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Sufismo

Apresentando o Islam

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Louvado seja Deus, o Senhor do Universo, o Único, que não possui sócios, d’Ele a Autoridade e a Ele o Louvor, e Ele é, sobre todas as coisas, Onipotente.

Que a paz e a bênção de Deus estejam com o Profeta Muhammad, seus familiares, companheiros e seguidores.

O objetivo deste livro é transmitir aos não-muçulmanos informações gerais sobre o Islam, um assunto de crescente importância no cenário internacional, que vem sendo, insistentemente, abordado pela mídia de forma simplista e depreciativa.

Os muçulmanos vêm sendo mal interpretados pelo Ocidente, que emite opiniões sem fundamento, denegrindo a imagem do Islam perante a população que não possui informações suficientes para formar uma opinião própria sobre o assunto, deixando-se levar pela mídia tendenciosa e partidarista.

Procuro através deste trabalho fornecer dados consistentes, apesar de superficiais, que permitam aos não-muçulmanos uma melhor compreensão do modo de pensamento e vida dos muçulmanos, esclarecendo que estes têm seus próprios padrões e modelos religiosos e culturais, que determinam seu comportamento diferenciado.

Com a ajuda de Deus, o Altíssimo, este trabalho foi realizado e em Suas mãos está entregue. Possa Deus, o Altíssimo, validar nossos esforços pela Sua causa e perdoar todos os nossos pecados.

Aisha Aini, Ramadan de 1424/ novembro de 2003.

Introdução:

Significado do Islam:

Islam é uma palavra da língua árabe que significa submissão à Vontade de Deus. É derivada da raiz “selem”, que significa paz.

Vulgarmente, o termo Islam ou islamismo é usado para se referir apenas à religião ensinada por Muhammad bin Abdullah (571-632 a.d.), conhecido em língua portuguesa como Maomé, considerando-se seu início no ano de 622 a.d.

Porém, na verdade, o Islam é a mais atual expressão do monoteísmo.

A Vontade de Deus é a Lei que regula e ordena todo universo: os corpos celestes giram em suas órbitas obedientes à Vontade de Deus, a alternância dos ciclos da natureza se dá em submissão à Vontade de Deus, inclusive no homem, os processo fisiológicos ocorrem involuntariamente, totalmente obedientes à Vontade de Deus e independentes de sua vontade. Toda natureza se submete à Vontade de Deus, por isso o Islam é o caminho natural da criação e modo de vida natural do homem.

Muçulmano é aquele que pratica o Islam, ou seja, aquele que se submete à Vontade de Deus.

Capitulo 1:

O que é monoteísmo:

Monoteísmo significa reconhecimento que Deus é único. Seu oposto é o politeísmo, pensamento que considera a existência de várias divindades.

Três elementos caracterizam o monoteísmo:

1- Crença exclusiva em Deus, o Único e culto somente a Ele: o monoteísta rejeita a adoração de qualquer criatura de Deus, inclusive seres humanos, assim como não reconhece poder em nenhum objeto como relíquias ou estátuas. Crer somente em Deus significa ter consciência que Ele é o Criador e Mantenedor do Universo, e adorar somente a Ele.

2-Existência de um Livro Sagrado: as religiões monoteístas procedem de Livros que foram revelados por Deus aos Seus diversos mensageiros ao longo da história, livros através dos quais Deus dá a conhecer Sua Vontade, e seguir os mandamentos neles contidos é a forma correta de se submeter a ela.

3-Existência de Mensageiros de Deus: são aqueles que recebem a revelação do Livro Sagrado e são responsáveis por divulgar a Mensagem de Deus e trabalhar para que as normas e orientações nela contida sejam executadas na terra.

O monoteísmo sempre existiu ao longo da história, Adão, que foi o primeiro homem, era monoteísta. Depois dele Noé foi o Profeta do Monoteísmo de sua época, seguido por seu filho Sem, do qual descende Abraão, do qual descendem todos os profetas do monoteísmo ao longo da história.

“Volta teu rosto para a religião monoteísta. É a obra de Deus, sob cuja qualidade inata criou a humanidade. A criação feita por Deus é imutável. Esta é a verdadeira religião; porém a maioria dos humanos o ignora.” Alcorão, surata 30: 30

Todas as gerações de seres humanos tiveram em sua época uma expressão do monoteísmo, ou seja, em cada época, o monoteísmo se apresentava com um determinado padrão ritualístico de culto e uma determinada norma para estruturação(ou organização) social.

Assim, o Islam é a mais recente expressão do monoteísmo, a religião ( ou modo de vida) de Abraão e de todos os profetas anteriores, porém reformada por Deus para que corresponda às necessidades das gerações às quais diz respeito.

“Dize: Cremos em Deus, no que nos tem sido revelado, no que foi revelado a Abraão, Ismail, Isaac, Jacó e às tribos; no que foi concedido a Moisés e a Jesus e no que foi dado aos outros profetas por Seu Senhor; não fazemos distinção alguma entre eles e só a Ele nos submetemos.” Alcorão, surata 2:136.

Necessidade da Revelação:

Para se submeter à Vontade de Deus, o homem precisa primeiro conhecê-la.

Apesar da incrível capacidade do ser humano de descobrir partes da Verdade através da observação, investigação e analogia, o esclarecimento de certas questões não está ao seu alcance. Coisas como o que acontece quando morremos e como será depois da morte, ou qual a forma correta de se adorar a Deus: é impossível para homem saber a verdade sobre esses assuntos por si mesmo.

Assim, para orientá-lo, Deus revelou ao homem tudo aquilo que ele precisava saber mas era incapaz de descobrir sozinho. A Revelação esclarece questionamentos existenciais fundamentais, estabelece uma forma de culto, uma organização social, um código ético, moral e comportamental que guiam o homem para que ele possa viver de acordo com a Vontade de Deus, no ritmo de todo o Universo.

Deus escolheu dentre os homens pessoas para receberem Sua Revelação, os Mensageiros de Deus, ou Profetas. Eles são os responsáveis por transmitir a Revelação de Deus para as pessoas, e trabalhar para aplicação das ordens de Deus na terra. O conceito monoteísta de Profeta é diferente da ideia vulgar. Vulgarmente, designa-se profeta àquele que prevê o futuro, o que é um erro, uma vez que este é o adivinho. Um Profeta não é um adivinho, é alguém que recebeu a Revelação de Deus.

Em geral, a Mensagem cuida de alertar as pessoas sobre a realidade a respeito de Deus, da vida e da morte, mas também contem as regras que organizam adequadamente a sociedade.

Geralmente Deus revela Sua Mensagem através de palavras, que quando são registradas, formam livros. Adão (as) foi o primeiro profeta, posteriormente, muitos outros vieram, como Noé, Abraão, Ismael, José, Jonas, Isaac, Jacó (as), entre outros, que não deixaram registro das revelações que receberam. A primeira revelação registrada que nos chegou, ainda que não em seu formato original, foi a recebida por Moisés (as), que a registrou na Torah e historicamente, é conhecido como o líder do judaísmo, expressão do monoteísmo em sua época. A ele se seguiram Salomão, Davi, e Jesus (as), entre outros, cujas revelações também nos chegaram, porém não em sua íntegra. Depois deles veio Muhammad (as), o último profeta enviado à humanidade, que recebeu a revelação do Alcorão, livro que chegou aos nossos tempos em sua íntegra, sem nenhuma modificação, estando exatamente na forma em que foi revelado por Deus no período entre 610 a 632 a.d. O Alcorão possui as puras palavras de Deus, revitalizou a Mensagem, explicando-a ao homem de forma clara, detalhada e completa, fazendo de Muhammad (as) o último dos profetas.

Desta forma, o Islam se estabeleceu como a Mensagem definitiva para toda a humanidade de todos os tempos, pois abrange e sintetiza todas as doutrinas que Deus enviou a todos os Seus Mensageiros, desde Adão(as). É perfeito e completo, e servirá como orientação para toda a humanidade até o Dia do Juízo Final.

Universalidade e Praticabilidade:

O Islam não está associado a um povo ou época em particular, trata-se apenas de uma nova expressão da única religião que sempre existiu. Apesar do Alcorão ter sido revelado na Arábia e em língua árabe, não está associado exclusivamente ao povo árabe e nem à sua cultura: sua revelação é para todos os povos de todos os tempos.

É preciso deixar clara a total praticabilidade do Islam. O Profeta Muhammad (saws) seguiu os passos de Abraão (as), praticou o Islam na íntegra, para servir de exemplo para os muçulmanos de todas as gerações. Depois dele, seus Companheiros (ra) e sucessores praticaram integralmente o modo de vida islâmico.

Hoje em dia, o Islam é integralmente praticado por milhares de pessoas: mesmo sem a representação de um estado formal unificado, os muçulmanos continuam preservando seus valores e identidade, fiéis à Verdade que receberam de Seu Senhor, o Altíssimo, através do Profeta Muhammad (saws). Muitas vezes, aqueles que praticam o código de vida revelado por Deus são vistos pelo ocidente como radicais, tal é um grande equívoco. Uma vez que se trata da expressão da Vontade de Deus, não é algo que se possa radicalizar ou flexibilizar, só existe um Islam, perfeito enquanto puro, que deve ser integralmente praticado, seguido ao pé da letra até o Dia do Juízo Final.

A verdadeira igualdade:

O Islam não diferencia os homens segundo nacionalidade, etnia, língua ou qualquer outro aspecto material, estabelecendo a verdadeira igualdade quando determina que não existe diferença entre os homens, que só são superiores uns aos outros pela piedade. Todos são iguais e irmãos, não existe discriminação ou preconceito entre os muçulmanos, todos são filhos de Adão (as), criaturas de Deus, o Altíssimo, submetidos igualmente à mesma e única Lei que governa todo o universo.

A visão islâmica do homem:

Desde que Deus criou o homem, nada foi alterado em sua natureza. Ainda que haja revoluções científicas e tecnológicas, a natureza humana, ou seja, as necessidades fundamentais, os anseios e questionamentos naturais do homem, continuam os mesmos, são sua tendência inata. Uma vez que trabalha no âmbito da natureza humana, a Revelação sempre será atual e jamais precisará de reforma, revisão ou adequação, trata-se de Vontade de Deus e de Sua Lei no que concerne à natureza humana, sendo ambas perenes, a inovação é injustificável.

O homem é a coroação da Criação, exerce um certo domínio sobre si mesmo e sobre o ambiente em que vive, pois possui inteligência e raciocínio. Ele reconhece a existência de seu Criador, na medida que se submete voluntariamente à Sua Vontade, o que todo o resto da Criação faz involuntariamente. O homem não é um ser decaído que precisa ser salvo, é uma criatura que Deus criou conforme Seus insondáveis propósitos, cuja vida tem um sentido e uma função, uma criatura fantástica que tem livre-arbítrio, e arca com as responsabilidades por suas escolhas.

O Islam não aceita a expiação vicária e determina que cada um sofrerá as consequências apenas de suas próprias ações, não podendo uns pagarem pelos erros dos outros.

Islam, um modo de vida:

Vulgarmente, o Islam é considerado uma religião, conforme a visão ocidental. Porém, conceitualmente, ele é um modo de vida, uma diretriz que determina todos os aspectos da vida humana. Não apenas os rituais de adoração em si procedem da Revelação de Deus: os conceitos, os valores, a ideologia, a cultura, o comportamento, as relações pessoais, as estruturas políticas e as leis que regem a vida quotidiana dos muçulmanos também procedem da Revelação, giram em torno da fé. Não se trata de não separar a religião dos aspectos quotidianos da vida terrena, trata-se de usar a mesma referência que estabelece os parâmetros ritualísticos e místicos para estabelecer um código de conduta para todos os assuntos terrenos.

A Revelação divina esclarece o que é correto em todos os âmbitos da atividade humana, assim, estabelece não só o melhor sistema de adoração como também o melhor modo de vida. A aparência dos muçulmanos, tanto na prática da adoração, quanto na vida diária, reflete a crença e a doutrina islâmica, diferindo totalmente de uma simples questão cultural. O Islam não se trata de uma cultura que se altera conforme as condições da sociedade e vai sendo elaborada ao longo do tempo. É um estilo de vida baseado na Revelação Divina, algo imutável, tão válido e atual hoje como foi há 1400 anos atrás e como será até que o mundo se acabe.

Alcorão e Sunnah:

O Islam tem como base duas fontes principais: o Alcorão e a Sunnat.

Alcorão é o livro resultado das revelações que Deus fez ao Profeta Muhammad (saws). Deus é o autor do Alcorão, que não contém nenhuma palavra escrita pelo homem. Ao Profeta (saws) só coube receber e divulgar a Mensagem. Contém diretrizes e orientações básicas para todos os assuntos inerentes ao homem, e as prescrições básicas do Islam.

Sunnat é o registro dos atos e ditos do Profeta Muhammad (saws), conforme testemunho de seus companheiros. Além de trazer as diretrizes específicas sobre como cumprir as prescrições gerais determinadas no Alcorão de maneira adequada, constitui o exemplo de vida para os muçulmanos, serve de guia e orientação para que saibam como conduzir-se em todos os assuntos. Os relatos sobre a vida e atitudes do Profeta (saws) chamam-se ahadith (acontecidos), foram meticulosamente compilados pelos sábios dos primeiros tempos do islamismo e configuram relatos historicamente comprovados da vida do Mensageiro de Deus (saws).

Como Muhammad (saws) é visto pelos muçulmanos:

Muhammad (saws) era um ser humano comum, por suas qualidades espirituais especiais, foi escolhido por Deus para receber Sua Revelação.

O Profeta Muhammad (saws) discriminou detalhadamente o que foi vetado por Deus, ele praticou o Islam na íntegra, e desta forma, os muçulmanos baseiam seu comportamento no exemplo e na prática de vida do Profeta (saws).

Como sabia o que Deus queria para esta instância, obedecer a Muhammad (saws) é obedecer a Deus e desobedecê-lo é desobedecer a Deus, louvado seja Ele.

Diz Deus no Alcorão Sagrado:

“Realmente, tendes no Mensageiro de Deus um excelente exemplo para aqueles que têm esperança em Deus e no Dia do Juízo Final e invocam Deus com frequência. ”Alcorão, surata 33:21

Fonte:

https://web.archive.org/web/20190123170714/http://www.islamismo.org/apresentando_o_islam.htm

Texto enviado por Ícaro Aron Soares.

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