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Nos propomos a estudar agora o sermão da senhora Zaynab, que ela proferiu na corte de Yazid, e que está registrado no Balāghatun Nisa’, um livro escrito por Abul Fazl Ahmad bin Abi Tahir (208- 280 A.H.), no século III A.H.
Yazid recitou os versos poéticos blasfemos de Abdullah bin Zab’ari Sahmi que ele compôs enquanto era incrédulo e também acrescentou alguns versos poéticos de sua autoria e disse abertamente que queria se vingar dos descendentes de Muhammad, porque Muhammad e seus companheiros haviam matado seus ancestrais politeístas.
Zaynab, a filha de Ali, se levantou e começou a falar. Ela acrescentou um novo capítulo à história do Califado de Yazid, que cobriu um período de três anos e alguns meses, e disse: “Ó Yazid! Allah e Seu Profeta disseram que cometer pecados e considerar os sinais de Allah como falsos está ridicularizando-os”, ou seja, negar o sinal de Allah hoje e zombar deles e se tornarem felizes, e recitar versos poéticos por causa do martírio dos filhos do Sagrado Profeta, assim como os politeístas de Makkah ficaram felizes e cantaram canções por causa do martírio de alguns muçulmanos na Batalha de Uhud, e falaram sobre se vingar do Santo Profeta.
É assim que você se torna como eles e como você alcançou este estágio? Você chegou a este estágio porque cometeu muitos pecados. Quem trilhar o caminho do pecado e persistir em cometer pecados, de acordo com o veredicto do Alcorão, negará os sinais de Allah um dia e eventualmente os ridicularizará e então merecerá a punição divina.”
Ela acrescentou: “Ó Yazid! Você acha que nos tornamos humildes e desprezíveis devido ao martírio de nosso povo e nosso próprio cativeiro? Como você bloqueou todos os caminhos para nós, e fomos feitos cativos e estamos sendo levados de um lugar para outro, você acha que Allah tirou suas bênçãos de nós? Você acha que matando as pessoas piedosas você se tornou grande e respeitável e o Todo-Poderoso olha para você com graça e bondade especiais?
Por esta razão e por causa deste pensamento incorreto você se tornou exaltado e arrogante. Você se gabou porque viu que as coisas mudaram a seu favor. Você, no entanto, esqueceu o que Allah diz:
“Que os incrédulos não pensem que os toleramos, para o seu bem; ao contrário, toleramo-los para que suas faltas sejam aumentadas. Eles terão um castigo afrontoso.” (Surah Ale Imran, 3: 178)”
Então a senhora Zaynab lembrou a Yazid que no dia da conquista de Makkah, que ocorreu em 8 A.H., o Sagrado Profeta favoreceu a todos os homens e mulheres de Makkah e os libertou. O próprio Yazid era descendente desses libertos. Seu pai Mu’awiya, seu avô Abu Sufyan e a mãe de Mu’awiya estavam entre aqueles que foram libertados no momento da conquista de Makkah. Naquele dia, o Santo Profeta muito magnanimamente libertou todos eles, independentemente do que eles tivessem feito no passado, e disse: “Vão, pois todos vocês são livres”.
Na segunda parte de seu discurso, a filha do Imam Ali fez da conquista de Makkah seu tópico e disse: “Ó filho dos libertos! É justo que você mantenha suas mulheres e escravas em reclusão, mas tenha feito com que as filhas indefesas do Sagrado Profeta andem em camelos velozes e as entregam nas mãos de seus inimigos para que as levem de uma cidade para outra”.
Então ela disse: “Pois Yazid não deveria ser rancoroso contra nós, é ele que nos olha com hostilidade. Você diz com perfeita intrepidez e sem imaginar que está cometendo um pecado: ‘Gostaria que meus ancestrais que foram mortos em Badr estivessem presentes aqui hoje.” Então, você bate nos dentes do Imam Husayn com um pedaço de pau na mão!
Pois você não deveria ser assim, embora tenha feito o que queria fazer e arrancado as raízes da piedade e da virtude! Você derramou o sangue dos filhos do Santo Profeta e escondeu as estrelas brilhantes da terra entre os descendentes de Abdul Muttalib sob as nuvens da opressão e da injustiça.
No entanto, você irá diante de Deus em breve. Você encontrará seus ancestrais e também será levado para o lugar deles. Nesse momento você desejará ter sido cego e mudo e não ter dito que era um dia de alegria para seus antepassados”.
Nesta fase, a filha do Imam Ali orou a Allah e disse: “Ó Senhor! Adquira nosso direito e vingue-se daqueles que nos oprimiram”. Então ela se virou para Yazid e disse: “Por Allah, você arrancou sua pele e cortou sua carne. Você logo irá diante do Profeta de Allah e verá com seus próprios olhos que seus filhos estão no Paraíso.
Será o dia em que Allah libertará os descendentes do Sagrado Profeta do estado de dispersão e os reunirá no Paraíso. Esta é a promessa que Allah fez no Alcorão Sagrado. Ele diz:
“E não creiais que aqueles que sucumbiram pela causa de Deus estejam mortos; ao contrário, vivem, agraciados, ao lado do seu Senhor.” – (Surata Ale Imran, 3: 169)
Ó Yazid! No dia em que Alá for o Juiz e Muhammad for o peticionário, e os teus membros deporão contra ti, o teu pai, que te fez o governante dos muçulmanos, receberá o Seu castigo. Nesse dia saber-se-á que recompensa ganham os opressores, qual é a pior posição e qual o partido mais humilde.
Ó inimigo de Allah e ó filho do inimigo de Allah! Juro por Allah que o considero humilde e não digno nem mesmo de ser repreendido e reprovado. Mas o que devo fazer? Nossos olhos estão derramando lágrimas, nossos corações estão queimando e nossos mártires não podem voltar à vida por nossa repreensão e reprovação. Meu Husayn foi morto e os partidários de Satanás estão nos levando aos tolos para que eles possam receber sua recompensa por insultar Allah.
Nosso sangue está pingando de suas mãos e nossa carne está caindo de suas bocas. Os corpos sagrados dos mártires foram colocados à disposição dos lobos e outros animais carnívoros da selva. Se você ganhou algo hoje derramando sangue, certamente será um perdedor no Dia do Juízo. Naquele dia, nada além de suas ações contarão. Nesse dia você amaldiçoará Ibn Marjana e ele amaldiçoará você. Nesse dia você e seus seguidores vão brigar uns com os outros ao lado da escala Divina da Justiça.
Nesse dia você verá que a melhor provisão que seu pai fez para você foi que ele permitiu que você matasse os filhos do Profeta de Allah. Juro por Allah que não temo a ninguém, exceto a Ele e não reclamo com mais ninguém. Você pode empregar seus esforços enganosos e astutos, mas eu juro por Allah que a vergonha e a desgraça que você ganhou pelo tratamento dispensado a nós não podem ser erradicadas”.
A filha de Fátima Zahra terminou seu discurso agradecendo a Allah. Ela disse: “Agradeço a Allah, que concluiu a tarefa dos chefes dos jovens do Paraíso com prosperidade e perdão e os acomodou no Paraíso. Eu oro a Allah para que Ele possa elevar suas fileiras e favorecê-los mais com Sua bondade, pois Allah é Onipotente”.
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Fonte:
Balāghatun Nisa’, by Abul Fazl Ahmad bin Abi Tahir, (208- 280 A.H.).
Significado dos Versículos do Alcorão Sagrado, por Samir El Hayek.
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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.
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