que olhou o interior e dei-lhes o Raio de Luz e deixei-os descer ao Caos para ajudar Pistis Sophia e tomar os Poderes-Luz que as emanações do Obstinado lhe tinham arrebatado, para entregá-las a Pistis Sophia.

 

E em seguida, quando levaram o Raio de Luz ao Caos, ele brilhou extraordinariamente em todo o Caos e derramou-se sobre todas as regiões. E quando as emanações do Obstinado viram grande Raio de Luz, aterrorizaram-se. O Raio tomou delas todos os Poderes-Luz que haviam arrebatado a Pistis Sophia e as emanações do Obstinado não puderam atrever-se a tocar a Luz do Raio no obscuro Caos, nem mesmo com os artifícios do Obstinado que rege essas emanações.”

 

“E Gabriel e Miguel levaram o Raio de Luz ao corpo de matéria de Pistis Sophia e verteram nela todos os Poderes que lhe haviam sido arrebatados. E, então, o seu corpo material brilhou por toda a parte e todos os Poderes, cuja Luz havia sido arrebatada, recuperaram-na e cessaram de precisar dela, assim que obtiveram a Luz que lhes fora arrebatada. A Luz fora-lhes dada através de Mim.

 

E Miguel e Gabriel, que haviam administrado e trazido o Raio de Luz ao Caos, deram-lhes os Mistérios da Luz; eles, a quem foi confiado o Raio de Luz, o qual lhes dei e trouxe ao Caos. E Miguel e Gabriel não tomaram para si mesmos a Luz das Luzes de Sophia, que retiraram das emanações do Obsti­nado.

Sucedeu então que, quando o Raio de Luz integrou em Pistis Sophia todos os Poderes-Luz que lhe haviam sido arrebatados pelas emanações do Obstinado, toda ela se tornou luminosa e os Poderes-Luz que haviam permanecido em Pistis Sophia e que não haviam sido arrebatados pelas emanações do Obsti­nado, rejubilaram e encheram-se de Luz. E as Luzes que foram vertidas em Pistis Sophia avivaram o corpo da sua matéria em que não havia Luz e que estava a ponto de perecer ou havia perecido. E elevaram nela todos os Poderes que estavam a ponto de dissolver-se. E tomaram para si um Poder-Luz e tornaram a ser o que haviam sido e cresceram de novo no sentido da Luz.

 

E todos os Poderes-Luz de Sophia se conheceram mutua­mente mediante o Meu Raio de Luz e foram salvos através da Luz desse Raio.”

 

“E o Meu Raio de Luz, quando retirou das emanações do Obstinado as Luzes que elas tinham arrebatado a Pistis Sophia, verteu-as nela e girando sobre si próprio saiu da profundidade do Caos.”

 

Quando o Primeiro Mistério mencionou o que ocorreu a Pistis Sophia no Caos, perguntou aos discípulos: “Compreendeis a forma como discorro convosco?” Pedro adiantou-se e disse: “Meu Senhor, no que concerne à solução das palavras que pronunciaste, o Teu Poder-Luz profetizou, anteriormente, através de Salomão, nas suas Odes:

 

«1 — Um Raio chegou e converteu-se em grande inundação.

 

2 — Tudo derrubou à sua passagem e retornou para o Tem­plo.

 

3— Represas e edifícios não puderam resistir-lhe, nem aqueles que os tinham construído.

 

4 — Passou sobre a Terra inteira, inundando-a.

 

5 — Os que estavam sobre a areia seca beberam. A sua sede foi saciada e mitigada com a dádiva vertida da mão do Mais Alto.

 

6 — Benditos sejam os Ministros dessa dádiva, a quem a água do Senhor foi confiada.

 

7 — Eles refrescaram os lábios gretados. Aqueles cujo poder fora arrebatado, alegraram-se de cora­ção e avivaram as Almas derramando água nos seus alentos

para que não morressem.

 

8 — Levantaram os membros caídos e deram Poder à sua sinceridade e Luz aos seus olhos.

 

9 — Pois todos eles se conheceram a si próprios no Senhor e salvaram-se através da água da Vida Eterna. »

 

Deixa-me, portanto, Meu Senhor, expressar com franqueza pois o Teu Poder profetizou através de Salomão: « Um Raio veio e converteu-se em grande inundação», isto é: o Raio de Luz derramou-se no Caos sobre todas as regiões das emana­ções do Obstinado.

 

E novamente a palavra que o Teu Poder pronunciou através de Salomão: «Tudo derrubou à sua passagem e retornou para o Templo», quer dizer: retirou todos os Poderes-Luz das ema­nações do Obstinado, aqueles que estas haviam tomado de Pistis Sophia e verteu-os nela novamente.

 

E Tu, pela sua boca, de novo disseste: «Represas e edifícios não puderam resistir-lhe», isto é: as emanações do Obstinado não puderam reter o Raio de Luz dentro das paredes da obs­curidade e do Caos.

E de novo as Tuas palavras: «Passou sobre a Terra inteira, inundando-a», quer dizer: quando Gabriel e Miguel o levaram até ao corpo de Pistis Sophia derramaram nela todas as Luzes que as emanações do Obstinado lhe haviam arrebatado e o seu corpo material brilhou.

 

E o que disseste: «Aqueles que estavam na areia seca bebe­ram», isto é: tudo aquilo em Pistis Sophia, cuja Luz fora ante­riormente arrebatada, obteve Luz.

 

E logo em seguida: «A sua sede foi saciada e mitigada», quer dizer: os seus Poderes cessaram de carecer da Luz porque a sua Luz, que tinha sido arrebatada, foi-lhes dada de novo.

 

E novamente, tal como o Teu Poder dissera: «Com a dádiva vertida do Mais Alto», isto é: a Luz foi-lhes dada através do Raio de Luz que proveio de Ti, o Primeiro Mistério.

 

E como dissera o Teu Poder: «Benditos sejam os Ministros dessa dádiva», isto é o que Tu pronunciaste: Miguel e Gabriel que administraram, trouxeram o Raio de Luz ao Caos e tam­bém o levaram daí por diante. Darão Eles os Mistérios da Luz e da Altura, Eles a quem foi confiado o Raio de Luz.

E de novo, segundo o Teu Poder dissera: «Eles refrescaram os lábios gretados», isto é: Gabriel e Miguel não tomaram as Luzes de Pistis Sophia para si, essas Luzes que retiraram às emanações do Obstinado, mas verteram-nas em Pistis Sophia.

 

E novamente: «Aqueles cujo Poder fora arrebatado alegra­ram-se de coração», isto é: todos os outros Poderes de Pistis Sophia, que não haviam sido arrebatados pelas emanações do Obstinado, se alegraram infinitamente e se encheram da Luz dos seus companheiros de Luz, pois estes tinham-na derramado neles.

E a palavra que o Teu Poder expressou: «Avivaram as Almas, vertendo em seus alentos para que não morressem», quer dizer: quando Eles verteram as Luzes em Pistis Sophia, avivaram o corpo material do qual elas haviam tomado, ante­riormente, as suas Luzes e que estava a ponto de perecer.

 

E de novo a palavra que o Teu Poder expressou: «Eles levantaram os membros caídos ou que não deveriam cair», quer dizer: quando Eles verteram nela as Luzes, levantaram todos os Poderes que estavam a ponto de ser dissolvidos.

E novamente, tal como o Teu Poder-Luz dissera: «Eles receberam de novo a sua Luz e voltaram a ser o que haviam sido» e novamente: «Todos eles se conheceram a si próprios no Senhor», isto é: todos os Poderes de Pistis Sophia se conhece­ram uns aos outros através do Raio de Luz.

 

E de novo: «Eles salvaram-se através da água da Vida Eterna», isto é: eles são salvos mediante o Raio de Luz.

 

E novamente a Tua palavra: «O Raio de Luz derrubou tudo à sua passagem e retornou para o Templo», isto é: quando o Raio de Luz tomou todos os Poderes-Luz de Pistis Sophia do poder das emanações do Obstinado, verteu-as em Pistis Sophia e girou sobre si mesmo, saiu do Caos e veio para Ti, Tu que és o Templo.

 

Esta é a solução de todas as palavras que a Tua Luz-Poder expressou através da Ode de Salomão.”

 

E ocorreu então, quando o Primeiro Mistério escutou as palavras de Pedro que lhe disse: “Bem disseste, Pedro Bendito. Esta é a solução das palavras que foram ditas.

 

O Primeiro Mistério continuou novamente o Seu discurso dizendo: “Assim sucedeu antes de Eu conduzir Pistis Sophia para fora do Caos, pois não Me tinha sido ordenado através de Meu Pai, o Primeiro Mistério que olha para o interior, que o fizesse. Nesse momento, depois de as emanações do Obsti­nado se aperceberem que o Meu Raio de Luz lhes tinha retirado os Poderes-Luz que haviam arrebatado a Pistis Sophia, verten­do-os nela e quando viram novamente Pistis Sophia brilhando como brilhara desde o princípio, enfureceram-se contra ela e de novo gritaram ao seu Obstinado para que viesse ajudá-las a arrebatar novamente os Poderes a Pistis Sophia.”

 

“E o Obstinado enviou, fora da Altura do Décimo Terceiro Aeon, outro grande Poder-Luz que desceu ao Caos, como seta voadora, para que ajudasse as suas emanações a arrebatar de novo as Luzes de Pistis Sophia. E quando o Poder-Luz desceu, as emanações do Obstinado que estavam no Caos e que opri­miam Pistis Sophia, encheram-se de valor e perseguiram-na, para grande terror e enorme alarme de Pistis Sophia. E algumas emanações do Obstinado oprimiram-na.”

 

“Uma delas transformou-se a si mesma numa grande ser­pente, outra em basilisco de sete cabeças e ainda outra tomou a forma de um dragão. E mais ainda, o primeiro poder do Obstinado, o rosto de leão e todas as suas numerosas emana­ções vieram juntas e oprimiram Pistis Sophia conduzindo-a novamente às regiões inferiores do Caos, assustando-a exces­sivamente.”

 

“Então ocorreu que, fora dos Doze Aeons, Adamas, o Tira­no, olhou para baixo. Ele também sentia ira contra Pistis Sophia porque ela desejava ir à Luz das Luzes que estava sobre todos eles. Por isso detestava-a.

 

Sucedeu pois que, quando Adamas, o Tirano, olhou para baixo dos Doze Aeons, viu as emanações do Obstinado opri­mindo Pistis Sophia, desejosas de arrebatar todas as suas Luzes. Então, o poder de Adamas desceu ao Caos, até às emana­ções do Obstinado, precipitando-se sobre Pistis Sophia, aconte­cendo então que o poder rosto de leão e as emanações com a forma de serpente, de basilisco e de dragão e muitas outras emanações do Obstinado, todas juntas, rodearam Pistis Sophia procurando arrebatar-lhe os seus Poderes, oprimindo-a exces­sivamente e ameaçando-a. Então, ao sentir-se assim oprimida, alarmou-se muito Pistis Sophia e gritou novamente à Luz, can­tando os seguintes louvores:

 

«1 — Oh Luz! Tu que me tens ajudado, deixa que a Tua Luz venha até mim.

 

2 — Pois és o meu protector e eu venho até Ti, oh Luz! Com a minha Fé em Ti, oh Luz!

 

3 — Pois és o meu Salvador das emanações do Obstinado e de Adamas, o Tirano e Tu hás-de salvar-me das suas violentas ameaças. »

 

“Quando Pistis Sophia acabou de dizer isto, o Primeiro Mistério, que vê o interior, Eu, por mandato do Meu Pai, enviei de novo Gabriel, Miguel e o grande Raio de Luz para que pudessem ajudar Pistis Sophia.

Ordenei a Gabriel e a Miguel que tomassem nas suas mãos Pistis Sophia e a elevassem de modo que os seus pés não tocassem na obscuridade abaixo deles e ordenei-lhes, além disso, que a guiassem pelas regiões do Caos e a levassem para fora.

 

Então, quando os Anjos desceram ao Caos com o Raio de Luz, ocorreu que as emanações do Obstinado e as emanações de Adamas viram que o Raio de Luz brilhava de forma extraor­dinária, sem que houvesse medida possível para a sua Luz e, aterrorizadas, retiraram-se de Pistis Sophia. O grande Raio de Luz rodeou Pistis Sophia por toda a parte, pela direita, pela esquerda e por todos os lados, con­vertendo-se numa auréola de Luz ao redor da sua cabeça.

 

E aconteceu que, quando o Raio de Luz rodeou Pistis Sophia, esta sentiu grande valor. A Luz não cessou de rodeá-la e ela não mais temeu as emanações do Obstinado, os habitantes do Caos nem o novo poder que o Obstinado havia lançado ao Caos como seta voadora, nem tremeu mais de medo ante o poder de Adamas, proveniente dos Aeons.”

 

“Mais ainda, por Meu mandato, o Primeiro Mistério que vê o Interior, o Raio de Luz que rodeava Pistis Sophia por todos os lados brilhou mais intensamente e Pistis Sophia apareceu no meio da Luz, com uma grande Luz à sua esquerda e à sua direita e por todos os lados, formando uma auréola ao redor da sua cabeça. E todas as emanações do Obstinado não puderam mudar de novo os seus rostos, nem suportar o choque da grande Luz do Raio, que era uma auréola ao redor da sua cabeça. E todas as emanações do Obstinado caíram, umas à direita de Pistis Sophia, pois esta brilhava exuberantemente e muitas outras caíram à sua esquerda e não foram capazes de se aproximar de Pistis Sophia por causa da sua grande Luz. Caíram umas sobre as outras e não puderam inflingir mal algum a Pistis Sophia, por­que ela havia confiado na Luz.”

 

“E por mandato de Meu Pai, o Primeiro Mistério que vê o Interior, ou seja, Eu próprio, desci ao Caos brilhando extraor­dinariamente, aproximei-me do poder rosto de leão que bri­lhava excessivamente e retirei-lhe toda a sua luz contendo todas as emanações do Obstinado para que, daí em diante, não retornassem à sua região, o Décimo Terceiro Aeon. Retirei o poder de todas as emanações do Obstinado e estas caíram impotentes no Caos. E guiei Pistis Sophia para diante, indo ela à direita de Gabriel e de Miguel.

 

E o grande Raio de Luz entrou nela novamente e Pistis Sophia contemplou com os seus olhos os inimigos de quem Eu tinha tomado o seu Poder-Luz. E conduzi Pistis Sophia para fora do Caos, oprimindo Ela, debaixo dos seus pés, a emanação rosto de serpente do Obstinado e, mais ainda, calcando com os seus pés a emanação com a forma de basilisco de sete cabeças e o poder rosto de leão e rosto de dragão. Fiz com que Sophia continuasse sobre a emanação basilisco de sete cabeças do Obstinado e esta foi mais poderosa que todos nos seus feitos maldosos.

 

E Eu, o Primeiro Mistério, aproximei-me dela e retirei-lhe todos os seus poderes e fiz perecer toda a sua matéria para que dela não ficasse semente alguma que pudesse surgir”

 

E quando o Primeiro Mistério disse isto aos Seus discípulos, interrogou-os: “Compreendeis a forma com que discorro con­vosco?”

 

Santiago adiantou-se e disse: “Meu Senhor, no que respeita à solução das palavras que pronunciaste, a Tua Luz-Poder profe­tizou, anteriormente, através de David, no Nonagésimo Salmo:

 

«1 — Aqueles que vivem sob a protecção do Altíssimo mo­rarão à sombra do Deus do Céu.

 

2 — Ele dirá ao Senhor: Tu és o meu refúgio e a minha  protecção, meu Deus, em quem confio.

 

3 — Pois Ele livrar-me-á das armadilhas dos caçadores e da voz poderosa.

 

4 — Proteger-te-á com o Seu alento e acolher-te-á sob as Suas asas. A Sua Verdade envolver-te-á como escudo.

 

5 — Não temerás o terror da noite, nem a seta que voa de dia.

 

6 — Nem o que se move furtivamente na escuridão, nem a calamidade e o demónio em pleno meio-dia.

 

7 — Mil cairão à tua esquerda e dez mil à tua direita, mas não se aproximarão de ti.

 

8— Pelo contrário, com os teus próprios olhos verás o castigo dos pecadores.

 

9 — Pois Tu, oh Senhor! És a minha esperança. Estabele­ceste o Altíssimo como refúgio para ti.

 

10 — O mal não virá sobre ti e o castigo divino não alcan­çará a tua morada.

 

11 — Porque ordenará aos Seus Anjos, para teu bem, que vigiem todos os teus caminhos.

 

12 — E te levem nas suas mãos para que o teu pé jamais tropece em alguma pedra.

 

13 — Passarás sobre a Serpente e o Basilisco e calcarás o Leão e o Dragão.

 

14 — Porque ele confiou em Mim, salvá-lo-ei. Ampará-lo-ei, porque ele conhece o Meu Nome.

 

15—Invocar-Me-á e escutá-lo-ei. Eu estou a seu lado na sua atribulação, salvá-lo-ei e honrá-lo-ei.

 

16 — E acrescentá-lo-ei com dilatados dias e mostrar-lhe-ei a Minha salvação. »

 

Isto, Meu Senhor, é a solução das palavras que Tu pronun­ciaste. Escuta-me, pois, para que eu as diga abertamente.

 

É assim, pois, o que expressaste através de David: «Aqueles que moram sob a protecção do Altíssimo permanecerão à sombra do Céu» significa que quando Sophia confiava na Luz, morava sob a Luz do Raio de Luz que, através de Ti, veio da Altura.

 

E as palavras que o Teu Poder expressou através de David, dir-tas-ei Senhor: «Tu és a minha protecção e o meu refúgio, meu Deus em quem confio», são as palavras com as quais Pistis Sophia cantou os seus louvores: «Tu és a minha protecção e ve­nho a Ti».

 

E também as palavras que o Teu Poder expressou: «Meu Deus, em quem confio, Tu me salvarás das armadilhas dos caçadores e da ameaça», são as que Pistis Sophia exclamou:

 

«Oh Luz! Eu tenho Fé em Ti, pois Tu me salvarás das emana­ções do Obstinado e das de Adamas, o Tirano e me salvarás também de todas as suas poderosas ameaças».

 

E as palavras que o Teu Poder expressou através de David:

 

«Ele cobrir-te-á com o seu peito e estarás confiante sob as Suas asas» significam que Pistis Sophia esteve na Luz do Raio de Luz, o qual provinha de Ti e continuou com firme confiança na Luz, a da sua direita e a da sua esquerda, que são as asas do Raio de Luz.

 

E a mensagem que o Teu Poder-Luz transmitira através de David: «A Verdade rodear-te-á como uma couraça», é a Luz do Raio de Luz que rodeou Pistis Sophia por todos os lados, como uma couraça.

 

E as palavras que o Teu Poder expressou: «Ele não temerá o terror da noite» significam que Pistis Sophia não temeu os alarmes e os terrores entre os quais foi colocada dentro do Caos que é a «noite».

 

E aquilo que disseste: «Não temerás a seta que voa de dia», significa que Pistis Sophia não temeu o poder que o Obstinado finalmente enviara do Alto, que chegou ao Caos como seta voadora, por isso o Teu Poder-Luz disse: «Não temerás a seta que voa em pleno dia», pois esse poder chegou do Décimo Terceiro Aeon, senhor dos Doze Aeons e quem dá a Luz a todos os Aeons. Por isso Ele (David) disse «dia».

E também as palavras que o Teu Poder pronunciou: «Não temerá coisa alguma que se mova furtivamente na escuridão», significam que Sophia não teve temor da emanação rosto de leão, que a assustara no Caos e que é a «obscuridade».

 

E a Tua mensagem: «Não temerás a calamidade e o demó­nio em pleno meio-dia» significa que Pistis Sophia não temeu a emanação-demónio do Tirano Adamas, que a lançara ao solo com grande infortúnio e que tinha saído de Adamas, fora do Décimo Segundo Aeon. Por tal motivo o Teu Poder expressou:

«Ele não temerá do demónio, o infortúnio do meio-dia» («meio­-dia», porque chegou dos Doze Aeons que são o «meio-dia», e da «noite» porque saiu do Caos, que é a «noite»), pois saiu do Décimo Segundo Aeon o qual é a metade entre ambos. Por­tanto o Teu Poder-Luz disse «meio-dia», porque os Doze Aeons estão entre o Décimo Terceiro Aeon e o Caos.

 

E de novo as palavras que o Teu Poder-Luz pronunciou através de David: «Mil cairão à sua esquerda e dez mil à sua direita, porém não se aproximarão», significam que quando as emanações do Obstinado, que são sumamente numerosas, não puderem suportar a grande Luz do Raio de Luz, muitas delas cairão à esquerda de Pistis Sophia e muitas à sua direita e não poderão aproximar-se para lhe causar dano. E as palavras que o Teu Poder-Luz expressou através de David: «Pelo contrário, com os teus próprios olhos verás o castigo dos pecadores, pois Tu, oh Senhor! És a minha espe­rança», significam que Pistis Sophia viu os seus inimigos, ou seja, as emanações do Obstinado caírem umas sobre as outras e não só viu isto com os seus próprios olhos, mas Tu mesmo, meu Senhor, o Primeiro Mistério, tomaste o Poder-Luz que há no poder rosto de leão e tomaste o poder de todas as emana­ções do Obstinado e ainda os fizeste prisioneiros no Caos. Assim, desde então, elas não retornaram à sua própria região.

 

Então e portanto, Pistis Sophia viu os seus inimigos, ou seja, as emanações do Obstinado e tudo o que David profeti­zara com respeito a ela, quando disse: «Pelo contrário, com os teus próprios olhos verás o castigo dos pecadores». Não só ela viu com os seus próprios olhos como caíam umas sobre as outras no Caos, mas também viu o castigo que receberam.

 

O que as emanações do Obstinado fizeram, arrebatar a Luz de Sophia, foi-lhes feito por Ti. Retiraste o Poder-Luz que havia nelas, em vez das Luzes de Sophia, que teve Fé na Altura.

 

E o que o Teu Poder-Luz expressou através de David: «Tu estabeleceste o Altíssimo como refúgio para ti próprio e o mal não chegará a ti nem o castigo divino à tua morada», significa que, quando Pistis Sophia teve Fé na Luz e se viu perseguida, cantou louvores a Ela e as emanações do Obstinado não pude­ram infligir-lhe dano algum, nem lamentá-la, nem aproxi­mar-se dela.

 

E a mensagem do Teu Poder-Luz, através de David: «Ele ordenará aos Seus Anjos, para teu bem, que guardem todos os teus caminhos e te levem nas suas mãos para que o teu pé não tropece em pedra alguma», significando que Tu ordenaste a Gabriel e a Miguel que guiassem Pistis Sophia por todas as regiões do Caos até a conduzir para fora e que a levantassem com as suas mãos para que o seu pé não tocasse a obscuridade de baixo e para que aqueles que estivessem debaixo da obscu­ridade não a aprisionassem.

 

E as Tuas palavras pronunciadas através de David: «Pas­sarás sobre a Serpente e o Basilisco e calcarás o Leão e o Dragão. Pois ele confiou em Mim, Eu o salvarei e o ampararei, porque ele conhece o Meu Nome», significam que, quando Pistis Sophia esteve prestes a sair do Caos, passou sobre as emana­ções do Obstinado e sobre as que tinham rosto de serpente e de basilisco de sete cabeças e passou sobre o poder rosto de leão e sobre o poder rosto de dragão. Porque ela teve Fé na Luz, salvou-se de todos eles.

Esta é, meu Senhor, a solução das palavras que pronun­ciaste.”

 

E sucedeu então que, quando o Primeiro Mistério escutou estas palavras, disse: “Bem falaste Santiago, Meu muito amado”.

 

E o Primeiro Mistério continuou, de novo, o Seu discurso dizendo aos Seus discípulos: “Ocorreu então, quando conduzi Pistis Sophia para fora do Caos, que ela exclamou:

 

«1 — Estou a salvo do Caos e livre das ataduras da obscuri­dade. Cheguei a Ti, oh Luz!

 

2 — Pois Tu foste a Luz que me envolveu, salvando-me e ajudando-me.

 

3 — As emanações do Obstinado, contra as quais lutara, obstruíste-as com a Tua Luz e não puderam aproximar-se, pois a Tua Luz estava em mim e salvou-me mediante o seu Raio Luminoso.

 

4 — Porque as emanações do Obstinado me constrangeram, arrebataram o meu Poder e arrojaram-me ao Caos sem a minha Luz. Assim, pois, converti-me numa pesada matéria, em compa­ração com elas.

 

5— Porém, imediatamente veio a mim um Raio de Luz, através de Ti, que me salvou. Brilhava à minha esquerda e à minha direita e envolvia-me por todos os lados, de tal modo que não havia parte de mim sem Luz.

 

6 — E Tu cobriste-me com a Luz do Teu Raio e retiraste de mim todas as más matérias e eu serei perdoada de todas elas pela Tua Luz.

 

7— E foi o Teu Raio de Luz que me elevou e que retirou de mim as emanações do Obstinado que me constrangiam.

 

8 — E converti-me na Tua Luz e em Luz Purificada no Teu Raio.

 

9 — E as emanações do Obstinado, que me constrangiam, retiraram-se de mim. E eu brilho no Teu grande Poder, pois salvaste-me para sempre. »

 

Este é o Arrependimento que expressou Pistis Sophia quan­do saiu do Caos e foi libertada das amarras do Caos. Agora e portanto, quem tenha ouvidos para ouvir que oiça.

 

E sucedeu então, quando o Primeiro Mistério acabou de di­zer estas palavras aos Seus discípulos, que Tomé se aproximou e disse: “Meu Senhor, o que alberga a Luz tem ouvidos e a minha mente compreendeu as Tuas palavras. Agora e portanto ordena-me que estabeleça claramente a solução dessas pala­vras”. E o Primeiro Mistério respondeu a Tomé: “Ordeno-te que estabeleças a solução do Cântico que Pistis Sophia entoou para Mim”.

 

Tomé respondeu dizendo: “Meu Senhor, no que respeita ao Cântico de Pistis Sophia, cantado quando foi salva do Caos, o Teu Poder-Luz profetizou, anteriormente, através de Salo­mão, o filho de David, nas suas Odes:

 

«1 — Fui Salvo das amarras e voei para Ti, oh Senhor!

 

2 — Pois tens estado à minha Direita salvando-me e auxi­liando-me.

 

3— Tu obstruíste os meus adversários e eles não se mostraram porque o Teu Rosto estava comigo, salvando-me pela Tua Graça.

 

4 — Eu fui desprezado à vista de muitos e condenado, sendo como chumbo para os seus olhares.

 

5 — Através de Ti, obtive um Poder que me ajudou pois Tu puseste lâmpadas à minha Direita e à minha Esquerda, de modo que por nenhum lado me faltasse Luz.

 

6— Amparaste-me com a sombra da Tua Graça e eu mudei camadas de pele.

 

7 — Com a Tua mão Direita levantaste-me e retiraste-me a enfermidade.

 

8 — Tornei-me poderoso na Tua Verdade e purifiquei-me na Tua Virtude.

 

9 — Os meus adversários retiraram-se de mim e fui justificado pela Tua Bondade, porque o Teu apoio dura eternamente. »

 

Esta é, Senhor, a solução do Arrependimento que Pistis Sophia expressou quando foi salva do Caos. Escutai-a para que possa dizê-la abertamente.

 

Assim pois, a mensagem do Teu Poder-Luz, através de Sa­lomão: «Fui salvo das ataduras e voei para Ti, oh Senhor!», representa as palavras de Pistis Sophia: «Estou livre das atadu­ras da obscuridade e vim para Ti, oh Luz!».

 

E as palavras do Teu Poder: «Estiveste à minha Direita, salvando-me e auxiliando-me», são também as palavras que Pistis Sophia pronunciou: «Foste a Luz que me envolvia, sal­vando-me e auxiliando-me».

E as palavras do Teu Poder-Luz: «Tu obstruíste os meus adversários e eles não se mostraram», são as palavras de Pistis Sophia: «E as emanações do Obstinado, contra as quais lutara, Tu as obstruíste mediante a Tua Luz e não puderam aproxi­mar-se de mim».

 

E as palavras do Teu Poder: «O Teu Rosto estava comigo, salvando-me na Tua Graça», são as palavras de Pistis Sophia:

 

«A Tua Luz estava comigo, salvando-me com o Teu Raio de Luz».

 

E as palavras do Teu Poder: «Eu fui desprezado à vista de muitos e condenado», são as palavras pronunciadas por Pistis Sophia: «As emanações do Obstinado constrangeram-me e retiraram-me o meu Poder e fui desprezada ante eles e arrojada ao Caos sem a minha Luz».

 

E as palavras do Teu Poder: «Converti-me em chumbo ante os seus olhares», são as de Pistis Sophia: «Quando eles arre­bataram a minha Luz tornei-me matéria inerte frente a eles».

 

E mais ainda, as palavras do Teu Poder: «Através de Ti obtive um Poder que me ajudou», são também as palavras de Pistis Sophia: «E logo veio até mim uma Luz-Pode, através de Ti, que me salvou».

E as palavras do Teu Poder: «Fui liberto de camadas de pele», são também as de Pistis Sophia: «E purificaram-me das minhas más matérias e fui levantada sobre elas na Tua Luz».

E as palavras do Teu Poder expressas através de Salomão:

 

«Foi a Tua mão Direita que me levantou e me retirou a enfer­midade», são as palavras de Pistis Sophia: «E o Teu Raio de Luz levantou-me na Tua Luz e retirou de mim as emanações do Obstinado que me constrangiam».

 

E as palavras do Teu Poder: «Tornei-me poderoso na Tua Verdade e purificado na Tua Virtude», são as de Pistis Sophía:

 

«Tornei-me poderosa na Tua Luz e purifiquei a minha Luz no Teu Raio».

 

E as palavras do Teu Poder: «Os meus adversários retiraram-se de mim», são as pronunciadas por Pistis Sophia: «As emana­ções do Obstinado, que me constrangiam, retiraram-se de mim».

E as palavras do Teu Poder expressas através de Salomão:

 

«Fui justificado na Tua Bondade, porque o Teu apoio dura eternamente», são as palavras de Pistis Sophia: «Fui salva pela Tua Bondade, pois Tu a todos salvaste».

 

Esta é pois, oh meu Senhor!, a solução do Arrependimento que Pistis Sophia expressou quando foi salva do Caos e liberta de todas as amarras da obscuridade.”

 

E sucedeu então que, quando o Primeiro Mistério ouviu Tomé dizer estas palavras, disse: “Falaste bem, muito bem, Tomé Bendito. Esta é a solução do Cântico de Pistis Sophia”.

 

E o Primeiro Mistério continuou, dizendo aos Seus dis­cípulos: “Pistis Sophia continuou a cantar-Me louvores, di­zendo:

 

«1 — Canto para Ti um Cântico. Através do Teu Mandato levaste-me por baixo do mais alto Aeon que está em cima e conduziste-me até às regiões que estão em baixo.

 

2 — E novamente, através do Teu Mandato, salvaste-me das regiões inferiores e, através de Ti, colocaste aí a matéria dos meus Poderes-Luz e eu vi-a.

 

3— E dissipaste em mim as emanações do Obstinado que me constrangiam e me eram hostis e conferiste-me poder para liber­tar-me das amarras das emanações de Adamas.

 

4 — E Tu aniquilaste o Basilisco de sete cabeças arremes­sando-o com as Tuas mãos e puseste-me sobre a sua matéria. Destruíste-o para que a sua semente não torne a surgir

 

5 — E estiveste comigo, dando-me forças em tudo isto e a Tua Luz rodeou-me por todos os lados e através de Ti tornaste impotentes todas as emanações do Obstinado.

 

6 — Pois Tu tomaste deles o Poder da sua Luz e deso­bstruíste o meu caminho para conduzir-me para fora do Caos.

 

7 — E me retiraste das obscuridades materiais e tomaste delas os meus Poderes, aos quais haviam arrebatado a Luz.

 

8 — Puseste neles Luz Purificada e em todos os meus mem­bros, nos quais não havia Luz, puseste Luz Purificada da Luz da Altura.

 

9 — E desobstruíste o caminho deles (os meus membros) e a Luz do Teu Rosto tornou-se indestrutível na minha vida.

 

10— Conduziste-me acima do Caos, região do Caos, região de caos e extermínio, a fim de que todas as matérias que nessa região há, fossem libertados, que todos os meus Poderes fossem renovados na Tua Luz e que a Tua Luz em todos estivesse. »

 

Este é, repito, o segundo Cântico que Pistis Sophia entoou. Aquele que tenha compreendido este Arrependimento, ve­nha e diga-o.”

 

E sucedeu então, quando o Primeiro Mistério acabou de dizer estas palavras, que Mateus se adiantou e disse: “Eu en­tendi a solução do «Canto» que Pistis Sophia entoou. Agora, portanto, ordena-me que o divulgue abertamente

E o Primeiro Mistério respondeu e disse: “Eu ordeno-te, Mateus, que divulgues a interpretação do Canto que Pistis Sophia entoou”.

 

E Mateus respondeu e disse: “Acerca da interpretação do Cântico que Pistis Sophia entoou, assim a Tua Luz-Poder pro­fetizou, anteriormente, nas Odes de Salomão:

 

«1 — Aquele que me fez descer das mais Altas Regiões que estão em cima conduziu-me para fora das regiões que estão no fundo inferior.

 

2 — Aquele que levou os do Meio instruiu-me acerca deles.

 

3 — Aquele que disseminou os meus inimigos e adversários conferiu-me fortaleza sobre as ataduras, para enfraquecê-las.

 

4 — Aquele que esmagou a serpente das sete cabeças com as suas mãos elevou-me sobre as raízes dela, para que eu possa extinguir a sua semente.

 

5 — E Tu estavas comigo, ajudando-me e o Teu Nome rode­ava-me em todas as regiões.

 

6— A Tua “Destra” destruiu o veneno do difamador. A Tua mão tornou clara a Senda para os que Te são fiéis.

 

7— Tu livraste-os das tumbas e retiraste-os de entre os cadá­veres.

 

8 — Tomaste ossos mortos e vestiste-os com um corpo e àqueles que estavam inertes, concedeste a actividade da vida.

 

9— A Tua Senda tomou-se indestrutível e o Teu Rosto também.

 

10 — Tu encaminhaste os séculos dos séculos para além da dissolução e renovação da Tua Luz, para que seja um alicerce para eles.

 

11 — Encheste-os de riquezas e converteram-se em lugares de morada.»

 

Esta é, então, meu Senhor, a solução do Cântico que Pistis Sophia entoou. Escuta com atenção para que eu possa dizê-la abertamente.

 

A palavra que o Vosso Poder pronunciou através de Salo­mão: «Aquele que me fez descer das mais Altas Regiões que estão em cima, também me conduziu para fora das regiões que estão no fundo inferior», é a palavra que Pistis Sophia enunciou:

 

«Eu canto-Te louvores. Através do Teu Mandamento fizeste-me descer deste Aeon que está em cima e conduziste-me às regiões de baixo. E, novamente, através do Teu Mandamento salvaste-me e conduziste-me para fora das regiões que estão em baixo».

 

E a palavra que o Teu Poder enunciou através de Salomão:

 

«Aquele que levou os do Meio, instruiu-me acerca deles», é a palavra que Pistis Sophia pronunciou: «E, novamente, através do Teu Mandamento induziste a matéria a ser purificada no centro da minha força e eu o observei».

 

E, além disso, a palavra que o Teu Poder expressou através de Salomão: «Aquele que disseminou os meus inimigos e ad­versários», é a palavra que Pistis Sophia pronunciou. «Tu disseminaste, para longe de mim, todas as emanações da minha própria decisão que me detinham e me eram hostis».

E a palavra que a Tua Força tinha enunciado: «Foi-me con­cedida Sabedoria sobre as ataduras para enfraquecê-las», é a palavra que Pistis Sophia pronunciou: «E Ele conferiu-me Sabe­doria para que pudesse escapar das ataduras dessas emanações».

 

E a palavra que o Teu Poder enunciou: «Aquele que esma­gou a serpente das sete cabeças com as suas mãos e me elevou sobre as raízes dela para que eu possa extinguir a sua semen­te», é a palavra que Pistis Sophia pronunciou: «E Tu esmagaste a serpente das sete cabeças com as Tuas mãos e me elevaste sobre esta matéria. Tu destruíste-a de modo que a sua semente já não possa voltar a frutificar».

 

E a palavra que o Teu Poder pronunciou: «E Tu estavas comigo, ajudando-me», é a palavra que Pistis Sophia mencio­nou: «E Tu estavas comigo, comunicando-me Força em tudo isto».

 

E a palavra que o Teu Poder enunciou: «E o Teu Nome rodeava-me por todas as regiões» é a palavra que Pistis Sophia mencionou: «E a Tua Luz rodeava-me por todos os lados».

 

E a palavra que o Teu Poder mencionou: «E a Tua “Des­tra” destruiu o veneno dos caluniadores» é a palavra que Pistis Sophia expressou: «E através de Ti, as emanações do Obstina­do perderam a sua força, porque Tu lhes retiraste a luz da sua força».

 

E a palavra que o Teu Poder enunciou: «A Tua mão acla­rou o Caminho para os que Te são fiéis» é a palavra que Pistis Sophia mencionou: «Tu fizeste “Recto” o meu caminho para retirar-me do Caos, porque tive Fé em Ti».

 

E a palavra que o Teu Poder enunciou: «Tu libertaste-os das tumbas e os retiraste dos cadáveres» é a palavra que Pistis Sophia expressou: «Tu libertaste-me do Caos e retiraste-me das trevas materiais, isto é, para fora das obscuras emanações que estão no Caos, do qual retiraste a Luz».

 

E a palavra que a Tua Força mencionou: «Tu apoderaste-Te dos ossos mortos e vestiste-os com um corpo e àqueles que estavam inertes, deste a actividade da vida» é a palavra que Pistis Sophia expressou: «E Tu apoderaste-Te de todos os meus Poderes, nos quais não havia Luz e concedeste-lhes a Luz Purificada e aos meus membros, nos quais não se manifestava qualquer Luz, Tu deste Luz-Vida desde as Tuas Alturas».

 

E a palavra que o Teu Poder enunciou: «O Teu Caminho tomou-se indestrutível e o Teu Rosto também» é a palavra que Pistis Sophia mencionou: «E Tu endireitaste o meu caminho para Ti e a Luz do Teu Rosto tomou-se para mim em vida indestrutível».

 

E a palavra que o Teu Poder enunciou: «Tu encaminhaste o meu Aeon por cima da destruição de modo que tudo possa ser libertado e renovado» é a palavra que Pistis Sophia expres­sou: «E a Tua Luz tem estado em todas elas».

 

E a palavra que a Tua Luz-Poder enunciou através de Salo­mão: «Tu encheste-o de riquezas e ele converteu-se num recinto sagrado» é a palavra que Pistis Sophia mencionou: «Tu lan­çaste a Luz da Tua Torrente sobre mim e eu converti-me em Luz Purificada».

 

Esta é então, meu Senhor, a solução do Cântico que Pistis Sophia proferiu.”

 

E então sucedeu que, quando o Primeiro Mistério ouviu Mateus pronunciar estas palavras, disse: “Bem o disseste Mateus, muito amado. Esta é a solução do Cântico que Pistis Sophia entoou”.

 

E o Primeiro Mistério continuou e disse:

 

«1 — Eu declaro: Tu és a Luz das Alturas porque me sal­vaste e conduziste para Ti e não permitiste que as emanações do Obstinado, que me são hostis, me privassem da minha Luz.

 

2 — Oh Luz de Luzes! Eu canto-Te louvores; Tu me salvaste.

 

3— Oh Luz! Tu conduziste a minha Força para fora do Caos e salvaste-me daqueles que desceram às Trevas. »

 

Estas palavras também as havia pronunciado Pistis Sophia. Agora, portanto, aqueles cujas mentes se tenham tornado compreensivas, compreendendo as palavras que Pistis Sophia pronunciou, que se adiantem e ofereçam a solução.”

 

E então aconteceu, quando o Primeiro Mistério tinha aca­bado de dizer estas palavras aos Seus discípulos, que Maria se adiantou e disse: “Meu Senhor, a minha mente está sempre disposta a aguardar e, em todo o momento, a adiantar-se para dar a solução das palavras pronunciadas. Porém, eu tenho temor de Pedro porque ele me ameaçou e odeia o nosso sexo.

 

E quando ela disse isto, o Primeiro Mistério disse-lhe: “Todo aquele que se tenha sentido pleno do Espírito da Luz deve adiantar-se e pronunciar a solução do que Eu digo e ninguém poderá evitar que o faça. Agora, portanto, oh Maria! Dá-nos a solução das palavras que Pistis Sophia pronunciou.

 

Então Maria respondeu e disse ao Primeiro Mistério, ro­deado pelos Seus discípulos:

 

“Meu Senhor, com respeito à solução das palavras que Pistis Sophia proferiu, do mesmo modo, a Tua Luz-Poder profetizou através de David:

 

«1 — Exaltar-Te-ei, oh Senhor! Porque Tu me recebeste e não deste alento aos meus inimigos.

 

2 — Oh Senho, meu Deus! Por Ti clamei e Tu me curaste.

 

3 — Oh Senhor! Libertaste a minha Alma do Inferno, salvas­te-me daqueles que caíram ao Abismo. »

 

E quando Maria mencionou isto, o Primeiro Mistério disse-lhe: “Bem e subtilmente o fizeste, Maria, tu és Bendita “.

 

E continuou na Sua dissertação e disse aos Seus discípulos: “Sophia continuou também neste Cântico e disse:

 

«1 — A Luz foi o meu Salvador.

 

2 — E mudou as minhas Trevas para Luz e rasgou o Caos que me envolvia, cingindo-me com Luz. »“

 

E aconteceu então, quando o Primeiro Mistério acabou de dizer estas palavras, que Martha se adiantou e disse: “Meu Senhor, o Teu Poder profetizou no passado, através de David, acerca destas palavras:

 

«10 — O Senhor converteu-se no meu Auxiliador.

 

11 — Ele transformou a minha lamentação em júbilo; rasgou a minha túnica de pesar e cingiu-me com alegria. »“

 

E ocorreu que, quando o Primeiro Mistério escutou de Martha estas palavras, disse: “Bem o disseste e muito bem, Martha “.

 

E o Primeiro Mistério continuou dizendo aos Seus discípu­los: “Pistis Sophia também continuou o Cântico e disse:

 

«1 — Oh meu Poder, entoa louvores à Luz e não esqueças todos os poderes da Luz que te foram concedidos.

 

2 — E os poderes que em ti há, louvem o Nome do Seu Santo Mistério.

 

3 — O qual perdoa toda a sua transgressão, que te salva de todas as angústias com as quais as emanações do Obstinado te limitaram.

 

4 — O qual salvou a tua Luz das emanações do Obstinado que correspondem à destruição, que te coroou com a Luz na Sua compaixão, até te salvar.

 

5 — O qual te inundou de Luz Purificada. E o teu Princípio renovar-se-á como um Invisível das Alturas. »

 

Com estas palavras Pistis Sophia entoou louvores, porque Ela foi salva e recordava tudo o que Eu fiz por ela.”

 

E aconteceu então que, quando o Primeiro Mistério acabou de dizer estas palavras aos Seus discípulos, novamente lhes disse: “O que tenha entendido a solução destas palavras, adiante-se e declare-o abertamente “.

 

Maria adiantou-se de novo e disse: “Meu Senhor, acerca destas palavras com as quais Pistis Sophia entoou louvores, a Tua Luz-Poder profetizou, através de David, assim:

 

«1 — Minha Alma, Bendito seja o Senhor! Que todo o meu Ser louve o Seu Santo Nome.

 

2 — Minha Alma, louvado seja o Senhor e não esqueça as Suas recompensas.

 

3 — O que perdoa todas as tuas iniquidades, que cura todas as tuas enfermidades.

 

4— O que redime a tua vida da dissolução, que te coroa com Graça e Compaixão.

 

5 — O que satisfaz os teus anelos com coisas boas. A tua juventude renovar-se-á como a de uma águia. »

 

Isto é: Sophia será como os Invisíveis que estão nas Alturas. Por isso ele afirmou «como uma águia» porque o ninho da águia está nas alturas, tal como estão nas Alturas os Invisíveis. Isto é, Pistis Sophia brilhará tal qual os Invisíveis, como aconte­cia desde o Princípio.”

 

E aconteceu então que, quando o Primeiro Mistério ouviu Maria expressar estas palavras, lhe disse: “Bem o disseste Maria Bem-Aventurada”.

 

E depois, sucedeu que o Primeiro Mistério continuou nova­mente o Seu discurso e disse aos Seus discípulos: “Eu tomei Pistis Sophia e conduzi-a a uma região abaixo do Décimo Ter­ceiro Aeon e introduzi-a em um novo Mistério da Luz que não é o do seu Aeon, a região dos Invisíveis. Além disso, dei-lhe um «Cântico» da Luz de modo que, daí em diante, os Regentes dos Aeons não tivessem poder sobre Ela.

 

E levei-a a essa região até que pudesse ir, por ela própria, até à sua região mais elevada. E aconteceu então, quando a levei a essa região, que pro­nunciou este Cântico, assim:

 

«1 — De facto tive Fé na Luz e Ela recordou-se de mim e escutou o meu Cântico.

 

2 — Ela conduziu os meus Poderes para fora do Caos e das baixas trevas de toda a matéria e levantou-me. Ela transportou-me a um Aeon mais alto e mais seguro, sublime e grandioso e mudou o meu lugar no caminho que conduz à minha região.

 

3— E entregou-me a um Novo Mistério que não está no meu Aeon e deu-me um «Cântico» da Luz. Agora, portanto, oh Luz! Todos os Regentes verão o que Tu fizeste em mim, temerão e terão Fé na Luz.»

 

Este Cântico entoou-o Pistis Sophia, regozijando-se porque havia sido conduzida para fora do Caos e levada a regiões que estão abaixo do Décimo Terceiro Aeon.

 

Agora, portanto, aquele cuja mente esteja tranquila e tenha compreendido a solução do pensamento do Cântico que Pistis Sophia entoou, adiante-se e diga-o.”

 

André adiantou-se e disse: “Meu Senhor, isto é o que a Tua Luz-Poder profetizou, anteriormente, através de David:

 

«1 — Com paciência esperei o Senhor. Ele escutou e atendeu os meus lamentos.

 

2 — Ele conduziu a minha Alma para fora do Abismo de miséria e do asqueroso lodo. Colocou os meus pés numa rocha e endireitou os meus passos.

 

3 — Ele pôs na minha boca um novo Cântico, um Cântico de louvor ao nosso Deus. Muitos verão e temerão e abrigarão esperanças no Senhor»”

 

E aconteceu então, quando André expressou o pensamento de Pistis Sophia, que o Primeiro Mistério lhe disse: “Bem o disseste André Bem-Aventurado “.

 

E Ele continuou na Sua dissertação e disse aos Seus dis­cípulos: “Estes são os acontecimentos por que passou Pistis Sophia.

 

E aconteceu então, quando Eu a conduzi à Região que está por baixo do Décimo Terceiro Aeon e estava para voltar à Luz e separar-Me dela, que Me disse:

 

«Oh Luz de Luzes! Tu irás à Luz e deixar-me-ás.

 

E o tirano Adamas saberá que Tu me deixaste e saberá que o meu Salvador não está presente. E regressará a esta região, ele e todos os seus Regentes que me odeiam e o Obstinado repartirá os poderes pela sua emanação com rosto de leão, de modo que todos eles virão, forçar-me-ão e tomarão toda a minha Luz para que eu fique indefesa e novamente sem Luz.

 

Agora, portanto, oh Luz e minha Luz! Retira-lhes a força da sua luz, para que não possam deter-me de hoje em diante».”

 

“E sucedeu então que, quando Eu escutei essas palavras que Pistis Sophia havia dito, lhe respondi dizendo: Meu Pai que me engendrou ainda não Me concedeu poder para retirar-lhes a luz. Porém, Eu selarei as regiões do Obstinado e de todos os seus Regentes que te odeiam, porque tu tiveste Fé na Luz. E também selarei as regiões de Adamas e dos seus Regen­tes para que nenhum possa combater contigo, até que se com­plete o seu tempo e chegue a estação em que Meu Pai me ordene retirar-lhes a luz.”

 

“E depois disse-lhe a ela: Escuta que vou falar contigo acerca do seu tempo, quando isto que vos digo haja ocorrido. Suce­derá quando se completarem Três vezes.

 

Pistis Sophia respondeu e disse-Me: «Oh Luz! Como pode­rei saber quando se cumprem as três vezes para que me regozije porque está próxima a data em que lhes retirarás a Luz-Poder, a todos eles que me odeiam, por ter tido Fé na Tua Luz?»”

 

“E Eu respondi dizendo-lhe: Se vês a Porta do Tesouro da Grande Luz que está aberta depois do Décimo Terceiro Aeon e, se é à esquerda, quando essa Porta estiver aberta, as Três Vezes estarão completas.

Pistis Sophia respondeu de novo e disse: «Oh Luz! Como saberei — já que estou nesta região — que essa Porta se abriu?».”

 

“E Eu respondi-lhe e disse: Quando a Porta se abrir, aque­les que estão em todos os Aeons sabê-lo-ão porque a Grande Luz prevalecerá em todas as Suas Regiões. Porém, vê, Eu agora ajustei de modo que eles não exerçam má vontade sobre ti, até que se completem as Três Vezes.

 

E tu terás o Poder para ir aos seus Doze Aeons quando te agrade e também regressar e entrar na tua Região que está por baixo do Décimo Terceiro Aeon e entrar na tua Região da qual desceste. Então sim, cumpriram-se as Três Vezes e o Obstinado e todos os seus regentes novamente te forçarão para retirar-te a Luz, enfurecidos contigo e pensando que tu aprisionaste o seu poder no Caos. Ele estará furioso contigo por lhe haver retirado a luz, para mandá-la para o Caos e chegar à sua emanação, de modo que ele possa sair do Caos e subir à sua Região.

 

Adamas tratará de conseguir tudo isto. Porém retirar-lhe-ei todas as forças e dar-tas-ei. Eu virei tomá-las dele.

 

Agora, portanto, se te pressionam nesses momentos, entoa louvores à Luz e Eu não demorarei a ajudar-te. Rapidamente irei até ti a essas regiões que estão abaixo. E descerei às suas regiões para retirar-lhes a luz. E virei a esta Região onde te levei e que está abaixo do Décimo Terceiro Aeon, até que te leve à Região da qual vieste.

 

E sucedeu então, quando Pistis Sophia ouviu estas palavras, que se regozijou muito. Contudo, Eu levei-a à Região que está abaixo do Décimo Terceiro Aeon. Fui para a Luz e separei-Me dela.”

 

E todos estes acontecimentos foram relatados pelo Primeiro Mistério aos Seus discípulos, para que eles passassem por Pistis Sophia.

 

E sentou-se no Monte das Oliveiras, narrando todas estas coisas no meio dos Seus discípulos. Ele continuou e disse-lhes:

 

“Depois disto voltou a suceder que, enquanto Eu estava no mundo dos homens, quando me sentei no caminho que está nesta região, o Monte das Oliveiras, antes que me enviassem a minha «Túnica» que Eu tinha depositado no Mistério Vigésimo Quarto, do Interior, porém o primeiro do exterior, que o Grande Incontível no qual Eu estava envolvido, antes que Eu subisse às Alturas para receber a minha Segunda Veste (enquanto Eu estava sentado nesta região, que está no Monte das Oliveiras), que se havia cumprido o tempo daquilo que Eu tinha dito a Pistis Sophia:

 

Adamas e todos os seus Regentes pôr-lhe-ão impedimentos.”

 

“E sucedeu então, quando chegou esse momento e estando Eu no mundo dos homens, sentado contigo nesta região que é o Monte das Oliveiras, que Adamas olhou para baixo do Décimo Segundo Aeon e viu as regiões do Caos e também a diabó­lica força que nele existe e que não possuía qualquer luz, porque Eu a havia retirado. Ele viu que estava muito obs­curo e que não podia ir a essa região ou seja ao Décimo Segundo Aeon.”

 

“Então Adamas voltou a recordar Pistis Sophia e enfu­receu-se muitíssimo, pensando que tinha sido ela que havia apreendido a sua força no Caos e pensando ser ela quem tinha levado a sua luz. Apinhou ira sobre ira e emanou de si mesmo uma tenebrosa emanação e outra caótica e diabólica para per­seguir, com elas, Pistis Sophia. E fez aparecer uma região tenebrosa, na sua região, para restringir Sophia. E, acompa­nhado de vários dos seus Regentes, perseguiram Pistis Sophia para que as duas tenebrosas emanações emitidas por Adamas pudessem lançá-la no obscuro caos que ele tinha feito e a res­tringissem nessa região, acossando-a até lhe retirar toda a Luz. Adamas queria retirar a Luz a Pistis Sophia para a dar às duas negras e violentas emanações, de modo que estas a levassem ao grande Caos que está em baixo, nas Trevas e a lançassem no meio do seu obscuro e caótico poder. Isto no caso de ser capaz de vir a essa região, dado que havia ficado excessiva­mente obscuro, uma vez que Eu lhe havia retirado a sua Luz-Poder.

 

E sucedeu então, quando eles perseguiram Pistis Sophia, que ela tornou a gritar e entoou louvores à Luz, pois Eu tinha-lhe dito: Se fores restringida e Me cantares louvores, Eu virei rapidamente ajudar-te. E sucedeu então, quando Ela foi res­tringida e Eu me sentei contigo nesta região que está no Monte das Oliveiras, que Ela entoou louvores à Luz, dizendo:

 

«1 — Oh Luz de Luzes! Eu tive Fé em Ti. Salva-me de todos estes Regentes que me perseguem e ajuda-me.

 

2 — Que, na verdade, eles nunca me retirem a Luz, como fez a força com rosto de leão. Porque a Tua Luz não está comigo, nem a Tua torrente luminosa para salvar-me. E, mais ainda, Adamas está muito colérico comigo e diz-me: Tu aprisionaste a minha força no Caos.

 

3— Agora, portanto, oh Luz de Luzes! Se eu fiz isto e a tor­nei prisioneira, se eu cometi alguma injustiça a essa força.

 

4 — Ou se eu a restringi, como ela me restringiu, então permite que todos os Regentes que me perseguem, me retirem a Luz e me deixem vazia.

 

5 — E que o inimigo Adamas persiga a minha Força e que dela tome posse e retire a minha Luz, arrojando-a dentro dos seus negros poderes que estão no Caos e aí conserve a minha Força.

 

6 — Agora, portanto, oh Luz! Apoia em mim a Tua ira e levanta a Tua Força sobre os meus inimigos que se levantaram contra mim até ao fim.

 

7 — Rápido, rápido como disseste: Eu ajudar-te-ei.»”

 

E sucedeu então que, quando o Primeiro Mistério acabou de dizer estas palavras aos Seus discípulos, disse ainda: “Quem haja entendido as palavras que pronunciei adiante-se e expli­que a sua solução”.

 

Santiago adiantou-se e disse: “Meu Senhor, acerca deste «Cântico» que Pistis Sophia entoou, a Tua Luz-Poder profeti­zou assim, anteriormente, através de David no Sétimo Salmo:

 

«1 — Oh meu Senhor, meu Deus! Em Ti coloquei as minhas esperanças. Livra-me dos meus perseguidores e salva-me.

 

2 — E, na verdade, ele nunca teria roubado a minha Alma como um leão, sem que ninguém a pudesse libertar e salvar.

 

3 — Oh Senhor, meu Deus! Se eu fiz isto, se cometi injustiça por minhas mãos

 

4 — Se paguei da mesma forma àqueles que me pagaram com o mal, então permite que caia vazia ante os meus ini­migos.

 

5—E permite que eles (os meus inimigos) persigam a mi­nha Alma, espezinhem no solo a minha vida e arrojem ao pó a minha honra (Selah).

 

6 — Levanta-Te oh Senhor! Na Tua ira, levanta-Te para ter­minar com os meus inimigos.

 

7—Levanta-Te conforme o Teu mandamento.»”

 

E sucedeu então que, quando o Primeiro Mistério ouviu Santiago pronunciar estas palavras, lhe disse: “Bem o disseste Santiago, meu amado “.

 

E o Primeiro Mistério continuou e disse aos Seus discípu­los: “E sucedeu então, quando Pistis Sophia acabou de dizer as palavras deste «Cântico», que ela olhou para trás a fim de ver se Adamas e os seus Regentes tinham regressado ao seu Aeon. E viu-os continuarem a persegui-la. Então, ela voltou-se para eles e disse-lhes:

 

«1 — Porque me perseguem e chamam. Eu não deveria Ter ajuda e a Luz não deveria livrar-me de vós?

 

2 — Agora, portanto, o meu defensor é uma Luz Forte. Porém, deve padecer muito tempo até que me diga: Eu virei ajudar-te. E não atrairá sempre a Sua ira contra ti. Porém, este é o mo­mento do qual Ele me falou.

 

3 — Agora, portanto, se vós não regressais e não deixais de me perseguir, a Luz preparará a Sua Força e estará pronta com todo o Seu Poderio.

 

4 — E o Seu Poder preparou-se a si mesmo e pode, deste modo, retirar as luzes que em vós há e submergir-vos na obscuridade. O Seu Poder preparou isto para que aconteça. Assim, Ele pode dispôr dos vossos poderes e arrojá-los ao solo. »

 

E quando Pistis Sophia disse isto, lançou um olhar à Região de Adamas e viu a tenebrosa e caótica região que ele tinha produzido. Viu também as duas emanações excessivamente violentas que Adamas havia emanado para que pudessem capturar Pistis Sophia e lançá-la ao caos que ele havia feito, assim como restringi-la e acossá-la nessa região, até que elas lhe retirassem toda a sua Luz.

 

E sucedeu que, quando Pistis Sophia viu estas duas tenebro­sas emanações e a tenebrosa região que Adamas tinha produ­zido, teve medo e gritou à Luz:

 

«1 — Oh Luz! Adamas, o que produz a violência, está ira­cundo e produziu uma tenebrosa emanação.

 

2 — E também emanou outro caos tenebroso e caótico e tem-no pronto.

 

3 — Agora, portanto, oh Luz! Desse caos que ele produziu para lançar-me e retirar a minha Luz-Poder, retira Tu a sua própria luz.

 

4 — E o plano que idealizou, para retirar-me a Luz, será usado para lhe retirar a sua. E a injustiça de que falou, de retirar-me as Luzes, exerce-a nele e retira-lhe Tu toda a que ele possui. »

 

Estas foram as palavras que Pistis Sophia pronunciou no seu Cântico. Agora e por conseguinte, aquele que estiver tran­quilo em Espírito, que se adiante e dê a solução das palavras que Pistis Sophia disse neste «Cântico».”

 

Martha novamente se adiantou e disse: “Meu Senhor, eu estou tranquila em Espírito e entendo as palavras que expres­sas. Agora, portanto, autoriza-me a dar a solução, aberta­mente “.

E o Primeiro Mistério respondeu e disse a Martha: “Auto­rizo-te, Martha, a explicar a solução das palavras que Pistis Sophia pronunciou no seu Cântico “.

 

E Martha respondeu e disse: “Meu Senhor, estas são as palavras que a Tua Luz-Poder profetizou, anteriormente, atra­vés de David, no Sétimo Salmo, dizendo:

 

«12 — Deus é um defensor justiceiro, forte e dorido, que não incita a Sua ira em cada dia.

 

13 — Se não mudais, Ele afiará a Sua espada; já esticou o Seu arco e tem-no pronto.

 

14 — E já preparou os Seus instrumentos de morte. Já fez as Suas flechas para aqueles que vai queimar.

 

15 — Eis aqui! A injustiça esteve em momento crítico, gerou mal e produziu iniquidade.

 

16 — Cavou um fosso e tornou-o vazio. Cairá, assim, no buraco que produziu.

 

17 — O mal regressará e a sua injustiça cairá sobre a sua cabeça. »

 

Quando Martha disse isto, o Primeiro Mistério que viu para além disso, respondeu-lhe: “Bem o disseste Martha Bem-Aven­turada “.

 

E sucedeu então, quando Jesus acabou de contar aos Seus discípulos todos os acontecimentos que Pistis Sophia havia pas­sado, quando esteve no Caos e o modo como ela havia entoado louvores à Luz, que a devia salvar e retirá-la do Caos para a levar aos Doze Aeons e ainda a forma como a tinha salvo das aflições com as quais os Regentes do Caos a haviam restrin­gido, porque ela queria ir para a Luz, que Jesus continuou o Seu discurso e disse aos Seus discípulos: “E sucedeu, depois de tudo isto, que Me apoderei de Pistis Sophia e conduzi-a ao Décimo Terceiro Aeon, brilhando extraordinariamente, sendo incomensurável a Luz que Me rodeava. Entrei na Região dos Vinte e Quatro Invisíveis que brilhavam intensamente e eles entraram em grande confusão. Viram que Sophia estava comi­go. A ela, conheciam-na, porém, não sabiam quem Eu era e consideravam-Me uma emanação da Terra-Luz.

E sucedeu que, quando Pistis Sophia viu os seus seme­lhantes, os Invisíveis, regozijou-se muitíssimo e glorificou-Me, desejando proclamar as maravilhas que Eu lhe havia prodigalizado em baixo, no mundo dos seres humanos, até a ter salvo. Ela foi ao centro dos Invisíveis e, no meio deles, entoou-Me louvores dizendo:

 

«1 — Eu dar-Te-ei Graças, oh Luz! Porque és Salvadora, Tu és Libertadora, para sempre.

 

2 — Entoarei este Cântico à Luz porque me salvou e me libertou das mãos dos Regentes, meus inimigos.

 

3 — E Tu protegeste-me em todas as Regiões, salvaste-me das amarras e das profundezas do Caos e, fora dos Aeons, dos Regentes da Esfera.

 

4 — E quando Eu saí das Alturas e percorri as Regiões em que não há Luz e não podia regressar ao Décimo Terceiro Aeon, a minha morada.

 

5— Porque não havia em mim Luz nem Poder. O meu Poder tinha-se debilitado completamente.

 

6 — E a Luz salvou-me de todas as minhas aflições. Eu entoei louvores à Luz e Ela escutou-me quando estava limitada.

 

7— Guiou-me na criação dos Aeons para levar-me ao Décimo Terceiro Aeon, a minha morada.

 

8 — E eu dar-Te-ei Graças, oh Luz! Porque me salvaste e pelos Teus grandiosos trabalhos entre a raça dos homens.

 

9— Quando me faltou a minha Força, Tu deste-ma e quando me faltou a Luz, Tu inundaste-me com Luz Purificada.

 

10 — Eu estava nas trevas e na sombra do Caos, prisio­neira das terríveis cadeias do Caos e não tinha nenhuma Luz.

 

11 — Porque eu provoquei quem comanda a Luz e trans­gredi. Encolerizei quem comanda a Luz porque saí da minha Região.

 

12 — Quando desci, perdi a minha Luz, fiquei então sem Ela e ninguém me ajudava.

 

13— E na minha aflição entoei louvores à Luz que me salvou dessa aflição.

 

14 — E também rompeu as amarras e retirou-me das trevas e da aflição do Caos.

 

15 — E dar-Te-ei Graças, oh Luz! Porque me salvaste e pelos maravilhosos trabalhos que levaste a efeito na raça dos homens.

 

16 — E Tu quebraste as grades superiores das trevas e os dardos do Caos.

 

17— E permitiste-me partir da região em que eu havia trans­gredido e me tinham retirado a Luz porque havia transgredido.

 

18 — Eu terminei com os meus Mistérios e desci às portas do Caos.

 

19 — E quando fui constrangida entoei louvores à Luz que me salvou de todas as minhas aflições.

 

20 — Tu enviaste a Tua corrente que me deu forças e me salvou de todas as minhas aflições.

 

21 — Eu dar-Te-ei Graças, oh Luz! Porque me salvaste e pelos Teus maravilhosos trabalhos na raça dos homens. »

 

É este, então, o «Cântico» que Pistis Sophia entoou no meio dos Vinte e Quatro Invisíveis, desejando que eles soubessem que Eu fui ao mundo dos homens e lhes comuniquei os Mis­térios das Alturas.

Agora, portanto, aquele que estiver exaltado nos seus pen­samentos, adiante-se e diga a solução do Cântico que Pistis Sophia entoou.”

 

E sucedeu então, quando Jesus acabou de dizer estas palavras, que Filipe se adiantou e disse: “Jesus, meu Senhor, os meus pensamentos estão exaltados e eu entendi a solução do Cântico que Pistis Sophia entoou. O profeta David profetizou acerca disto, anteriormente, no Salmo Centésimo Sexto, dizendo:

 

«1 — Dai graças a Deus porque Ele é Bom e a Sua Graça é Eterna.

 

2 — Que os liberados do Senhor digam isto porque foi Ele que os libertou das mãos dos seus inimigos.

 

3 — Ele conduziu-os das suas terras, do Este e do Oeste, do Norte e do Mar

 

4 — Eles vaguearam pelo deserto, num País sem água e não encontraram o caminho para a cidade da sua morada.

 

5 — Esfomeados e sedentos, as suas Almas esvaíam-se.

 

6 — Ele salvou-os das suas necessidades. Eles chamaram o Senhor e Ele escutou-os na sua aflição.

 

7— E conduziu-os por uma Senda Recta, para que pudessem ir à região das suas moradas.

 

8 — Que deem graças ao Senhor pela Sua Bondade e pelos Seus maravilhosos Trabalhos com os filhos dos homens.

 

9 — Porque Ele deixou satisfeita uma Alma faminta; Ele saciou uma Alma faminta com coisas boas.

 

10— Eles estavam sentados nas trevas e à sombra da morte. Estavam acorrentados com ferro e miséria.

 

11 — Porque eles tinham provocado a ira de Deus e encoleri­zado a determinação do Altíssimo.

 

12 — O seu coração foi humilhado nas suas misérias, tor­naram-se débeis e ninguém os ajudou.

 

13 — Eles clamaram ao Senhor na sua aflição e Ele sal­vou-os das suas necessidades.

 

14 — Ele conduziu-os para fora das trevas e da sombra da morte e destruiu a sua sujeição.

 

15 — Que deem graças ao Senhor pela Sua Bondade e os Seus maravilhosos Trabalhos com os filhos dos homens.

 

16— Porque Ele destroçou as portas de bronze e rompeu os ferrolhos de ferro.

 

17 — Ele tomou-os para Si, fora da senda das suas iniqui­dades, dado que eles haviam descido muito devido às suas iniquidades.

 

18 — Os seus corações detestavam toda a classe de carne e estavam próximo dos umbrais da morte.

 

19 — Eles clamaram ao Senhor na sua aflição e Ele salvou­-os das suas necessidades.

 

20 — Ele enviou a Sua palavra, curou-os e libertou-os das suas misérias.

 

21 — Que deem graças ao Senhor pela Sua Bondade e os Seus maravilhosos Trabalhos com os filhos dos ho­mens. »

 

Então, meu Senhor, esta é a solução do Cântico que Pistis Sophia entoou. Escuta meu Senhor, para que eu possa dizê-lo claramente. Na verdade, a palavra que David proferiu: «Dai graças ao Senhor, porque Ele é Bom e a Sua Graça é Eterna» é a palavra que Pistis Sophia exprimiu: «Eu dar-Te-ei graças, oh Luz! Porque Tu és a minha salvadora e emancipadora, para sempre».

 

E a palavra que David expressou: «Deixai que os emanci­pados do Senhor digam isto, porque Ele libertou-os das mãos dos seus inimigos» é a palavra que Pistis Sophia também expressou: «Eu entoei este Cântico à Luz, porque me salvou das mãos dos Regentes, meus inimigos». Assim como o resto do Salmo.

 

Esta é então, meu Senhor, a solução do «Cântico» que Pistis Sophia entoou no meio dos Vinte e Quatro Invisíveis, desejando que eles soubessem dos maravilhosos trabalhos que Tu fizeste por ela e desejando que eles saibam que Tu entregaste os Teus Mistérios à raça dos homens.”

 

TERMINA A HISTÓRIA DE PISTIS SOPHIA

 

Então, depois de tudo isto, de novo sucedeu que Maria se adiantou, glorificou os pés de Jesus e disse: “Meu Senhor, que não Te desgoste se eu Te interrogo, porque interrogamos, em relação a tudo isto, com exactidão e certeza.

 

Tu disseste-nos, anteriormente: «O que procura encontra e ao que chama abre-se-lhe. Porque aquele que procura encon­trará e a todo aquele que chama abrir-se-lhe-á».

 

Agora, portanto, meu Senhor, a quem é que buscaremos ou a quem é que chamaremos? Ou melhor dito, quem é que estará apto a dar-nos a explicação das palavras relativas ao que perguntamos? Ou melhor ainda, quem conhece a potestade das palavras relativas ao que perguntamos? Tu depositaste «Mente de Luz» na nossa mente e concedeste-nos Inteligência e um pensamento sumamente exaltado. Por isso, não existiu ninguém no mundo dos homens nem na Altura dos Aeons que pudesse dar a explicação das palavras relativas às nossas interrogações excepto Tu. Tu que conheces o Universo e nele estás consuma­do. Nós não interrogamos como o fazem os homens do mundo, mas segundo a Gnose da Altura, que nos ensinaste, isto é, in­terrogamos de excelente modo, tal como nos ensinaste.

 

Agora, portanto, meu Senhor, não Te desgostes comigo e revela-me tudo o que se relacione com o que Te perguntarei.”

 

Sucedeu que, quando Jesus ouviu Maria Magdalena pro­nunciar estas palavras, lhe respondeu: “Pergunta o que desejes saber, que Eu to revelarei com exactidão e certeza. Amén, Amén te digo: regozija-te com grande júbilo e alegra-te com grande satisfação. Se perguntas tudo com exactidão, então Eu alegrar-Me-ei intensamente porque tu interrogas na forma como se deve interrogar tudo. Com exactidão. Agora, portanto, pergunta o que querias saber, que Eu o revelarei com alegria.”

 

Sucedeu então que, quando Maria escutou, do Salvador, estas palavras, se regozijou com grande júbilo e sumamente alegre disse a Jesus: “Meu Senhor e Salvador, como são, então, os Vinte e Quatro Invisíveis? De que tipo ou, dizendo melhor, de que classe são eles, ou de que classe é a sua Luz?”

 

E Jesus respondeu e disse a Maria: “O que é que há no mundo que seja assim? Ou melhor, que região há neste mundo que se lhes possa comparar? Portanto, de que modo sou Eu semelhante a eles? Ou ainda melhor, quem sou Eu para falar a respeito deles? Porque não existe nada neste mundo que se lhes possa comparar, nem forma alguma que se lhes assemelhe. Por isso, nada existe neste mundo que tenha o mérito do Céu. Amén vos digo: cada um dos Invisíveis é nove vezes maior que o Céu e a Esfera superior e os Doze Aeons juntos, tal como Eu já vos disse anteriormente.

 

E não existe Luz neste mundo que sobressaia mais que a Luz do Sol. Amén, Amén, vos digo: os Vinte e Quatro Invisíveis brilham dez mil vezes mais que a Luz do Sol que está neste mundo, como já vos disse, tempos atrás. Porque a Luz do Sol, na sua verdadeira forma, não está neste mundo, uma vez que a sua Luz penetra através de muitos véus e regiões. Mas essa Luz do Sol na sua verdadeira forma, que está na Região da Virgem de Luz, brilha dez mil vezes mais que os Vinte e Quatro Invisíveis e o Grande Invisível Antepassado e também o grande Deus Tríplice-Poder, tal como vos tinha dito, anteriormente.

Agora, portanto, Maria, não há forma neste mundo, nem Luz, nem figura que seja comparável aos Vinte e Quatro Invi­síveis e que se possa assemelhar a eles. Porém, Eu conduzir­-vos-ei, assim como aos vossos irmãos e condiscípulos, a todas as Regiões da Altura e levar-vos-ei aos Três Espaços do Pri­meiro Mistério, exceptuando as Regiões do Espaço do Inefável e vós apreciareis todas as suas formas verdadeiras, sem nenhu­ma semelhança. E se vos conduzo à Altura apreciareis a Sua Glória. Então, ficareis grandemente assombrados.”

 

“E se Eu vos conduzir à Região dos Regentes do Destino, vereis então a glória na qual se encontram e devido à sua predominante glória, vós considerareis este mundo como a Treva das Trevas e vereis todo o mundo dos homens como uma mancha de escombros, devido à enorme distância a que dele (o Destino) está e devido à grande linhagem que é consideravelmente maior que ele.”

 

“E se vos conduzir aos Doze Aeons, vereis então a glória na qual eles se encontram. E, devido à sua grande glória, a região dos Arcontes do Destino será por vós considerada como a Treva das Trevas e terá para vós a condição de uma mancha de escombros, devido à enorme distância a que dele está e pela grande condição que é consideravelmente maior que eles, tal como vos disse anteriormente.

 

“E se, além disso, vos conduzir ao Aeon Treze, vereis então a glória em que eles se encontram e considerareis os Doze Aeons como Trevas das Trevas e vereis a região dos Doze Aeons semelhante a uma mancha de escombros devido à enorme dis­tância que dele está (Aeon Treze) e a grande condição que é consideravelmente maior que a anterior.”

 

“E se vos conduzir à Região dos que estão no «Meio», vereis então a glória na qual eles se encontram e os Treze Aeons serão, por vós, considerados as Trevas das Trevas.

 

E novamente vereis os Doze Aeons, o Destino Completo, a Ordem Completa, todas as Esferas e todas as outras nas quais eles se encontram e que terão para vós a condição de uma mancha de escombros, devido à enorme distância que a sua regíão está dela e devido à grande condição que é considera­velmente maior que a anterior.’

 

“E se vos conduzir à Região dos da Direita vereis então a glória na qual se encontram e, a Região dos do Meio, considerá­-la-eis como a noite que está no mundo dos homens. E se olhardes para os do Meio, esta região terá para vós a condição de uma mancha de escombros, devido à grande distância a que está da Região dos da Direita.”

 

“E se vos conduzir à Terra de Luz que está no Tesouro da Luz, vereis a glória na qual eles se encontram. Então, aos da Região da Direita, considerá-los-eis como a Luz do Meio-Dia no mundo dos homens, quando o Sol ainda não se pôs e se olhardes para a Região dos da Direita esta terá para vós a condição de uma mancha de escombros, devido à grande dis­tância a que está do Tesouro da Luz.”

 

“E se vos conduzir à Região dos que receberam as Heranças e os Mistérios da Luz vereis a glória da Luz na qual se encon­tram e, a Terra da Luz, considerá-la-eis como a Luz do Sol que está no mundo dos homens. E se olhardes para a Terra da Luz, ireis considerá-la como uma mancha de escombros, devido à enorme distância a que se encontra desta Região e devido à grandeza desta que é consideravelmente maior que a anterior”

 

Sucedeu então que, quando Jesus acabou de dizer estas palavras aos Seus discípulos, Maria Magdalena se adiantou e disse: “Meu Senhor, não Te desgostes comigo se Te interrogo, pois nós Te interrogamos com exactidão relativamente a tudo “.

 

E Jesus respondeu dizendo a Maria: “Pergunta o que dese­jes saber que Eu o revelarei abertamente e sem analogias. Tudo, relacionado com o que perguntes, dir-te-ei com exactidão e cer­teza. Eu aperfeiçoar-te-ei em todo o Poder e com toda a Pleni­tude desde o Interior dos Interiores até ao Exterior dos Exte­riores, desde o Inefável até às Trevas das Trevas; assim serás chamada «a Plenitude Aperfeiçoada em toda a Gnose». Agora, por conseguinte, Maria, pergunta o que mais queiras saber, que Eu te revelarei com grande júbilo e regozijo.”

 

Sucedeu então, quando Maria escutou estas palavras do Salvador, que se regozijou sumamente com grande alegria e disse: “Meu Senhor, serão os homens do mundo que receberam os Mistérios da Luz, superiores às emanações do Tesouro, no Teu Reino? Porque Tu disseste. «Se vos conduzir à Região da­queles que receberam os Mistérios da Luz, será a região das emanações da Terra da Luz considerada por vós como uma mancha de escombros devido à enorme distância a que está daquela região e pela grande Luz em que ela se encontra, quer dizer, a Terra da Luz é o Tesouro, a Região das Emanações». Portanto meu Senhor, serão os homens que receberam os Mis­térios, superiores à Terra da Luz e superiores às Emanações no Reino da Luz?”

 

E Jesus respondeu e disse a Maria: “Na verdade, subtilmente perguntas em relação a tudo, com exactidão e certeza. Porém, escuta atentamente Maria, porque posso falar-te acerca da Con­sumação do Aeon e da Ascensão do Universo. Todavia, isto não se realizará. Contudo, disse-vos: «Se vos conduzir à Região das Heranças d’Aqueles que receberam o Mistério da Luz, o Tesouro da Luz, a Região das Emanações será então, por vós, considerada como uma mancha de escombros única e como a luz do Sol em pleno dia».”

 

“Portanto, Eu disse: «Isto realizar-se-á no momento da consumação e ascensão do Universo».

Os Doze Salvadores do Tesouro e as Doze Ordens de cada um d’Eles, que são as Emanações das Sete Vozes e das Cinco Árvores, estarão comigo na Região das Heranças da Luz, sendo Reis comigo no Meu Reino, sendo cada um d’Eles Rei sobre as Suas emanações e, além disso, sendo cada um deles Rei segundo a sua glória, grandeza e pequenez.

 

E o Salvador das Emanações da Primeira Voz estará na Região das Almas daqueles que receberam o «primeiro misté­rio» do Primeiro Mistério, no Meu Reino. E o Salvador das Emanações da Segunda Voz estará na Região das Almas daqueles que receberam o «segundo misté­rio» do Primeiro Mistério.
De igual modo, estará também o Salvador das Emanações da Terceira Voz na Região das Almas daqueles que receberam o «terceiro mistério» do Primeiro Mistério nas Heranças da Luz.

E o Salvador das Emanações da Quarta Voz do Tesouro da Luz estará na Região das Almas daqueles que receberam o «quarto mistério» do Primeiro Mistério nas Heranças da Luz.

E o Quinto Salvador da Quinta Voz do Tesouro da Luz estará na Região das Almas daqueles que receberam o «quinto mistério» do Primeiro Mistério nas Heranças da Luz.

E o Sexto Salvador das Emanações da Sexta Voz do Tesou­ro da Luz estará na Região das Almas daqueles que receberam o «sexto mistério» do Primeiro Mistério.

E o Sétimo Salvador das Emanações da Sétima Voz do Tesouro da Luz estará na Região das Almas daqueles que receberam o «sétimo mistério» do Primeiro Mistério no Tesouro da Luz.

E o Oitavo Salvador que é o Salvador das Emanações da Primeira Árvore do Tesouro da Luz estará na Região das Almas daqueles que receberam o «oitavo mistério» do Primeiro Mis­tério nas Heranças da Luz.

E o Nono Salvador que é o Salvador das Emanações da Se­gunda Árvore do Tesouro da Luz estará na Região das Almas daqueles que receberam o «nono mistério» do Primeiro Misté­rio nas Heranças da Luz.

E o Décimo Salvador que é o Décimo Salvador das Ema­nações da Terceira Árvore do Tesouro da Luz estará na Região das Almas daqueles que receberam o «décimo mistério» do Primeiro Mistério nas Heranças da Luz.

De igual forma, também o Décimo Primeiro Salvador, que é o Salvador da Quarta Árvore do Tesouro da Luz, estará na Região das Almas daqueles que receberam o «décimo primeiro mistério» do Primeiro Mistério nas Heranças da Luz.

 

E o Décimo Segundo Salvador, que é o Salvador das Ema­nações da Quinta Árvore do Tesouro da Luz, estará na Região das Almas daqueles que receberam o «décimo segundo misté­rio» do Primeiro Mistério nas Heranças da Luz.”

 

“E os Sete Amens, as Cinco Árvores e os Três Amens esta­rão à Minha Direita, sendo Reis das Heranças da Luz. E o Sal­vador Gémeo que é o Filho do Filho e os Nove Guardiões estarão também à Minha Esquerda, sendo Reis nas Heranças da Luz.”

 

“E cada um dos Salvadores governará sobre as Ordens das suas emanações nas Heranças da Luz, como também o fizeram no Tesouro da Luz.”

 

“E os Nove Guardiões do Tesouro da Luz serão superiores aos Salvadores nas Heranças da Luz. E o Salvador Gémeo será superior aos Nove Guardiões no Reino. E os Três Amens serão superiores ao Salvador Gémeo no Reino. E as Cinco Árvores serão superiores aos Três Amens nas Heranças da Luz.”

 

“E «Jeú» e o «Guardião do Véu da Grande Luz», assim como o «Receptor de Luz», os «dois Magnos Guias» e o «Grande Sabaoth, o Digno», serão Reis no Primeiro Salvador da Pri­meira Voz do Tesouro da Luz. O Salvador estará na Região d’Aqueles que receberam o «primeiro mistério» do Primeiro Mistério. Porque, na verdade, «Jeú» é o Guardião da Região d’Aqueles da Direita e «Melchizedek», o Magno Receptor da Luz e os «dois Magnos Guias» emanaram da Luz Purificada, Inteiramente Pura, da primeira até à «Quinta Árvore».

 

«Jéu» é, na verdade, o «Veedor da Luz», que emanou, em primeiro lugar, da Luz Pura da «Primeira Árvore». Por outro lado, o Guardião do Véu d’Aqueles da Direita emanou da «Segunda Árvore». Os Dois Guias, por seu lado, emanaram da Pura e Inteiramente Purificada Luz da «Terceira» e «Quarta Árvores» do Tesouro da Luz. «Melchizedek», além disso, ema­nou da «Quinta Árvore». Por fim, «Sabaoth, o Digno», a quem chamei «Meu Pai», emanou de «Jeú», o Veedor da Luz.

 

Estes seis, pois, por mandato do Primeiro Mistério que é o supremo «Auxiliar» ficaram na Região dos da Direita, para a «economia da colheita da Luz Suprema dos Aeons» dos Regen­tes dos Mundos e de todas as Raças que neles há. E de cada um deles vos direi o destino que Ele estabeleceu na expansão do Universo. Porque, além da importância do destino estabe­lecido, eles serão Reis Companheiros no Primeiro Salvador da Primeira Voz do Tesouro da Luz, que estará na Região das Almas daqueles que receberam o «primeiro mistério» do Pri­meiro Mistério.”

 

“E a Virgem de Luz e o Admirável Guia do Meio, a quem os Regentes dos Aeons normalmente chamam «Grande Jeú» depois do Magno Regente que está na sua Região, Ele, a Vir­gem de Luz e os Doze Ministros, de quem vós haveis recebido a vossa forma e o vosso poder, todos eles serão Reis com o Primeiro Salvador da Primeira Voz na Região das Almas que receberão o «primeiro mistério» do Primeiro Mistério nas Heranças da Luz.

 

E os Quinze Auxiliares das Sete Virgens da Luz que estão no Meio, estender-se-ão, eles próprios, nas Regiões dos Doze Salvadores e os restantes Anjos do Meio, cada um conforme a sua glória, governarão comigo nas Heranças da Luz e Eu governarei sobre todos eles nas Heranças da Luz.”

 

“Tudo isto que vos tenho dito não será realizado agora, mas na Consumação do Aeon, quer dizer, na Ascensão do Universo que é a sua dissolução e na total ascensão do número das Almas Perfeitas, nas Heranças da Luz.

 

Antes da Consumação, por conseguinte, isto que vos disse não se realizará, porque cada um estará na sua própria região, na que Ele estabeleceu desde o Princípio até que o número da Colheita das Almas Perfeitas esteja completo.

 

As Sete Vozes, as Cinco Árvores, os Três Amens, o Salvador Gémeo, os Nove Guardiões, os Doze Salvadores, os da Região da Direita e os da região do Meio, cada um, permanecerá na Região na qual foi estabelecido, até que o Número das Almas Perfeitas das Heranças da Luz sejam, todas juntas, erguidas. E também todos os Regentes que se tenham arrependido, permanecerão na região na qual foram estabelecidos, até que Número das Almas da Luz sejam, conjuntamente, erguidas.”

 

“Todas as Almas virão, no momento em que Ele receberá os Mistérios e todos os Arcontes que se arrependeram passarão e virão à região do Meio.

 

E os do Meio baptizá-los-ão e lhes darão a Unção Espiri­tual e os selarão com os Selos dos seus Mistérios.

E eles passarão através de todos os da região do Meio e da região da Direita e do interior da região dos Nove Guardiões e do interior da região do Salvador Gémeo e do interior da região dos Três Amens e dos Doze Salvadores e do interior das Cinco Árvores e das Sete Vozes.

 

Cada um lhes dará o Selo do seu Mistério e passarão ao interior de todos eles e irão à região das Heranças da Luz e cada um ficará na região na qual recebeu os Mistérios nas Heranças da Luz. Numa palavra, todas as Almas dos Homens que receberão os Mistérios da Luz precederão os Arcontes que se arrepende­ram e estes precederão aqueles da região do Meio e aqueles da região completa do Tesouro da Luz. Numa palavra, eles precederão todos aqueles da Região do Tesouro e precederão todos aqueles das Regiões do Primeiro Mandamento e passa­rão ao interior de todos aqueles e entrarão na Herança da Luz até à Região do seu Mistério. E cada um permanecerá na Região na qual recebeu os Mistérios.

 

E os da região do Meio e os da Direita e os da Região Completa do Tesouro, cada um permanecerá na região da ordem para a qual foi designado desde o Princípio até que o universo seja elevado.

 

E cada um deles completará a sua economia, na qual foi colocado, relativamente à Colheita das Almas que receberam os Mistérios, em relação com esta economia para que possam selar todas as Almas que receberão os Mistérios e que passa­rão através do seu interior para a Herança da Luz. Portanto Maria, esta é a palavra relacionada com as tuas interrogações cheias de exactidão e certeza. O que tenha ouvidos para ouvir, que oiça.”

 

Sucedeu então, quando Jesus acabou de pronunciar estas palavras, que Maria Magdalena se adiantou e disse:

 

“Meu Senhor, o meu Morador de Luz tem ouvidos e com­preende cada palavra que pronunciaste. Por conseguinte, meu Senhor, com respeito à palavra sobre a qual disseste: «Todas as Almas das raças dos homens que receberão os Mistérios da Luz, irão à Herança da Luz antes de todos os Regentes que se arrependam e antes dos de toda a Região da Direita e antes dos de toda a Região do Tesouro da Luz».

Por este motivo, meu Senhor, Tu nos disseste, anteriormente:

 

«Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primei­ros», quer dizer, os últimos são todas as raças dos homens que entrarão no Reino da Luz mais rapidamente do que todos os da Região das Alturas, que são os «primeiros».

 

Portanto, meu Senhor, Tu nos disseste: «O que tenha ouvidos para ouvir, que oiça». É o vosso desejo de saber se com­preendemos cada palavra do que disseste. Isto, por conseguinte, é a palavra, meu Senhor.”

E sucedeu, quando Maria finalizou estas palavras, que o Salvador se assombrou grandemente pelas definições das pala­vras que ela proferiu porque se havia convertido completamen­te em Espírito Puro.

 

Jesus respondeu-lhe, novamente, dizendo:

 

“Bem o disseste, Pura e Espiritual Maria, esta é a solução da palavra.”

 

Sucedeu então, depois de todas estas palavras, que Jesus continuou no Seu discurso dizendo aos Seus discípulos:

 

“Escutai com atenção que devo falar convosco da Glória dos das Alturas e como eles são, com a forma como vos falei, este dia.”

 

“Agora, portanto, se vos conduzo à Região do Último Au­xiliar que rodeia o Tesouro da Luz e se vos conduzo à Região desse Último Auxiliar vereis a glória na qual Ele se encontra. Então, a Região da Herança da Luz será considerada por vós do singular tamanho de uma cidade do mundo, devido à gran­deza em que está o Último Auxiliar e à Grande Luz na qual se encontra.

 

E depois disso falar-vos-ei também da glória do Auxiliar que está acima do Pequeno Auxiliar. Porém, não me será possível falar-vos das regiões daqueles que estão acima de todos os Auxiliares, porque não existe ninguém neste mundo que possa descrevê-los, uma vez que não há nada que lhes seja igual ou comparável em Grandeza e Luz. E não só neste mundo. Também não têm qualquer semelhança com os das Alturas de Justiça da sua região para cima.

 

Por este motivo, não existe forma neste mundo que os possa descrever devido à grande glória d’Aqueles da Altura e pela sua desmesurada Grandeza. Assim, não existe forma, neste mundo, capaz de os descrever”.

 

Sucedeu então, quando Jesus acabou de dizer isto aos Seus discípulos, que Maria Magdalena se adiantou e Lhe disse: “Meu Senhor, não Te desgostes comigo se Te interrogo e causo pro­blemas repetidamente. Assim, pois, meu Senhor não Te abor­reças comigo se Te interrogo com exactidão e certeza, porque os meus irmãos proclamarão isto entre as raças dos homens para que possam ouvi-lo, se arrependam e sejam salvos dos violentos juízos dos malignos Regentes para irem à Altura, a fim de herdar o Reino da Luz. Porque, meu Senhor, nós não somos compassivos só conosco próprios, mas também com todas as raças dos homens, para que eles se libertem dos violentos regentes das trevas e sejam salvos das mãos dos violentos receptores das Trevas mais profundas”.

 

E aconteceu que, quando Jesus ouviu Maria dizer estas palavras, lhe respondeu com grande Compaixão dizendo-lhe:

 

“Pergunta o que desejes que Eu vo-lo revelarei com exactidão e certeza e sem qualquer analogia “.

 

Sucedeu então que, quando Maria ouviu o Salvador dizer estas palavras, se regozijou com grande júbilo e, com enorme alegria, disse a Jesus: “Meu Senhor! Qual é a grandeza do Segundo Auxiliar em relação ao Primeiro? A que distância está um do outro ou, dizendo melhor, quantas vezes brilha um mais que o outro?”

 

Jesus respondeu a Maria, no meio dos Seus discípulos:

 

“Amén, Amén vos digo: o Segundo Auxiliar está afastado do Primeiro, a desmesurada distância, de acordo com a altura de cima e a profundidade de baixo e o comprimento e a largura, porque ele está excessivamente distante do Primeiro, a grande e desmesurada distância, graças aos Anjos e a todos os Arcan­jos e graças aos Deuses e a todos os Invisíveis. E é conside­ravelmente maior que o Primeiro, num incalculável grau, gra­ças aos Anjos e Arcanjos e graças aos Deuses e a todos os Invisíveis. E brilha mais do que o Primeiro, numa dimensão totalmente incalculável, de modo que não há medida para a Luz na qual se encontra, nem medida para Ele graças aos Anjos e Arcanjos e graças aos Deuses e a todos os Invisíveis, tal como vos disse em anterior ocasião.”

 

“Também, da mesma forma, o Terceiro, o Quarto e o Quinto Auxiliares são, cada um, maior que o outro e brilham mais do que o anterior e estão afastados uns dos outros a grande e desmesurada distância graças aos Anjos e Arcanjos e graças aos Deuses e a todos os Invisíveis, tal como vos disse em ocasião anterior. Também vos falarei da Região de cada um deles na sua expansão.”

 

Sucedeu então, quando Jesus concluiu estas palavras, que Maria Magdalena se adiantou de novo e disse a Jesus: “Meu Senhor! Em que região estarão os que receberam o Mistério da Luz do Meio, do Ultimo Auxiliar?”.

 

E Jesus, rodeado pelos discípulos, respondeu dizendo a Maria: “Aqueles que receberam o Mistério da Luz, emanaram do corpo de matéria dos Regentes e cada um estará na sua ordem de acordo com o Mistério que recebeu. Aqueles que re­ceberam os Mistérios mais elevados permanecerão numa or­dem mais elevada; Aqueles que receberam Mistérios Menores permanecerão nas ordens mais baixas, até à região da qual cada um recebeu os Mistérios e ali permanecerão, na sua ordem, na Herança da Luz.

Por tal motivo vos disse anteriormente: «Onde o vosso cora­ção estiver, estará o vosso Tesouro», quer dizer, de acordo com a Região em que recebeu os seus Mistérios estará cada um.”

 

Aconteceu que, quando Jesus acabou de pronunciar estas palavras, João se adiantou e Lhe disse:

 

“Meu Senhor e Salvador, dá-me o Teu consentimento para falar e não Te desgostes se Te interrogo em relação a tudo isto, com exactidão e certeza, porque Tu, meu Senhor, me prometeste revelar-nos tudo sobre o que Te interroguemos. Portanto, meu Senhor, nada nos ocultes sobre o que Te inter­rogamos.

 

E Jesus respondeu a João com grande compaixão, dizendo-lhe:

 

“A ti também Bem-Aventurado e Amado João, Eu ordeno que expresses a questão que te compraza que Eu revelarei frontalmente, sem nenhuma analogia e dir-te-ei tudo acerca do que Me perguntares, com exactidão e certeza.”

 

E João respondeu, dizendo a Jesus: “Meu Senhor, perma­necerá, então, cada um na região até onde haja recebido os Mistérios e não terá poder para ir às Ordens que estão acima dele?”

 

E Jesus respondeu dizendo a João: “Realmente tudo o que perguntas tem precisão e certeza. Porém, escuta com atenção João, que posso falar contigo. O que haja recebido Mistérios da Luz, permanecerá na Região em que os tenha recebido e não terá o poder de ir à Altura, às Ordens que estão acima dele.”

 

“Assim, pois, o que recebeu Mistérios no Primeiro Man­damento tem o poder de ir às Ordens que estão abaixo dele, quer dizer, a todas as Ordens do Terceiro Espaço. Contudo, não tem o poder de ir à Altura, às Ordens que estão acima dele. E o que receba os Mistérios do Primeiro Mistério — que é o Vigésimo Quarto Mistério de fora e a cabeça do Primeiro Espaço que está fora — tem o poder de ir a todas as ordens que não estão com ele exceptuando o de ir às Regiões que estão acima dele ou que passam por elas.”

 

“E aqueles que receberam os Mistérios nas Ordens dos Vinte e Quatro Mistérios irão, cada um, à Região na qual receberam Mistérios e terão poder de passar por todas as Ordens e Espaços que não estão com ele. Contudo, não terão o poder de ir às Ordens mais elevadas que estão acima dele ou que passam por elas.”

 

“E aquele que recebeu os Mistérios nas Ordens do Primeiro Mistério que está no Terceiro Espaço tem o poder de ir a todas as Ordens mais baixas, que estão abaixo dele e passar por elas. Porém, não tem o poder de ir às Regiões que estão acima dele ou de passar por elas.”

 

“E aquele que recebeu os Mistérios do «Primeiro Três Vezes Espiritual» — que governa sobre todos os Vinte e Quatro Mis­térios, os quais governam sobre o Espaço do Primeiro Mis­tério, a Região da Extensão do Universo de quem vos falarei—esse, portanto, que recebeu o Mistério do Três Vezes Espiri­tual, tem o poder de ir abaixo, isto é, a todas as Ordens que estão abaixo dele. Contudo, não tem o poder de ir às Alturas das Qrdens que estão acima dele, quer dizer, a todas as Ordens do Espaço Inefável.”

 

“E aquele que recebeu o Mistério do «Segundo Três Vezes Espiritual», tem o poder de ir às Ordens do Primeiro Três Vezes Espiritual e passar por todas elas e por todas as Ordens que nelas estão. Porém, não tem o poder de ir às Ordens mais elevadas do «Terceiro Três Vezes Espiritual».”

 

“E aquele que recebeu o Mistério do «Terceiro Três Vezes Espiritual» que governa sobre os «Três Vezes Espirituais» e os «Três Espaços» do Primeiro Mistério conjuntamente, tem o poder de ir às Ordens que estão abaixo dele. Contudo, não tem o poder de ir à Altura das Ordens que estão acima, quer dizer, às Ordens do Espaço do Inefável.”

 

“E aquele que recebeu o Mistério «Maior» do Primeiro Mis­tério do Inefável, quer dizer, os Doze Mistérios do Primeiro Mistério, todos juntos, que governam sobre todos os Espaços do Primeiro Mistério, esse que recebeu o Mistério, tem o poder de passar por todas as Ordens dos Espaços dos Três Vezes Espirituais e dos Três Espaços do Primeiro Mistério e todas as suas Ordens. Tem ainda, o poder de passar por todas as Ordens das Heranças da Luz, de passá-las de fora para dentro e de dentro para fora, assim como de cima para baixo e de baixo para cima, da Altura até à profundidade e da profundidade à Altura, do comprimento à largura e da largura ao comprimen­to. Numa palavra, ele tem o poder de permanecer na Região que lhe agrade, na Herança do Reino da Luz.

 

E Amén vos digo: esse Homem, ao dissolver-se o Mundo, será Rei sobre todas as Ordens da Herança da Luz e o que recebe esse Mistério do Inefável o qual «Eu Sou».”

 

“Esse Mistério sabe porque é que as Trevas se levantaram e a Luz apareceu.

“E esse Mistério conhece porque é que as Trevas das Trevas se levantaram e a Luz das Luzes surgiu.

“E esse Mistério sabe porque é que o Caos surgiu e o Tesouro da Luz sobreveio.”

“E esse Mistério sabe porque é que os juízos apareceram e a Terra da Luz e a Região das Heranças da Luz surgi­ram.

“E esse Mistério sabe porque é que os ímpios surgiram e os mansos se puseram de pé.”

 

“E esse Mistério conhece porque é que os castigos e juízos surgiram e todas as Emanações da Luz ressuscitaram.”

“E esse Mistério sabe porque é que o Fogo do Castigo surgiu e porque é que os Selos da Luz, para que o fogo não os pre­judique, apareceram.

“E esse Mistério sabe porque é que a ira apareceu e a Paz surgiu.”

“E esse Mistério sabe porque é que a calúnia surgiu e os Cânticos da Luz apareceram.

“E esse Mistério sabe porque é que as Preces da Luz apa­receram.

“E esse Mistério sabe porque é que a perversidade surgiu e o engano apareceu.

“E esse Mistério sabe porque é que a maldição surgiu e a Benção apareceu.

“E esse Mistério sabe porque é que o crime surgiu e a vivificação das Almas apareceu.

“E esse Mistério sabe porque é que o adultério e a fornica­ção surgiram e a Castidade apareceu.

“E esse Mistério sabe porque é que o trato sexual surgiu e a Continência apareceu.

“E esse Mistério sabe porque é que a insolência e a osten­tação surgiram e porque é que a Humildade e a Mansidão se levantaram.”
“E esse Mistério sabe porque é que o pranto foi originado e o riso foi suscitado.”
“E esse Mistério sabe porque é que a calúnia se levantou e porque o bom esclarecimento apareceu.
“E esse Mistério sabe porque é que a apreciação surgiu e o desprezo sobreveio.”
“E esse Mistério sabe porque é que a murmuração surgiu e a Inocência e a Humildade sobrevieram.”
“E esse Mistério sabe porque é que o pecado apareceu e a Pureza sobreveio.”

“E esse Mistério sabe porque é que a Força surgiu e debi­lidade se apresentou.”

“E esse Mistério sabe porque é que o movimento do corpo surgiu e a sua utilidade sobreveio.”

“E esse Mistério sabe porque é que a pobreza foi originada e a riqueza foi suscitada.”

“E esse Mistério sabe porque é que a Liberdade do Mundo apareceu e a escravidão sobreveio.”

“E esse Mistério sabe porque é que a morte surgiu e a vida sobreveio.”

 

Sucedeu então que, quando Jesus concluiu estas palavras, os Seus discípulos, ao ouvi-lO, se regozijaram com grande júbilo e alegria.

 

E Jesus continuou com a Sua “prática” dizendo-lhes:

 

“Prestai ainda mais atenção agora, oh Meus discípulos! Para que vos fale da Gnose Completa do Mistério do Inefável.”

 

“Esse Mistério do Inefável sabe porque é que a falta de misericórdia surgiu e a Misericórdia apareceu.

“E esse Mistério sabe porque é que a ruína apareceu e o Eterno Deus surgiu.”

“E esse Mistério sabe porque é que os répteis apareceram e porque serão destruídos.”

“E esse Mistério sabe porque é que os animais selvagens surgiram e porque serão destruídos.”

“E esse Mistério sabe porque é que o gado sobreveio e os pássaros apareceram.

“E esse Mistério sabe porque é que as montanhas se ele­varam e pedras preciosas apareceram nelas.”

“E esse Mistério sabe porque é que a matéria do ouro foi originada e a matéria da prata apareceu.

“E esse Mistério sabe porque é que a matéria do cobre apareceu e a matéria do ferro foi originada.”

“E esse Mistério sabe porque é que a matéria do chumbo surgiu.”

“E esse Mistério sabe porque é que a matéria do vidro surgiu e a matéria da cera apareceu.

“E esse Mistério sabe porque é que as ervas, quer dizer, os vegetais surgiram e todas as substâncias apareceram.

“E esse Mistério sabe porque é que as águas da Terra e todas as coisas que nela há, surgiram e a Terra apareceu.

“E esse Mistério sabe porque é que os mares e as águas surgiram e os animais selvagens marinhos apareceram.

“E esse Mistério sabe porque é que a matéria do Mundo surgiu e o Mundo será rapidamente destruído.”

Jesus continuou, dizendo aos Seus discípulos:

“E ainda mais, oh Meus discípulos e Irmãos! Sede simples com o Espírito que reside em vós, que entende e compreende todas as palavras que vos direi porque, de agora em diante, fa/ar-vos-ei sobre toda a Gnose do Inefável.”

“Esse Mistério sabe porque é que o Oeste surgiu e o Este se elevou.”

“E esse Mistério sabe porque é que o Sul surgiu e o Norte se levantou.

“Ainda mais Meus discípulos, escutai com atenção e mantende a vossa sobriedade para que escuteis a Gnose Total do Mistério do Inefável.”

“Esse Mistério sabe porque é que os demónios apareceram e o género humano surgiu.”

“E esse Mistério sabe porque é que o calor foi suscitado e o bom tempo sobreveio.”

“E esse Mistério sabe porque é que as estrelas surgiram e as nuvens apareceram.

“E esse Mistério sabe porque é que a Terra se aprofundou e a água dela proveio.”

“E esse Mistério sabe porque é que a carestia surgiu e a miséria apareceu.

“E esse Mistério sabe porque é que a branca geada surgiu e o saudável orvalho apareceu.”

“E esse Mistério sabe porque é que a Terra secou e a água escorre sobre ela.”

“E esse Mistério sabe porque é que o pó surgiu e a deliciosa frescura apareceu.”

“E esse Mistério sabe porque é que o granizo surgiu e a agradável neve apareceu.

“E esse Mistério sabe porque é que o vento do oeste surgiu e o vento do este apareceu.”

“E esse Mistério sabe porque é que o Fogo da Altura surgiu e as águas apareceram.

“E esse Mistério sabe porque é que o vento do este surgiu.”

“E esse Mistério sabe porque é que o vento do sul surgiu e o vento do norte apareceu.”

“E esse Mistério sabe porque é que as estrelas dos céus e os discos dos Veedores de Luz surgiram e o Firmamento, com todos os seus véus, apareceu.”

“E esse Mistério sabe porque é que os Arcontes das Esferas surgiram e a Esfera, com todas as suas Regiões, apareceu.”

“E esse Mistério sabe porque é que os Arcontes dos Aeons surgiram e os Aeons, com os véus, apareceram.”

“E esse Mistério sabe porque é que os tiranos Arcontes dos Aeons surgiram e os Arcontes arrependidos apareceram.”

“E esse Mistério sabe porque é que os servos surgiram e os Decanos apareceram.”

“E esse Mistério sabe porque é que os Anjos surgiram e os Arcanjos apareceram.

“E esse Mistério sabe porque é que os Amos surgiram e os Deuses apareceram.

“E esse Mistério sabe porque é que os Céus, na Altura, surgiram e a Concórdia apareceu.

“E esse Mistério sabe porque é que o ódio surgiu e o Amor apareceu.

“E esse Mistério sabe porque é que a discórdia surgiu e a Concórdia apareceu.

“E esse Mistério sabe porque é que a avareza e o desejo de posse apareceram e a Renúncia a tudo surgiu.”

“E esse Mistério sabe porque é que a voracidade surgiu e a saciedade foi suscitada.”

“E esse Mistério sabe porque é que os Pares surgiram e os Ímpares apareceram.

“E esse Mistério sabe porque é que a falta de religiosidade se originou e o temor a Deus surgiu.”

“E esse Mistério sabe porque é que os Veedores de Luz e as Centelhas surgiram.”

“E esse Mistério sabe porque é que o Três Vezes Poderoso surgiu e os Invisíveis apareceram.

“E esse Mistério sabe porque é que os Ancestrais surgiram e os puritanos apareceram.

“E esse Mistério sabe porque é que o Grande Obstinado surgiu e a sua fidelidade sobreveio.”

“E esse Mistério sabe porque é que o grande Tríplice-Poder surgiu e o grande Invisível Ancestral apareceu.”

“E esse Mistério sabe porque é que o Décimo Terceiro Aeon surgiu e a Região dos do Meio apareceu.

“E esse Mistério sabe porque é que os Receptores do Meio surgiram e as Virgens da Luz apareceram.

“E esse Mistério sabe porque é que os Ministros do Meio surgiram e os Anjos do Meio apareceram.

“E esse Mistério sabe porque é que a Terra de Luz surgiu e o Grande Receptor da Luz apareceu.

“E esse Mistério sabe porque é que os Guardiões da Região da Direita surgiram e os seus condutores apareceram.

“E esse Mistério sabe porque é que a Porta da Vida surgiu e Sabaoth, o Digno, apareceu.

“E esse Mistério sabe porque é que a Região da Direita e a Terra de Luz, que é o Tesouro da Luz, apareceu.

“E esse Mistério sabe porque é que as Emanações da Luz surgiram e os Doze Salvadores apareceram.
“E esse Mistério sabe porque é que as Três Portas do Te­souro da Luz surgiram e os Nove Guardiões apareceram.
“E esse Mistério sabe porque é que o Salvador Gémeo surgiu e os Três Amens apareceram.”
“E esse Mistério sabe porque é que as Cinco Árvores sur­giram e os Sete Amens apareceram.”
“E esse Mistério sabe porque é que a Mescla, que não existia, surgiu e se purificou.”

 

E Jesus continuou dizendo aos Seus discípulos:

“Ainda mais, oh Meus discípulos! Sede simples e trazei, cada um de vós, até aqui, a Força de sentir a Luz diante dele, pois podeis percepcioná-la com segurança porque, de agora em diante, falar-vos-ei com verdade de toda a Região do Inefável e de como ela é.”

 

Sucedeu então que, quando os discípulos ouviram Jesus pro­nunciar estas palavras, cederam, completamente desanimados.

 

Então, Maria Magdalena, adiantou-se arrojando-se aos pés de Jesus, beijou-os e lamentando-se disse:

 

“Tem misericórdia de mim Senhor, porque os meus irmãos, ao escutar as palavras que pronunciaste, desanimaram. Portanto, meu Senhor, relativamente à Gnose de todas as coisas que expressaste a fim de que eles estejam no Mistério do Inefável, ouvi que me disseste: «De agora em diante iniciarei os Meus sermões convosco, sobre a Gnose Total do Mistério do Inefável». Estas palavras que pronunciaste ante nós, não as mencionaste para que sejam completadas. Por este motivo, os meus irmãos escutaram e não compre­enderam o modo como lhes falaste, relativamente às palavras que pronunciaste, meu Senhor!

Se a Gnose de tudo isto está nesse Mistério, onde está o Homem que está no Mundo e tem a capacidade de entender este Mistério em toda a sua Gnose e o símbolo de todas essas palavras que expressaste?”

 

E sucedeu que, quando Jesus ouviu Maria dizer estas pala­vras e se deu conta de que os discípulos haviam começado a perder o seu ânimo, os alentou dizendo-lhes:

 

“Não vos aflijais mais, Meus discípulos, pelo Mistério do Inefável, crendo que não o entendereis. Amén vos digo:

 

Esse Mistério é vosso e de todo aquele que vos oiça para que, deste modo, renunciem a todas as coisas deste mundo e a toda a matéria que nele está e renunciem também a todos os pensamentos perversos e a todas as preocupações deste Aeon.”

 

“Agora, por conseguinte, vos digo: Para aquele que renun­cie ao mundo e a tudo o que nele há e se submeta a si próprio à Divindade, esse Mistério estará mais próximo do que todos os Mistérios do Reino da Luz e entendê-lo-á mais rapidamente e mais facilmente do que todos os outros. O que alcance a Gnose desse Mistério renunciará a este mundo e às coisas que nele há.”

 

“Por este motivo vos disse, anteriormente: «Todos aqueles para quem seja pesada a carga, venham até Mim, que Eu vos darei a Vida porque a Minha carga é leve e o Meu jugo, suave».

 

Agora, portanto, o que receba esse Mistério terá de renun­ciar ao Mundo e às coisas que há nele. Por esta razão, Meus discípulos, não vos aflijais, acredi­tando que não entendereis esse Mistério. Amén vos digo: «Esse Mistério é compreendido de modo mais rápido do que todos os Mistérios». Amén vos digo: «Esse Mistério é vosso e de todo aquele que renuncie ao Mundo e às coisas que há nele».”

 

“Escutai agora com atenção, Meus discípulos, Companhei­ros e Irmãos, porque devo impulsionar-vos para a Gnose do Mistério do Inefável em relação com o que tenho discorrido convosco. Na realidade, Eu cheguei até onde posso falar-vos acerca da Gnose Completa na expansão do Universo, visto que a expansão do Universo é a sua Gnose.”

 

“Porém, agora prestai atenção, porque posso falar-vos progressivamente sobre a Gnose desse Mistério.”

“E esse Mistério sabe porque é que os Cinco Auxiliares se separaram a si próprios e apareceram dos Órfãos de Pai.”

“E esse Mistério sabe porque é que a Grande Luz das Luzes se separou a si própria e apareceu dos Órfãos de Pai.”

“E esse Mistério sabe porque é que o Primeiro Mandamento se separou a si próprio e se dividiu nos Sete Mistérios e porque é que é chamado Primeiro Mandamento e apareceu dos Órfãos de Pai.”

“E esse Mistério sabe porque é que a Grande Luz das Im­pressões da Luz se separou a si própria e se exaltou a si mesma sem emanações e porque é que apareceu dos Órfãos de Pai.”

“E esse Mistério sabe porque é que o Primeiro Mistério, quer dizer, o Vigésimo Quarto Mistério de fora, se separou a si próprio e, em si mesmo, imitou os Doze Mistérios, de acordo com o número (quantidade) da numeração dos Incontidos e Ilimitados e porque é que apareceu dos Órfãos de Pai.”

 

“E esse Mistério sabe porque é que os Doze Inamovíveis se separaram e se estabeleceram a si próprios, com todas as suas ordens e porque é que apareceram dos Orfãos de Pai.

 

“E esse Mistério sabe porque é que os Empreendedores se separaram e se estabeleceram a si próprios, dividindo-se em Doze Ordens e porque é que apareceram dos Órfãos de Pai, que pertencem às Ordens do Espaço do Inefável.”

“E esse Mistério sabe porque é que os Incompreensíveis, que pertencem ao Segundo Espaço do Inefável, se separaram a si próprios e porque é que emanaram dos Órfãos de Pai.”

“E esse Mistério sabe porque é que os Doze Sinceros se separaram e estabeleceram a si próprios, depois de todas as Ordens dos Não-Designados, sendo por si mesmos Incontidos e Ilimitados e porque é que emanaram dos Órfãos de Pai.”

“E esse Mistério sabe porque é que esses Não-Designados se separaram a si próprios, não se designaram a si mesmos nem se deram a conhecer de acordo com a Economia do «Um» e «Úni­co», o Inefável e porque é que emanaram dos Órfãos de Pai.”

“E esse Mistério sabe porque é que os Super-Profundos se separaram e se distribuíram a si próprios, sendo uma só Ordem e porque e que emanaram dos Órfãos de Pai.”

 

“E esse Mistério sabe porque é que as Doze Ordens dos Inefáveis se separaram e se dividiram a si próprias em Três Partes e porque é que emanaram dos Órfãos de Pai.”

 

“E esse Mistério sabe porque é que todos os Imperecíveis, sendo Doze Ordens, se separaram e estabeleceram a si próprias, tendo-se estendido numa só Ordem e porque é que se dividiram a si mesmas, formando diferentes Ordens, sendo Incontíveis e Ilimitadas e por que é que emanaram dos Órfãos de Pai.”

 

“E esse Mistério sabe porque é que os Insuperáveis se sepa­raram e se exaltaram a si próprios, sendo Doze Espaços Ili­mitados e se estabeleceram a si mesmos, sendo Três Ordens de Espaços de acordo com a Economia do « Um e Único», o Ine­fável e porque é que emanaram dos Órfãos de Pai.”

 

“E esse Mistério sabe porque é que os Doze Incontidos que residem nas Ordens do «Um e Único», o Inefável, se separaram a si próprios e porque é que emanaram dos Órfãos de Pai, até que fossem levados ao Espaço do Primeiro Mistério que é o Segundo Espaço.”

 

“E esse Mistério sabe porque é que as Vinte e Quatro Miríades dos que entoam louvores se separaram e se dilataram a si próprias para fora do Véu do Primeiro Mistério, que é o Mistério-Gémeo, que vê por dentro e por fora do « Um e Úni­co», o Inefável e porque é que emanaram dos Orfãos de Pai.”

 

“E esse Mistério sabe porque é que todos os Incontidos se separaram a si próprios, aqueles que recentemente nomeei, que estão nas Regiões do Segundo Espaço do Inefável, que é o Espaço do Primeiro Mistério e porque é que esses Incontidos e Ilimitados emanaram dos Órfãos de Pai.”

 

“E esse Mistério sabe porque é que os Vinte e Quatro Mis­térios do Primeiro Três Vezes Espiritual se separaram a si pró­prios e porque é que são chamados os Vinte e Quatro Espaços do Primeiro Três Vezes Espiritual e emanaram do Segundo Três Vezes Espiritual.”

 

“E esse Mistério sabe porque é que os Vinte e Quatro Mistérios do Segundo Três Vezes Espiritual se separaram e emanaram do Terceiro Três Vezes Espiritual.”

 

“E esse Mistério sabe porque é que os Vinte e Quatro Mistérios do Terceiro Três Vezes Espiritual, quer dizer, os Vinte e Quatro Espaços do Terceiro Três Vezes Espiritual, se separa­ram a si próprios e emanaram dos Órfãos de Pai.”

 

“E esse Mistério sabe porque é que as Cinco Árvores do Primeiro Três Vezes Espiritual se separaram e se dilataram a si próprias, imóveis, uma após outra e limitadas uma com outra e com todas as suas Ordens e porque é que emanaram dos Órfãos de Pai.

 

“E esse Mistério sabe porque é que as Cinco Árvores do Segundo Três Vezes Espiritual se separaram a si próprias e emanaram dos Órfãos de Pai.”

 

“E esse Mistério sabe porque é que as Cinco Árvores do Terceiro Três Vezes Espiritual se separaram a si próprias e emanaram dos Orfãos de Pai.”

 

“E esse Mistério sabe porque é que os Inabarcáveis do Primeiro Três Vezes Espiritual se separaram a si próprios e emanaram dos Órfãos de Pai.”

 

“E esse Mistério sabe porque é que os Inabarcáveis do Segundo Três Vezes Espiritual se separaram a si próprios e emanaram dos Orfãos de Pai.”

 

“E esse Mistério sabe porque é que os Inabarcáveis do Terceiro Três Vezes Espiritual se separaram a si próprios e emanaram dos Órfãos de Pai.”

 

“E esse Mistério sabe porque é que o Primeiro Três Vezes Espiritual da região de baixo dos que residem nas Ordens do «Um e Único», o Inefável, se separou a si próprio e emanou do Segundo Três Vezes Espiritual.”

 

“E esse Mistério sabe porque é que o Terceiro Três Vezes Espiritual, quer dizer, o Primeiro Três Vezes Espiritual de cima se separou a si próprio e emanou do Décimo Segundo Pró-Três Vezes Espiritual, que está na última região dos Órfãos de Pai.”

 

“E esse Mistério sabe porque é que todas as regiões que estão no Espaço do Inefável e todos os que nelas estão se estenderam a si próprias e emanaram da Última Margem do Inefável.”

 

“E esse Mistério sabe, por si mesmo, porque é que se sepa­raram a si próprios para emanar do Inefável, quer dizer, d’Aquele que a todos governa e que os expande de acordo com as suas Ordens.”

 

“Falar-vos-ei de tudo isto na expansão do Universo, numa palavra, de todos aqueles de quem vos tenho falado: aqueles que surgiram e os que hão-de vir, aqueles que emanam e os que aparecem, aqueles que estão exteriormente sobre eles e os que neles estão implantados, aqueles que conterão a Região do Primeiro Mistério e aqueles que estão no Espaço do Inefável — deles vos falarei, porque os revelarei a vós e falar-vos-ei deles, de acordo com cada Região e com cada Ordem, na expansão do Universo.

E revelar-vos-ei todos os Mistérios que governam sobre todos eles, os seus Pró-Três Vezes Espirituais e os seus Super-Três Vezes Espirituais que governam sobre os seus Mistérios e as suas Ordens.”

 

“Agora, portanto, o Mistério do Inefável e através do qual todos estes surgiram, sabe porque é que surgiram todos estes de quem vos tenho falado abertamente.

 

Este é o Mistério que está contido em todos eles e é a saída, a ascensão e a exaltação de todos eles.”

“E o Mistério do Inefável é o Mistério que está contido em todos estes de quem vos tenho falado e de quem vos falarei na expansão do Universo.

 

E este é o Mistério que está contido em todos eles, é o Único Mistério do Inefável e da Gnose de todos estes de quem vos falei, de quem vos falarei e de quem ainda não vos falei. Destes, falar-vos-ei na expansão do Universo e da sua Gnose Comple­ta, uma com outra e porque é que surgiram.

Esta é a Única Palavra do Inefável.”

 

“E falar-vos-ei da expansão de todos os Mistérios e o tipo de cada um deles e o modo de ser da sua consumação em todas as suas formas. E vos direi o Mistério do Um e Único, o Inefável e todos os seus tipos, todas as suas formas e a sua economia completa e porque é que apareceram da Última Margem do Inefável. E porque é que esse Mistério é a exaltação de todos eles.”

 

“E esse Mistério do Inefável é Uma e Única Palavra que existe no Verbo do Inefável e este é a Economia da solução de todas as palavras que vos tenho falado.”

 

“E aquele que receba a «Uma e Única» Palavra desse Mistério do qual agora vos falarei, assim como todos os seus tipos e todas as suas formas e o modo de realizar o seu Mistério, vós porque sois Perfeitos e completamente Perfei­tos realizareis toda a Gnose desse Mistério com toda a sua economia, já que a vós foram confiados todos os Mistérios.

 

Agora, escutai com atenção, porque posso revelar-vos esse Mistério, que é (……..?).”

 

“Por conseguinte, o que receba a Uma e Única Palavra desse Mistério do qual vos tenho falado, se provém do corpo de matéria dos Arcontes e se os Receptores Retribuintes vêm libertá-lo do corpo de matéria dos Arcontes — os Receptores que libertam do corpo, todas as Almas que partem — logo que os Receptores Retribuintes libertam a Alma daquele que rece­beu este Um e Único Mistério do Inefável, de que recentemente vos falei, imediatamente, se está liberto do corpo de matéria, se converte numa grande corrente de Luz no meio desses Re­ceptores e estes sentir-se-ão terrivelmente atemorizados pela Luz dessa Alma e serão tornados impotentes e cairão, desistin­do em conjunto, por temor à grande Luz que acabaram de ver.”

 

“E a Alma que recebe o Mistério do Inefável elevar-se-á de novo à Altura, convertida numa grande corrente de Luz e os Receptores não poderão compreendê-la e não saberão como é constituído o caminho sobre o qual irá. Porque, convertida numa grande corrente de Luz, elevar-se-á à Altura e nenhuma força será capaz de a deter nem aproximar-se dela.”

 

“Contudo, passará através de todas as Regiões dos Arcontes e de todas as Emanações da Luz e não dará respostas em ne­nhuma Região, nem desculpas, nem sinais e nenhuma força dos Arcontes, nem qualquer força das Emanações da Luz, será ca­paz de se aproximar dessa Alma. Porém, todas as Regiões dos Arcontes e todas as Regiões das Emanações da Luz, lhe can­tarão louvores nas suas regiões por temor à Luz da corrente que a envolve, até que tenha passado por todas elas e se dirija à Região da Herança do Mistério que recebeu, o Mistério do « Um e Único», o Inefável e se converta em « Um» com os seus Membros.

 

Amén vos digo: estará em todas as Regiões tão rapidamente como uma flecha disparada “.

 

“Agora, portanto, Amén vos digo: o que receba esse Mis­tério do Inefável e o realize em todos os seus tipos e formas é um Homem no mundo.

 

Contudo, sobressairá mais do que todos os Anjos e desta­car-se-á ainda mais do que todos eles.”

 

“Ele é um Homem no mundo. Porém, sobressairá mais do que todos os Arcanjos e destacar-se-á mais do que todos eles.”

 

“Ele é um Homem no mundo. Porém, sobressairá mais do que todos os Tiranos e erguer-se-á, por si próprio, sobre todos eles.”

 

“Ele é um Homem no mundo. Porém, sobressairá mais do que todos os Amos e erguer-se-á, por si próprio, sobre todos eles.”

 

“Ele é um Homem no mundo. Porém, sobressairá mais do que todos os Deuses e erguer-se-á, por si próprio, sobre todos eles.”

 

“Ele é um Homem no mundo. Porém, sobressairá mais do que todos os Veedores de Luz e erguer-se-á, por si próprio, sobre todos eles.”

 

“Ele é um Homem no mundo. Porém, sobressairá mais do que todos os Santos e erguer-se-á, por si próprio, sobre todos eles.”

 

“Ele é um Homem no mundo. Porém, sobressairá mais do que todos Poderes-Triplos e erguer-se-á, por si próprio, sobre todos eles.”

 

“Ele é um Homem no mundo. Porém, sobressairá mais do que todos os Órfãos de Pai e erguer-se-á, por si próprio, sobre todos eles.”

 

“Ele é um Homem no mundo. Porém, sobressairá mais do que todos os Invisíveis e erguer-se-á, por si próprio, sobre todos eles “.

 

“Ele é um Homem no mundo. Porém, sobressairá mais do que o Grande Invisível Órfão de Pai e erguer-se-á, por si pró­prio, sobre ele.”

 

“Ele é um Homem no mundo. Porém, sobressairá mais do que todos os do Meio e erguer-se-á, por si próprio, sobre todos eles.”

 

“Ele é um Homem no mundo. Porém, sobressairá mais do que as Emanações do Tesouro da Luz e erguer-se-á, por si pró­prio, sobre todas elas.”

 

“Ele é um Homem no mundo. Porém, sobressairá mais do que a Mescla e erguer-se-á, por si próprio e completamente, sobre ela.”

 

“Ele é um Homem no mundo. Porém, sobressairá mais do que toda a Região do Tesouro e erguer-se-á, por si próprio e de modo completo, sobre ele.”

 

“Ele é um Homem no mundo. Porém, governará comigo no Meu Reino.”

 

“Ele é um Homem no mundo. Porém, é Rei na Luz.”

 

“Ele é um Homem no mundo. Porém, não é deste mundo.”

 

“E Amén vos digo: esse Homem sou Eu e Eu sou esse Homem.”

“E na dissolução do Mundo, quer dizer, quando o Universo fôr elevado e quando o Número de Almas Perfeitas fôr conce­bido, todas elas juntas e quando Eu fôr Rei no meio do Último Auxiliar, sendo Rei sobre todas as Emanações da Luz e Rei sobre os Sete Amens, as Cinco Árvores, os Três Amens e os Nove Guardiães e sendo Rei sobre o Filho do Filho, quer dizer, o Salvador Gémeo e sendo Rei sobre os Doze Salvadores e sobre todo o Número das Almas Perfeitas que receberão os Mistérios da Luz, então todos os Homens que tenham recebido os Mistérios no Inefável, serão Reis-Companheiros comigo e sentar-se-ão à Minha Direita e à Minha Esquerda no Meu Reino.”

 

“E Amén vos digo: esses Homens sou Eu e Eu sou esses Homens.”

 

“Por este motivo vos disse, anteriormente: «Sentar-vos-eis nos vossos Tronos, à Direita e à Esquerda do Meu trono e governareis comigo».”

 

“Por este motivo, não titubeei nem Me envergonhei de vos chamar Meus Irmãos e Companheiros porque sereis Reis-Com­panheiros comigo, no Meu Reino. Por isso, vos digo isto, sa­bendo que Eu vos darei o Mistério do Inefável, isto é, «Esse Mistério sou Eu e Eu sou esse Mistério».”

 

“Agora, portanto, não somente vós reinareis comigo no Meu Reino sendo Reis-Companheiros, como todos Aqueles que re­cebam o Mistério do Inefável. «Eu sou eles e eles sou Eu». Porém, o Meu Trono sobressairá sobre eles. Padecereis afli­ções no mundo, mais do que todos os homens, até que proclameis todos os Ensinamentos que vos dei. E os vossos Tronos unir-se-ão ao Meu, no Reino.”

 

“Por este motivo, anteriormente vos disse: «Onde Eu esteja ali estarão também os Meus Doze Ministros».

Porém, Maria Magdalena e João, «o Virginal», sobressairão de todos os Meus discípulos e de todos os que recebam os Mistérios no Inefável. E estarão à Minha Direita e à Minha Esquerda e «Eu sou eles e eles sou Eu».”

 

“E eles serão como vós em todas as coisas excepto que os vossos Tronos sobressairão dos deles e o Meu Trono sobressai­rá dos vossos.

 

“E todo o Homem que encontre a Palavra do Inefável – Amén vos digo: os Homens que conheçam essa Palavra, conhecerão a Gnose de todos estes Ensinamentos que vos tenho dado. Os Ensinamentos que estão em baixo e os que estão em cima, os que se estendem para diante e para os lados, numa palavra, todo o Homem conhecerá a Gnose de todos estes Ensinamentos que vos dei e dos que ainda não vos falei mas de que vos falarei, Região por Região e Ordem por Ordem na expansão do Universo.”

 

“E Amén vos digo: eles conhecerão de que forma o Mundo está estabelecido e conhecerão de que forma todos Aqueles da Altura estão estabelecidos e conhecerão de que terra surgiu o Universo.”

 

Quando o Salvador disse isto, Maria Magdalena adian­tou-se e disse: “Meu Senhor, tem paciência e não Te desgos­tes comigo se Te interrogo sobre todas as coisas com exa­ctidão e certeza. Portanto, meu Senhor, é então outra a Palavra do Mistério do Inefável e outra a Palavra de «Toda» a Gnose?”

 

O Salvador respondeu dizendo-lhe: “Sim. Outro é o Misté­rio do Inefável e outra a Palavra de «Toda» a Gnose “.

 

E Maria acrescentou, dizendo ao Salvador: “Meu Senhor, tem paciência se Te interrogo e não Te desgostes comigo. Portanto, meu Senhor, a menos que Vivamos e Conheçamos a Gnose da Palavra Íntegra do Inefável, não seremos capazes de herdar o Reino da Luz?”

 

E o Salvador respondeu dizendo a Maria: “Seguramente, cada um que receba um Mistério do Reino da Luz, irá e herdará até à Região na qual recebeu Mistérios. Porém, não conhecerá a Gnose do Universo e porque é que tudo isto surgiu a menos que conheça a Una e Única Palavra do Inefável que é a Gnose do Universo.

E de novo vos digo abertamente: «Eu sou a Gnose do Universo».

 

E, além disso, é impossível conhecer a Una e Única Palavra da Gnose, a menos que primeiro se receba o Mistério do Ine­fável. Mas todos os que receberem os Mistérios na Luz irão e herdarão até à Região na qual receberam Mistérios.”

 

“Por esta razão vos disse anteriormente: «O que tenha Fé num Profeta receberá a recompensa de um Profeta e o que tenha Fé num Homem Justo, receberá a recompensa de um Homem Justo». Quer dizer, cada um irá até à Região na qual recebeu Mistérios. O que receba um Mistério Menor, herdará um Mistério Menor e o que receber um Mistério Maior, herdará as Regiões Mais Altas.

 

E cada um morará na sua Região na Luz do Meu Reino e cada um terá Poder sobre as Ordens que estão abaixo dele, mas não terá o poder de ir às Ordens que estão acima. Morará na Região da Herança da Luz do Meu Reino, sendo uma gran­de e desmesurada Luz para os Deuses e todos os Invisíveis e estará em grande júbilo e grande regozijo.”

 

“Agora, portanto, escutai com atenção, porque posso falar­-vos da grandeza d’Aqueles que receberam os «Mistérios» do Primeiro Mistério.”

 

“Consequentemente, o que recebeu o «Primeiro Mistério» do Primeiro Mistério e se encontra no momento em que sai do corpo de matéria dos Arcontes, os Receptores-Retributivos vi­rão logo em seguida e conduzirão a sua Alma fora do corpo. E essa Alma converter-se-á numa grande corrente de Luz nas mãos dos Receptores-Retributivos. E tais Receptores terão te­mor à Luz dessa Alma.

 

Essa Alma irá para cima e passará através de todas as Regiões dos Arcontes e de todas as Regiões das Emanações da Luz. E não dará soluções, nem justificações, nem sinais em nenhuma Região da Luz, nem em qualquer Região dos Arcontes. Contudo, passará por todas as Regiões e cruzá-las-á de modo a que chegue e governe sobre todas as Regiões do Primeiro Salvador.”

 

“De igual forma o que receba o «Segundo Mistério» do Primeiro Mistério e o «Terceiro» e o «Quarto» até receber o «Décimo Segundo Mistério» do Primeiro Mistério, se está no momento de sair do corpo da matéria dos Arcontes, os Recepto­res-Retributivos chegarão de seguida e conduzirão a sua Alma fora do corpo de matéria.

 

E essas Almas converter-se-ão em grandes correntes de Luz nas mãos dos Receptores-Retributivos. Esses Recepto­res terão temor à Luz dessas Almas, sentir-se-ão impotentes e cairão.

 

E, imediatamente, essas Almas elevar-se-ão de novo para o Alto e cruzarão todas as Regiões dos Arcontes e todas as Regiões das Emanações da Luz. E não darão soluções, nem justificações, nem sinais em nenhuma Região. Contudo, passarão por todas as Regiões e cruzá-las-ão e governarão sobre todas as Regiões dos Doze Salvadores. Assim, aqueles que receberem o «Segundo Mistério» do Primeiro Mistério, governarão sobre todas as Regiões do Segundo Salvador, nas Heranças da Luz.”

 

“De igual modo, aqueles que receberem o «Terceiro Mis­tério» do Primeiro Mistério e o «Quarto» e o «Quinto» e o «Sexto» até ao «Décimo Segundo», governarão sobre todas as Regiões do Salvador,  até ao Mistério que tenham rece­bido.”

 

“E o que receber, sucessivamente, os Mistérios até ao «Dé­cimo Segundo Mistério» do Primeiro Mistério, isto é, o Misté­rio Principal em relação ao qual vos tenho falado e, portanto, o que receber os Doze Mistérios que pertencem ao Primeiro Mistério, se abandona o mundo, passará através de todas as Regiões dos Regentes e todas as Regiões da Luz, conver­tido numa grande corrente de Luz e governará sobre todas as Regiões dos Doze Salvadores, mas não será como os que recebem o «Uno e Único Mistério do Inefável». Contudo, o que receber esses Mistérios morará nessas Ordens, onde todos são exaltados e permanecerá nas Ordens dos Doze Salvadores.”

Sucedeu, quando Jesus acabou de falar aos Seus discípulos, que Maria Magdalena se adiantou e beijando-Lhe os pés disse:

 

“Meu Senhor, tem paciência comigo e não Te aborreças se Te interrogo. Mostra-nos a Tua Misericórdia, meu Senhor, e revela-nos todas as coisas que Te perguntamos. Agora, portanto, meu Senhor, porque é que o Primeiro Mistério possui Doze Mistérios e o Inefável somente Um e Único Mistério?”

 

E Jesus respondeu-lhe, dizendo: “Na verdade, Este possui um Uno e Único Mistério, não obstante constituir «Três Mis­térios» embora este seja o Um e Único Mistério. Contudo, o símbolo de cada um deles é diferente.

 

Assim, estes «Cinco Mistérios» são semelhantes uns aos outros no Mistério do Reino, nas Heranças da Luz, porém, a forma de cada um deles é diferente.

 

E o seu Reino é mais elevado e exaltado do que todo o Reino dos Doze Mistérios do Primeiro Mistério juntos, embora não sejam semelhantes ao Um e Único Mistério no Reino do Pri­meiro Mistério, no Reino da Luz.”

 

“De igual modo, também os Três Mistérios não são seme­lhantes no Reino da Luz, porém a forma de cada um deles é diferente.

 

E também não são semelhantes a si mesmos no Reino, ao Um e Único Mistério do Primeiro Mistério, no Reino da Luz e a forma de cada um dos Três e a configuração de cada um deles é diferente de um para outro.”

 

“O «Primeiro Mistério» do Primeiro Mistério, se realizardes o seu Mistério inteiramente e perseverardes cumprindo-o sub­tilmente em todas as suas formas, então saireis imediatamente do vosso corpo, convertidos numa grande corrente de Luz que passará através de todas as Regiões dos Arcontes ou Regentes e através de todas as Regiões da Luz. Todos temerão essa Alma até que chegue à Região do seu Reino.”

 

“O «Segundo Mistério» do Primeiro Mistério, por outro lado –  se o realizais subtilmente, em todas as suas formas — o Homem que realize o seu Mistério, se falar desse Mistério sem contar com qualquer Homem que tenha saído fora do corpo e lhe falar dele secretamente, se na realidade o Homem que saiu fora do seu corpo recebeu Mistérios pela Segunda Vez e está compartilhando a Palavra da Verdade, Amén vos digo: se Aquele Homem saiu fora do seu corpo material, a sua Alma então converter-se-á numa grande corrente de Luz e passará através de todas as Regiões até que chegue ao Reino desse Mistério.”

 

“Porém, se aquele Homem não recebeu Mistérios e não está compartilhando as Palavras de Verdade, se ele, que exercitou tal Mistério, falar dele sem contar com um Homem que tenha saído fora do seu corpo e não tenha recebido os Mistérios da Luz e não compartilhe as Palavras da Verdade, Amén vos digo: esse Homem, se apareceu fora do seu corpo, não será julgado em nenhuma Região dos Arcontes ou Regentes nem pode ser corrigido ou melhorado em nenhuma Região, absolutamente e nem sequer o fogo lhe tocará, pelo Grande Mistério do lnefável que com ele está!”

 

“E eles apressá-lo-ão, colocando-o no seu turno, de um ao outro e guiá-lo-ão de Região em Região e de Ordem em Ordem até que o levam ante a Virgem da Luz. Entretanto, todas as Regiões estarão com temor do Mistério e do Sinal do Reino do Inefável que com ele está.”

 

“E se o levam ante a Virgem da Luz, Ela verá o sinal do Mistério do Reino do Inefável que está com ele: a Virgem da Luz o admirará e examiná-lo-á. Porém, eles sofrerão por não o levar à Luz até que realize a total cidadania da Luz desse Mistério, isto é, as Purificações da Renúncia ao Mundo e à matéria total que nele existe.”

 

“A Virgem da Luz selá-lo-á com um Selo mais elevado que este (…….?) e permitir-lhe-á, nesse mês em que saia do seu corpo de matéria, repousar num corpo que seja justo e que encontrará a Essência Divina da Verdade e os Eleva­dos Mistérios para que os Herde e Herde a Luz Eterna que é o Dom do «Segundo Mistério» do Primeiro Mistério do Inefável.”

 

“O Terceiro Mistério do Inefável, por outro lado, o Homem que realize esse Mistério e saia, por si mesmo, do seu corpo, não só herdará o Reino do Mistério mas, se completa tal Mis­tério e o realiza em todas as suas formas, isto é, se passa esse Mistério e o exercita subtilmente e pronuncia o Nome desse Mistério ante um Homem que saia do seu corpo e conheça tal Mistério — deixa ao primeiro que se tenha demorado ou, de preferência, que não se tenha demorado — um que esteja no horrendo castigo dos Arcontes ou Regentes e nos seus espan­tosos juízos e múltiplos fogos, Amén vos digo:

 

O Homem que tenha saído do seu corpo, se o Nome desse Mistério é pronunciado em seu benefício, eles precipitar-se-ão para trazê-lo e levá-lo de um ao outro, até que o levam ante a Virgem da Luz.

 

E Ela selá-lo-á com um Selo maior do que este (……?) e, nesse mês, deixá-lo-á repousar no corpo justo que encontrará a Essência Divina na Verdade e no Mistério mais elevado, para que Herde o Reino da Luz.

Isto portanto, é o Dom do Terceiro Mistério do Inefável.”

 

“Por conseguinte, o que receba Um dos Cinco Mistérios do Inefável, se sai do seu corpo e herda até à Região desse Mistério, em seguida, é o Reino desses Cinco Mistérios, mais elevado do que o Reino dos «Doze Mistérios» do Primeiro Mistério e mais elevado do que todos os Mistérios que estão abaixo deles.

Porém, esses Cinco Mistérios do Inefável são semelhantes um ao outro no seu Reino, mas não são semelhantes aos Três Mistérios do Inefável.”

 

“O que recebeu os Três Mistérios do Inefável, por outro lado, se sai do corpo, herdará até ao Reino desse Mistério. E esses Três Mistérios são semelhantes um ao outro no Reino e são mais elevados e mais exaltados do que os Cinco Mistérios do Inefável, no Reino. Contudo, não são semelhantes com o « Um e Único» Mistério do Inefável.”

 

“O que recebeu o «Um e Único» Mistério do Inefável, por outro lado, herdará a Região do Reino Completo, de acordo com a sua inteira glória, como já vos havia dito noutra oca­sião. E cada um receberá o Mistério que está no Espaço do Universo do Inefável e todos os Mistérios que estão unidos nos «Limbos» do Inefável, a respeito dos quais todavia ainda não vos falei, assim como acerca da sua extensão, configuração e tipo de cada um. Como é e porque razão é chamado «o Ine­fável» ou porque motivo permanece expandido com todos os Seus Limbos. Quantos Limbos estão n ‘Ele e todos os Seus desígnios divinos, dos quais por agora não vos falarei, mas apenas quando chegar à expansão do Universo. Então dir-vos-ei tudo, individualmente, isto é, as suas expansões e descrições, como são e o Conjunto (?) de todos os Seus Limbos, que per­tencem ao desígnio divino do Um e Único, o Inacessível Deus de Verdade, até que Região cada um receberá os Mistérios no Espaço do Inefável e até que Região herdará do que recebeu.

 

E àqueles da Região Completa do Espaço do Inefável não dará resposta nessa Região, não lhes dará desculpas e não lhes dará sinais nem símbolos já que estão sem eles e não têm Receptores. Contudo, passarão através de todas as Regiões até que cheguem à Região do Reino do Mistério que rece­beram.”

“De igual modo, também aqueles que recebam Mistérios no Segundo Espaço não têm respostas nem desculpas, já que estão sem sinais nesse mundo que é o Espaço do «Primeiro Mistério» do Primeiro Mistério.”

 

“E aqueles do Terceiro Espaço, que está fora, que é o «Ter­ceiro Espaço de fora» (dentro?); cada Região, nesse Espaço, tem os seus Receptores, as suas explicações e os seus sím­bolos, dos quais um dia vos falarei, quando vier a falar de tal Mistério, isto é, quando vos falar da expansão do Uni­verso.

 

“Não obstante, na dissolução do Universo, isto é, quando o Número de Almas Perfeitas estiver completo e o Mistério (através) do qual o Universo surgiu se tenha completado, Eu passarei Mil Anos, conforme os Anos da Luz, sendo Rei sobre todas as Emanações da Luz e sobre o Número Completo das Almas Perfeitas que hajam recebido todos os Mistérios.”

 

Sucedeu, quando Jesus acabou de dizer estas palavras aos Seus discípulos que Maria Magdalena se adiantou e disse: “Meu Senhor! Quantos anos, dos anos do mundo físico perfazem um Ano da Luz?”

Jesus respondeu a Maria dizendo-lhe: “Um Dia da Luz equi­vale a mil anos do mundo físico, pelo que trinta e seis miría­des e meia de anos do mundo físico equivalem a um só Ano da Luz”.

 

“Portanto, Eu passarei Mil Anos da Luz sendo Rei no meio do Último Auxiliar e sobre todas as Emanações da Luz e sobre o Número Total de Almas Perfeitas que tenham recebido os Mistérios da Luz.”

 

“E vós, Meus discípulos e todo o que receber o Mistério do Inefável, morará à Minha Direita e à Minha Esquerda, sendo Reis comigo, no Meu Reino.”

 

“E todos os que tenham recebido os Três Mistérios do Ine­fável serão Reis-Companheiros convosco no Reino da Luz, mas não serão semelhantes a vós nem àqueles que receberam os Mistérios do Inefável. Pelo contrário, sendo Reis morarão por detrás de vós.”

 

“E os que receberem os Cinco Mistérios do Inefável, tam­bém morarão por detrás dos Três Mistérios, sendo Reis, tam­bém.”

 

“E, além disso, os que receberem o «Décimo Segundo Mistério» do Primeiro Mistério também morarão por detrás dos Cinco Mistérios do Inefável, sendo também Reis de acordo com a Ordem de cada um deles.”

 

“E todos os que receberem os Mistérios em todas as Regiões do Espaço do Inefável também serão Reis e morarão diante daqueles que receberam o Mistério do Primeiro Mistério esten­dendo-se de acordo com a glória de cada um deles. Assim, os que receberem os maiores Mistérios, morarão nas Regiões mais elevadas e os que receberem os Mistérios menores, morarão nas Regiões menores, sendo Reis na Luz do Meu Reino.”

 

“Estes são apenas uma parte do Reino do Primeiro Espaço do Inefável.”

 

“Por outro lado, os que receberam os Mistérios do Segundo Espaço, quer dizer, do Espaço do Primeiro Mistério, morarão na Luz do Meu Reino, estendendo-se de acordo com a glória de cada um deles e cada um estará no Mistério até ao qual tenha recebido.

 

E os que tenham recebido os maiores Mistérios também mo­rarão nas Regiões mais elevadas e os que recebam os meno­res Mistérios morarão nas menores Regiões na Luz do Meu Reino.”

 

“Esta é a parte do segundo Rei para os que receberam o Mistério do Segundo Espaço do Primeiro Mistério.”

 

“Por outro lado, os que receberem o Mistério do Terceiro Espaço, quer dizer, do Primeiro Espaço de Fora, morarão por detrás do segundo Rei, estendendo-se na Luz do Meu Reino de acordo com a glória de cada um deles e cada um morará na Região até à qual tenha recebido Mistérios. Assim, aqueles que tenham recebido os maiores Mistérios morarão nas Regiões mais elevadas e os que receberem os menores Mistérios mora­rão nas menores Regiões.”

 

“Estas são as Três Partes do Reino da Luz.”

 

“Os Mistérios destas Três Partes da Luz são excessivamente numerosos. Encontrá-los-eis nos Dois Grandes Livros de «Jeú». Contudo, dar-vos-ei e revelarei os Grandes Mistérios de cada Parte, que está mais elevada do que cada Região, quer dizer, os Fundamentos, de acordo com cada Região e de acordo com cada Ordem que guiará toda a Raça Humana para as Regiões mais elevadas de acordo com o Espaço de Herança.”

 

“O restante dos Mistérios menores, não vos é necessário porque o encontrareis nos Dois Livros de Jeú, os quais Enoch escreveu enquanto conversávamos acerca da Árvore da Gnose e da Árvore da Vida no Paraíso de Adão.”

 

“Agora, portanto quando vos explicar a Extensão Comple­ta, dar-vos-ei e revelarei os Grandes Mistérios das Três Partes do Meu Reino, que são Fundamento dos Mistérios que vos darei e revelarei em todas as suas formas, símbolos e as suas chaves e selos do Último Espaço, quer dizer, o Primeiro Espaço de Fora.

E revelar-vos-ei as soluções e as apologias e os sinais desse Espaço.”

 

“O Segundo Espaço que está «dentro» não possui soluções, nem apologias, nem sinais, nem chaves, nem selos. Somente possui símbolos e formas.”

 

Quando o Salvador acabou de dizer tudo isto aos Seus dis­cípulos, André adiantou-se e disse: “Meu Senhor, não Te des­gostes comigo e tem misericórdia de mim. Peço-Te que me reveles o Mistério do que Te perguntarei, porque me tem sido difícil Compreendê-lo.”

 

O Salvador respondeu, dizendo-lhe: “Pergunta o que dese­jas perguntar, porque vo-lo revelarei, frente a frente e sem analogias “.

 

E André respondeu, dizendo: “Meu Senhor, estou assom­brado e sumamente deslumbrado de como os homens deste mun­do com corpo de matéria, mesmo quando provenham do mun­do, poderão passar através destes Firmamentos, dos Arcontes, de todos os Senhores e de todos os Deuses, de todos os Invi­síveis e de todos os da Região Completa da Direita e de todos os Grandes das Emanações da Luz e poderão entrar em todas elas herdando o Reino da Luz. Isto não compreendo!”

 

Quando André disse isto o Espírito do Salvador despertou n ‘Ele e, exclamando, disse-lhe: “Por quanto tempo terei de suportar-te? Por quanto tempo serei indulgente contigo? Então não entendeste e permaneces na ignorância? Não compreen­deste ainda que vós e todos os Anjos e todos os Arcanjos, os Deuses e os Senhores e todos os da Região Completa da Direita e todos os Grandes das Emanações da Luz e toda a sua Glória, são todos Um com Outro de uma e a mesma textura, da mesma matéria e da mesma substância e que todos vós sois da mesma Mescla?”

 

“Por Mandato do Primeiro Mistério, a Mescla foi forçada até que todos os Grandes das Emanações da Luz e toda a sua Glória se Purificassem a si próprios e até se Purificarem a si mesmos, da Mescla. Eles não se haviam Purificado a si pró­prios, por si mesmos, mas tinham-se Purificado a si próprios por necessidade, de acordo com a Economia do Um e Único, o Inefável.”

 

‘‘Realmente eles não haviam sofrido nenhum padecimento, nem se haviam transformado a si próprios nas Regiões, nem se tinham desdobrado a si mesmos, nem vertido por si mesmos em corpos de diferente classe de um a outro, nem haviam tido qual­quer aflição.”

 

“Vós, em particular, sois o resíduo do Tesouro e sois o resíduo da Região da Direita e sois o resíduo da Região dos do Meio e sois o resíduo de todos os Invisíveis e de todos os Regentes. Numa palavra, vós sois o resíduo de todos estes. E estais com grandes padecimentos e aflições em vosso Ser, vertidos de um a outro em distintas classes de corpos físicos. E depois de todos estes padecimentos haveis lutado e com­batido convosco próprios, tendo renunciado a todas as coisas do mundo e o que nele há. Não haveis deixado de buscar até encontrar os Mistérios do Reino da Luz que vos Purificaram e conduziram para a Luz mais Purificada, sumamente Depu­rada, que vos converteu em Luz Purificada.”

“Por esta razão, vos disse anteriormente: «O que procura encontra».”

 

“E vos disse: «Buscai os Mistérios da Luz que purificam o corpo de matéria e o convertem em luz depurada, sumamente purificada».”

 

“Amén vos digo: «Por Amor à Raça Humana, pois esta é material, Eu me desdobrei a Mim mesmo e lhes trouxe todos os Mistérios da Luz para que sejam purificados, já que eles são o resíduo de toda a matéria da sua matéria. Mas não seria salva uma só Alma da Raça Humana nem estaria capacitada para Herdar o Reino da Luz, se não lhes trouxesse os Mistérios que Purificam».”

 

“As Emanações da Luz não necessitam dos Mistérios já que elas estão purificadas porém, a Raça Humana, sim necessita deles, porque toda ela não é mais do que resíduos materiais. Por isso, vos disse noutras ocasiões: «O homem são não ne­cessita do médico, apenas o enfermo», quer dizer: Aqueles que moram na Luz não necessitam dos Mistérios porque são Luzes Purificadas. Porém a Raça Humana, sim necessita deles, por ser resíduo.”

 

“Portanto divulgai a todos, dizendo que não desanimem, procurando dia e noite até encontrarem os Mistérios que Puri­ficam, que renunciem às coisas do Mundo e ao que nele há. Porque o que compra e vende neste mundo e o que come e bebe da sua matéria e o que vive dos seus interesses e asso­ciações acumula outras coisas ao resto da sua matéria, já que todo este mundo e tudo o que nele há e todas as suas associa­ções são resíduos materiais, que serão investigados sobre a sua pureza.

 

“Por esta razão vos disse, anteriormente: «Renunciai às coisas deste mundo e ao que existe nele para que não acumuleis outras coisas além das que já possuís. Apregoai por isso, a toda a Raça Humana, dizendo que renunciem a tudo no mundo e às suas associações para que não acumulem outras coisas além das que já têm e acrescentai que não cessem de buscar, dia e noite, os Mistérios que Purificam e não se apresentem até os ter encontrado já que estes purificá­-los-ão e levá-los-ão até à Luz Depurada para que cheguem à Altura e Herdem a Luz do Meu Reino».”

 

“Agora, portanto, André, com os teus irmãos e condiscípulos, devido às vossas renúncias e aos padecimentos que haveis supor­tado em cada Região e pelas vossas mudanças, obtidas em cada Região pelos vossos Seres vertidos de um a outro corpo de diferente classe e por todas as vossas aflições e porque depois de tudo isto haveis recebido os Mistérios que Purificam e vos haveis convertido em Luz Depurada sumamente Purificada, chegareis, por esta razão, à Altura e penetrareis em todas as Regiões das grandes Emanações da Luz e sereis Reis no Reino da Luz, para sempre.

 

“Mas, se provindo do corpo de matéria chegais mais acima, alcançando a Região dos Arcontes, então, estes surpreender-se-ão envergonhados diante de vós, devido a que, embora sendo resíduo da sua matéria, vos haveis convertido em Luz mais Purificada do que todos eles. E se chegais à Região do Grande Invisível e à Região dos do Meio e dos da Direita e às Regiões de todas as grandes Emanações da Luz sereis então venerados entre todos eles, devido a que, apesar de serdes resíduo da sua matéria, vos haveis convertido em Luz mais Purificada do que todos eles. E todas as Regiões vos louvarão até que entreis na Região do Reino.”

 

“Esta é a resposta à pergunta que fizeste.

 

Agora, portanto, André! Ainda duvidas e desconheces?”

 

Quando o Salvador disse isto, André entendeu claramente e não só ele, mas todos os discípulos compreenderam com exactidão que Herdariam o Reino da Luz. E arrojaram-se aos pés de Jesus clamando em alta voz e lamentando-se, suplicantes, ante o Salvador e disseram-Lhe:

 

“Senhor! Perdoa ao nosso irmão o pecado de duvidar”. Salvador respondeu-lhes dizendo:

 

“Perdoo-o e perdoarei. Para isso me enviou o Primeiro Mistério, para que perdoe os pecados de todos.”

 

A CONCLUSÃO DE OUTRO LIVRO

 

“E aos que merecem os Mistérios que residem no Inefável, os quais não se conhecem pois estes existem antes do Primeiro Mistério, direi, usando algo semelhante e parecido para que possam entender, são como os membros do Corpo do Inefável. E cada um existe de acordo com a dignidade da sua Glória. a Cabeça de acordo com a dignidade da cabeça e os Olhos de acordo com a dignidade dos olhos e os Ouvidos de acordo com a dignidade dos ouvidos e o resto dos membros do corpo (de igual modo) para que a matéria seja manifestada. Há pois uma multidão de membros, porém, um só corpo.

 

Realmente, falo disto sob a forma de analogia, modelo e semelhança e não na forma de Verdade, nem revelei a Palavra na Verdade, mas o Mistério (Único) do Inefável.”

 

“E todos os membros que estão n ‘Ele (de acordo com a pa­lavra com a qual O comparei), quer dizer, os que moram no Mistério do Inefável e os que moram n ‘Ele, assim como os Três Espaços que estão depois deles, de acordo com os Mistérios, de todos estes, na realidade, verdadeiramente, Eu Sou o Te­souro, semelhante ao qual não há outro Tesouro no mundo. Contudo, ainda há mais Palavras e Mistérios e outras Regiões.”

 

“Agora, portanto, Bem-Aventurado é aquele que encontrou as Palavras do Primeiro Espaço que está Fora porque será um Deus que encontrou estas Palavras dos Mistérios do Segundo Espaço que está no Meio. E é um Salvador e um Incontido que encontrou as Palavras dos Mistérios do Terceiro Espaço que está Dentro e sobressairá mais do que o Universo e os que estão no Terceiro Espaço, porque encontrou o Mistério em que eles estão e no qual permanecem. Portanto ele é como eles.

 

Por outro lado, o que encontrou as Palavras dos Mistérios que vos descrevi, de acordo com a analogia dos membros do Corpo do Inefável, Amén, vos digo:

 

Esse Homem encontrou as Palavras destes Mistérios na Verdade Divina, é o Primeiro na Verdade e é como Ele (o Primeiro, o Inefável) porque através dessas Palavras e Misté­rios … e o Universo em si mesmo, permanece por causa do Primeiro.

 

Por esta razão, o que encontrou as Palavras desses Misté­rios é como o Primeiro porque é a Gnose da Gnose do Inefável em relação ao que falámos no dia de Hoje.”

 

 

III

 

 

Jesus continuou no Seu discurso e disse aos Seus discípulos:

 

“Quando Eu tenha regressado à Luz, proclamai então ao Mundo, dizendo: Não cesseis, dia e noite, na vossa busca e não desfaleçais até que tenhais encontrado os Mistérios do Reino da Luz, os quais vos purificarão e vos converterão em Luz Purificada e vos conduzirão ao Reino da Luz.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai ao mundo e à matéria que nele há, a todos os interesses e a todos os seus pecados, numa palavra a todas as associações que há nele, para que sejais dignos dos Mistérios da Luz e salvos de todos os castigos que há nos juízos.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai à murmuração, para que sejais dignos dos Mis­térios da Luz e salvos do fogo do rosto de cão.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai a escutar as conversações alheias, para que se­jais dignos dos Mistérios da Luz e salvos dos juízos do rosto de cão.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai à vossa inclinação ao litígio, para que sejais dignos dos Mistérios da Luz e sejais salvos dos castigos de Ariel.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai à calúnia para que sejais dignos dos Mistérios da Luz e sejais salvos dos rios de fogo do rosto de cão.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai aos falsos testemunhos, para que sejais dignos dos Mistérios da Luz e possais escapar e ser salvos dos rios de fogo do rosto de cão.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai ao orgulho e à arrogância, para que sejais dignos dos Mistérios da Luz e sejais salvos dos abismos de fogo de Ariel.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai à gula, para que sejais dignos dos Mistérios da Luz e sejais salvos dos juízos do Amenti.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai à indiscrição, para que sejais dignos dos Misté­rios da Luz e sejais salvos dos fogos do Amenti.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai à astúcia, para que sejais dignos dos Mistérios da Luz e sejais salvos dos castigos que há no Amenti.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai à avareza, para que sejais dignos dos Mistérios da Luz e sejais salvos dos rios de fogo do rosto de cão.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai ao amor terreno, para que sejais dignos dos Mis­térios da Luz e sejais salvos das capas de fogo do rosto de cão.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai à pilhagem, para que sejais dignos dos Mistérios da Luz e sejais salvos dos rios de fogo de Ariel.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai à maledicência, para que sejais dignos dos Mis­térios da Luz e sejais salvos dos castigos dos rios de fogo.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai à iniquidade, para que sejais dignos dos Misté­rios da Luz e sejais salvos dos mares de fogo de Ariel.”

 

“Dizei-lhes: Renunciaí à falta de misericórdia, para que sejais dignos dos Mistérios da Luz e sejais salvos dos juízos do rosto de dragão.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai à cólera, para que sejais dignos dos Mistérios da Luz e sejais salvos dos rios de fogo dos rostos de dragão.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai às maldições, para que sejais dignos dos Misté­rios da Luz e sejais salvos dos mares de fogo dos rostos de dragão.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai ao furto, para que sejais dignos dos Mistérios da Luz e sejais salvos dos agitados mares dos rostos de dragão.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai ao roubo, para que sejais dignos dos Mistérios da Luz e sejais salvos de Yaldabaoth.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai à calúnia, para que sejais dignos dos Mistérios da Luz e sejais salvos dos rios de fogo do rosto de leão.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai à luta e à rivalidade, para que sejais dignos dos Misténios da Luz e sejais salvos dos ferventes rios de Yalda­baoth.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai à ignorância, para que sejais dignos dos Misté­rios da Luz e sejais salvos dos servos de Yaldabaoth e dos seus mares de fogo.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai ao mal, para que sejais dignos dos Mistérios da Luz e sejais salvos dos demónios de Yaldabaoth e de todos os seus juízos.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai à negligência, para que sejais dignos dos Misté­rios da Luz e sejais salvos dos ferventes mares de breu de Yaldabaoth.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai ao adultério, para que sejais dignos dos Misté­rios do Reino da Luz e sejais salvos dos mares sulfurosos e de breu do rosto de leão.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai ao assassinato, para que sejais dignos dos Mistérios da Luz e sejais salvos do Regente rosto de crocodilo, esse que está no frio e que é a primeira câmara das Trevas exteriores.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai ao ateísmo, para que sejais dignos dos Mistérios da Luz e sejais salvos do choro e ranger de dentes.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai à falta de misericórdia e à impiedade, para que sejais dignos dos Mistérios da Luz e sejais salvos dos Regentes das Trevas exteriores.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai às posições (mágicas), para que sejais dignos dos Mistérios da Luz e sejais salvos do grande frio e granizo das Trevas exteriores.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai à blasfémia, para que sejais dignos dos Mistérios da Luz e sejais salvos do grande dragão das Trevas exteriores.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai às falsas doutrinas, para que sejais dignos dos Mistérios da Luz e sejais salvos dos castigos do grande dragão das Trevas exteriores.”

 

“Dizei àqueles que ensinam as falsas doutrinas e a cada um dos que nelas são instruídos: Ai de vós! Pois se não vos arrependeis e não abandonais o vosso erro sofrereis os castigos do grande dragão e das Trevas exteriores, que são sumamente cruéis e jamais sereis lançados no mundo, mas, ao contrário, ficareis sem existência até ao final.”

 

“Dizei àqueles que abandonam as verdadeiras Doutrinas do Primeiro Mistério: Ai de vós! O vosso castigo é triste, compa­rado com o de todos os homens. Permanecereis no grande frio, gelo e granizo no meio do dragão e da obscuridade exterior e jamais sereis trazidos ao mundo desde esse momento. Ao contrário, congelar-vos-eis nessa região, perecereis na disso­lução do Universo e deixareis de existir para sempre.

 

“Dizei, prioritariamente, aos homens do mundo:  Sede Pacientes, para que possais receber os Mistérios da Luz e elevar-vos ao Reino da Luz.”

 

“Dizei-lhes: Amai a Humanidade, para que sejais dignos dos Mistérios da Luz e vos eleveis ao Reino da Luz.”

 

“Dizei-lhes: Sede Bondosos, para que recebais os Mistérios da Luz e vos eleveis ao Reino da Luz.”

 

“Dizei-lhes: Sede Pacíficos, para que possais receber os Mistérios da Luz e possais elevar-vos ao Reino da Luz.”

 

“Dizei-lhes: Sede Misericordiosos, para que possais receber os Mistérios da Luz e elevar-vos ao Reino da Luz.”

 

“Dizei-lhes: Praticai a Caridade, para que recebais os Mistérios da Luz e vos eleveis ao Reino da Luz.”

 

“Dizei-lhes: Assisti ao pobre e ao enfermo e ao aflito, para que recebais os Mistérios da Luz e vos eleveis ao Reino da Luz.”

 

“Dizei-lhes: Amai a Deus, para que recebais os Mistérios da Luz e vos eleveis ao Reino da Luz.”

 

“Dizei-lhes: Sede Virtuosos, para que possais receber os Mistérios da Luz e elevar-vos ao Reino da Luz.

 

“Dizei-lhes: Sede Dignos, para que recebais os Mistérios da Luz e vos eleveis ao Reino da Luz.”

 

“Dizei-lhes: Renunciai a tudo, para que recebais os Mistérios da Luz e vos eleveis ao Reino da Luz.”

 

“Estes são os «limites dos caminhos» pana Aqueles que são Dignos dos Mistérios da Luz.”

 

“Portanto, Àqueles que renunciaram (nesta «Renun­ciação»), dai os Mistérios da Luz e não os oculteis mesmo que sejam pecadores e tenham cometido todos os pecados e todas as iniquidades do mundo, as quais referi detalha­damente para que possam voltar a arrepender-se e obede­cer ao que vos disse. Dai-lhes os Mistérios do Reino da Luz e não os oculteis deles, pois é precisamente por causa do pecado que trouxe os «Mistérios» ao Mundo. Eu posso Per­doar todos os pecados que sejam cometidos desde o prin­cípio.”

 

“Por este motivo, disse-vos anteriormente:

 

«Não vim para chamar os Virtuosos».

 

Agora e portanto, trouxe os «Mistérios» para que os seus pecados sejam todos perdoados e eles sejam todos recebidos no Reino da Luz.

 

Os «Mistérios» são uma «dádiva» do Primeiro Mistério, porque Ele pode apagar os pecados e as iniquidades de todos os pecadones.”

 

E sucedeu então, quando Jesus acabou de dizer estas pala­vras aos Seus discípulos, que Maria se adiantou e disse ao Salvador: “Meu Senhor, então um Homem Virtuoso e que é perfeito na Virtude, um Homem que jamais pecou, será ator­mentado pelos castigos e os juízos, ou não? Será esse Homem levado ao Reino dos Céus, ou não?”

 

E o Salvador respondeu a Maria: “Um Homem Virtuoso que se Aperfeiçoou em toda a Virtude e que jamais cometeu pecado algum, que nunca tenha recebido os Mistérios da Luz, quando chegue o momento propício para que deixe o seu corpo, os Receptores de um dos Triplos Poderes — entre os quais há um elevado — virão directamente arrebatar a Alma desse Homem das mãos dos Receptores-Retributivos e passarão três dias cir­culando com ela por todas as criaturas do mundo.

 

Depois de três dias conduzi-la-ão ao Caos para levá-la a todos os «castigos» dos Juízos e enviá-la a todos os Juízos. Os fogos do Caos não a molestarão grandemente, mas só em parte e durante breve tempo.

Rapidamente se compadecerão dela, retirá-la-ão do Caos e conduzi-la-ão pelo Caminho do «Meio», através de todos os Arcontes. E eles (os Arcontes) não a castigarão com Juízos severos e fogo das suas regiões molestá-la-á parcialmente.

 

E se é levada à região de Yachthanabas, o Inmisericordioso, não será ele capaz de castigá-la realmente com os seus mali­gnos juízos, mas apenas a reterá um breve tempo enquanto o fogo dos seus castigos, só parcialmente, a molestará.”

 

“Imediatamente se compadecerão dela e conduzi-la-ão às suas próprias regiões. Não a levarão aos Aeons e os Arcontes dos Aeons não a levarão à força. Trazê-la-ão para a «Senda do Sol» e ante a «Virgem da Luz».

 

Ela examiná-la-á e verificará que está limpa de pecado, po­rém, não permitirá que a levem à Luz, porque não tem consigo o «Sinal» do Reino do Mistério. Contudo, selá-la-á com «Selo Superior» e deixá-la-á ser arrojada no corpo, nos Aeons da Vir­tude. Esse corpo será apropriado para encontrar os «Signos» dos Mistérios da Luz e Herdar o Reino da Luz para sempre.

 

“Se, pelo contrário, o homem tiver pecado, uma, duas ou três vezes, então será devolvido ao mundo de acordo com o tipo de pecados que tenha cometido, o tipo que Eu vos mostrarei quando vos falar da expansão do Universo.”

 

“Porém, Amén, Amén vos digo: ainda que um homem Virtuoso não tenha cometido pecado, não poderá ser levado ao Reino da Luz porque o «Selo» do Reino dos Mistérios não está nele. Numa palavra, é impossível trazer Almas à Luz sem os Mis­térios do Reino da Luz.”

 

E quando Jesus acabou de dizer estas palavras aos Seus discípulos, João adiantou-se e disse:

 

“Meu Senhor, imagina um homem pecador e infractor da Tua Lei, repleto de iniquidades, que cessou no mal pelo Reino, dos Céus e que renunciou ao mundo e a todas as coisas que nele há, ao qual, desde o princípio, damos os Mistérios da Luz que estão no Primeiro Espaço Exterior. Se ele recebe os Mis­térios e pouco depois volta a transgredir e de novo volta a cessar nos seus pecados e renuncia a tudo no mundo e às coisas materiais que há nele, de modo que volta arrependido. Como sabemos que verdadeiramente anela as coisas de Deus, damos-lhe o Segundo Mistério do Primeiro Espaço que está no Exte­rior. De modo semelhante volta a transgredir e volta aos pe­cados do mundo. Contudo, regressa e então cessa de estar no pecado e novamente renuncia ao mundo inteiro e a tudo que nele há, novamente arrependido. Sabendo com certeza que não é um farsante, damos-lhe os Mistérios do Princípio que estão no Primeiro Espaço Exterior. De modo semelhante volta a co­meter toda a classe de pecados. Desejarias Tu, que perdoás­semos até sete vezes e lhe déssemos os Mistérios que estão no Primeiro Espaço Exterior sete vezes, ou não?”

 

O Salvador respondeu a João dizendo:

 

“Não só lhe perdoareis sete vezes, mas, Amén vos digo:  perdoai-lhe muitas vezes sete vezes e dai-lhe os Mistérios que, desde o Princípio, estão no Primeiro Espaço Exterior.  E talvez ganheis a Alma desse irmão e ele Herde o Reino da Luz.”

 

“Por tal motivo, quando Me penguntásteis, anteriormente:

 

«Se o nosso irmão peca contra nós, desejarias que lhe per­doássemos até sete vezes?» — Eu respondi e vos disse igual­mente: «Não somente sete vezes, mas setenta vezes sete».”

 

“Assim, pois, perdoai-lhe muitas vezes e dai-lhe cada vez os Mistérios que estão no Primeiro Espaço que está no Exterior. Talvez ganheis a Alma desse irmão e ele Herde o Reino da Luz.”

 

“Amén, Amén vos digo: aquele que se conserva na vida e salva uma só Alma, além da Dignidade que possui no Reino da Luz receberá outra Dignidade pela Alma que salvou. Assim, Aquele que salva muitas Almas, além da Dignidade que possui na Luz, receberá muitas outras Dignidades pelas Almas que salvou.”

 

Quando o Salvador referiu isto, João adiantou-se e disse:

 

“Meu Senhor, tolera que Te pergunte, pois de hoje em diante começarei a fazer-Te perguntas sobre todas as coisas relativas à forma como proclamaremos o Teu Ensinamento à humanidade.”

 

“Se dou, então, a este irmão um Mistério dos do Princípio que estão no Primeiro Espaço Exterior e ainda outros Misté­rios e ele não faz o que é digno do Reino dos Céus, desejarias Tu que o deixássemos passar aos Mistérios do Segundo Espa­ço? Ganharíamos talvez a Alma desse irmão, que se arrepen­deria e herdaria o Reino da Luz? Desejarias, pois, que o deixássemos entrar nos Mistérios que estão no Segundo Es­paço, ou não?”

 

E o Salvador respondeu a João:

 

“Se é um irmão que não é farsante e verdadeiramente anela as coisas de Deus, se lhe haveis dado muitas vezes os Mistérios do Princípio e, devido à necessidade dos elementos do Destino, não realizou o que é digno dos Mistérios do Reino da Luz, perdoai-lhe então, deixai-o entrar e dai-lhe o primeiro Mistério que está no Segundo Espaço. Talvez ganheis a Alma desse irmão.”

 

“E se não realizou o que é digno dos Mistérios da Luz, pecou cometendo diversos delitos e, mais tarde, voltou muito arrependido, renunciando ao mundo e a todos os seus pecados e vós sabeis, com certeza, que não é farsante mas anela ver­dadeiramente as coisas de Deus, então repeti. Perdoai-lhe e deixai que passe. Dai-lhe o segundo Mistério do Segundo Espaço do Primeiro Mistério. Talvez ganheis a Alma desse irmão e ele herde o Reino da Luz.”

 

“E se ele, novamente, não realizar o que é digno dos Mis­térios mas pecar, cometendo diversos delitos e depois regressar arrependido, renunciando ao mundo e às coisas que nele há, abandonando o pecado a fim de que vós saibais, na verdade, que não é um impostor mas anela de facto as coisas de Deus, repeti. Perdoai-lhe e aceitai o seu arrependimento, porque o Primeiro Mistério é Compassivo e Misericordioso. Deixai-o, de novo, entrar e dai-lhe os Três Mistérios juntos que estão no Segundo Espaço do Primeiro Mistério.”

 

“Se, por outro lado, esse homem peca, comete diversos pecados a partir desse momento, vós não podereis perdoar-lhe nem aceitar o seu arrependimento. Contudo, permiti-lhe estar entre vós, como um tropeço e como um transgressor”

 

“Porque Amén vos digo: esses «Três» Mistérios serão tes­temunha do seu último arrependimento. Não terá arrependi­mento desse momento em diante. Porque Amén vos digo: a Alma desse homem não será de novo vertida no mundo a partir desse momento. Apenas estará nas moradas do Dragão das Trevas exteriores.”

 

“Porque, em relação às Almas de tais homens, falei convos­co anteriormente de modo semelhante, dizendo-vos: «Se o teu irmão peca contra ti atrai-o e resolvei o assunto, tu e ele, a sós. Se te escuta, terás ganho o teu irmão; se não te escuta leva outro contigo. Se não te escuta nem escuta o outro, leva-o ante uma Assembléia. Se não escuta ninguém, deixai-o como trans­gressor, como uma pedra de tropeço». Quer dizer, se não apro­veita no «Primeiro» Mistério, dai-lhe o «Segundo» e se não aproveita no Segundo, dai-lhe os «Três» juntos que são a «Assembléia» e se não aproveita no «Terceiro» Mistério, dei­xai-o como pedra de tropeço, como transgressor. E a palavra que expressei anteriormente, «Para que, me­diante duas ou três testemunhas, cada palavra seja estabele­cida», é esta: «Esses Três Mistérios darão testemunho do seu último arrependimento». E Amén vos digo:

 

Se esse homem se arrepende, nenhum Mistério poderá perdoar os seus pecados, nem pode ser aceite o seu arrependimento, nem pode ser escutado por qualquer Mistério, excepto pelo «Primeiro» Mistério do Primeiro Mistério e os Mistérios do Inefável. Somente estes aceitarão o seu arrependimento e perdoarão os seus pecados, porque esses Mistérios são verdadeiramente Compassivos e Misericordiosos e perdoam sempre.

 

Então, quando o Salvador disse isto, João continuou dizen­do-Lhe: “Meu Senhor, supondo que um consumado pecador renunciou ao mundo e às coisas que nele há e a todos os seus pecados e interesses e comprovamos que realmente não nos engana, mas de facto, de verdade, anela as coisas de Deus e além disso sabemos que se tornou merecedor dos Mistérios do Segundo e Terceiro Espaços, desejas, por acaso, que lhe demos os Misté­rios do Segundo e do Terceiro Espaços antes que tenha recebido Mistérios da Herança da Luz, ou não? Assim o desejas?”

 

E o Salvador respondeu, dizendo a João, no meio dos Seus discípulos:

 

“Se sabeis, com certeza, que esse homem renunciou ao mun­do, a todos os seus interesses, associações e pecados e se sa­beis, com verdade, que não vos engana nem é um impostor ou curioso por conhecer os Mistérios e como Eles se realizam e que realmente anela as coisas de Deus, não o eviteis. Dai-lhe os Mistérios do Segundo e Terceiro Espaços, e investigai de que Mistério é merecedor. Esse do qual é merecedor, dai-lho, não o oculteis porque, se o ocultais, podereis tornar-vos culpados de uma grande condenação.”

 

“Se lhe concedeis uma vez os Mistérios do Segundo e Ter­ceiro Espaços e volta ao pecado, deveis insistir de novo, pela segunda e até terceira vez. Se ainda assim continuar, não insistais mais, porque esses «Três» Mistérios serão testemunhas do seu último arrependimento.

 

E Amén vos digo:

 

O que outorgue novamente a esse homem Mistérios do Segundo e Terceiro Espaços é culpado de uma grande conde­nação. Contudo, permiti-lhe ser para vós como um transgres­sor ou como um tropeço.”

“Amén vos digo: a Alma de tal homem não pode ser vertida de novo no mundo a partir desse momento e a sua morada estará no meio das Fauces do Dragão das Trevas exteriores, a Região do pranto e ranger de dentes. Na dissolução do mundo, a sua Alma será congelada e perecerá no frio e violento fogo e não terá existência, eterna­mente.”

 

“E mesmo que volte e renuncie ao mundo com todos os seus interesses e todos os seus pecados e demonstre grande arrepen­dimento, nenhum Mistério pode aceitar-lhe o arrependimento, nem prestar-lhe atenção de forma misericordiosa e perdoar-lhe os seus pecados, excepto o «Mistério» do Primeiro Mistério e o Mistério do Inefável.

 

Estes são os que aceitarão o arrependimento de tal homem e perdoar-lhe-ão os seus pecados porque, na realidade, esses Mistérios são Compassivos e Misericordiosos e perdoam sem­pre os pecados.”

E quando o Salvador disse isto, João continuou, dizendo:

 

“Meu Senhor, tem paciência comigo se Te interrogo insistentemente e não Te desgostes porque Te interrogo sobre todas as coisas com segurança e certeza de modo a conhecer de que forma devemos proclamar o Teu Ensinamento à humanidade.”

 

E o Salvador respondeu, dizendo a João:

 

“Pergunta todas as coisas que desejes, que Eu as revelarei frontalmente e sem analogias. Abertamente e com segurança.”

 

E João respondeu, dizendo: “Meu Senhor, se nós saímos a proclamar o Teu Ensinamento e chegamos a uma cidade ou a uma aldeia e os homens de tal cidade saem ao nosso encontro, sem que saibamos quem são e nos admitem entre eles de modo falso e enganoso e nos levam a suas casas desejando pôr à prova os Mistérios do Reino da Luz, nos enganam fazendo-nos supôr que anelam as coisas de Deus e damos-lhes os Mistérios do Reino da Luz mas, mais tarde, consideramos que não têm méritos para os Mistérios e sabemos que nos enganaram e fizeram um espectáculo dos Mistérios, região por região, pondo-nos à prova e também aos nossos Mistérios, que acontecerá, então?”

 

E o Salvador respondeu, dizendo a João:

“Se vós chegais a uma cidade ou aldeia, em qualquer casa que entreis e vos recebam, dai-lhes um Mistério. Se eles o merecem ganhareis as suas Almas e herdarão o Reino da Luz. Porém, se eles não o merecem e vos enganam e também fazem um espectá­culo público dos Mistérios, pondo-vos à prova assim como tam­bém aos Mistérios, invocai então o «Primeiro» Mistério do Pri­meiro Mistério o qual tem misericórdia de cada um e dizei:

 

«Tu, Mistério que outorgamos a estas Almas ímpias e per­versas que não o merecem regressa a nós e fá-los desconhecer para sempre o Mistério de Teu Reino».

 

E sacudi o pó de vossos pés como testemunho contra eles, dizendo:

 

«Que as vossas Almas sejam como o pó da vossa casa».

 

E Amén vos digo: nesse momento todos os Mistérios que lhes haveis outorgado regressarão a vós e todas as Palavras e Mistérios da Região até onde receberam imagens ser-lhes-ão retiradas.”

 

“Relativamente a tais homens, disse-vos de modo similar, anteriormente: Na casa em que entreis e sejais recebidos, dizei:

 

«A Paz esteja convosco».

 

Se a merecerem, deixai que a vossa Paz esteja com eles. Se não a merecem, deixai que ela regresse a vós. Se esses homens merecem os Mistérios e anelam verdadeiramente as coisas de Deus, concedei-lhes os Mistérios do Reino da Luz. Porém, se eles são impostores e vos enganam, sem vós o saberdes e se lhes concedeis os Mistérios do Reino da Luz e depois eles fazem dos Mistérios um espectáculo público e vos põem à prova bem como aos Mistérios, exercei então o «Primeiro» Mistério do Primeiro Mistério e este fará regressar a vós todos os Mistérios que lhes haveis dado e desconhecerão os Mistérios da Luz para sempre.

 

“E tais homens não serão conduzidos de regresso a este mundo, a partir desse momento. Mas, Amén vos digo: as suas moradas estarão no meio das Fauces do Dragão das Trevas exteriores. E se, no momento de se arrependerem, renunciam ao mundo e às coisas que nele há e a todos os seus pecados e apresentam inteira submissão aos Mistérios da Luz, nenhum Mistério po­derá escutá-los nem perdoar-lhes, excepto este mesmo Mistério do Inefável, que tem Misericórdia de todos e Perdoa a cada um os seus pecados.”

 

Aconteceu, quando Jesus acabou de pronunciar estas pala­vras aos Seus discípulos, que Maria adorou os pés de Jesus beijando-os e disse:

 

“Meu Senhor, supondo que um irmão, digno e admirável, a quem tenhamos preparado em todos os Mistérios da Luz, tenha um irmão ou parente (ou, de um modo geral, qualquer homem), seja ou não pecador, que tenha desencarnado e o Coração do bom irmão se aflige e chora por ele porque está julgado e castigado. Que podemos fazer, meu Senhor, para retirá-lo dos Castigos e dos rigorosos Juízos?”

 

E o Salvador respondeu, dizendo a Maria:

 

“Em relação a isto, já vos falei, anteriormente. Contudo, prestai atenção, porque posso dizer-vos novamente para que sejais Perfeitos em todos os Mistérios e vos conheçam como «os Perfeitos em toda a Plenitude».”

 

“Assim, pois, todos os homens, sejam ou não pecadores, se desejais que sejam afastados dos Juízos e violentos Castigos e também que sejam retirados para um corpo justo, a fim de poder encontrar os Mistérios da Divindade e progredir e her­dar o Reino da Luz, praticai então o Terceiro Mistério do Inefável e dizei:

 

«Levai a Alma deste ou daquele homem no qual pensamos com o nosso coração, para fora dos castigos dos Arcontes­-Regentes e conduzi-o, imediatamente, ante a Virgem da Luz. Que, em cada mês, a Virgem o sele com um Selo mais elevado e, em cada mês, a Virgem da Luz o verta num corpo justo e digno para que progrida nas Alturas e herde o Reino da Luz».

 

E, se dizeis isto, Amén vos digo: todo o que serve nas Ordens dos Juízos dos Arcontes ou Regentes, acelera a entrega dessa Alma, de um a outro, até que a conduzam ante a Virgem da Luz.

 

E a Virgem da Luz sela-o com o Símbolo do Reino do Ine­fável e entrega-o aos seus Receptores para que o vertam num corpo justo, a fim de que encontre os Mistérios da Luz de modo a que seja digno, prossiga para a Altura e herde o Reino da Luz.

 

Eis aqui o que Me perguntásteis.”

 

E Maria respondeu, dizendo: “Assim, pois, meu Senhor, Tu trouxeste os Mistérios ao mundo para que o homem não morra de acordo com a morte designada pelos Arcontes ou Regentes do Destino, quer o destinem a morrer pela traição, ou pelas águas, ou pela tortura e actos violentos que estão dentro da Lei ou através de qualquer outra morte? Trouxeste Tu, então, os Mistérios ao mundo para que o homem não morra de acordo com a morte que lhe destinem os Arcontes do Destino, mas para que morra de modo repentino, se não tem que suportar sofrimentos através de tais formas de morte? Porque são excessivamente numerosos aqueles que nos perseguem devido ao Teu nome e, se nos torturam, possamos pronunciar o Mistério para deixar o corpo imediatamente sem ter de suportar nenhum sofrimento.”

 

O Salvador respondeu dizendo a todos os Seus discípulos:

 

“Relativamente a esta palavra sobre a qual me interrogais, falei-vos, anteriormente. Contudo, escutai com atenção porque posso dizer-vos de novo: Não só vós, mas todo aquele que consiga realizar esse «Primeiro» Mistério do Primeiro Mistério do Inefável, o pratique e o realize em todas as Suas formas, em todos os Seus tipos e todos os Seus estádios, ao realizá-lo, não sairá do corpo senão depois de o ter logrado em todas as Suas formas e em todos os Seus tipos. Só então, quando evocar o Seu Nome, se salvará a si próprio de tudo o que lhe tenham des­tinado os Arcontes do Destino. E, nesse momento, sairá do corpo de matéria dos Arcontes e a sua Alma converter-se-á numa grande corrente de Luz, ele­var-se-á de novo às Alturas e penetrará em todas as Regiões dos Arcontes e em todas as Regiões da Luz até conseguir a Região do seu Reino. E em nenhuma Região dará respostas nem justificações por­que estará sem sinais.”

 

Depois de Jesus expressar isto, Maria continuou. Arrojando-se aos pés de Jesus e beijando-os disse-Lhe: “Meu Senhor, ainda tenho algo a perguntar-Te. Revela-no-lo e não no-lo ocultes “.

 

Jesus respondeu a Maria:

 

“Pergunta o que quiseres perguntar, porque vo-lo revelarei, abertamente e sem analogias “.

 

Então, Maria disse: “Meu Senhor, Tu trouxeste os Mistérios ao mundo por causa da pobreza e da riqueza e por causa da debilidade e da opulência e por causa de … e corpos sãos, numa palavra, por causa de tudo o que mencionámos. Assim, se vamos pelas diferentes regiões da Terra e não têm Fé em nós, não prestando atenção às nossas palavras, quando realizamos qualquer um dos Mistérios nesses lugares, saberão eles, real­mente e em verdade, que nós proclamamos as Palavras do Deus do Universo?”

 

O Salvador respondeu, dizendo a Maria, no meio dos discípulos:

 

“Relativamente a este Mistério acerca do qual Me pergun­tas, ensinei-vos anteriormente. Contudo, repeti-lo-ei para vós.”

 

“Na realidade Maria, não somente tu, mas qualquer homem que realize o Mistério da Ressurreição da morte — esse que cura os demónios, todas as dores, todas as doenças, assim como o cego, o aleijado, o manco, o mudo e surdo e que vos dei anteriormente — todo aquele que receba e realize esse Mistério, só então, se pede por todas as coisas, pobreza e riqueza, de­bilidade e opulência, corpo são e por toda a cura do corpo e pela Ressurreição da morte e pela cura do aleijado, do cego, do mudo e do surdo e todas as doenças e dores, numa palavra: o que realize esse Mistério e peça todas as coisas que vos acabo de mencionar, imediatamente virão auxiliá-lo.”

 

Quando o Salvador disse isto, os discípulos adiantaram-se e juntos exclamaram: “Oh Salvador! Estamos agitados pelas Grandes Realidades que nos dizes e porque suportaste as nossas Almas. Elas têm-nos pressionado para sair de nós em direcção a Ti, porque nascemos de Ti. Assim, pois, devido às Grandes Realidades que nos dizes, as nossas Almas deliram e pressionam-nos, excessivamente, ansiando sair de nós para a Região do Teu Reino.”

 

Quando os discípulos disseram isto, o Salvador continuou dizendo-lhes:

 

“Se ides a cidades, reinos ou países divulgai (a Palavra) dizendo-lhes em primeiro lugar: Procurai sempre, sem cessar, até que encontreis os Mistérios da Luz, que vos levarão ao Reino da Luz. Dizei-lhes:

Acautelai-vos das doutrinas do erro. Porque virão muitos em Meu Nome e dirão: Eu sou Ele (Cristo). Não o são e conduzirão muitos pelo caminho do mal.”

 

“Assim, pois, a todos aqueles que venham a vós e em vós tenham Fé e prestem atenção às vossas palavras e realizem o que é digno dos Mistérios da Luz, dai-lhes os Mistérios e não os oculteis deles. Para o que mereça os Mistérios Maiores, concedei-lhos. E para o que mereça os Mistérios Menores, concedei-os também e não lhes oculteis nada de nenhum deles.

 

O Mistério da Ressurreição da morte e da cura dos enfer­mos, por outro lado, não o deis a ninguém, nem instruções sobre ele, posto que esse Mistério pertence aos Arcontes com todos os seus nomes. Por este motivo, não o deis a ninguém, nem instruções sobre ele, até que estabeleçais a Fé pelo mundo inteiro, a fim de que, se vós chegais às cidades ou países e não vos recebem bem e não têm Fé, não prestando atenção às vos­sas palavras, possais despertar os mortos, curar os aleijados, os cegos e as múltiplas doenças nessas regiões. E, através de tudo isto, terão Fé em vós. Assim, podeis divulgar o Deus do Universo e terão Fé nas vossas palavras. Por esta razão, não vos darei esse Mistério enquanto não estabeleçais a Fé pelo mundo inteiro.”

 

Quando o Salvador disse isto, continuou novamente com o Seu sermão e disse a Maria:

 

“Assim, pois, Maria, presta atenção à Palavra relacionada com o que Me perguntaste: «Quem força o homem até que peque ?» Prestai atenção agora:”

 

“A criança nasce e nela é débil a Força, é débil a Alma e também nela é débil o Espírito Falso. Numa palavra, os Três juntos são débeis. Contudo, sem nenhum deles nada percebe­ria, do bom ou do mau, devido ao peso do «esquecimento», que é muito grave. O corpo também é débil. E, a criança alimenta-se das delícias do mundo dos Arcontes. A Força atrai para si mesma uma porção da Força que está nas delícias, a Alma atrai para si mesma uma porção da Alma que está nas delícias e o Falso Espírito atrai para si mesmo uma porção do maligno que está nas delícias e nas suas cobiças. E, por outro lado, o corpo atrai para si mesmo a matéria que não percebe, que está nas delícias.

 

O Destino, pelo contrário, não toma nada das delícias, por­que não está misturado com elas, mas está novamente na con­dição que veio ao mundo.”

 

“E, pouco a pouco, a Força, a Alma e o Espírito Falso crescem e cada um percebe, de acordo com a sua natureza. A Força intui no sentido de obter a Luz da Altura. A Alma, por seu lado, aspira procurar a Região da Rectidão que está mis­turada, a qual é a Região da Mescla. E o Espírito Falso, por seu lado, procura todas as perversidades, cobiças e todos os pecados. O corpo, pelo contrário, não percebe nada, a menos e que obtenha força da matéria.”

“E imediatamente os Três desenvolvem um sentido de acor­do com a sua própria natureza. E os Receptores-Retributivos designam os Servidores (Liturgos) para segui-los e para ser testemunhas de todos os pecados que cometam, com o propósito de obter uma forma ou método para castigá-los nos Juízos.”

 

“E, depois disto, o Espírito Falso concebe e percebe todos os pecados e maldade que os Arcontes do Grande Destino ordenaram e fizeram para a Alma.”

 

“A Força Interior incita a Alma, para procurar a Região da Luz e a Divindade Completa e o Falso Espírito conduz para longe a Alma e obriga-a, continuamente, a praticar todos os actos de mal viver, todos os agravos e todos os pecados e, persistentemente, atribui-os à Alma, sendo hostil para com ela, obrigando-a a cometer todas as maldades e todos os pecados.”

 

“E este incita os Servidores-Retributivos para que sejam testemunhas de todos os pecados que cometerá.

Além disso, se a Alma descansa de noite ou durante o dia, perturba-a nos seus sonhos, com as cobiças do mundo, fazendo com que anele todas as coisas do mundo. Numa palavra, indu­la a todas as coisas que os Arcontes ordenam para ela e que lhe sejam hostis, obrigando-a a que faça o que não lhe agrada.”

 

“Assim, pois, Maria, este é na realidade o «inimigo» da Alma que a força, até que cometa todos os pecados.”

 

“Portanto, se o tempo desse homem se completou, o Destino aparece primeiramente e condu-lo à morte através dos Arcontes e das suas cadeias com as quais estão atados ao Destino.”

 

“E mais adiante, chegam os Receptores-Retributivos e con­duzem essa Alma fora do corpo. E, tempos depois, estes passam três dias com ela circulando por todas as regiões e enviam-na para todos os Aeons do mundo. O Espírito Falso e o Destino seguem-na e a Força regressa à Virgem da Luz.”

 

“E três dias depois, os Receptores-Retributivos guiam para baixo essa Alma, ao Amenti do Caos e quando a levam para baixo, ao Caos, entregam-na àqueles que castigam. E os Re­ceptores-Retributivos regressam às suas regiões de acordo com a Economia dos Trabalhos dos Arcontes, relativos ao surgimento das Almas.”

 

“E o Espírito Falso converte-se no Receptor da Alma, ca­bendo-lhe deslocá-la de acordo com o castigo pelos pecados que cometeu e estar em grande inimizade com ela.”

 

“E quando a Alma concluiu, no Caos, os castigos, de acor­do com os pecados cometidos, o Espírito Falso condu-la para fora do Caos, cabendo-lhe deslocá-la para cada região confor­me os pecados que cometeu. Este conduzi-la-á ao caminho dos Arcontes ou Regentes do Meio. E quando ela chega junto deles, perguntam-lhe se encontrou, ou não, os Mistérios do Destino e, se não os encontrou, interrogam-na sobre o seu próprio des­tino. E os Arcontes castigam essa Alma de acordo com os pecados dos quais é culpada. Dir-vos-ei qual o tipo dos seus pecados na expansão do Universo.”

 

“Portanto, quando termina o tempo dos castigos dessa Alma nos Juízos dos Arcontes do Meio, o Espírito Falso conduz a Alma para fora de todas as regiões dos Arcontes do Meio e trá -la ante a Luz do Sol, de acordo com o Mandato do Primeiro Homem, «Jeú» e leva-a ante o Juiz, a Virgem da Luz. Ela examina-a e considera que é uma Alma pecadora e arroja o seu Poder de Luz para a sua exacta posição, pelo seu corpo e pelo seu sentido comum do qual vos falarei na expansão do Universo. E a Virgem da Luz sela a Alma e entrega-a a um dos seus Receptores, para que a verta num corpo que se adapte aos pecados que cometeu.”

 

“E Amén vos digo:

 

Eles não libertarão essa Alma das mudanças do corpo antes de ter passado pela sua última volta, de acordo com o seu merecimento.

 

Depois, falar-vos-ei acerca de tudo isto e do tipo de corpos dentro dos quais as Almas serão vertidas, de acordo com os pecados de cada Alma, quando vos falar da expansão do Universo.”

 

Jesus continuou com o Seu sermão dizendo novamente:

 

“Se, pelo contrário, é uma Alma que não escutou o Espírito Falso em todos os seus actos, mas que se tornou digna e re­cebeu os Mistérios da Luz que moram no Segundo Espaço e os que estão no Terceiro Espaço que está «dentro», quando chegar a hora dessa Alma desencarnar, então o Espírito Falso segui­-la-á juntamente com o Destino pelo seu caminho que a levará para cima.”

 

“E, antes de se deslocar para cima, esta revelará o Mistério da anulação dos Selos e de todos os vínculos do Espírito Falso com que os Arcontes a ataram. Quando isto fôr revelado, os vínculos do Espírito Falso anular-se-ão a si mesmos cessando de vir a ela e deixá-la-ão em liberdade de acordo com os Mandatos dos Arcontes do Grande Destino. Eles dirão: «Não deis liberdade a esta Alma até vos dizer o Mistério da anulação de todos os selos com os quais a temos atado».”

 

“Então, se a Alma revelou o Mistério da anulação dos selos e de todos os vínculos com o Espírito Falso e se este cessa de vir até ela e deixa de estar atado a ela, nesse momento, ela revela um Mistério e liberta, o Destino, a sua região com os Arcontes que estão no caminho do Meio. Revela o Mistério e liberta o Espírito Falso, dos Arcontes do Destino, para a re­gião à qual foi atado a ela.”

 

“E, nesse momento, converte-se numa grande Corrente de Luz, brilhando excessivamente e os Receptores-Retributivos que a conduziram fora do corpo, sentem temor devido à Luz dessa Alma e inclinam as suas cabeças. E, nesse momento, essa Alma converte-se numa grande Cor­rente de Luz. Esta forma Asas de Luz, eternamente. A Alma pene­tra todas as Regiões dos Arcontes e todas as Ordens da Luz até alcançar a Região do seu Reino até onde recebeu Mistérios.”

 

“Por outro lado, se é uma Alma que recebeu Mistérios no Primeiro Espaço que está «fora» e, depois de tê-los recebido, os realizou e em seguida prevarica e se o tempo da sua saída terminou, então os Receptores-Retributivos vêm para levá-la fora do corpo.”

 

“E o Destino e o Espírito Falso perseguem essa Alma por­que o Espírito Falso está atado a ela com os selos e os vínculos dos Arcontes. Assim, este persegue essa Alma que viaja pelos caminhos com o Espírito Falso.”

 

“Esta revela o Mistério da anulação de todos os vínculos e de todos os selos com os quais os Arcontes a ataram ao Espírito Falso. E quando a Alma revela o Mistério da anulação dos selos, imediatamente os vínculos dos selos que estão atados no Espírito Falso à Alma se desatam a si mesmos.

 

E quando a Alma revela o Mistério da anulação dos selos, imediatamente o Espírito Falso se desata a si mesmo e cessa de ser destinado à Alma. E, nesse momento, a Alma revela um Mistério e limita o Espírito Falso e o Destino e liberta-os de a perseguir. Porém, nenhum deles está sob o seu poder, mas é ela que está no deles.”

 

“Então chegam os Receptores dessa Alma com os Mistérios que ela recebeu e arrebatam-na das mãos dos Receptores­-Retributivos e estes regressam aos trabalhos dos Arcontes com propósito da economia da condução das Almas.”

 

“E os Receptores dessa Alma que pertence agora à Luz, por seu lado, convertem-se em Asas de Luz e em Vestes de Luz para ela e não a conduzem ao Caos, porque não é lícito conduzir ao Caos Almas que receberam Mistérios, mas conduzem-na pelo caminho dos Arcontes do Meio.

E quando esta chega aos Arcontes do Meio, estes vêm ao seu encontro, sentindo grande temor e com diferentes aspectos, numa palavra, com grande e desmedido temor.”

 

“E, nesse momento, a Alma revela o Mistério da sua apo­logia. E eles, sentindo-se sumamente atemorizados, inclinam as suas cabeças, atemorizados pelo Mistério revelado e pela sua apologia.

E essa Alma entrega-lhes o Destino dizendo-lhes: Tomai o vosso destino. De agora em diante não voltarei às vossas re­giões. Converti-me num estranho para vós, para sempre, estan­do próxima a minha partida para a região da minha Herança.’

 

“E quando a Alma disser isto, os Receptores da Luz desapa­recerão com ela na Altura e conduzi-la-ão aos Aeons do Des­tino, dando a cada Região a sua apologia e os seus selos dos quais vos falarei na expansão do Universo. E esta dará o Espírito Falso aos Arcontes expressando-lhes o Mistério dos vínculos com que estava atada a ele, dizendo-lhes: Aí tendes o vosso Espírito Falso. De agora em diante não virei à vossa região. Tornei-me um estranho para vós, para sempre. E dá a cada um deles o seu selo e a sua apologia.

E quando a Alma tiver dito isto, os Receptores da Luz desaparecerão com ela na Altura e conduzi-la-ão para fora dos Aeons do Destino, levando-a a todos os Aeons de cima, dando-lhe, em cada região, a sua apologia e a apologia de todas as regiões e os selos dos Tiranos do Rei, o «Adamas». E esta dá a apologia de todos os Arcontes de todas as regiões da Esquerda. A estas apologias colectivas e selos, referir-Me-ei no dia em que vos falar da expansão do Universo.”

 

“Por outro lado, os Receptores conduzem essa Alma até à Virgem da Luz e esta outorga-lhe os selos e a glória dos «Can­tos» de louvor à Virgem. E a Virgem da Luz, conjuntamente com as outras Sete Vir­gens da Luz, examinam essa Alma e encontram nela os seus Sinais, os seus Selos, os seus Baptismos e as suas Unções. A Virgem da Luz confirma-a, os Receptores da Luz baptizam-na e dão-lhe a Unção Espiritual e cada uma das Virgens da Luz confirma-a com os seus Selos.”

 

“E, por seu lado, os Receptores da Luz entregam-na ao Gran­de Sabaoth, o Digno, que está na «Porta da Vida» na Região dos da Direita e que é chamado «Pai». E essa Alma dá a Este a glória dos seus Encantos, os seus Selos e as suas Apologias.

 

E Sabaoth, o Magno e Digno, confirma-a com os seus Selos. E a Alma dá-lhe a sua ciência e a glória dos seus Cantos e os selos de toda a Região dos da Direita. Todos eles a confirmam com os seus selos e Melchizedek, o Grande Receptor de Luz que está na Região dos da Direita, confirma essa Alma, assim como a confirmam todos os Receptores de Melchizedek e levam-na ao Tesouro da Luz.”

 

“Esta dá-lhe a glória, a honra e o louvor dos seus cantos e todos os selos de todas as regiões da Luz.

E todos os da Região do Tesouro da Luz a confirmam com os seus selos e parte para a região da Herança.”

 

Depois do Salvador ter dito isto aos Seus discípulos, con­tinuou dizendo-lhes:

 

“Compreendeis o modo como Me tenho expressado?”

 

E de novo Maria se adiantou e disse: “Sim, meu Senhor! Entendo a forma como Te expressas e compreendo todas as Tuas palavras. Assim, pois, relativamente ao que disseste, à minha mente afloraram quatro reflexões e o meu Ser guia-me, regozija-se e agita-se, desejando sair de mim para entrar em Ti.

Portanto, meu Senhor, escuta-me porque posso expressar as quatro reflexões que em mim surgiram.”

 

“A primeira reflexão que em mim surgiu, diz respeito ao que disseste: «A Alma deu a apologia e o selo a todos os Arcontes que estão na região do Rei, o Adamas e deu a apologia, a honra e a glória de todos os seus selos e os Cantos à Região da Luz». Relativamente a esta palavra, Tu disseste-nos, anteriormente, quando Te trouxeram uma moeda e ao notares que era de prata e de cobre perguntaste: «De quem é esta imagem?» E respon­deram-Te: «De César!» E Tu, ao veres que era feita da mistura de cobre e prata, disseste: «Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus».

Quer dizer:

 

Se a Alma recebe Mistérios, dá a apologia a todos os Regen­tes e à região do Rei, o Adamas e a honra e a glória a todos aqueles da Região da Luz. E a palavra: «E esta brilhava, quando viste que era feita de prata e cobre». Tal é o tipo da Alma. Nela está o Poder da Luz, que é de Prata refinada e está o Espírito Falso que é a matéria de cobre. Esta é, meu Senhor, a primeira reflexão.”

 

“A segunda reflexão está relacionada com o que recente­mente nos disseste relativamente à Alma que recebe os Misté­rios: «Se chega à região dos Arcontes do Caminho do Meio, estes vêm ao seu encontro cheios de grande temor e medo. E a Alma dá-lhes o Mistério do Temor e sentem pavor ante ela. Quanto ao Destino, devolve-o à sua região, assim como ao Espírito Falso e, a cada um dos Arcontes que estão nos cami­nhos, dá a sua apologia e os seus selos e dá a todos os da Região da Luz a honra, a glória, o louvor dos selos e os Cân­ticos de louvor». No que diz respeito a isto, Tu, meu Senhor, falaste-nos, anteriormente, através do verbo do nosso irmão Paulo, dizendo. «Dai tributo a quem tributo merece, temor a quem temor merece, homenagem a quem homenagem merece, honra a quem honra merece, louvor a quem louvor merece e nada devas a ninguém» — quer isto dizer, meu Senhor:

 

«A Alma que recebe Mistérios dá a apologia de todas as Regiões».

 

Esta é, meu Senhor, a segunda reflexão.”

 

“A terceira reflexão, por seu lado, diz respeito à palavra que nos expressaste anteriormente:

 

«O Espírito Falso é adverso à Alma, induzindo-a a cometer todos os pecados e todos os agravos, transportando-a para os castigos de que é merecedora, devido aos pecados que a fez cometer». Numa palavra, este é adverso à Alma em todo o sentido e a este respeito Tu disseste anteriormente: «Os inimigos do homem são os que moram na sua própria casa», quer dizer, os que moram na casa da Alma. São o Espírito Falso e o Destino os quais são sempre adversos à Alma fazendo-a cometer todo o tipo de pecados e iniquidades.

 

Esta é, meu Senhor, a terceira reflexão.”

 

“A quarta reflexão, por outro lado, diz respeito à palavra que pronunciaste: «Se a Alma sai do corpo e viaja pelo cami­nho com o Espírito Falso, mas não encontrou o Mistério da Anulação de todos os vínculos e selos que a atam a ele a fim de que este cesse de obsedá-la ou de a ela estar ligado, então o Espírito Falso, conduz a Alma ante a Virgem da Luz, o Juiz. Esta (a Virgem da Luz) examina-a e verifica que pecou e, como não encontra nela os Mistérios da Luz, entrega-a a um dos seus Receptores e este condu-la e verte-a no corpo e não sairá das mudanças de corpo antes de terminar a sua última volta.

 

Relativamente a esta palavra, meu Senhor, Tu disseste ante­riormente:

 

«Reconciliai-vos com o vosso inimigo, enquanto estais com ele no caminho. Sendo vosso inimigo, talvez vos entregue ao Juiz, este vos entregue ao servo e este vos encerre no cárcere e não saiais dessa região até que tenhais pago o último quarto de penique» (até ao último centavo).”

 

“Porque, é clara a vossa palavra, quando diz: «Cada Alma que abandona o corpo e viaja pelo caminho com o Espírito Falso, sem encontrar o Mistério da anulação de todos os selos e vínculos, a fim de que se liberte, por si própria, do Espírito Falso que a ela está atado, em tal caso, se não o encontrou, o Espírito Falso condu-la ante a Virgem da Luz e esta julga-a, entregando-a a um dos seus Receptores para que a verta na esfera dos Aeons e não saia das mudanças do corpo antes de terminar a última volta que lhe foi destinada.

 

Esta é, pois, meu Senhor, a quarta reflexão.”

 

Aconteceu, então que, quando Jesus ouviu Maria dizer estas palavras disse: “Bem o disseste Maria, Bendita e Espiritual. Estas são as soluções das palavras que proferi.”

 

Maria respondeu dizendo: “Ainda desejo perguntar-Te algo, meu Senhor, porque de agora em diante terei de actuar com segurança em relação a todas as coisas. Assim, meu Senhor, tem paciência conosco e revela-nos todas as coisas que Te perguntemos para que os meus irmãos possam proclamá-las a toda a humanidade, na Vossa Graça.”

 

E quando ela disse isto ao Salvador, este respondeu-lhe com grande compaixão, dizendo-lhe:

 

“Amén, Amén vos digo: não somente vos revelarei todas as coisas que Me perguntais, como também, de agora em diante, vos revelarei outras coisas sobre as quais não haveis pensado perguntar-Me, as quais não penetraram no coração do homem e que também não são conhecidas de todos os Deuses que estão abaixo do homem. Assim, pois, Maria, pergunta o que desejes perguntar por­que vos revelarei tudo frontalmente e sem analogias.”

 

E Maria respondeu dizendo:

 

“Meu Senhor, de que forma os Baptismos perdoam os pecados? Tenho-Te ouvido dizer: «Os Servidores-Retributivos perseguem a Alma sendo testemunhas de todos os pecados que cometeu, para condená-la nos Juízos». Assim, pois, meu Se­nhor, os Mistérios do Baptismo limpam os pecados que estão nas mãos dos Servidores-Retributivos, para que eles os per­doem? Diz-nos então, meu Senhor, de que forma perdoam os pecados e, mais ainda, desejamos sabê-lo com segurança.”

 

E o Salvador respondeu dizendo a Maria:

 

“Inteligentemente te expressaste. Os Servidores realmente são os que dão testemunho de todos os pecados. Eles esperam, nos Juízos, apoderar-se das Almas e provar a culpabilidade dos pecadores que não receberam Mistérios para ficarem com eles para sempre no Caos, castigando-os.

 

E os Receptores-Retributívos não podem passar além do Caos para alcançar Ordens que estão acima do Caos e condenar as Almas que saem dessas regiões.

 

Assim, pois, não é lícito obrigar as Almas que recebem Mistérios e conduzi-las ao Caos a fim de que os Servidores­-Retributivos as condenem. Contudo, os Servidores-Retributivos condenam as Almas dos pecadores que não receberam Mistérios e ficam com elas para sempre levando-as fora do Caos. Por outro lado, não têm poder para condenar as Almas que receberam Mis­térios porque elas não surgiram das suas regiões e, se surgem das suas regiões, não poderão estorvá-las, nem sequer levá­-las ao Caos.”

 

“Prestai atenção que vos direi a palavra «verdadeira» da forma como o Mistério do Baptismo perdoa os pecados. Assim, pois, se as Almas pecam quando ainda estão no mun­do, os Receptores-Retributivos realmente vêm e são testemu­nhas de todos os pecados que estas cometeram (a não ser que, na verdade, elas apareçam das Regiões do Caos), a fim de que possam provar a sua culpabilidade nos Juízos que estão fora do Caos. E o Espírito Falso converte-se em testemunha de todos os pecados cometidos pela Alma para poder condená-la nos Juízos que estão fora do Caos. E não só para deles dar testemunho mas também para selar os pecados e atá-los à Alma, de modo que os Arcontes dos castigos dos pecadores possam reco­nhecê-la como uma Alma pecadora e conheçam a quantidade de pecados que cometeu, através dos selos que o Espírito Falso lhe atribuiu e seja castigada de acordo com o número de pecados cometidos. Isto o fazem com todas as Almas pecadoras.”

 

“Assim, pois, aquele que recebeu os Mistérios do Baptismo converte o Mistério, nele próprio, num Fogo Sábio sumamente violento e grandioso que desintegra os pecados, penetra secre­tamente na Alma e consome todos os pecados que o Espírito Falso nela produziu.”

 

“E quando este (o Mistério do Baptismo) concluiu a puri­ficação dos pecados que o Espírito Falso criou na dita Alma, penetra secretamente no corpo, dá caça a todos os perseguidores e separa-os para o lado do corpo. Acossa o Espírito Falso e o Destino, separando-os da Força e da Alma e coloca-os no lado do corpo, de modo que sejam separados. O Espírito Falso, o Destino e o corpo para um lado, a Alma e a Força para outro.

 

O Mistério do Baptismo, pelo contrário, permanece no meio dos dois separando-os constantemente um do outro, a fim de que se limpem e purifiquem e não sejam manchados pela matéria.”

 

“Assim, pois, Maria esta é a forma como os Mistérios dos Baptismos perdoam os pecados e todas as iniquidades.”

 

Depois de o Salvador referir isto, disse aos Seus discípulos:

 

“Entendeis a forma como tenho discorrido convosco?”

 

Então Maria adiantou-se e disse:

 

“Sim, meu Senhor, na verdade, analiso de perto todas as palavras que pronuncias. Relativamente à palavra do Perdão dos pecados, Tu falaste, anteriormente, de forma similar dizendo:

 

«Vim derramar Fogo sobre a Terra». E novamente:

 

«Que farei para que arda?»

 

E outra vez distinguiste-os claramente dizendo:

 

«Tenho o Baptismo para com ele baptizar. Quanto devo esperar para que se cumpra? Acreditais que vim derramar Paz na Terra? Não. Eu vim trazer a divisão. Porque de agora em diante, de cinco que estejam numa casa, dividir-se-ão, três con­tra dois e dois contra três».

 

Isto, meu Senhor, é a palavra que claramente pronun­ciaste.”

 

“Realmente a palavra que pronunciaste: «Vim derramar Fogo sobre a Terra. Que farei para que arda?» Quer dizer, meu Senhor: Tu trouxeste os Mistérios do Baptismo à Terra e o Teu desejo é que se desintegrem todos os pecados da Alma e esta se purifique. E posteriormente, Tu os distinguiste ao dizer cla­ramente: «Tenho o Baptismo para com ele baptizar! E quanto tempo devo esperar para que se cumpra ?» Quer dizer: Tu não estarás no mundo até que os Baptismos se cumpram e se purifiquem as Almas Perfeitas.”

 

“Além disso, a palavra que expressaste anteriormente:

 

«Acreditais que vim derramar Paz sobre a Terra? Não. Eu vim trazer a divisão. Porque de agora em diante, de cinco que vivam numa casa dividir-se-ão, três contra dois e dois contra três». Quer dizer, Tu trouxeste o Mistério dos Baptismos ao mundo e este provocou a divisão, porque separou o Espírito Falso, o corpo e o Destino para um lado e a Alma e a Força para outro. Quer dizer, três estarão contra dois e dois contra três.”

 

E quando Maria referiu isto o Salvador disse:

 

“Bem o disseste, Luz Pura e Espiritual Maria. Esta é a solução da Palavra.”

 

Maria respondeu de novo dizendo:

 

“Meu Senhor, ainda tenho mais perguntas a fazer-Te. Assim, pois, permite-me que as faça.

 

Até aqui, conhecemos a forma como os Baptismos perdoam os pecados. Por outro lado, o Mistério dos Três Espaços, os Mistérios do Primeiro Mistério e os Mistérios do Inefável, de que forma perdoam os pecados? Fazem-no com os Baptismos, ou não?”

 

O Salvador respondeu novamente dizendo:

 

“Não. Contudo, todos os Mistérios dos Três Espaços per­doam à Alma todos os pecados que cometeu desde o princípio, em todas as Regiões dos Arcontes ou Regentes. E ainda perdoam os pecados que depois cometerá, até à hora em que cada um dos Mistérios se torne efectivo. A hora em que cada um dos Mistérios se tornará efectivo, dir-vos-ei na expansão do Universo.”

 

“E além disso, o Mistério do Primeiro Mistério e os Mis­térios do Inefável perdoam à Alma todos os pecados e iniqui­dades que cometeu em todas as Regiões dos Arcontes. E não só lhe perdoam tudo, mas também não lhe atribuem nenhum pecado a partir desse momento e até à eternidade devido ao Dom desse Grande Mistério e à sua prodigiosa e esplendorosa glória.”

 

Depois de o Salvador expressar isto, disse aos Seus discí­pulos:

 

“Entendeis a forma como discorro convosco?”

 

E Maria respondeu de novo e disse:

 

“Sim, meu Senhor! Já compreendi todas as palavras que proferiste. Assim, pois, meu Senhor, em relação à palavra que pronun­ciaste:

 

«Todos os Mistérios dos Três Espaços perdoam os pecados e as iniquidades da Alma».

 

David, o Profeta, profetizou anteriormente a este respeito dizendo: «Bem aventurados aqueles cujos pecados e iniquida­des são perdoados».

 

E a palavra que Tu pronunciaste:

 

«O Mistério do Primeiro Mistério e o Mistério do Inefável perdoam àquele que recebeu esses Mistérios e não só os pecados cometidos desde o princípio, mas também não lhe atribuem nenhum a partir desse momento e até à eternidade». Relativa­mente a esta palavra, David profetizou anteriormente, dizendo:

 

«Bem-aventurados são aqueles a quem Deus não atribui peca­dos», quer dizer: não serão atribuídos pecados, a partir desse momento, àqueles que receberem os Mistérios do Primeiro Mis­tério e os Mistérios do Inefável.”

 

E o Salvador disse:

 

“Bem o disseste Maria, Luz Espiritual e Pura. Esta é a solução da Palavra.”

 

E Maria de novo continuou, dizendo:

 

“Meu Senhor! Se um homem recebeu Mistérios dos Mis­térios do Primeiro Mistério e novamente peca e profana os Mistérios e logo a seguir se arrepende e implora, em qualquer Mistério, o seu Mistério, será perdoado ou não?”

 

O Salvador respondeu, dizendo a Maria:

 

“Amén, Amén vos digo: o que receba os Mistérios do Pri­meiro Mistério, os profana doze vezes e doze vezes se arrepende implorando pelo Mistério do Primeiro Mistério será perdoado.”

 

“Porém, se depois das doze vezes, novamente os profana e volta a profaná-los, nunca será perdoado, mas retornará por si mesmo a qualquer Mistério do seu Mistério. Este (homem) não tem arrependimento, a menos que haja recebido os Mistérios do Inefável, que tem sempre Misericórdia e Perdoa sempre.”

 

De novo continuou Maria, dizendo:

 

“Meu Senhor, se aqueles que receberam os Mistérios do Primeiro Mistério, os profanam e deixam o corpo antes de se arrependerem, poderão Herdar o Reino ou não? Porque, real­mente receberam o Dom do Primeiro Mistério!”

 

O Salvador respondeu, dizendo a Maria:

 

“Amén, Amén vos digo: o que tenha recebido Mistérios no Primeiro Mistério, tendo-os profanado primeira, segunda e terceira vez, se desencarna antes de se arrepender, o seu Juízo é mais penoso que todos os Juízos, porque a sua morada estará no meio das mandíbulas do Dragão das Trevas exteriores e, no fim de tudo, será congelado nos castigos e perecerá para sem­pre porque ele recebeu o Dom do Primeiro Mistério e nele não permaneceu.

 

E Maria respondeu, dizendo:

 

“Meu Senhor, os que receberam os Mistérios do Mistério do Inefável e se desviaram, pecaram ou não tiveram Fé e, em seguida, ainda vivos, mudam e se arrependem, por quantas vezes serão perdoados?”

 

O Salvador respondeu, dizendo a Maria:

“Amén, Amén vos digo: todo aquele que haja recebido os Mistérios do Inefável, será perdoado não só uma vez, quando peque e se arrependa, mas todas as vezes que o faça. E se ainda vivo, volta a violar os Mistérios e se arrepende com sinceridade e implora por qualquer dos seus Mistérios, também será per­doado, porque recebeu o Dom dos Mistérios do Inefável e esses Mistérios são Misericordiosos e concedem sempre o Perdão.”

 

Maria respondeu novamente, dizendo a Jesus:

 

“Meu Senhor, os que receberam os Mistérios do Inefável e de novo se desviaram, pecando, não tendo Fé e desencarnaram antes de se arrependerem, que lhes sucederá?”

 

E o Salvador respondeu, dizendo a Maria:

 

“Amén, Amén vos digo: todos aqueles que tenham recebido os Mistérias do Inefável — verdadeiramente Benditas são as Almas que receberam estes Mistérios — se se desviam e os profa­nam e desencarnam antes de se arrependerem, o seu Juízo é mais penoso do que todos os Juízos e sumamente violento mesmo que sejam novas estas Almas e estejam pela primeira vez no mundo. Elas não regressarão às mudanças de corpo a partir desse momento e não poderão fazer nada. Serão arrojadas às Trevas exteriores a fim de perecerem, sem terem existência para sem­pre.”

 

Ao dizer isto aos Seus discípulos, o Salvador disse-lhes novamente:

 

“Entendeis a forma como discorro convosco?”

 

Maria respondeu-Lhe, dizendo:

 

“Compreendi as palavras que proferiste. Assim, pois, meu Senhor, esta é a palavra que proferiste:

 

«Bem-Aventurados são, verdadeiramente, aqueles que rece­beram os Mistérios do Inefável. Contudo, se se desviam, se os profanam, se perdem a sua Fé e desencarnam sem arrepen­dimento, não têm acesso, a partir desse momento, às mudanças de corpo, nem a qualquer outra coisa. São arrojados às Trevas exteriores para perecerem nessa região e não terem existência para sempre.»

 

Relativamente a isto, Tu falaste noutra ocasião, dizendo:

 

«O Sal é bom, porém, se se torna estéril, como salgará? Não é adequado para o paladar nem para a Terra, apenas para ser deitado fora». Quer dizer: «Bem-Aventurados são aqueles que recebam os Mistérios do Inefável. Contudo, uma vez que os profanem, não são dignos de regressar sucessivamente ao corpo, a partir desse momento, qualquer que seja o motivo. Serão arrojados às Trevas exteriores para perecerem nessa regiao».

 

E quando disse isto, o Salvador assentiu, dizendo: “Bem o disseste Luz Pura e Espiritual Maria. Essa é a solução da Palavra.”

 

E Maria continuou, dizendo:

 

“Meu Senhor, todo aquele que tenha recebido os Mistérios do Primeiro Mistério e os Mistérios do Inefável, que não os tenha profanado e cuja Fé neles seja sincera e sem dissimu­lação, mas que, devido à coacção do Destino, tenha pecado novamente e se tenha voltado a arrepender, implorando por qualquer dos Mistérios, quantas vezes será perdoado?”

 

E o Salvador respondeu dizendo a Maria, no meio dos Seus discípulos:

 

“Amén, Amén vos digo: todos os que recebam os Mistérios do Inefável e ainda os Mistérios do Primeiro Mistério e pecam, todas as vezes por causa da coacção do Destino, se ainda vivos se arrependem novamente e permanecem em qualquer dos seus Mistérios, serão sempre perdoados, porque esses Mistérios são Misericordiosos e outorgam sempre o Perdão. Por esta razão, Eu vos disse anteriormente:

 

«Esses Mistérios não só perdoam os pecados que se comete­ram desde o princípio como não os atribuem, a partir desse momento». Isto vos afirmei. Receberão o arrependimento em qualquer momento e ser-lhes-ão também perdoados os peca­dos que novamente cometam.”

 

«Se, por outro lado, aqueles que recebam Mistérios do Mistério do Inefável e dos Mistérios do Primeiro Mistério, voltarem a pecar e desencarnarem sem arrependimento, estarão na situação daqueles que não se arrependeram e os profanaram. A sua morada estará no meio das fauces do Dragão das Trevas e perecerão sem ter existência para sem­pre. Por esta razão vos afirmei:

«Todo aquele que receba os Mistérios, se conhece a hora da sua desencarnação, poderá cuidar de si próprio para não pecar e assim herdar o Reino da Luz, para sempre».”

 

Depois de o Salvador dizer isto aos Seus discípulos, conti­nuou, dizendo-lhes:

 

“Compreendeis a forma como discorro convosco?”

 

E Maria respondeu dizendo:

 

“Sim, meu Senhor, tenho seguido com precisão as palavras que tens pronunciado. A este respeito disseste-nos tempos atrás:

 

«Se o dono da casa soubesse a hora da noite a que chega ladrão, manter-se-ía desperto e não permitiria a sua entrada».”

 

Logo que Maria expressou isto, o Salvador disse-lhe:

 

“Bem o disseste, Espiritual Maria. Essa é a palavra “.

 

O Salvador continuou, dizendo aos Seus discípulos:

 

“Assim, pois, proclamai isto ante todos os homens que hajam recebido Mistérios na Luz, dizendo-lhes: Cuidai-vos de vós mesmos e não pequeis mais. Se acumulais maldade atrás de maldade e desencarnais, sem vos terdes arrepen­dido, converter-vos-eis em estranhos ao Reino da Luz, para sempre.”

 

Quando o Salvador disse isto, Maria respondeu dizendo:

 

“Meu Senhor, grande é a Misericórdia dos Mistérios que per­doam sempre os pecados.”

 

O Salvador respondeu a Maria, dizendo, no meio dos Seus discípulos:

 

“Se hoje em dia um Rei, sendo humano, concede aos ho­mens dádivas a seu gosto e perdoa aos assassinos, e àqueles que têm relação sexual com o sexo masculino, assim como outros pecados atrozes merecedores de pena de morte, se ele faz isto, que é um ser humano, quanto mais não fará «O Inefável» e o Primeiro Mistério que são os Senhores do Universo, a Autoridade, podendo actuar em todas as coisas como melhor lhes pareça, para Perdoar a cada um que tenha recebido Mistérios!”

 

“Ou, por outro lado, se hoje em dia um Rei investe um soldado com o poder real e o envia a regiões estrangeiras e se, apesar deste assassinar e cometer toda a classe de atrocidades que mereçam a pena de morte, estes crimes não lhe são impu­tados porque está investido com poderes reais, quanto mais não farão Aqueles que conhecem os Mistérios das Vestes do Inefá­vel e do Primeiro Mistério, que são Senhores sobre todos os das Alturas e das Profundidades!”

 

Tempo depois, Jesus viu uma mulher que chegara a mostrar seu arrependimento. Ele havia-a baptizado três vezes e ela ainda não tinha feito o que faz ser merecedor dos Baptismos. E o Salvador desejava pôr à prova Pedro, para ver se era misericordioso e perdoava como Ele lhes havia ordenado.

 

Então disse a Pedro: “Observa isto: três vezes baptizei esta Alma e ainda, pela terceira vez, não realizou o que faz ser-se merecedor dos Mistérios da Luz. De que lhe serve limpar o seu corpo se nada fizer? —Assim, pois, Pedro, cumpre com o Mistério que isola as Almas das Heranças da Luz. Realiza esse Mistério para que isoles a Alma desta mulher das Heranças da Luz.”

 

Quando o Salvador disse isto, queria pôr à prova Pedro, para saber se era Misericordioso e Magnânimo.

Então Pedro disse: “Meu Senhor, permite, ainda por esta vez, que lhe demos os Mistérios Maiores e, se for apta, permiti-lhe então herdar o Reino da Luz. Porém, se não for, isola-a então.”

 

Quando Pedro disse isto, o Salvador compreendeu que Pedro era Misericordioso e Magnânimo como Ele.

Em seguida, depois de tudo isto ser dito, o Salvador disse aos Seus discípulos:

 

“Haveis entendido estas palavras e qual é o tipo desta mulher?”

 

Maria respondeu dizendo: “Meu Senhor, compreendi os Mistérios das coisas que fracassaram na sorte desta mulher. Relativamente a elas, Tu falaste-nos, há tempo atrás, dizendo, de modo semelhante: « Um homem que possuía uma figueira no seu vinhedo, ao chegar a ela, pelo seu fruto e não encontrando sequer um, disse ao vinhateiro: Vede aqui. Há três anos que venho para buscar o fruto desta figueira e não tenho encon­trado nada. Cortai-a, pois. Para quê fazer a terra boa se ela não serve para nada?

Contudo, ele respondeu dizendo: Meu senhor, tem paciên­cia, este ano, com ela. Cavarei ao seu redor e garanto que dá mostras para o ano. Deves permitir-lhe que continue. Porém, se não encontrares nenhum fruto, então terás de derrubá-la. »

 

Eis aqui, meu Senhor, a solução da palavra.”

 

O Salvador respondeu, dizendo a Maria:

 

“Bem o disseste, Espiritual Maria. Esta é a solução da Palavra.”

 

Maria continuou, dizendo ao Salvador: “Meu Senhor, se um homem que recebeu os Mistérios não se tornou merecedor deles, mas converteu-se num pecador e em seguida arrependeu-se com verdadeiro arrependimento, estará dentro da Lei, que os meus irmãos restaurem para ele o Mistério que mereceu ou melhor, lhe deem um Mistério dos Mistérios Menores? Estará isto de acordo com a Lei, ou não?”

 

O Salvador respondeu, dizendo a Maria:

 

“Amén, Amén vos digo. Nem o Mistério que ele haja rece­bido, nem o Menor o escutarão para perdoar os seus pecados. Apenas os Mistérios que estão mais acima do que aqueles que recebeu o escutarão e perdoarão. Assim, pois, Maria, deixai que os vossos irmãos lhe deem um Mistério Maior do que aquele que recebeu, de modo que o seu arrependimento seja aceite e os seus pecados perdoados. Este Mistério, porque realmente o recebeu uma vez mais e aqueles porque se destacaram, acima deles (os Mistérios Maio­res), ascendentemente. Este Mistério, que realmente recebeu, não o escuta para perdoar os seus pecados. É o Mistério que está mais alto do que aquele que recebeu que perdoa os seus pecados. Por outro lado, se ele recebeu os Três Mistérios nos Dois Espaços ou no Terceiro de «dentro» e voltou a profaná-los, nenhum Mistério lhe prestará atenção para ajudá-lo no seu arrependimento, nem o mais alto, nem o mais baixo, à excepção do Mistério do Primeiro Mistério e os Mistérios do Inefável, porque eles são os que escutam e aceitam o seu arre­pendimento.”

 

Maria respondeu, dizendo: “Meu Senhor, um homem que tenha recebido até dois ou três Mistérios no Segundo Espaço ou no Terceiro e não os tenha profanado, mas que perma­neceu na sua Fé com rectidão e sinceridade, que lhe suce­derá?”

 

E o Salvador respondeu, dizendo a Maria:

 

“Todo o homem que recebeu Mistérios no Segundo ou Ter­ceiro Espaço e não os profanou, mas permaneceu na sua Fé com rectidão e sinceridade é lícito, para ele, receber Mistérios no Espaço que lhe aprouver desde o primeiro até ao último, porque não os profanou.”

 

Maria continuou, dizendo: “Meu Senhor, consideremos um homem que tenha conhecido a Divindade, que recebeu os Mistérios da Luz e em seguida os profana e não se arrepende e outro homem que não tenha encontrado a Divindade, nem a conhece e, além disso, é pecador e ímpio. Se ambos desen­carnam, qual deles sofrerá mais nos Juízos Finais?”

 

O Salvador respondeu novamente, dizendo a Maria:

 

“Amén, Amén vos digo: o homem que conheceu a Divindade e recebeu os Mistérios da Luz e os profana sem se arrepender sofrerá nos Castigos dos Juízos Finais grandes amarguras e juízo em mais alto grau que os ímpios e transgressores da Lei que não conheceram a Divindade. Assim, pois, o que tenha ouvidos para ouvir, que oiça.”

 

E logo, quando o Salvador referiu isto, Maria adiantou-se e disse: “Meu Senhor, o meu Ser tem ouvidos e eu compreendi a palavra completa que proferiste. A este respeito, Tu disseste-nos, de modo similar: «O escravo que conhece a vontade do seu amo e não a cumpre, receberá grandes reveses. Porém, o que não a conhece e não a cumpre, merecerá menos re­veses e em mais baixo grau. Porque a quem mais se confia, mais se pede e a quem mais se dá, mais se exige.» Quer dizer, meu Senhor, o que tenha conhecido a Divindade, te­nha encontrado os Mistérios da Luz e os tenha profanado, será castigado com um maior castigo do que aquele que os não conheceu. Esta é, meu Senhor, a solução da palavra.”

 

Maria continuou e disse ao Salvador: “Meu Senhor, mesmo quando a Fé e os Mistérios se tenham revelado por si próprios, supondo que as Almas vêm ao mundo em muitas voltas e são negligentes em receber os Mistérios, esperando que ao vir noutra volta os receberão, expor-se-ão assim ao perigo de não rece­berem os Mistérios?”

 

E o Salvador respondeu, dizendo aos Seus discípulos:

 

“Proclamai por todo o Mundo, dizendo aos homens: Esforçai­-vos por receber os Mistérios da Luz neste tempo de aflição, para entrar no Reino da Luz. Não acumuleis um dia com outro ou uma volta com outra esperando receber, numa volta poste­rior, os Mistérios.”

 

“Eles não sabem quando o número de Almas Perfeitas está próximo. Se o número de Almas Perfeitas está próximo, fecha­rei as Portas da Luz e ninguém poderá entrar nem sair a partir desse momento porque o número de Almas Perfeitas estará completo e o Mistério do Primeiro Mistério, pela Graça do qual o Universo surgiu, estará consumado. Eu sou esse Mistério.”

 

“E a partir desse momento, ninguém poderá entrar nem sair da Luz. Porque na Consumação do Tempo do número das Almas Perfeitas, antes de incendiar o mundo para purificar os Aeons, os Véus, os Firmamentos, a Terra inteira e todas as coisas que nela há, a humanidade ainda existirá.”

 

“Nessa Hora, a Fé e os Mistérios manifestar-se-ão, por si próprios, ainda mais. E muitas Almas virão por meio das voltas das mudanças de corpo e estarão regressando ao mundo alguns daqueles que neste tempo Me escutaram. Como ensinei que na Consumação do número das Almas Perfeítas encontrarão os Mistérios da Luz e os receberão, virão às Portas da Luz e verão que o número de Almas Perfeitas está completo. É a Consumação do Primeiro Mistério e a Gnose do Universo. Dar-se-ão conta de que fechei as Portas da Luz e que é impossível que alguém possa entrar ou sair a partir dessa Hora.”

 

“Então, essas Almas baterão às Portas da Luz, dizendo. Senhor! Abre-nos. E Eu responder-lhes-ei: Não vos conheço. E eles dir-Me-ão: Recebemos os Teus Mistérios e cumpri­mos com todo o Ensinamento que entregaste nos altos ca­minhos. E Eu responder-lhes-ei, dizendo: Não vos conheço. Quem sois vós, praticantes de iniquidade e maldade até este momento? Por isso ireis para as Trevas exteriores. E irão para as Trevas exteriores onde há pranto e ranger de dentes.”

 

“Para evitar isto, proclamai pelo mundo inteiro, dizendo:

 

«Esforçai-vos por renunciar ao mundo e às coisas que nele há, para que recebais os Mistérios da Luz, antes do número das Almas Perfeitas ser consumado, a fim de que não vos possam deter ante as Portas da Luz nem enviar-vos para as Trevas exteriores. «Assim pois, o que tenha ouvidos para ouvir, que oiça.»”

 

Quando o Salvador disse isto, Maria adiantou-se e disse:

 

“Meu Senhor! O meu Ser tem as palavras que pronunciaste. Portanto, meu Senhor, relativamente ao que proferiste: «Procla­mai a todos os homens do mundo, dizendo-lhes: Esforçai-vos por receber os Mistérios da Luz neste tempo de aflição, para que herdeis o Reino da Luz… …»

 

 

IV

 

E Maria continuou perguntando a Jesus: “Como são as Trevas exteriores? Ou, melhor dizendo, em quantas regiões de castigos estão elas divididas?”

 

E Jesus respondeu, dizendo a Maria.

 

“As Trevas exteriores estão constituídas por um grande Dra­gão que tem a cauda na boca, está situado fora do mundo e à sua volta existem muitas regiões de castigos. Possui doze masmorras de castigos enormes, há um Arconte em cada mas­morra e as suas caras são diferentes umas das outras.”

 

“O primeiro Arconte que está na primeira masmorra, tem rosto de crocodilo com a cauda na boca. Das suas fauces sai todo o gelo, toda a podridão, todo o frio e diversos padecimentos. Este Arconte é chamado pelo seu autêntico nome: «Enchthonin».”

 

“O Arconte que se encontra na segunda masmorra, tem um genuíno rosto de gato. É chamado, na sua região, «Chara­char».”

 

“E o Arconte que se encontra na terceira masmorra tem um autêntico rosto de cão. É chamado, na sua região, «Archaroch».”

 

“E o Arconte que se encontra na quarta masmorra, tem um autêntico rosto de serpente. E chamado, na sua região, «Achrochar».”

 

“E o Arconte que está na quinta masmorra tem um autêntico rosto de touro preto. É chamado, na sua região, «Marchur».”

 

“E o Arconte que está na sexta masmorra, tem um autêntico rosto de javali selvagem. É chamado, na sua região, «Lamchamor».”

 

“E o Arconte que está na sétima masmorra, tem um autên­tico rosto de urso. É chamado, na sua região, «Luchar».”

 

“E o Arconte que se encontra na oitava masmorra tem um autêntico rosto de abutre. É chamado, na sua região, «Laraoch».”

 

“E o Arconte que se encontra na nona masmorra, o seu ge­nuíno rosto é de um basilisco. É chamado, na sua região, «Archooch».”

 

“E na décima masmorra encontra-se uma multidão de Arcontes. Cada um deles tem sete cabeças de dragão como seu autêntico rosto. E o que está acima de todos eles é conhecido, na sua região, como «Xarmaroch».”

 

“E na décima primeira masmorra encontra-se uma multi­dão de Arcontes. Cada um deles tem sete cabeças de gato como seu autêntico rosto. E o maior de todos é chamado, na sua região, «Rochar».”

 

“E na décima segunda masmorra encontra-se uma enorme multidão de Arcontes. Cada um deles tem sete cabeças de cão como seu autêntico rosto. E o maior de todos é chamado, na sua região, «Chremaor».”

 

“Estes Arcontes das doze masmorras encontram-se dentro do Dragão das Trevas exteriores. Todos e cada um deles, muda de nome e de rosto de hora a hora. Cada uma destas masmorras tem uma porta que se abre para cima. Assim, o Dragão das Trevas exteriores tem, pois, doze obscuras masmorras e cada uma delas possui uma porta que se abre para cima.”

 

“E um Anjo das Alturas vigia cada uma das portas das masmorras. «Jeú», o Primeiro Homem, o Vigilante da Luz, o Enviado do Primeiro Mandamento, estabeleceu-os como vigilan­tes do Dragão, para que este e os Arcontes das masmorras que estão com ele, não possam amotinar-se.”

 

Depois de o Salvador dizer isto, Maria Magdalena respon­deu, dizendo-Lhe: “Meu Senhor! Passarão pelas doze portas das masmorras as Almas introduzidas nessa região, de acordo com o Juízo que cada uma merece?”

 

O Salvador respondeu, dizendo a Maria:

 

“Nenhuma Alma será introduzida no Dragão por essas portas, excepto as dos blasfemos, as daqueles que estão nas doutrinas do erro, assim como os que ensinam tais doutrinas, os que mantêm contacto homossexual, os manchados e ímpios, os ateus e assassinos, os adúlteros e feiticeiros, assim como todas as Almas que não se arrependam enquanto estão com vida e persistam nos seus pecados e ainda todas as Almas que ficaram fora, se atrasaram e completaram o número de re­tornos que lhes foi concedido na Esfera, sem se terem ar­rependido. Na sua última volta, estas Almas e todas as Almas das quais vos falei serão retiradas das fauces da cauda do Dragão e introduzidas nas masmorras das Trevas exte­riores.

E quando essas Almas forem conduzidas das Trevas exterio­res às fauces da sua cauda, o Dragão, voltá-las-á para a sua boca, devorando-as.

 

Assim serão, pois, conduzidas as Almas às Trevas exterio­res.

 

“E o Dragão das Trevas exteriores possui doze nomes au­tênticos nas suas portas, um nome em cada porta das mas­morras. E os doze nomes são diferentes uns dos outros, porém os doze estão contidos uns nos outros, de tal modo que, se um nome é pronunciado, todos os outros são pronunciados. Isto vos direi na expansão do Universo. Assim estão conformadas as Trevas exteriores, quer dizer, o Dragão.”

 

Quando o Salvador disse isto, Maria respondeu, dizendo-Lhe: “Meu Senhor! São então, os castigos do Dragão, muito mais terríveis que os castigos dos Juízos?”

 

O Salvador respondeu dizendo a Maria:

 

“Não só são mais dolorosos em comparação com todos os castigos dos Juízos, mas ainda, as Almas que forem conduzidas a essa região, serão congeladas no violento frio, granizo e ter­rível fogo que essa região possui. Além disso, na dissolução do Universo, quer dizer, na Ascensão do Universo, essas Almas perecerão por causa do violento frio e do terrível fogo, deixan­do de existir para sempre.

 

E Maria respondeu, dizendo: “Ai das Almas dos pecadores! Diz-nos meu Senhor, o fogo do mundo da humanidade é mais ardente que o fogo do Amenti?”

 

O Salvador respondeu, dizendo a Maria:

 

“Em verdade vos digo: o fogo no Amenti é nove vezes mais ardente que o fogo no mundo da humanidade.”

 

“E o fogo dos castigos do grande Caos é nove vezes mais violento que o fogo no Amenti.”

 

“E o fogo nos castigos dos Arcontes que estão no Caminho do Meio é nove vezes mais violento que o fogo dos castigos no grande Caos.”

 

“E o fogo no Dragão das Trevas exteriores e em todos os castigos que nele há, é setenta vezes mais violento que o fogo de todos os castigos e de todos os Juízos dos Arcontes que há no Caminho do Meio.”

 

E quando o Salvador disse isto a Maria, ela bateu no peito e, conjuntamente com todos os discípulos, chorava e soluçava exclamando: “Ai dos pecadores, porque os seus castigos são excessivamente numerosos!”

 

E Maria, adiantando-se, prostrou-se aos pés de Jesus e beijando-os disse-Lhe: “Meu Senhor, tem paciência comigo e não Te desgostes porque Te molesto tão frequentemente pois, de agora em diante, as minhas perguntas sobre todas as coisas serão feitas com determinação “.

 

E o Salvador respondeu a Maria dizendo-lhe:

 

“Pergunta todas as coisas que desejes perguntar porque Eu as revelarei abertamente e sem analogias.”

 

Maria respondeu, dizendo: “Meu Senhor! Se um homem justo realizou todos os Mistérios e tem um amigo ímpio que cometeu toda a classe de pecados e merece ser arrojado nas Trevas exteriores e que, tendo completado o número de retornos de acordo com as mudanças do corpo, e não se arrependeu e, além disso, nada fez que fosse útil e sai do seu corpo, se com toda a certeza sabemos que pecou e que merece ser arrojado às Trevas exteriores, que podemos nós fazer por ele para salvá­-lo dos castigos do Dragão das Trevas exteriores e merecer um corpo apto que lhe permita encontrar os Mistérios do Reino da Luz, ser digno, ascender e herdar o Reino da Luz?”

 

O Salvador respondeu a Maria, dizendo-lhe:

 

“Se um pecador merece ser arrojado às Trevas exteriores e pecou de acordo com os castigos do resto dos castigos e não se arrependeu, ou um pecador que tenha completado o seu número de retornos de acordo com as mudanças de corpo e não se arre­pendeu, tais homens, se saem dos seus corpos e são conduzidos às Trevas exteriores e vós desejais salvá-los dos castigos das Trevas exteriores e de todos os Juízos, de modo a que sejam depositados em corpos capazes para que possam encontrar os Mistérios da Luz e consigam ascender e herdar o Reino da Luz, executai o próprio Mistério do Inefável, o qual perdoa sempre os pecados. Quando acabardes de realizar esse Mistério, dizei então:

 

«Que a Alma deste homem, que eu estimo, se estiver na região dos castigos das masmorras das Trevas exteriores ou se estiver em qualquer dos outros castigos das masmorras das Trevas exteriores ou no resto dos castigos do Dragão, seja retirada de todos eles. E se completou o seu número de retornos de acordo com as mudanças de corpo, que seja levada ante a Virgem da Luz para que Esta a sele com o «Selo» do Inefável e possa ser depositada, num mês qualquer, em corpo apto, que lhe permita encontrar os Mistérios da Luz, ser digna, ascender e herdar o Reino da Luz.

 

Se completou o circuito das mudanças de corpo, será essa Alma levada à presença das Sete Virgens da Luz que estão estabelecidas acima dos Baptismos, elas lhos aplicarão e a selarão com o Sinal do Reino do Inefável e a conduzirão dentro das Ordens da Luz.»”

 

“Isto devereis dizê-lo quando executeis o Mistério.”

 

“Amén vos digo: se a Alma pela qual orais, na verdade, está no Dragão das Trevas exteriores, este retirará a cauda da sua boca e deixá-la-á sair.

 

E se está nas Regiões dos Juízos dos Arcontes, Amén vos digo: os Receptores de Melchizedek arrebatá-la-ão, quer seja porque o Dragão a tenha soltado, quer porque se encontra nos Juízos dos Arcontes. Numa palavra, os Receptores de Melchizedek arrebatá-la-ão para fora de todas as Regiões em que se encontre e conduzi-la-ão à Região do Meio, ante a Vir­gem da Luz, a qual a examinará e observará o Sinal do Reino do Inefável que leva com ela.”

 

“E se ainda não completou o seu número de retornos, de acordo com as mudanças da Alma, ou mudanças de corpo, a Virgem da Luz selá-la-á com um «Selo especial» e, num mês qualquer, vertê-la-á num corpo apto para que encontre os Mistérios da Luz, seja digna e prossiga para as Alturas do Reino da Luz.”

 

“E se a Alma completou o seu número de retornos, então a Virgem da Luz examiná-la-á e não a castigará por ter já completado o seu número de voltas, mas entregá-la-á às Sete Virgens da Luz. E as Sete Virgens da Luz examiná-la-ão, baptizá-la-ão com os seus Baptismos e dar-lhe-ão a Unção Espiritual e conduzi-la-ão ao Tesouro da Luz, colocando-a na Última Ordem da Luz até à Ascensão de todas as Almas Perfeitas.

E quando se prepararem para separar os Véus da Região daqueles da Direita, limparão novamente essa Alma e purificá­-la-ão colocando-a nas Ordens do Primeiro Salvador que está no Tesouro da Luz.”

 

E aconteceu então, quando o Salvador acabou de dizer estas palavras aos Seus discípulos, que Maria respondeu, dizendo-Lhe: “Meu Senhor! Ouvi-Te dizer: «O que receba os Mistérios do Inefável ou o que receba os Mistérios do Primeiro Mistério converter-se-á em Raios de Luz e Corren­tes de Luz, atravessando todas as Regiões, até alcançar a Região da sua Herança».”

 

O Salvador respondeu, dizendo a Maria:

 

“Se recebem o Mistério quando ainda estão com vida e de­pois saem do seu corpo, converter-se-ão em «Torrentes de Luz» e em «Raios de Luz» e atravessarão todas as Regiões até al­cançar a Região da sua Herança.”

 

“Porém, se são pecadores, saem do seu corpo e não se arrependeram, se vós praticais o Mistério do Inefável para que possam ser retirados de todos os castigos e ser vertidos num corpo apto para que se tornem dignos e herdem o Reino da Luz e sejam levados à última Ordem da Luz, então, não poderão penetrar nas Regiões, porque eles não sabem praticar o Mis­tério, por si mesmos. Contudo, os Receptores de Melchizedek segui-los-ão e con-duzi-los-ão à presença da Virgem da Luz. E os servido­res dos Juízes dos Arcontes apressam-se a tomar essas Al­mas e a levá-las de um a outro, até serem conduzidas ante a Virgem da Luz.”

 

E Maria prosseguiu, dizendo ao Salvador: “Meu Senhor! Se um homem recebe os Mistérios da Luz que estão no Primeiro Espaço de «fora», quando o tempo desses Mistérios já se cumpriu, e se este homem continua a receber o Mistério de todos os Mistérios que estão no Interior dos Mistérios que ele já tivesse recebido, se se descuidou deixando de pronunciar a «prece» que retira a maldade dos alimentos, come e bebe e, por causa da maldade de tais alimentos, foi ligado à Roda do Destino dos Arcontes e, pelos elementos impuros que o componham, pecou de novo, depois de o tempo no Mistério se ter cumprido, uma vez que ele se descuidou a pronunciar a prece que retira a maldade das Almas e que as purifica; se este homem saiu do corpo sem arrependimento, sem ter recebido novamente os Mistérios dos Mistérios que estão no Interior dos Mistérios que já recebera, aqueles que se recebem uma vez mais, quando alguém se arrepende, a fim de que os pecados sejam perdoa­dos; se quando saiu do corpo, sabemos com toda a certeza que foi arrojado no meio do Dragão das Trevas exteriores pelos pecados cometidos, este homem não tem nenhuma ajuda do mundo, nem ninguém compassivo que possa executar o Misté­rio do Inefável de modo a ser retirado do meio do Dragão das Trevas exteriores e ser levado ao Reino da Luz. Diz-nos, meu Senhor, que fará ele para salvar-se das Trevas exteriores?

 

Meu Senhor, não o abandones porque ele sofreu nas persegui­ções e em toda a Divindade em que se encontra. Oh Senhor! Tem piedade de mim a fim de que nenhum dos nossos seres queridos se encontre em semelhante situação. Tem piedade de todas as Almas que estão nessa posição porque Tu és o que tem a «Chave» que abre e fecha o Universo e é Teu o Mistério que tudo contém.

 

Oh, meu Senhor! Tem piedade dessas Almas que pronun­ciaram os Teus Mistérios ainda que num só dia e, verdadeira­mente, acreditaram nos Teus Mistérios sem hipocrisia.

 

Oh, meu Senhor! Outorga-lhes o dom da Tua Bondade e o repouso da Tua Misericórdia.”

 

Quando Maria disse isto, o Salvador proclamou-a imen­samente Bem-Aventurada pelas palavras que pronunciou e, com grande compaixão, disse-lhe:

 

“A todos os homens que estejam na situação que mencio­naste enquanto se encontram com vida, dai-lhes o Mistério de um dos doze nomes das masmorras do Dragão das Trevas exteriores. Aquele que vos darei quando tiver terminado de explicar a Emanação do Universo do Interior ao Exterior e do Exterior ao Interior”

 

“E todos os que encontrem o Mistério de um dos doze nomes do Dragão das Trevas exteriores, ainda que sejam grandes pecadores, tenham recebido os Mistérios da Luz e tenham trans­gredido pecando ou não tenham realizado nenhum Mistério, se completaram os seus ciclos de retornos e saírem do corpo sem arrependimento, se forem conduzidos aos castigos que estão no meio do Dragão das Trevas e permanecerem nos ciclos e cas­tigos no meio do Dragão; se conhecem o Mistério de um dos doze nomes dos Anjos enquanto estiverem com vida no mundo; se pronunciam um dos seus nomes na altura em que se encon­trem no meio dos castigos do Dragão, no momento em que o pronunciem, o Dragão será sacudido pelas maiores convulsões e a porta da masmorra na qual se encontram esses homens abrir­-se-á por si mesma, para cima e o Arconte da masmorra afastá­-los-á dali, porque encontraram o Mistério do nome do Dragão.”

 

“E quando o Arconte expulsa tais Almas, imediatamente os Anjos de «Jeú», o Primeiro Homem, que guardam as masmor­ras dessa região as arrebatam, para conduzi-las ante «Jeú», o Primeiro Homem, que as observa, examina e verifica que completaram as suas voltas e que não é lícito fazê-las retornar ao mundo, porque é contra a Lei enviar ao mundo Almas que já tenham sido arrojadas às Trevas exteriores.

Contudo, se essas Almas não completaram o seu número de retornos nas mudanças de corpo, os Receptores de Jeú conser­vam-nas até realizarem o Mistério do Inefável para elas e, então, enviam-nas a um corpo apto de modo que encontrem os Mis­térios da Luz e herdem o Reino da Luz.”

 

“Porém, se «Jeú» as examina e verifica que completaram as suas voltas ou retornos, como não é conforme à Lei fazê-las regressar ao mundo mas o Sinal do Inefável não está com elas, então «Jeú» apieda-se dessas Almas e condu-las ante as Sete Virgens da Luz. Elas baptizam-nas com os seus Baptismos ainda que não lhes ministrem a Unção Espiritual e conduzem-nas ao Te­souro da Luz. Porém, não as colocam nas Hierarquias da Herança porque não possuem o Sinal nem o Selo do Inefá­vel. Contudo, salvam-nas de todos os castigos colocando-as na Luz do Tesouro, separadas e afastadas até à Ascensão do Universo.

E no momento em que se rasguem os Véus do Tesouro da Luz, eles depuram essas Almas e purificam-nas novamente, dando-lhes, outra vez, os Mistérios e colocam-nas na última Hierarquia que está no Tesouro, para que assim sejam sal­vas de todos os castigos e Juízos.”

 

E quando o Salvador disse isto, acrescentou: “Compreendeis a forma como tenho discorrido convosco?”

 

Então, Maria respondeu, dizendo: “Meu Senhor! Esta é a palavra que antes nos disseste de forma similar: «Tornai-vos amigos de Mamón, o Injusto, a fim de que, se vos cabe permane­cer atrás, ele possa receber-vos nos seus tabernáculos eter­nos».

 

E quem é Mamón, o Injusto, senão o Dragão das Trevas exteriores?

 

Esta é a palavra.

 

Aquele que compreende o Mistério de um dos nomes do Dragão das Trevas exteriores, se permanecer atrás nas Trevas exteriores ou se completou os retornos das mudanças de corpo e pronuncia o nome do Dragão, será salvo das Trevas e será recebido no Tesouro da Luz.

 

Esta é a palavra, meu Senhor!”

 

De novo o Salvador respondeu, dizendo a Maria:

 

“Bem o disseste Maria, Pura e Espiritual. Essa é a solução da palavra.”

 

Maria continuou, dizendo: “Meu Senhor, o Dragão das Trevas vem a este mundo, ou não?”

 

O Salvador respondeu, dizendo a Maria:

 

“Quando a Luz do Sol está acima do mundo oculta as Trevas do Dragão. Porém, se o Sol está abaixo do mundo, então, as Trevas do Dragão permanecem como um véu do Sol e o hálito daquele cai sobre o mundo, pela noite, em forma de fumo. Quer dizer que, se o Sol recolhesse, para si mesmo, os seus raios, o mundo não seria capaz de suportar as Trevas do Dragão na sua verdadeira forma. Pelo contrário, seria dissolvido e iria para a sua ruína total.”

 

Quando o Salvador disse isto, Maria continuou, dizendo:

 

“Meu Senhor, ainda devo perguntar-Te algo mais e espero que não mo ocultes.

 

Diz-nos, quem impele o homem a pecar?”

 

O Salvador respondeu, dizendo a Maria:

 

“São os Arcontes do Destino que impelem o homem a pecar”.

 

E Maria respondeu, dizendo ao Salvador: “Meu Senhor, os Arcontes descem ao mundo a impelir os homens a pecar?”

 

O Salvador respondeu, dizendo a Maria:

 

“Eles não descem ao mundo nessa forma. Contudo, quando uma Alma antiga está prestes a descer por seu intermédio, então os Arcontes desse Grande Destino que está à cabeça dos Aeons que é a Região conhecida como o Reino de Adamas, Região essa que está defronte da Virgem da Luz, dão a essa antiga Alma a «taça do esquecimento». Esta é feita com germen da maldade e cheia de toda a espécie de desejos e esquecimentos. Logo que essa Alma tenha bebido dessa taça, esquece-se de todas as Regiões que visitou e de todos os castigos por que passou.”

 

“E essa taça da água do esquecimento converte-se num corpo, fora da Alma, que se assemelha a ela em todas as suas formas e actua tal como ela. Este corpo é chamado «Espírito Falso».”

 

“Se, pelo contrário, é uma Alma nova que eles extraíram do Trabalho dos Arcontes e das lágrimas dos seus olhos, ou melhor, do alento das suas bocas, numa palavra, se esta é uma das Almas novas ou se é uma das do Trabalho dos Arcontes, então, os Cinco Grandes Arcontes do Destino tomam o trabalho de todos os Arcontes dos seus Aeons, moldam-no, dividem-no e fazem dele uma Alma.

 

Se é o resíduo da purificação da Luz, Melchizedek toma-o, então, dos Arcontes e os Cinco Grandes Arcontes do Destino moldam, simultaneamente, esse resíduo, dividem-no e fazem dele diferentes Almas, de modo que cada um dos Arcontes dos Aeons deposite a sua parte dentro da Alma. Por esta razão, moldam-na conjuntamente para que todos possam tomar parte nela.”

 

E os Cinco Grandes Arcontes, se dividem o resíduo e o convertem em Almas, extraiem-no do Trabalho dos Arcontes. Porém, se é um dos resíduos da purificação da Luz, então Melchizedek, o Grande Receptor da Luz, toma o resíduo dos Arcontes. Se é das lágrimas dos seus olhos ou do alento das suas bocas, numa palavra, extraído de tais Almas, quando os Cinco Arcontes o dividem e o convertem em diferentes Almas, ou ainda, se é uma Alma antiga, o Arconte que está à cabeça dos Aeons, mistura a taça do esquecimento com o germen da maldade e mistura-a com cada uma das Almas novas, quando estão na Região da cabeça. E essa taça do esquecimento converte-se no Espírito Falso para essa Alma e aguarda o momento oportuno, fora dela, convertendo-se numa Veste semelhante a ela em toda a sua forma, de modo a tornar-se um invólucro exterior”

 

“E os Cinco Grandes Arcontes do Grande Destino dos Aeons, o Arconte do Disco do Sol e o Arconte do Disco da Lua «so­pram» no coração dessa Alma e deles surge uma parte do Meu Poder que o Último Auxiliar depositou na Mescla.

 

E a parte desse Poder permanece solta no interior da Alma, existindo por sua própria autoridade de acordo com a economia pela qual foi misturada para lhe dar Compreensão, com o obje­ctivo de poder sempre, procurar as Obras da Luz das Alturas.”

 

“E esse Poder é como as variantes da Alma em cada forma e assemelha-se a ela. Não pode estar fora da Alma e permanece no seu interior, tal como «Ordenei» desde o Princípio.

 

Quando resolvi vertê-la no Primeiro Mandamento, ordenei-lhe que permanecesse fora (dentro?) das Almas, para a Eco­nomia do Primeiro Mistério.”

 

“Assim, dir-vos-ei, na expansão do Universo, todas as pala­vras relativas ao Poder e à Alma, segundo os tipos em que forem moldadas ou os Arcontes que as moldam e as diferentes variedades das Almas.

E também vos direi, na expansão do Universo, quantos são os que as moldam e o nome de todos eles, assim como vos direi como é que o Espírito Falso e o Destino foram preparados. E dir-vos­-ei o nome da Alma antes de ser purificada e o seu nome ao ser purificada e tornada pura. E direi o nome do Espírito Falso e o nome do Destino, assim como o nome de todas as ataduras com as quais os Arcontes ligam a Alma ao Espírito Falso. E dir-vos­-ei o nome de todos os Liturgos que moldam a Alma nos seus corpos, no mundo. E dir-vos-ei a forma como as Almas são mol­dadas, o tipo de cada uma delas e também o tipo de Alma dos homens, das aves, dos animais selvagens e dos répteis. E dir-vos­-ei o tipo de todas as Almas e dos Arcontes que foram enviados ao mundo para que vós sejais aperfeiçoados na Gnose. Tudo isto vos direi na expansão do Universo. E, depois, dir-vos-ei porque é que tudo isto aconteceu.”

 

“Prestai atenção porque vou falar-vos sobre a Alma, de acordo com o que mencionei.

 

Os Cinco Grandes Arcontes do Grande Destino dos Aeons e os Arcontes do Disco do Sol e os Arcontes do Disco da Lua «sopram» no interior do coração dessa Alma e deles emana uma parte do Meu Poder, tal como vos disse.

 

Essa parte do Poder permanece no interior da Alma com o objectivo de que esta possa suster-se. Colocam o Espírito Falso fora da Alma, vigiando-o e designando-o para ela e os Arcontes ligam-no à Alma com os seus selos e laços e unem-no a ela para que possa controlá-la sempre e, constantemente, esta co­meta as injúrias e iniquidades e seja escrava dele, permanecendo sob o seu domínio nas mudanças de corpo. E selam-na a ele para que se exponha a todos os pecados e desejos do mundo.”

 

“Por este motivo trouxe os Mistérios a este mundo, de modo a desatar todos os laços do Espírito Falso e todos os selos atados à Alma. Esses Mistérios libertam a Alma dos seus pais, os Arcontes, e transformam-na em subtil Luz a fim de conduzi-la ao Reino do seu Pai, o Primeiro Princípio, o Primeiro Mistério, eternamente.”

 

“Por isso, vos disse nessa altura: deveis abandonar os vossos pais, os Arcontes do Destino, para que Eu possa converter-vos em Filhos do Primeiro Mistério, eternamente.”

 

E quando o Salvador referiu isto, Salomé adiantou-se e dis­se: “Meu Senhor, se os nossos pais são os Arcontes, porque estabelece a Lei de Moisés: «Deixai que pereça o que abandone pai e mãe»? Não estabelece a Lei, este Princípio?”

 

E quando Salomé disse isto, uma Força de Luz sobressaiu em Maria Magdalena e esta, dirigindo-se ao Salvador disse-Lhe: “Meu Senhor, permite-me explicar a minha irmã Salomé, a solução do que expressou.”

 

Sucedeu então que, quando o Salvador ouviu Maria dizer estas palavras, chamou-lhe Exaltada e Bem-Aventurada e, res­pondendo-lhe, disse-lhe:

 

“Ordeno-te, Maria, que expresses a solução da palavra que Salomé pronunciou.”

 

Quando o Salvador disse isto, Maria aproximou-se de Salomé e, abraçando-a, disse-lhe: “Minha irmã Salomé, de acordo com as palavras que pronunciaste, escrito está na Lei de Moisés: «O que abandone pai e mãe, deixai que pereça». Por conseguinte, minha irmã Salomé a Lei não estabeleceu isso referindo-se à Alma ou ao corpo ou ao Espírito Falso, porque todos eles são filhos dos Arcontes e deles surgem. A Lei estabelece isto referindo-se ao Poder que emanou do Salvador e que é o Íntimo no interior de nós, hoje em dia. Além disso, a Lei estabeleceu: «O que perma­nece fora do Salvador e de todos os Seus Mistérios, que são os seus pais, não só perecerá como caminhará para a sua própria ruína e destruição».”

 

Quando Maria disse isto, Salomé aproximou-se de Maria e abraçou-a de novo, dizendo-lhe: “O Salvador tem a faculdade de fazer-me entender, como faz contigo.”

 

E aconteceu que, quando o Salvador escutou as palavras de Maria, lhe chamou Imensamente Bendita.

E o Salvador respondeu-lhe, no meio dos Seus discípulos, dizendo:

 

“Escuta Maria, quem é que impele o homem a pecar.”

 

“Os Arcontes selam o Espírito Falso à Alma para que esta não o inquiete constantemente, obrigando-o a cometer toda a classe de pecados e iniquidades. Por outro lado dão ordens ao Espírito Falso, dizendo-lhe: «Se a Alma sai do corpo, não a perturbes porque foi destinada e transferida a todas as regiões dos Juízos, região por região, devido aos pecados que tu a induziste a cometer, para que seja castigada em todas as regiões dos Juízos e não possa ascender à Luz, mas retornar às mudanças de corpo».

 

Numa palavra, eles ordenam ao Espírito Falso: «Não a perturbes em nenhum momento se não pronuncia os Mistérios e desata todos os selos e laços com os quais te atámos a ela. Porém, se pronuncia os Mistérios e desata todos os selos e todos os laços e pronuncia a Apologia da Região, deixai-a livre porque pertence Àqueles da Luz das Alturas e converteu-se numa estranha para nós e para ti e tu não poderás tomar posse dela, a partir desse momento.

 

Se, pelo contrário, ela não pronuncia os Mistérios que per­mitem a aniquilação dos vossos laços e selos e as apologias da Região, então apodera-te dela e não deixes que saia. Trans­fere-a para os castigos e para todas as regiões dos Juízos, por todos os pecados que a induziste a cometer. Depois disto, condu-la ante a Virgem da Luz, a qual a enviará ao circuito, uma vez mais. »”

 

“Os Arcontes do Grande Destino dos Aeons entregam a Alma ao Espírito Falso e os Arcontes convocam os Servidores dos seus Aeons até ao número de trezentos e sessenta e cinco e entregam-lhes a Alma e o Espírito Falso, que se encontram ata­dos um ao outro. O Espírito Falso está por fora da Alma e a mescla do Poder no interior desta e os dois estão dentro dela para que se pos­sam suster, uma vez que é o poder que os mantém erguidos aos dois. E os Arcontes dão ordens aos Servidores, dizendo-lhes: «Este é o modo como deveis colocá-los no corpo de matéria do mundo». E eles, por certo, respondem: «Colocai a mescla do Poder, que é a parte interna da Alma, dentro de todas elas (as Almas) para que possam elevar-se, já que esta lhes dá a sua rectidão. E depois da Alma colocai o Espírito Falso».”

 

“É assim que eles ordenam aos seus Servidores, a fim de poderem depositá-los nos corpos do Anti-tipo. E seguindo este modelo, os Servidores dos Arcontes trazem ao mundo o Poder, a Alma e o Espírito Falso e vertem-nos no mundo dos Arcontes do Meio.

 

Os Regentes do Meio procuram o Espírito Falso e o Des­tino, cujo nome é «Moira». Este conduz o homem até à morte que lhe foi destinada e que foi atada à Alma pelos Arcontes do Grande Destino.

E os Servidores da Esfera ligam a Alma, o Poder, o Espírito Falso e o Destino e dividem-nos em duas partes e procuram o homem e a mulher a quem assinalaram para que estes lhes possam ser enviados. E dão uma porção ao homem e outra à mulher, nos alimentos, num sopro de ar, na água ou em qual­quer outro líquido que bebam.”

 

“Tudo isto vos direi, bem como as espécies de cada Alma, o seu tipo e a forma como penetram nos corpos, quer seja a Alma de homens, de aves, de animais, de bestas selvagens, de répteis ou de qualquer espécie que exista no mundo. Dir-vos-ei o seu género e de que modo penetram nos homens. Dir-vos-ei isto na expansão do Universo.”

 

“Assim, pois, quando os Servidores dos Arcontes dão uma porção à mulher e outra ao homem do modo como vos disse, secretamente, impelem-nos, ainda que estejam separados um do outro por uma grande distância, a pôr-se de acordo no mundo. E o Espírito Falso que está no homem vem à parte que está entregue ao mundo, na matéria do seu corpo e ergue-a para depositá-la no ventre da mulher (na porção ou parte) que está destinada à semente de maldade.”

 

“E nesse momento, os trezentos e sessenta e cinco Servido­res dos Arcontes acodem ao ventre dela e convertem-no na sua morada. Os Servidores unem as porções uma com a outra e retêm a essência de todos os alimentos que come e bebe, no seu ventre, durante quarenta dias. E depois dos quarenta dias, misturam a essência do poder de todos os alimentos e revolvem-nos bem, no ventre da mulher.”

 

“Depois destes quarenta dias, passam outros trinta dias, construindo os membros dela à imagem do corpo do homem. Cada um constrói um membro. E falar-vos-ei dos Liturgos que os constroem, na expansão do Universo.”

 

“Quando, após setenta dias, os Servidores terminaram o corpo, completo, com todos os seus membros, invocam em primeiro lugar o Espírito Falso, depois a Alma e mais tarde a Mescla do Poder dentro da Alma. O Destino é colocado à parte de todos os outros porque não está misturado com eles, apenas os segue, os acompanha.”

 

“Mais tarde, os Servidores selam-nos, um após outro, com todos os selos que os Arcontes lhes assinalaram. E selam o dia em que erigiram a sua morada no ventre da mulher. Selam-no na mão esquerda do plasma. E na mão direita selam o dia em que completaram o corpo. E selam o dia em que os Arcontes lhos entregaram no meio do crâneo do corpo do plasma. E selam no lado esquerdo do crâneo do plasma, o dia em que a Alma se libertou dos Arcontes. E selam à direita do crâneo do plasma, o dia em que mesclam os membros e os separam para a Alma. E o dia em que ligaram o Espírito Falso à Alma, selam-no atrás do crâneo do plasma. E o dia em que os Arcontes depositaram o Poder no corpo, selam-no no cérebro, no meio da cabeça do plasma e no interior do coração. E o tempo que a Alma terá no corpo, selam-no na fronte do plasma. É assim que selam todos os selos no plasma. E dir-vos-ei o nome de todos estes selos, na expansão do Universo. Depois da expan­são do Universo dir-vos-ei porque é que tudo isto aconteceu, para que possais compreender. Eu sou esse Mistério.”

 

“Assim, pois, os Servidores aperfeiçoam o homem completo e todos os selos com que selam o corpo. Os Servidores têm consigo toda a “particularidade” dos selos e trazem-na a todos os Arcontes-Retributivos que estão por cima dos castigos dos Juízos e estes entregam-na aos seus Receptores para que pos­sam conduzir as suas Almas fora dos corpos. Eles entregam-lhes a particularidade dos selos para que conheçam o momento em que deverão conduzir as Almas fora dos corpos e para que saibam o momento em que deverão fazer nascer o corpo e enviar os Servidores que estão próximos dela e para que a sigam dando testemunho de todos os pecados que cometa, por amor à forma e ao modo como terão de castigá-la no Juízo.”

 

“E quando os Servidores entregam a particularidade dos selos aos Arcontes-Retributivos, estes retornam à economia das suas ocupações que lhes são indicadas pelos Arcontes do Grande Destino. E quando se completou o tempo (o número de meses) preciso para o nascimento, então a criança nasce. E pequena é a Mescla do Poder que nela está, como pequena é a Alma e pequeno é, também, o Espírito Falso. Pelo contrário, o Des­tino é grande uma vez que não está misturado com o corpo de acordo com a sua economia. Contudo, continua por detrás da Alma, do corpo e do Espírito Falso, até ao momento em que esta, a Alma, sai do corpo, devido ao tipo de morte pela qual deverá desencarnar e de acordo com a desencarnação indicada pelos Arcontes do Grande Destino.”

 

“Se tiver de morrer devido a um animal selvagem, o Destino conduz a besta a um confronto com ele até que o mate; se tiver de morrer devido a uma serpente ou pela desgraça de cair a um abismo, se tiver de suicidar-se, afogar-se ou morrer de qualquer outra morte, que poderá ser pior ou melhor que estas, é sempre o Destino quem impele a morte para ele próprio. Este é o trabalho do Destino e não tem outra finalidade senão essa mesma. E o Destino persegue o homem até ao dia da sua morte.”

 

E Maria respondeu dizendo: “Então, a todos os homens que povoam a face da Terra sucederá o que está destinado pelos Arcontes do Destino, quer seja bom ou mau, de pecado, de vida ou de morte?”

 

E o Salvador respondeu dizendo a Maria:

 

“Amén vos digo: tudo o que está assinalado pelo Destino, para cada um, lhe sucederá, quer seja bom ou mau.”

 

“Por esta razão trouxe as Chaves dos Mistérios do Reino dos Céus, porque, de outro modo, ninguém poderia ser salvo. Sem os Mistérios ninguém entraria no Reino da Luz, fossem eles justos ou pecadores.”

 

“Deste modo e por tal motivo, trouxe ao mundo as Chaves dos Mistérios, para poder libertar os pecadores que tiveram Fé em Mim e Me escutaram, libertá-los dos laços e dos selos dos Aeons dos Arcontes e ligá-los aos Selos, às Vestes e às Ordens da Luz, para que aquele que Eu liberte no mundo seja liber­tado nas Alturas e para que aqueles que Eu vincule no mundo aos Selos, às Vestes e às Ordens da Luz, sejam ligados na Terra da Luz às Ordens das Heranças da Luz.”

 

“Para o bem dos pecadores, nesta hora. separei-Me e trou­xe-lhes os Mistérios para libertá-los dos Aeons dos Arcontes e vinculá-los às Heranças da Luz. E não só os pecadores, mas também os justos, a fim de que conheçam os Mistérios e possam ser levados à Luz, porque sem os Mistérios, a ela não poderiam ser levados.”

 

“Por esta razão, não os ocultei, mas divulguei-os, claramente, em alta voz e não separei os pecadores mas, pelo contrário, divulguei-os a todos, justos ou pecadores, dizendo-lhes: «O que procura, encontra. Batei e abrir-se-vos-á», porque o que pro­cura a Verdade, encontrá-la-á e ao que bate, abrir-se-lhe-á.”

 

“Porque Eu disse a todos os homens: «Buscai os Mistérios do Reino da Luz que vos purificarão, aperfeiçoarão e condu­zirão até à Luz».”

 

“Por este motivo João, o Baptista, profetizou, referindo-se a Mim, dizendo: «Na verdade, eu baptizo-vos com água para o arrependimento, mas Aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu. Trará novos ventos e arejará a sua era e recolherá o seu trigo no celeiro e queimará a palha no fogo que nunca se apagará».

 

O Poder de João profetizou referindo-se a Mim, sabendo que Eu traria os Mistérios ao Mundo para purificar os pecados dos pecadores que tenham Fé em Mim e Me escutem, de modo a convertê-los em Luz purificada e conduzi-los para a «Luz».”

 

Logo que Jesus disse isto, Maria respondeu, dizendo: “Meu Senhor, se os homens, na sua busca, se encontram com as doutri­nas do erro, como farão, de modo a saber se estas são ou não as Tuas?”

 

O Salvador respondeu, dizendo a Maria:

 

“Eu disse-vos, anteriormente: «Sede como o hábil cambista da moeda. Tomai o bom e rejeitai o mau».”

“Assim, pois, dizei a todos aqueles que anelam a Divin­dade: «Se sopra o vento do norte, vós sabeis que fará frio; se é o vento do sul que sopra, sabeis que haverá grande calor». Portanto, dizei-lhes: «Se tendes conhecido a face do céu e da terra, pelos ventos, assim também conhecereis exactamente todo aquele que venha até vós proclamando a Divindade, quer seja porque as suas palavras se harmonizam e se ajustam com as palavras que Eu vos disse perante duas ou três testemunhas, ou porque se harmonizam com a direcção do vento, dos céus, dos circuitos, das estrelas, dos Veedores de Luz, da Terra in­teira e do que nela há, ou de todas as águas e do que elas contêm». Dizei-lhes então: «Aqueles que venham até vós, se as suas pala­vras se harmonizam e se ajustam na Gnose Completa, com as palavras que Eu vos disse, recebê-los-ei como se fossem nossos».

 

Isto é o que deveis dizer aos homens quando pregardes, que devam ter cuidado com as falsas doutrinas.”

“Assim, para bem dos pecadores, Eu desdobrei-Me a Mim próprio, para vir ao mundo e salvá-los. Porque os justos, mesmo que ainda não tenham actuado mal nem pecado, necessitam de conhecer os Mistérios que estão nos Livros de «Jeú». Fiz com que Enoch os escrevesse, no Paraíso, ao dialogar com ele sobre a Árvore da Gnose e sobre a Árvore da Vida, fazendo com que os depositasse na Rocha «Ararad».

 

Coloquei como guardião o Arconte Kalapatauroth, que está sobre Skemmut, sobre cuja ca­beça pousa o pé de «Jeú» e que rodeia todos os Aeons e Destinos. Coloquei, pois, esse Arconte como guardião dos Livros de «Jeú» por causa do dilúvio e para que nenhum dos Arcontes os cobice e destrua. Dar-vos-ei os Livros de Jeú quando vos falar da expansão do Universo.”

 

Quando o Salvador disse isto, Maria respondeu-Lhe, dizen­do: “Meu Senhor, quem é, então, o homem que não pecou e que está isento de iniquidades? Porque se está livre de um pecado, não poderá estar de outro. Como poderá encontrar os Misté­rios que estão nos Livros de «Jeú»? Porque eu digo: « Um homem, neste mundo, não está livre de pecado porque, se está livre de um não estará de outro».”

 

O Salvador respondeu, dizendo a Maria:

 

“Eu vos digo: «Encontrarão um entre mil e dois entre dez mil que Cumpram o Mistério do Primeiro Mistério».

 

Isto vos direi quando vos explicar a expansão do Universo.

 

Por esta razão Me desdobrei a Mim próprio e trouxe os Mistérios ao Mundo. Porque todos estão debaixo do domínio do pecado e necessitam do Dom dos Mistérios.”

 

Maria respondeu, dizendo ao Salvador: “Meu Senhor, pene­trou na Luz alguma Alma antes de vires à Região dos Arcontes e antes de desceres ao Mundo?”

 

O Salvador respondeu, dizendo a Maria:

 

“Amén, Amén vos digo: antes da Minha vinda ao mundo, nenhuma Alma tinha penetrado na Luz. E agora que vim, abri as portas da Luz e os caminhos que a ela conduzem. Por conseguinte, que receba os Mistérios e penetre na Luz Aquele que os mereça.

 

Maria continuou, dizendo: “Meu Senhor, eu ouvi dizer que os Profetas tinham penetrado na Luz”.

 

O Salvador continuou, dizendo a Maria:

 

“Amén, Amén vos digo: nenhum Profeta penetrou na Luz.

 

Contudo, os Arcontes dos Aeons dialogaram com eles, fora dos Aeons e entregaram-lhes os Mistérios destes. E quando cheguei à Região dos Aeons converti Elias, envian­do-o no corpo de João, o Baptista e aos outros Profetas também os converti em corpos adequados para que encontrassem os Mistérios da Luz, penetrassem e herdassem o Reino da Luz.”

 

“Por outro lado, a Abraham, a Isaac e a Jacob, perdoei-lhes todos os seus pecados e iniquidades e outorguei-lhes os Mistérios da Luz nos Aeons e coloquei-os na Região de Yabraoth e de todos os Arcontes que se arrependeram. E quando Eu for para as Alturas e estiver prestes a partir para a Luz, levarei as suas Almas. Porém, em verdade vos digo, Maria: eles não irão para a Luz antes de Eu levar as suas Almas e as dos seus irmãos.”

 

“Os restantes Patriarcas e os Justos, desde o tempo de Adão até aos nossos dias, que estavam nos Aeons e em todas as Ordens dos Arcontes, quando cheguei à Região dos Aeons, transformei-os, por intermédio da Virgem da Luz, em corpos que se tornarão perfeitos. Esses que encontrem os Mistérios da Luz, entrarão e herdarão o Reino da Luz.”

 

Maria respondeu dizendo: “Bem-Aventurados somos, entre todos os homens, pelas esplendorosas coisas que nos revelaste!”

 

O Salvador respondeu, dizendo a Maria e a todos os Seus discípulos:

 

“Revelarei ainda, a todos vós, os esplendores dos Céus, dos Interiores dos Interiores aos Exteriores dos Exteriores, para que sejais perfeitos em toda a Gnose, em toda a Plenitude, na Altura das Alturas e nas Profundidades das Profundidades.”

 

E Maria continuou, dizendo ao Salvador: “Meu Senhor, conhecemos abertamente e de modo exacto e claro que Tu trou­xeste as Chaves dos Mistérios do Reino da Luz que eximem as Almas dos pecados, as purificam e as transformam em subtil Luz para conduzi-las à «Luz».”

 

 

V

 

 

E aconteceu, quando Jesus, Nosso Senhor, foi crucificado e ressuscitou dos mortos ao Terceiro dia, que os Seus discípulos se reuniram em torno d’Ele e venerando-O, disseram-Lhe:

 

“Nosso Senhor, tem misericórdia de nós porque abandonámos pai e mãe e o mundo inteiro para Te seguir”.

 

Nesse momento, Jesus parou com os Seus discípulos sobre as águas do oceano e fez uma invocação, dizendo assim:

 

“Meu Pai, Pai de toda a Paternidade, Luz Infinita, escutai-Me: AEEIOUO IAO AOI OIA PSINOTHER THERNOPS NOPSITHER SAGOURE PAGOURE NETHMOMAOTH NEPSIOMAOTH MARACHACHTHA THOBARRABAU

THARNACHACHAN ZOROKOTHORA IEOU (=JEÚ) SABAOTH”.

 

E enquanto Jesus dizia isto, Tomé, André, Santiago e Simão, o canaíta, estavam a Oeste com os rostos virados para Este, Filipe e Bartolomeu estavam a Sul virados para Norte e os restantes discípulos e discípulas colocaram-se por detrás de Jesus. E só Jesus ficou no Altar.

 

E Jesus fez a invocação virando-se para os quatro pontos cardeais, com os Seus discípulos, que trajavam vestes de linho e diziam: “IAO IAO IAO” cuja interpretação é a seguinte: IOTA porque o Pleroma surgiu; ALFA porque novamente regressará a si próprio; OMEGA porque a consumação de toda a integri­dade se realizará.

 

E quando Jesus disse isto, imediatamente acrescentou: “IAPHTHA MOUNAER MOUNAER ERMANOUER ERMANOUR”, quer dizer:

 

“Oh Pai de todas as Paternidades de todos esses Infinitos escutai-Me, por amor aos Meus discípulos a quem conduzi até Ti para que possam ter Fé em todas as palavras da Verdade que Te pertence! Concede-Me todas as coisas pelas quais Te invoco pois, na verdade, Eu conheço o Nome do Pai do Tesouro da Luz.”

 

Novamente Jesus — quer dizer “Aberamentho” —fez a invo­cação pronunciando o nome do Pai do Tesouro da Luz e disse:

 

“Que todos os Mistérios dos Arcontes, as Potestades, os Anjos, os Arcanjos, todos os Poderes e todas as Obras do Deus Invisível «Agrammachamarei» e de Barbelo se aproximem de (Bdella) por um lado e se retirem pela direita.”

 

E, nesse momento, todos os Céus giraram para Oeste e todos os Aeons, a Esfera e os seus Arcontes e todos os seus poderes se precipitaram para o Oeste, à esquerda do disco do Sol e do disco da Lua.

E o disco Solar era um grande Dragão com a cauda na bo­ca, que se estendia até às sete potestades da Esquerda, das quais quatro tinham a forma de cavalos brancos que o arrastavam.

 

E a base da Lua tinha a forma de uma nave com dois dragões, macho e fêmea, que a guiavam e dois touros brancos que a arrastavam. A figura de um Infante estava na popa da Lua guiando os dragões, os quais roubavam a luz dos Arcontes. E na proa percebia-se a cara de um gato.

 

E o mundo inteiro, as montanhas e os mares desapareceram juntos pelo Oeste, à sua esquerda.

 

E Jesus e os Seus discípulos permaneceram no meio de uma Região Celestial, sobre as vias do Caminho do Meio, que des­cansa debaixo da Esfera.

 

E chegaram à Primeira Hierarquia do Caminho do Meio.

 

E Jesus permaneceu suspenso no ar dessa Região com os Seus discípulos.

 

Os discípulos perguntaram a Jesus: “Que região é esta na qual nos encontramos?”

 

E Jesus respondeu-lhes:

 

“Estas são as Regiões do Caminho do Meio. Porque sucedeu, quando os Arcontes de Adamas se revoltaram e, persistentemente, se uniram para procriar Arcontes, Arcanjos, Anjos, Liturgos e Decanos, que «Jeú», o Pai do Meu Pai, surgiu da Direita e atou-os à Esfera do Destino.”

 

“Porque há Doze Aeons, Sabaoth, o Adamas, governou seis deles e o seu irmão, Yabraoth governou os outros seis. Até então Yabraoth e os seus Arcontes tinham Fé nos Mistérios da Luz, sendo activos em tais Mistérios. Mas aban­donaram o mistério da coabitação. Porém, Sabaoth, o Ada­mas e os seus Arcontes persistiram na prática de coabita­ção.”

 

“E quando «Jeú», o Pai do Meu Pai, viu que Yabraoth teve Fé, retirou-o, juntamente com todos os Arcontes que n’Ele ti­nham tido Fé. Tirou-o da Esfera e conduziu-o a um ambiente purificado, na presença da Luz do Sol, entre as regiões dos do Meio e das regiões das Divindades Invisíveis. E colocou-o com os Arcontes que n’Ele tinham tido Fé.”

 

“E conduziu Sabaoth, o Adamas e os seus Arcontes que não tinham sido activos nos Mistérios da Luz, mas que tinham sido persistentemente activos nos mistérios da coabitação e ligou-os à Esfera.”

 

“Atou mil e oitocentos Arcontes em cada Aeon e estabeleceu trezentos e sessenta sobre eles. Dispôs outros Cinco supremos Arcontes, como amos, sobre os trezentos e sessenta, bem como sobre todos os Regentes ou Arcontes confinados. Estes são co­nhecidos no mundo inteiro com os seguintes nomes: o primeiro Kronos, o segundo Ares, o terceiro Hermes, o quarto Afrodite e o quinto Zeus.”

 

Jesus continuou e disse:

 

“Escutai com atenção porque vos direi o seu Mistério. Aconteceu então, quando «Jeú» os atou desse modo, que fez brotar uma Força do Grande Invisível e destinou-a a Kronos. Fez brotar outra Força de Ipsantakounkainkoukeok, que é um dos Três Triplos Poderes Divinos e destinou-a a Ares. Fez brotar outra Força de Kainkoook, que também é um dos Três Triplos Poderes Divinos e destinou-a a Hermes. E, novamente, fez brotar outra Força de Pistis, a Sofia, filha de Barbelo e desti­nou-a a Afrodite.”

 

“Além disso, deu-se conta de que necessitavam de um timo­neiro para conduzir o Mundo e os Aeons da Esfera, para que não fizessem naufragar o mundo nas suas perversidades. Foi até ao Meio e fez brotar uma Força do Pequeno Sabaoth, o Magnânimo, o do Meio e destinou-a a Zeus por este ser um Regente digno, de modo que pudesse conduzi-los com a sua Bondade.

 

E assim estabeleceu o Círculo da sua Ordem que estaria treze (três?) meses em cada Aeon confirmando se podia libertar todos os Arcontes do mal das suas perversidades. E deu-lhes os Aeons que estão frente aos de Hermes, para sua morada.”

 

“Disse-vos, pela primeira vez, os Nomes destes Cinco Gran­des Arcontes, Nomes com os quais a humanidade os denomina.

 

Escutai com atenção porque também vos direi os seus Nomes Incorruptíveis. São estes: Orimouth que corresponde a Kronos, Mounichounafor que corresponde a Ares, Tarpetanouf que cor­responde a Hermes, Chosi que corresponde a Afrodite e Chonbal que corresponde a Zeus.

 

Estes são os Incorruptíveis Nomes.”

 

E quando os discípulos ouviram isto, prostraram-se, vene­rando Jesus e disseram-Lhe: “Benditos somos entre todos os homens porque nos revelaste estes Grandes Mistérios!”

 

E continuaram implorando a Jesus, dizendo: “Suplicamos-Te que reveles quais são esses caminhos.”

 

E Maria aproximou-se de Jesus, prosternou-se venerando os Seus pés e beijando as Suas mãos, disse-Lhe:

“Meu Senhor, revela-nos para que servem os Caminhos do Meio, porque Te ouvimos dizer que eles são destinados aos grandes Castigos. Como, meu Senhor, poderemos afastar-nos deles, evitá-los? De que forma se apoderam das Almas? Ou em quanto tempo completam, estas, os seus castigos? Tem Misericórdia de nós, Nosso Senhor e nosso Salvador, para que os Receptores dos Juízos dos Caminhos do Meio não possam levar as nossas Almas, julgá-las nos seus Juízos malvados, para que possamos Herdar a Luz do Teu Pai e não sejamos desventurados e desprovidos da Tua ajuda.”

 

Quando Maria, em pranto, disse isto, Jesus respondeu com grande compaixão, dizendo-lhes:

 

“Na verdade, Meus amados irmãos, a todo aquele que abandone pai e mãe pelo Meu Nome, darei todos os Mistérios e toda a Gnose.”

 

“Dar-vos-ei o Mistério dos Doze Aeons dos Arcontes, os seus selos, as suas chaves e a forma de invocá-los para alcan­çar as suas regiões. “Dar-vos-ei ainda o Mistério do Aeon Treze e a forma de invocá-lo para alcançar as suas regiões e dar-vos-ei as suas chaves e os seus selos.”

 

“Dar-vos-ei o Mistério do Baptismo dos do Meio e a forma de invocá-los para alcançar as suas regiões e dar-vos-ei a conhecer as suas chaves e os seus selos.”

 

“Dar-vos-ei o Baptismo dos da Direita, a nossa região, as suas chaves, os seus selos e a forma de invocá-los para alcan­çar as suas regiões.”

 

“E dar-vos-ei o Grande Mistério do Tesouro da Luz e a for­ma de o invocar para conseguir alcançá-lo.”

 

“E dar-vos-ei todos os Mistérios e toda a Gnose para que sejais conhecidos como «Filhos da Plenitude» aperfeiçoados em toda a Gnose e em todos os Mistérios.”

 

“Benditos sois entre todos os homens da Terra, porque os Filhos da Luz vieram no vosso tempo.”

 

Jesus continuou na Sua “prática” dizendo-lhes:

 

“Depois aconteceu que o Pai do Meu Pai — quer dizer «Jeú» — veio e tomou outros trezentos e sessenta Arcontes dos Arcontes de Adamas que não tiveram Fé no Mistério da Luz e atou-os às regiões etéreas, debaixo da Esfera, onde agora nos encontramos. Estabeleceu outros Cinco supremos Arcontes so­bre eles, que são os que estão no Caminho do Meio.”

 

“O primeiro Arconte do Caminho do Meio é conhecido como Paraplex, um Arconte com a forma de mulher, cuja cabeleira cai até aos pés e sob cuja autoridade estão vinte e cinco Archidemónios que governam sobre uma multidão de outros demónios. Estes demónios são os que penetram nos homens e os seduzem, enfurecendo-os, induzindo-os a maldizer e a calu­niar e são eles que levam as Almas e as enviam ao seu denso fumo e aos seus perversos castigos.”

 

Maria disse: “Não me cansarei de perguntar-Te. Não Te aborreças comigo se Te interrogo sobre todas as coisas.”

 

E Jesus disse:

 

“Perguntai tudo quanto desejais.”

 

E Maria disse: “Meu Senhor, revela-nos a forma como ra­ptam as Almas, para que também os meus irmãos possam entender.”

 

Jesus, quer dizer “Aberamentho “, disse:

 

“Na verdade, o Pai do Meu Pai, «Jeú» é o previsor de todos os Arcontes, Deuses e Potestades que surgiram da matéria da Luz do Tesouro e «Zorokothora Melchizedek» é o enviado para todas as Luzes que são purificadas pelos Arcontes e quem os conduz ao Tesouro da Luz. Estas duas são, tão só, as magnas Luzes e o seu objectivo é o de descer até aos Arcontes para purificá-los e para que Zorokothora Melchizedek retire a pu­rificação das Luzes que foram purificadas pelos Arcontes e as leve ao Tesouro da Luz. Então, a cifra e a hora da sua dispo­sição acontece para descer aos Arcontes e oprimi-los, constrangê-los e retirar-lhes a purificação.”

 

“Porém, logo que cessam de oprimi-los e consumi-los, re­gressam às Regiões do Tesouro da Luz e sucede que, se alcan­çam as Regiões do Meio, Zorokothora Melchizedek arrebata as Luzes e condu-los à Porta dos do Meio, levando-os ao Te­souro da Luz. Jeú também se retira para as regiões dos da Direita.”

 

“Quando chega o momento em que a cifra apareça de novo, os Arcontes revoltam-se iracundos e perversos, partindo, imediatamente, para as Luzes, já que Jeú e Melchizedek não estão presentes nesse momento e levam as Almas que pos­sam raptar para as destruir com o seu fumo sinistro e maligno fogo.”

 

“Para isso, a autoridade cujo nome é Paraplex, juntamente com os demónios que estão sob as suas ordens, retirou as Almas dos apaixonados violentos, dos maldizentes e dos caluniadores e enviou-as para o denso fumo destruindo-as com o seu maligno fogo a fim de que iniciem a sua dissolução e extermínio. Cento e trinta e três anos e nove meses permaneceram nos castigos das suas regiões, enquanto os atormentaram com o fogo da sua maldade.”

 

“Depois de todos estes acontecimentos, sucedeu que a Es­fera girou sobre si mesma e o Pequeno Sabaoth — Zeus, desceu ao primeiro dos Aeons da Esfera, que é chamado, no mundo, Carneiro de Bubastis, quer dizer, Afrodite. E quando Bubastis chegou à sétima casa da Esfera, isto é, a casa da Balança, afastaram-se os Véus que estão entre os da Direita e os da Esquerda e o Grande Sabaoth, o Magnânimo, apareceu nas Alturas dos da Direita e o Mundo inteiro e a Esfera Completa se alarmaram, antes de ele os olhar. E veio abaixo, às regiões de Paraplex, para dissolver as suas regiões e fazê-las perecer. E todas as Almas que estavam nos seus castigos foram levadas e arrojadas novamente na Esfera, porque tinham sido danificadas nos castigos de Paraplex.”

 

“Ele” continuou na Sua “prática “, dizendo-lhes:

 

“A segunda Ordem chama-se Ariouth, a Etíope. É um Arconte feminino, totalmente negro, sob cujo domínio estão outros catorze Archidemónios que regem uma multidão de outros demónios. E são estes demónios que estão sob a direcção de Ariouth, a Etíope, que se introduzem nos agitadores até susci­tarem as guerras e provocarem homicídios. Tornam insensíveis os seus corações provocando-lhes a ira com o objectivo de os tornar assassinos.”

 

“E as Almas que esta autoridade rapta, estiveram cento e treze anos nas suas regiões, enquanto as atormentavam com o seu denso fumo e o seu maligno fogo, a fim de as levarem à destruição.”

 

“Tempo depois, quando a Esfera girou sobre si mesma e o Pequeno Sabaoth, o Magnânimo, conhecido no mundo como Zeus, saiu e veio ao Quarto Aeon da Esfera, isto é, a casa de Caran­guejo e Bubastis, conhecida no mundo como Afrodite, entrou no Décimo Aeon da Esfera, conhecido como casa de Capricórnio, nesse momento, os Véus que estão entre os da Esquerda e os da Direita separaram-se e «Jeú» olhou para a Direita. O mundo inteiro se alarmou e se agitou com todos os Aeons da Esfera.

E ele olhou para a morada de Ariouth, a Etíope, a fim de dissolver e destruir as suas regiões. Todas as Almas que esta­vam nos seus castigos foram retiradas e levadas novamente para a Esfera, porque tinham sido danificadas com o seu denso fumo e o seu fogo perverso.”

 

Em seguida, continuou o Seu discurso, dizendo:

 

“A terceira Ordem chama-se Hekate, a de tríplice rosto. E, sob o seu domínio, estão vinte e sete Archidemónios. E são eles que penetrando nos homens os induzem ao perjúrio, ao embuste e à cobiça dos bens alheios.”

 

“Então, Hekate entregou as Almas que raptou aos demónios que estão sob o seu domínio, para que as atormentassem com seu denso fumo e o seu maligno fogo e foram extremamente atormentadas pelos demónios. E passaram cento e cinco anos e seis meses castigadas pelos seus perversos castigos e ini­ciaram a sua dissolução e destruição.”

 

“Depois, quando a Esfera girou sobre si mesma, o Pequeno Sabaoth, o Magnânimo, o do Meio, conhecido no mundo como Zeus, saiu e desceu ao Oitavo Aeon da Esfera, conhecido como Escorpião e Bubastis, conhecida como Afrodite, saiu e desceu ao Segundo Aeon da Esfera, a casa de Touro, os Véus que estão entre os da Direita e os da Esquerda separaram-se e Zorokothora Melchizedek olhou das Alturas e o Mundo e as montanhas agi­taram-se e alarmaram-se os Aeons. E ele olhou para todas as regiões de Hekate a fim de dissolvê-las e destruí-las. Todas as Almas que estavam nos seus castigos foram levadas e arrojadas novamente na Esfera pois estavam dissolvidas no fogo dos seus castigos.”

 

Ele continuou, dizendo:

 

“A quarta Ordem chama-se Parhedrón Tifón. É um Arconte poderoso, sob cuja autoridade estão trinta e dois demónios. E são estes os que se introduzem nos homens e os induzem à luxúria, à fornicação, ao adultério e à prática constante do comércio sexual. As Almas raptadas por este Arconte passaram cento e vinte e oito anos nas suas regiões, enquanto os seus demónios as atormentavam com o seu denso fumo e o seu maligno fogo. Assim iniciaram a sua dissolução e destruição.”

 

“E aconteceu que, quando a Esfera girou sobre si mesma e o Pequeno Sabaoth, o Magnânimo, o do Meio, conhecido como o Zeus, saiu e desceu ao Nono Aeon da Esfera, a casa de Sagitário e Bubastis, conhecida no mundo como Afrodite, saiu e desceu ao Terceiro Aeon da Esfera, a casa de Gémeos, os Véus que estão entre os da Esquerda e os da Direita se afastaram e apareceu Zarazas, a quem os Arcontes conhecem com o nome de «Maskeli» e olhou para as moradas de Parhedrón Tifón a fim de dissolver e destruir as suas regiões. E todas as Almas que estavam nos seus castigos foram levadas e arrojadas de novo à Esfera porque tinham sido de­bilitadas pelo seu denso fumo e o seu fogo maligno.”

 

Jesus continuou na Sua «prática», dizendo aos Seus discí­pulos:

 

“A quinta Ordem é a do Arconte Yachtanabas, que é um poderoso Arconte, sob cujas ordens se encontram muitos outros demónios. São estes que, penetrando nos homens, os fazem perder o respeito pelas pessoas. Tratam o justo com injustiça, favorecem a causa dos pecadores, aceitam subornos para per­verter um julgamento justo, esquecem o pobre e o necessitado. Esses demónios aumentam nos homens o esquecimento das suas Almas e a preocupação pelas coisas que não trazem benefício algum, para que não possam pensar nas suas vidas e, quando deixem o corpo, sejam raptadas.”

 

“As Almas que este Arconte raptou, estiveram nos seus cas­tigos cento e cinquenta anos e oito meses. Destruiu-as com o seu escuro fumo e o seu maligno fogo, ao mesmo tempo que eram fortemente mortificadas pelas chamas do seu fogo.”

 

“E quando a Esfera girou sobre si mesma e o Pequeno Sabaoth, o Magnânimo, que é conhecido no mundo como Zeus, saiu e chegou ao Décimo Primeiro Aeon da Esfera, Aquário, e quando Bubastis chegou ao Quinto Aeon da Esfera, a casa de Leão, os Véus que estão entre os da Esquerda e os da Direita afastaram-se e apareceu na Altura, o Supremo IAO, o Magnâ­nimo, o do Meio, sobre as regiões de Yachtanabas, para dis­solver e destruir as suas regiões. E todas as Almas que estavam nos seus castigos foram levadas e devolvidas à Esfera porque tinham sido danificadas nos castigos.”

 

“Estas são, pois, as obras dos Caminhos do Meio em re­lação com o que Me havíeis perguntado.”

E quando os discípulos ouviram isto, prostraram-se vene­rando o “Mestre” e disseram-Lhe: “Ajuda-nos Senhor e tem Misericórdia de nós para que possamos ser salvos destes cas­tigos iníquos destinados aos pecadores. Ai deles! Ai dos filhos dos homens! Andam a tactear como o cego na escuridão e nada veem. Tem misericórdia de nós, oh Senhor! Pelas enormes trevas em que nos encontramos. E tem misericórdia de toda a humanidade, porque eles (os demónios) espreitam, à espera das suas Almas como leões da sua presa, a fim de tê-las prontas como alimento para os castigos dos seus Arcontes, devido ao esquecimento e ignorância que há nos homens. Tem misericórdia de nós, Nosso Senhor e nosso Sal­vador, tem misericórdia de nós e salva-nos deste grande adormecimento.”

 

Jesus disse aos Seus discípulos:

 

“Tende confiança e não temais. Benditos sejais, porque farei de vós Senhores sobre todos eles e colocá-los-ei debaixo da vossa autoridade. Recordai que vos disse, antes de ser crucificado: «Dar-vos-ei as chaves do Reino dos Céus».

 

Agora, portanto, repito-vos: «Dar-vo-las-ei».”

 

Quando Jesus disse isto, entoou um Hino de Louvor ao Grande Nome. As Regiões dos Caminhos do Meio ocultaram-se e Jesus e os Seus discípulos permaneceram no meio de uma Luz extraor­dinariamente forte. Jesus disse aos Seus discípulos:

 

“Aproximai-vos de Mim “.

 

E eles aproximaram-se. Jesus voltou-se para os quatro pontos cardeais, pronunciou o Grande Nome sobre as suas cabeças, abençoou-os e soprou-lhes nos olhos. E Jesus disse-lhes novamente:

 

“Olhai e vede o que possais ver”.

 

E eles levantaram o seu olhar e viram uma esplendorosa e potente Luz que ninguém no mundo poderia descrever. E Jesus disse-lhes novamente:

 

“Afastai a vista dessa Luz e olhai para o que possais ver”.

 

E eles disseram: “Vemos Fogo, Água, Vinho e Sangue”.

 

Jesus, ou seja «Aberamentho», disse aos Seus discípulos:

 

“Em verdade vos digo: nada trouxe ao mundo, quando vim, à excepção deste Fogo, desta Água, deste Vinho e deste Sangue. Trouxe a Água e o Fogo da Região da Luz das Luzes do Tesouro da Luz e trouxe o Vinho e o Sangue da Região de Barbelo. Depois, Meu Pai enviou-Me o Espírito Santo na forma de uma Pomba.”

 

“O Fogo, a Água e o Vinho são para a Purificação de todos os pecados do mundo. O Sangue, por um lado, é um Símbolo em Mim colocado devido ao corpo humano que recebi na Região de Barbelo, a Grande Força do Deus Invisível. O Sopro, por outro lado, avança para todas as Almas e condu-las à Região da Luz.”

 

“Por este motivo vos disse: «Vim derramar Fogo sobre a Terra». Quer dizer: «Vim purificar os pecados do mundo intei­ro, por meio do Fogo».”

 

“E por esta razão disse à mulher Samaritana: «Se conheces­ses o Dom de Deus e quem é o que te diz “Dai-me de beber”, pedirias dele e Ele dar-te-ía a “Água Viva” que, em ti, seria uma Fonte inesgotável para a Vida Eterna».”

 

“E por esta razão, peguei num cálice de Vinho, abençoei-o e vo-lo dei, dizendo: «Este é o Sangue da Aliança que será vertido por vós para perdão dos vossos pecados». E por isso cravaram a lança no Meu «lado» e emanou San­gue e Água. Estes são os Mistérios da Luz que perdoam os pecados, quer dizer, estas são as Denominações e os Nomes da Luz.”

 

Aconteceu, então, que Jesus ordenou:

 

“Que todos os Poderes da Esquerda vão para as suas Regiões.”

 

E Jesus e os Seus discípulos permaneceram no Monte da Galileia. Os discípulos persistiram, suplicando-Lhe: “Até agora não fizeste com que os pecados e iniquidades que cometemos nos sejam perdoados e sejamos dignos do Reino do Teu Pai”.

 

E Jesus disse-lhes:

 

“Amén, vos digo: não só purificarei os vossos pecados, como vos tornarei merecedores do Reino de Meu Pai. E dar-vos-ei o Mistério do Perdão dos pecados para que aquele que vós perdoeis na Terra seja perdoado nos Céus. E para que aquele que vós vinculeis na Terra, seja vincula­do nos Céus. E dar-vos-ei o Mistério do Reino dos Céus para que o realizeis, por vós mesmos, com todos os homens.”

 

E Jesus disse-lhes:

 

“Trazei-Me fogo e ramos de vide.”

 

E eles assim o fizeram.

 

Dispôs, então, a Oferenda e colocou duas vasilhas de vinho, uma à direita e outra à esquerda. Diante deles, arrumou-as e colocou uma taça com água diante da vasilha de vinho do lado direito e uma taça com vinho diante da vasilha de vinho do lado esquerdo. Dispôs fogaças de pão de acordo com o número dos Seus discípulos, no meio dos copos e pôs um copo de água por trás das fogaças de pão. E Jesus deteve-se ante a Oferenda, com os Seus discípulos por trás, todos eles vestidos com túnicas de linho e, nas suas mãos, a Chave do “Homem” do Pai do Tesouro da Luz. Em seguida, fez a Invocação, dizendo assim:

 

“Escuta-Me oh Pai! Pai de toda a Paternidade, Luz Ilimita­da: IAO IOUO IAO AOI OIA PSINOTHER THEROPSIN OPSITHER NEPTHOMAOTH NEPHIOMAOTH MARACHACHTHA MARMARACHTHA IEANA MENAMAN AMANEI

(do Céu) ISRAI AMÉN AMÉN SASARSARTOU AMÉN AMÉN

KOURKIAMIN MIAI AMÉN AMÉN IAI IAI TOUAP AMÉN

AMÉN AMÉN MAIN MARI MARIE MAREL AMÉN AMÉN

AMÉN.”

 

“Escuta-Me oh Pai! Pai de toda a Paternidade, vos invoco a Vós Purificadores de pecados, a Vós Purificadores de iniquidades. Perdoai os pecados das Almas destes discípulos que Me têm seguido e purificai as suas iniquidades e tornai-os merecedores de ser admitidos no Reino de Meu Pai, o Pai do Tesouro da Luz, porque eles Me seguiram e guardaram os Meus Mandamentos.”

 

“Assim, pois, oh Pai! Pai de toda a Paternidade permite que os Purificadores de pecados venham até nós. Estes são os seus nomes: Siphirepsnichieu, Zenei, Berimou, Sochabricher, Euthari, Na, Nai, (tem misericórdia de Mim), Dieisbalmerich, Meunipos, Chirie, Entair, Mounthiour, Smour, Peucher, Oouschous, Minionor, Isochobortha.”

 

“Escutai-Me. Vos invoco. Perdoai os pecados destas Almas e apagai as suas iniquidades. Permiti-lhes tornarem-se mere­cedores de ser admitidos no Reino de Meu Pai, o Pai do Te­souro da Luz.”

 

“Eu conheço os Teus Poderes Supremos e invoco-os: AUER BEBRO ATHRONI e OUREPH e ONE SOUPHEN KNITOUSOCHREOPH MAUONBI MNEUOR SOUONI CHO­CHETEOPH CHOCHE ETEOPH MEMOCH ANEMPH.”

 

“Perdoai os pecados destas Almas, apagai as iniquidades que cometeram consciente ou inconscientemente. As que tenham cometido por fornicação e por adultério até este dia. Perdoai-lhes e tornai-os merecedores de serem admitidos no Reino de Meu Pai, para que sejam merecedores de receber esta Oferen­da, oh Pai Santificado!”

 

“Oh Meu Pai! Se Me escutaste e perdoaste os pecados destas Almas, se apagaste as suas iniquidades e os fizeste merecedores de ser admitidos no Teu Reino, dá-Me um sinal nesta Ofe­renda.”

 

E o sinal que Jesus implorou, realizou-se.

 

Jesus disse aos Seus discípulos:

 

“Regozijai-vos e alegrai-vos porque os vossos pecados fo­ram perdoados e apagadas as vossas iniquidades e fosteis admitidos no Reino de Meu Pai.”

 

E quando disse isto, os discípulos regozijaram-se, com muito júbilo.

 

Jesus disse-lhes:

 

“Esta é a «forma», o «Caminho» e «Este» é o Mistério que vós utilizareis com os homens que tenham Fé em vós, em que não exista falsidade e que escutem as vossas palavras. E os seus pecados e iniquidades serão apagados até ao dia em que estiverdes a exercer este Mistério para eles.”

 

“Ocultai este Mistério e não o deis a todos os homens, mas apenas àquele que pratique todas as coisas que vos ensinei nos Meus Mandamentos.”

 

“É, pois, este o Mistério do Baptismo daqueles cujos peca­dos são perdoados e cujas iniquidades são apagadas. Este é o Baptismo da Primeira Oferenda que mostra o Caminho para a Região da «Verdade» e para a Região da «Luz».”

 

Posteriormente os Seus discípulos disseram-Lhe: “Rabi! Revela-nos o Mistério da Luz de Teu Pai, já que Te ouvimos dizer: «Existe um Baptismo de Fogo, existe um Baptismo do Espírito Santo da Luz e existe uma Unção Espiritual. E são estes os que guiam as Almas para o Tesouro da Luz». Diz-nos, pois, o seu Mistério para que possamos herdar o Reino de Teu Pai.”

 

E Jesus disse-lhes:

 

“Não há Mistérios superiores a estes Mistérios acerca dos quais interrogais, dado que estes conduzirão as vossas Almas até à Luz das Luzes, até às Regiões da Verdade e da Bondade, até à Região Santa de todas as Santidades, até à Região onde não exista o feminino nem o masculino, nem as formas mas apenas a Luz Perpétua e Indescritível.”

 

“À excepção do Mistério das Sete Vozes e das suas Quaren­ta e Nove Potestades com as suas cifras, não há nada mais inefável que estes Mistérios sobre os quais interrogais. E não existe Nome que sobressaia mais. Nele estão contidos todos os Nomes, todas as Luzes e todas as Forças.”

 

“O que conheça esse Nome, quando sair do corpo de maté­ria, não poderá ser detido por nenhum fumo, nem obscuridade, nem autoridade, nem Arconte da Esfera do Destino, nem Anjo ou Potestade. Pelo contrário, se sai do mundo e pronuncia esse Nome ao Fogo, este apaga-se e as Trevas retiram-se.”

 

“E se este é pronunciado aos demónios e aos Receptores das Trevas exteriores, aos seus Arcontes, às suas autoridades e às suas Potestades, todos cairão e a sua chama extinguir-se-á. Então exclamarão:

«Santo, Santo, Tu és o mais Santo de todos os Santos!» E se se pronuncia esse Nome, nessas Regiões, aos Receptores dos castigos malignos e às suas autoridades e a todas as suas Potestades, assim como a Barbelo e à Divindade Invisível e aos Deuses de Três Triplos Poderes, imediatamente, todos eles caí­rão, serão desfeitos e destruídos e exclamarão: «Oh Luz de todas as Luzes, que estais nas Infinitas Luzes, tem-nos em conta e purifica-nos!»”

 

E, quando Jesus acabou de pronunciar estas palavras, todos os Seus discípulos exclamaram, soluçando em voz alta e di­zendo… … …

 

 

VI

 

 

“(E conduziu-os aos rios e mares de fogo) e vingou-se ali mais seis meses e oito dias. Tempo depois, dirigiram-se pelo Caminho do Meio e cada um dos Arcontes ou Regentes desse Caminho castigou-o, (ao blasfemo) com os seus castigos, por outros seis meses e oito dias. Depois dirigiram-se à Virgem da Luz, que julga o bem e o mal, para que ela o julgasse. E quando a Esfera girou sobre si mesma entregou-o aos seus Receptores para que eles pudes­sem lançá-lo nos Aeons da Esfera. E os Servidores da Esfera guiaram-no para a água que está debaixo da Esfera e esta converteu-se em fogo ardente que o devorou até se purificar completamente.”

 

“E então apareceu Yaluham, o Receptor de Sabaoth, o Adamas, que entrega às Almas a taça do esquecimento. Este trouxe uma taça cheia de água do esquecimento e entregou-a à Alma para que a bebesse de modo a esquecer todas as Regiões às quais tinha ido. E verteram-no num corpo no qual passará a sua vida com o seu coração continuamente perturbado.”

 

“Este é o castigo do blasfemo.”

 

Maria continuou, dizendo:

 

“Meu Senhor, o homem que calunia constantemente, se sai do corpo, onde vai? Qual é o seu castigo?”

 

Jesus disse:

 

“Aquele que calunia constantemente, se o seu tempo na Esfera terminou e sai do corpo, Abiout e Charmon, os Rece­ptores de Ariel, acodem e conduzem a sua Alma fora do corpo, passam três dias à sua volta e instruem-no em relação às criaturas do mundo.”

 

“Mais tarde, levam-no ao Amenti, a Ariel e castigam-no com os seus castigos durante onze meses e vinte e um dias.”

 

“Tempo depois, conduzem-no aos rios e mares ardentes de fogo para aí se vingarem dele, mais onze meses e vinte e um dias.”

 

“Depois, levam-no ao Caos, ante Yaldabaoth e os quarenta e nove demónios e cada um deles o assalta durante outros onze meses e vinte e um dias, açoitando-o com látegos ardentes.”

 

“Logo a seguir, levam-no ao Caminho do Meio e cada um dos Arcontes deste Caminho castiga-o com os seus castigos, por mais onze meses e vinte e um dias.”

 

“Tempo depois, conduzem-no à Virgem da Luz, que julga os justos e os pecadores, para que Ela o julgue.

E quando a Esfera gira sobre si mesma, entrega-o aos seus Receptores para que estes o vertam nos Aeons da Esfera. Os Servidores da Esfera levam-no para a água que está debaixo da Esfera e esta converte-se em fogo ardente que o devora, até que se purifique completamente.”

 

“E Yaluham, o Receptor de Sabaoth, o Adamas, traz a taça do esquecimento, entrega-a a essa Alma e esta bebe-a esque­cendo todas as Regiões, todas as coisas e todas as Regiões às quais tinha ido. E entregam-na a um corpo que passará a vida atormentado.”

 

“Este é o castigo daquele que calunia.”

 

E Maria disse: “Ai dos pecadores!”

 

Salomé falou e perguntou: “Meu Senhor Jesus, qual é o castigo de um homicida, que não pecou senão por homicídio, quando sair do seu corpo?”

 

Jesus respondeu-lhe:

 

“Um homicida, que não tenha cometido senão o pecado do homicídio, se o seu tempo na Esfera terminou e sai do corpo, vêm os Receptores de Yaldabaoth para levar a sua Alma fora do corpo. Atam-no pelos pés a um grande demó­nio com cara de cavalo e passam três dias com ele ao redor do mundo.”

 

“A seguir, levam-no às Regiões do frio e da neve e aí se vingam dele, durante três anos e seis meses.”

 

“Mais tarde, conduzem-no para baixo, ao Caos, à presença de Persephone e vingam-se dele com os seus castigos, mais três anos e seis meses.”

 

“Logo a seguir, levam-no ao Caminho do Meio e cada um dos Arcontes desse Caminho se vinga dele com os castigos das suas Regiões durante mais três anos e seis meses.”

 

“Depois conduzem-no mais abaixo, ao Caos, a Yaldabaoth e os seus quarenta e nove demónios e cada um deles o flagela durante mais três anos e seis meses.”

 

“Logo a seguir, conduzem-no ante a Virgem da Luz, a qual julga os justos e os pecadores, para que Ela o julgue. E quando a Esfera gira sobre si mesma, Esta ordena que seja vertido nas Trevas exteriores até que chegue o momento em que as Trevas do Meio sejam levantadas. Assim será des­truída e dissolvida essa Alma.”

 

“Este é o castigo daquele que é homicida “.

 

Pedro disse: “Meu Senhor,  permite que as mulheres cessem de perguntar para que nós possamos fazê-lo também”.

 

E Jesus disse a Maria e às demais mulheres: “Dai oportuni­dade aos vossos irmãos para que eles também perguntem”.

 

Pedro respondeu, dizendo: “Meu Senhor, um ladrão e um vigarista cujo pecado é permanente, quando se manifesta fora do corpo, qual é o seu castigo?”

 

Jesus disse:

 

“Se o seu tempo na Esfera terminou, os Receptores de Ado­nis vêm ao seu encontro e guiam a sua Alma fora do corpo e passam três dias rodeando-o e instruindo-o em tudo o que se relaciona com os seres viventes do mundo.”

 

“A seguir, conduzem-no para baixo, ao Amenti, à presença de Ariel que se vinga dele, com os seus castigos, durante três meses, oito dias e duas horas.”

 

“Depois, levam-no ao Caos perante Yaldabaoth e os seus quarenta e nove demónios e cada um deles se vinga dele outros três meses, oito dias e duas horas.”

 

“Mais tarde, conduzem-no pelo Caminho do Meio e cada um dos Arcontes deste Caminho se vinga dele, com o seu escuro fumo e maligno fogo, outros três meses, oito dias e duas horas.”

 

“Tempo depois levam-no à Virgem da Luz, a qual julga os justos e os pecadores, para que o julgue.

E quando a Esfera gira sobre si mesma, Ela entrega-o aos seus Receptores para que o vertam nos Aeons da Esfera. E estes condu­zem-no até à água que está debaixo da Esfera e esta se converte em fogo ardente que o devora até o purificar completamente.”

 

“Depois chega Yaluham, o Receptor de Sabaoth, o Adamas, que traz a taça do esquecimento e entrega-a a essa Alma. Ela bebe-a e esquece todas as coisas e todas as Regiões pelas quais passou. E vertem-no num corpo deficiente, coxo ou cego.”

 

“Este é o castigo do ladrão.”

 

André respondeu e disse: “Que sucede com o homem sober­bo e presunçoso, quando sai do corpo?”

 

Jesus disse:

 

“Se o seu tempo na Esfera terminou, os Receptores de Ariel vêm atrás dele, conduzem a sua Alma fora do corpo e passam três dias com ele viajando pelo mundo, instruindo-o em relação aos seres viventes do mundo.”

 

“Mais tarde, conduzem-no para baixo, ao Amenti, à pre­sença de Ariel e este vinga-se dele, com os seus castigos, durante vinte meses.”

 

“Depois, levam-no ao Caos ante Yaldabaoth e os seus qua­renta e nove demónios e todos eles, um por um, vingam-se dele outros vinte meses.”

 

“Logo a seguir, conduzem-no ao Caminho do Meio e cada um dos Regentes deste Caminho se vinga dele, mais vinte meses.”

 

“E, mais tarde, levam-no à Virgem da Luz para que o julgue. E quando a Esfera gira sobre si mesma, Ela entrega-o aos Re­ceptores para que o vertam nos Aeons da Esfera. E os Servidores da Esfera conduzem-no para a água que está debaixo da Esfera e esta converte-se em fogo ardente que o devora até o purificar.”

 

“E Yaluham, o Receptor de Sabaoth, o Adamas, chega trazendo consigo a taça com a água do esquecimento e entre­ga-a à dita Alma. Esta bebe-a e esquece todas as coisas e todas as Regiões pelas quais passou. E vertem-no num corpo deformado e aleijado para que todos, constantemente, o desprezem.”

 

“Este é o castigo do homem soberbo e presunçoso.”

 

E Tomé disse: “Qual é o castigo de um blasfemo reinci­dente?”

 

E Jesus respondeu-lhe:

 

“Se o seu tempo na Esfera terminou, os Receptores de Yal­dabaoth vêm atrás dele, atam a sua língua a um grande demó­nio com cara de cavalo e passam três dias viajando com ele à volta do mundo, vingando-se dele.”

 

“Depois, levam-no à região do frio e da neve e aí castigam­-no durante onze anos.”

 

“A seguir, conduzem-no para baixo, ao Caos, ante Yaldabaoth e os seus quarenta e nove demónios e cada um deles o castiga, mais onze anos.”

 

“Mais tarde, levam-no às Trevas exteriores, até ao dia em que o grande Regente com cara de dragão, que envolve as Trevas, o julgue. E essa Alma congela, destrói-se e dis­solve-se.”

 

“Esta é a sentença do blasfemo.”

 

E Bartolomeu perguntou: “Qual é o castigo do homos­sexual?”

 

E Jesus respondeu-lhe:

 

“O juízo do homossexual e do homem com quem ele tenha tido contacto sexual é o mesmo que o do blasfemo.”

 

“Quando termina o tempo na Esfera, os Receptores de Yaldabaoth vêm buscar a sua Alma com os quarenta e nove demónios e castigam-no durante onze anos.”

 

“Mais tarde, conduzem-no aos rios de fogo e ardentes ma­res de alcatrão que estão cheios de demónios com cara de porco. Estes devoram-no e castigam-no, nos rios de fogo, mais onze anos.”

 

“A seguir, levam-no às Trevas exteriores, até ao dia do juízo final quando a grande Treva fôr julgada. Então, será dissolvido e destruído.”

 

E Tomé disse: “Temos ouvido dizer que existem na Terra algumas pessoas que misturam a semente do homem com a menstruação da mulher, compondo uma beberragem e que a tomam dizendo: «Temos fé em Esaú e Jacob». Está isto correcto, ou não?”

 

Jesus, nesse momento, irritou-se e disse a Tomé:

 

“Amén vos digo: este pecado é mais atroz do que todos os pecados e iniquidades do mundo. Tais homens serão imediatamente lançados às Trevas exte­riores e não regressarão novamente à Esfera. Pelo contrário, perecerão e serão destruídos nas Trevas exteriores, a região onde não existe piedade, nem luz, mas apenas o pranto e o ranger de dentes. E todas as Almas que sejam levadas às Trevas exteriores não serão de novo vertidas (em corpos), mas destruídas e dissolvidas.”

 

João respondeu e disse: “Que sucede a um homem que nunca pecou e tem feito o bem constantemente, porém, nunca encon­trou os Mistérios de modo a ser admitido pelos Regentes, quando sair do corpo?”

 

E Jesus disse-lhe:

 

“Se o tempo de tal homem na Esfera se concluiu, os Recep­tores de Bainchoooch, que é um dos Deuses de Triplos Poderes, vêm buscar a sua Alma e conduzem-na, com júbilo e alegria, passando três dias à sua volta instruindo-a com felicidade e regozijo acerca das criações do mundo.”

 

“Mais tarde, conduzem-no para baixo, ao Amenti e aí ins­truem-no acerca dos instrumentos de castigo mas não o cas­tigam com eles. Pelo contrário, instruem-no em tudo o que com eles se relaciona, de modo que o fumo das chamas dos castigos o alcança muito pouco.”

 

“Depois conduzem-no ao Caminho do Meio e instruem-no acerca dos castigos deste Caminho e o fumo da chama também o alcança muito pouco.”

 

“Logo a seguir, levam-no à Virgem da Luz e Ela julga-o e deposita-o com o Pequeno Sabaoth, o Digno, o do Meio, até que a Esfera gire sobre si mesma e Zeus e Afrodíte cheguem defronte da Virgem da Luz, enquanto Kronos e Ares chegam por detrás d’Ela.”

 

“Nesse momento, Ela toma essa Alma justa e entrega-a aos seus Receptores para que a vertam nos Aeons da Esfera. Os Servidores da Esfera levam-na pana diante da água que está sob a Esfera e então, um fogo ardente levanta-se e devora-a até a purificar totalmente.”

 

“Mais tarde, chega Yaluham, o Receptor de Sabaoth, o Ada­mas, o que entrega a taça do esquecimento às Almas e traz-lhe a água do esquecimento, entregando-lha. Esta bebe-a e esquece todas as coisas e todas as Regiões pelas quais passou.”

 

“Tempo depois, chega o Receptor do Pequeno Sabaoth, o Digno, o do Meio. Ele traz consigo uma taça cheia de Idéias, Sabedoria e Sobriedade, entregando-a à referida Alma. E eles vertem-na num corpo que não pode adormecer, nem esquecer, devido à taça da Sobriedade que lhe foi entregue. Contudo, constantemente se angustiará o seu coração, perguntando-se a si própria pelos Mistérios da Luz, até que os encontre através da Virgem da Luz e herde a Luz para sempre.”

 

E Maria disse: “Um homem que tenha cometido todos os pecados e todas as iniquidades e não encontrou os Mistérios da Luz, receberá os seus castigos de uma vez por todas?”

 

E Jesus respondeu-lhe:

 

“Sim, recebê-los-á. Se cometeu três pecados, receberá castigos por três pe­cados.”

 

E João disse: “É possível que seja salvo um homem que tenha cometido todos os pecados e iniquidades, mas que, por fim, tenha encontrado os Mistérios da Luz?”

 

E Jesus respondeu-lhe:

 

“O homem que tenha cometido todos os pecados e iniqui­dades e encontre os Mistérios da Luz, os pratique, os cumpra e cesse de pecar, herdará o Tesouro da Luz.”

 

E Jesus disse aos Seus discípulos:

 

“Quando a Esfera girar sobre si mesma e Kronos e Ares aparecerem por trás da Virgem da Luz e Zeus e Afrodite apare­cerem pela sua frente, estando nos seus próprios Aeons, então os Véus da Virgem separar-se-ão por si mesmos e, nesse mo­mento, a Alma alegrar-se-á, quando vir estas duas estrelas de luz em frente dela. E todas as Almas que Ela (a Virgem da Luz) verta, nessa hora, no âmbito dos Aeons da Esfera para que possam vir ao mundo, serão justas e dignas e encontrarão, nesse momento, os Mistérios da Luz.

E Ela enviá-las-á de novo para que possam encontrar os Mistérios da Luz.”

 

“Se, por outro lado, Ares e Kronos aparecerem em frente da Virgem e Zeus e Afrodite estiverem por trás, para que não os veja, todas as Almas que nesse momento verta para o interior das criaturas da Esfera serão perversas e iracundas e não encontrarão os Mistérios da Luz.”

 

Então, quando Jesus disse isto aos Seus discípulos no meio do Amenti, os discípulos exclamaram, prostrando-se:

 

“Ai dos pecadores, sobre os quais caia a negligência e o esquecimento dos Regentes até saírem do corpo e serem con­duzidos a estes castigos! Tem misericórdia de nós, tem misericórdia de nós, Filho de Deus! Tem compaixão de nós para que sejamos salvos destes castigos e juízos preparados para os pecadores, porque nós também pecámos, Nosso Senhor e Nossa Luz.”

 

 

SUBSEQUENTE POST-DATA

 

… … …Homem Justo.

Os Apóstolos partiram três a três aos quatro pontos celes­tiais e proclamaram a Bondade do Reino em todo o Mundo. E “Cristo “, com eles, servindo-lhes de Guia, com as palavras de Confirmação, os Sinais e os Milagres que se seguiram. E, assim, foi conhecido o Reino de Deus por toda a Terra e por todo o mundo de Israel para que ficasse testemunho dele para todas as Nações que existem desde a Ascensão do Sol até ao seu Ocaso.

 

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