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As Matérias da Grande Obra Alquímica

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Rubellus Petrinus

Ao longo dos tempos tem-se escrito muito sobre as matéria usadas na Grande Obra. De acordo com o que temos lido nos diversos tratados dos grandes Mestres clássicos e contemporâneos em cada via alquímica é usada uma matéria bem específica.

Há artistas que afirmam que a matéria prima da Grande Obra é única e universal sem especificarem de que matéria se trata, nem darem, pelo menos, um pequeno indício que permita aos investigadores da Arte reconhecerem a dita matéria. Por isso, estas afirmações nos parecem dúbias.

A leitura dos textos alquímicos dos grandes mestres, escritos em linguagem simbólica presta-se a vários tipos de interpretação conforme os conhecimentos de quem a faz, o que, infelizmente, em alguns casos, nem sempre corresponde ao que esses mestres quiseram expressar nos seus escritos. Alguns livros de grandes Mestres bem conhecidos, pelo contrário, foram escritos em linguagem clara para a época e, só por desconhecimento dos mais elementares princípios que se regem as diversas obras alquímicas escritas naquele tempo, é que se podem cometer tais erros grosseiros de interpretação.

Quem ler essa interpretação e não tiver os conhecimentos necessários para a avaliar, como o caso dos principiantes que começam a dar os primeiros passos no estudo da alquimia, inevitavelmente ficará com uma ideia errada de quais são as matérias usadas nas diferentes vias alquímicas e, bem assim, do modus operandi.

Não só nos referimos às matérias que, só por si, são a parte mais importante numa obra alquímica, mas também no que respeita às vias que os alquimistas mais conhecidos seguiram.

Não estamos nos séculos XVII e XVIII quando escrever livros sobre alquimia estava na moda, escondendo-se os seus autores sob um pseudónimo que ninguém conhecia. Exemplo disso, são a grande quantidade de livros escritos nessa época com títulos muito atractivos. O seu conteúdo porém, é vazio de ensinamentos, sendo, por isso, dinheiro deitado fora para quem os adquirir.

Actualmente, escrever um livro sobre alquimia sob um pseudónimo conhecido, implica mais responsabilidade do seu autor, pois um leitor esclarecido ao comparar o que lê com as obras originais, apercebe-se facilmente de quaisquer imprecisões, não acontecendo o mesmo com quem comece a dar os primeiros passos na aprendizagem ou estudo da Arte Hermética que não terá dúvidas em acreditar no que lê, partindo do princípio que quem escreve um livro sobre alquimia sabe certamente, do está a falar.

Porém, infelizmente nem sempre tal acontece e, por vezes, há certos autores modernos que se ficam por uns quantos pressupostos, textos amputados no essencial e descrições dúbias não fundamentadas nos textos originais.

Depois desta curta introdução, vamos mencionar quais são as principais vias alquímicas praticadas pelos nossos grandes Mestres, clássicos e contemporâneos bem como as matérias nelas empregadas.

Via Seca. A matéria da via seca por excelência é a estibina ou antimónio. Os antigos alquimistas para distinguir o minério, do antimónio metálico, chamavam régulo a este último. Por isso, quando nos referirmos ao antimónio queremos designar o antimónio mineral, ou seja, a estibina.

Alguns artistas afirmam que a via seca é feita a partir do vidro de antimónio. Não somos da mesma opinião porque esta afirmação não tem consistência e só quem não conhecer a obra magistral de Basílio Valentim Le Char Triomphal de L’Antimoine, Retz, Paris, 1977, poderá fazer semelhante afirmação.

O vidro de antimónio cuja preparação está minuciosamente descrita na página 163 deste livro, além de servir para fazer a pedra de fogo, é também utilizado para preparar a tintura de antimónio. A preparação da pedra de fogo nada tem a ver, nem de longe, com a via seca do antimónio e trata-se apenas de um “particular”.

Vejamos, então, o porquê da nossa discordância. Do vidro deste mineral não se extrai o mercúrio de antimónio porque o mercúrio deste mineral é o régulo marcial estrelado altamente purificado.

A preparação do vidro de antimónio não é tão simplista como colocar o antimónio pulverizado num cadinho, fundi-lo e assim convertê-lo em vidro!

A preparação do vidro de antimónio canónico requer experiência e não se conseguirá um vidro canónico a não ser vendo e praticando. E para que não restem dúvidas quanto à nossa discordância vamos descrever-vos a sua preparação canónica.

Em primeiro reduz-se a estibina a pó muito fino e depois passa-se por uma peneira de 60 linhas por centímetro. O mineral em pó muito fino é calcinado a fogo forte num recipiente de ferro ou de barro refractário para lhe extrair todo o enxofre químico. Só depois desta operação é que esse óxido é fundido num cadinho de barro refractário com a respectiva tampa, num forno a gás com calor muito forte.

Depois de bem fundido é vazado em cima de uma placa de cobre ou por cima de uma pedra mármore. Se o vidro for bem preparado, operação esta que não está ao alcance de qualquer um, ele terá uma cor vermelho vivo à transparência frente a uma luz forte como a luz solar. Já preparámos alguns quilogramas de vidro de antimónio, por isso podemos descrever a sua preparação com conhecimento de causa.


Vidro de antimónio

O vidro de antimónio é solúvel em espírito de vinagre com o qual se pode extrair a sua tintura.

Por isso o ele não é a matéria prima da via seca mas sim a matéria para a preparação da pedra de fogo e, ao contrário do que alguns artistas afirmam, com ela se podem fazer transmutações tal como o Mestre diz na pagina 237 do mesmo livro:

«Tendo portanto proposto que do antimónio se pode preparar a pedra de fogo, e tendo dito que esta pedra cura não somente os homens, como também os metais, de algumas doenças particulares..»

E na página 238:

«A tintura desta pedra de fogo não é universal como a dos filósofos, a qual se prepara da essência do sol e menos ainda de todas as outras pedras.»

E para finalizar na página 249: «Numa palavra, esta pedra, como tintura particular, transmuta todos os metais em ouro muito puro e melhor que o das minas do Perú. É um remédio para todas as doenças às quais o homem pode estar sujeito…»

Resumindo. A pedra de fogo é “uma pedra” transmutativa resultante de um “particular” feito pela via seca e húmida como o mestre refere e não é via seca do antimónio.

Por isso, a afirmação de que a via seca do antimónio é feita do seu vidro, alquimicamente não tem consistência e poderá inclusivamente, induzir em erro quem não conhecer a Arte.

A via seca propriamente dita é feita com a estibina tal como ela é descrita pormenorizadamente por Eugène Canseliet no seu livro L’Alchime Expliquee Sur Ses Textes Classiques, Jean-Jacques Pauvert, Paris, 1972.

Mas quem foi, afinal, Engène Canseliet? Canseliet foi discípulo de Fulcanelli que era o pseudónimo do pintor Jean-Julien Champagne.


Jean-Julien Champagne

As Mansões Filosofais, foram escritas for Jean-Julien Champagne com os elementos obtidos dos arquivos de Pierre Dujols que, além de ser livreiro, era alquimista e tinha um discípulo que trabalhava com ele no laboratório.

Pierre Dujols foi um erudito e o autor dos primeiros comentários ao Mutus Liber, sob o pseudónimo Magophon.

O livro As Mansões Filosofais foi publicado por Eugène Canseliet como sendo do seu mestre Fulcanelli. Se Canseliet fez a via seca do antimónio e era discípulo de Fulcanelli para quem trabalhava, é mais que óbvio que a via do seu Mestre seria também a via seca. Fulcanelli dévoilé, Geneviève Dubois, Editions Dervy, Paris, 1992.

Além desta via, os autores (Champagne e Dujols) descrevem outras vias num amálgama ta, que é quase impossível a quem não tenha experiência alquímica distinguir quando se referem à via seca ou à via húmida. Isto é motivado porque as descrições que fizeram não têm sequência.

Há artistas que dizem que Fulcanelli não se refere à via seca do antimónio nem o descreve, dizendo que ele próprio o afirma. Não estamos de acordo com esta asserção porque no nosso entender não tem fundamento e, como é nosso hábito, para que não haja dúvidas, vamos fundamentá-la.

Vejamos, então, a descrição pormenorizada que Fulcanelli faz do sujeito mineral da via seca nas Mansões Filosofais, Edições 70, Lisboa, 1977, páginas 142 e 143, que ele fez e ensinou ao seu discípulo Eugène Canseliet.

«Todos os minerais, pela via hermética, lhe prestaram a homenagem do seu nome. Chama-se-lhe ainda dragão negro coberto de escamas, serpente venenosa, filha se Saturno, e – a mais amada de seus filhos -. Esta substância primária viu a sua evolução interrompida por interposição e penetração dum enxofre infecto e combustível, que empasta o seu mercúrio, o retém e o coagula. E, se bem que seja inteiramente volátil, este mercúrio primitivo, corporificado sob a acção secativa do enxofre arsenical, toma um aspecto de uma massa negra, densa, fibrosa, quebradiça, friável, cuja pouca utilidade a torna vil, abjecta e desprezível aos olhos dos homens. Nesse sujeito – parente pobre da família dos metais -, o artista esclarecido encontra não obstante aquilo que necessita para começar e perfazer a sua grande tarefa, visto que entra, dizem os autores, no começo, no meio e no final da Obra.»

«É a razão pela qual eles representaram a sua matéria no seu primeiro ser pela figura do mundo, que continha em si os materiais no nosso globo hermético, ou microcosmo, reunidos sem ordem, sem forma, sem ritmo nem medida.»

Vejamos, então, o significado desta descrição:

«Todos os minerais, pela via hermética, lhe prestaram a homenagem do seu nome.»

Quem conhecer bem o livro de Basil Valentim Le Char Triunphal de L’Antimoine, verá que na página 64, Frontespice du «Char triomphal de l’antimoine» uma imagem onde os “planetas” alquímicos (metais ou minerais) representados simbolicamente, Saturno, Marte, Vénus, Mercúrio e Lua, puxam um carro conduzido por Vulcano que transporta o antimónio representado por uma dama que tem no seu ventre o símbolo espagírico do antimónio, ou seja um globo crucífero, prestando-lhe assim homenagem.

«Chama-se-lhe ainda dragão negro coberto de escamas, serpente venenosa, filha se Saturno…»

Alguns dos nomes porque é conhecido o antimónio é: Dragão negro, Lobo cinzento e, principalmente, filho de Saturno.

Na Tabla Redonda de los Alquimistas de Manuel Algora Corbi, Luis Carcamo, editor, Madrid, 1980, La Medula de la Alquimia, de Ireneu Filaleto, página 307, pode ler-se:

«A substância que tomamos primeiro é um mineral familiar ao mercúrio que coze na terra um enxofre cru; vil à vista mas glorioso internamente, o filho de Saturno, que mais necessitas? Concebe-o correctamente pois é a nossa primeira porta.»

«É cor de sable com veios prateados que aparecem entremeados com o corpo cujo matiz cintilante o mancha um enxofre inato. É todo volátil e nada fixo, mas tomado na sua crueza nativa purga toda a superfluidade do Sol.»

As características atribuídas por Fulcanelli ao antimónio estão confirmadas neste texto.


Dragão negro

O nosso mineral, sendo filho de Saturno, tem características muito semelhantes às do seu progenitor. É cor de sable (sable em heráldica, corresponde ao negro) com veios prateados e o seu brilho é manchado por um enxofre inato. É todo volátil e purga todas as superfluidades do Sol. É fibroso, quebradiço, e naquele tempo era de pouca utilidade a não ser na medicina.

Isto significa na linguagem actual que é um mineral de cor negra com veios prateados, volátil, friável, cujo brilho é manchado por um enxofre químico inato e que purga todas as superfluidades do Sol ou ouro.

Estas características físico químicas correspondem exactamente às do antimónio que, como sabemos, é um sulfureto. Era pois, com o antimónio, que os antigos alquimistas purificavam o Sol ou ouro como se pode ver na Primeira Chave de Basílio Valentim.

«É a razão pela qual eles representaram a sua matéria no seu primeiro ser pela figura do mundo, que continha em si os materiais no nosso globo hermético, ou microcosmo, reunidos sem ordem, sem forma, sem ritmo nem medida.»

Na Primeira Lâmina do livro Speculum Veritatis, que significa Espelho da Verdade, Filaleto descreve simbolicamente a Primeira Obra da sua via, isto é, a preparação do régulo marcial que explicamos detalhadamente na nossa URL Terravista e no nosso livro A Grande Obra Alquímica, Hugin Editores, Lisboa, 1997. Vereis aí um personagem coxo e com perna de pau, representando simbolicamente Vulcano, a entregar a dois anciãos (alquimistas) um globo crucífero que é o símbolo espagírico do antimónio como qualquer alquimista experiente sabe. Mas como este globo tem uma estrela no centro, representará, por isso, o régulo marcial estrelado.

E se alguma analogia se quiser fazer com a palavra “espelho”, parti o régulo marcial estrelado transversalmente depois das purificações mercuriais e verificareis que ele cristaliza em lâminas semelhantes às da mica, tão brilhantes como a melhor prata polida e como um espelho. Daí que muitos artistas lhe chamem “espelho da Arte”.

Mas não nos limitaremos apenas a estes textos para vos demonstrarmos que Fulcanelli descreve inequivocamente o antimónio.

No livro Oeuvres – Nicolau Flamel, Le Courier du Livre, Paris, 1989, página 1996, diz:

«Procurarás, em primeiro lugar, tomar o primogénito de Saturno que nada tem que ver com o vulgar, nove partes do sabre de aço do Deus guerreiro, 4 partes.»

Filaleto na Entrada ao Palácio Fechado do Rei, Capítulo XI, Da Invenção do Perfeito Magistério, nº. VII, diz:

«Então, interessaram-se por um filho de Saturno, e experimentaram a sua acção sobre o ouro; e como tinha a força de desembaraçar o ouro das suas impurezas …»

Flamel refere-se ao antimónio que, juntamente com o Deus guerreiro Marte e os sais idóneos, fará o régulo marcial para começar a sua obra tal como na via dos amalgamas de Filaleto.

Afinal, de que nos fala Fulcanelli? Pelo que descrevemos, podereis ver que o Mestre fala, exactamente, do antimónio.

A preparação do régulo de antimónio não é assim tão simplista como fundi-lo com um calor apropriado e vazá-lo depois num molde ou lingoteira, como alguns artistas dizem.

Isto, sob o ponto de vista alquímico, é como dizer que, um automóvel se faz com quatro rodas e pouco mais!

Uma afirmação destas demonstra desconhecimento dos escritos do século XVII, como o Traité de la Chymie, Chistophle Glaser, Paris, 1663, página 174, onde a preparação do régulo de antimónio marcial é descrita pormenorizadamente. Também Lemery no seu Cours de Chymie, Paris, M.DCC.LVI, na página 272, descreve a preparação do régulo marcial!

O régulo marcial estrelado não se realiza simplesmente pela fusão do antimónio e depois vazado num molde de aço inoxidável.

Para fazer um bom régulo marcial de antimónio canónico é necessário um forno adequado a gás, onde se obtenha uma temperatura cerca dos mil graus, um bom sujeito mineral e o seu acólito metálico Marte, bem como os indispensáveis sais fundentes já para não falar do “toque de mão” necessário, que só um artista experiente o saberá fazer em condições para prosseguir a obra.

A primeira operação preparatória para a via seca é a Assação. Esta operação é desconhecida por muitos e só é feita quando se pretende fazer a obra canónica. Segue-se a Purga que consiste em purgar o mineral da sua ganga silicosa num cadinho de barro refractário no forno que acima referido. A seguir é a Separação que, como o seu nome indica, consiste em separar do antimónio por meio do seu acólito Marte e com os sais idóneos, o seu régulo. Quando o metal se encontrar à temperatura adequada e bem liquefeito é vazado num molde de aço inoxidável. Depois de arrefecido lentamente no molde é separado o Caput como manda a Arte donde será posteriormente extraído o Enxofre filosófico.

Seguem-se as Purificações Mercuriais para purificar o régulo por meio dos sais idóneos até a estrela aparecer e também lhe extrair o Vitríolo ou Leão verde. A seguir são as Águias, ou seja, a sublimação do Enxofre e Mercúrio alquímicos que dará como resultado a Rémora. Por fim esta será cozida com o respectivo sal ou fogo secreto terminando na Pedra Filosofal. Foi aqui que Canseliet falhou devido às más condições “exteriores”.

Régulo marcial

Esta via não demora apenas uns dias. Só um alquimista muito experiente que a tenha visto fazer o conseguirá, pelo menos até às Águias que corresponde à Segunda Obra. Até aqui já nós o fizemos, por isso podemos falar disto baseados na nossa experiência.

É nessa altura que o Artista terá de saber aproveitar a radiação cósmica mostrada na Lâmina Quarta do Mutus Liber bem como a luz polarizada emitida pela Lua desde o seu quarto crescente até ao seu plenilúnio.

Via dos amálgamas. Esta via foi praticada por Filaleto e por Flamel e está descrita na Entrada Aberta ao Palácio Fechado do Rei de Filaleto e no Breviário de Flamel. A via de Alberto o Grande e de Raymundo Lúlio, são também, uma via dos amálgamas mas feita de outra maneira.

O resumo da via de Filaleto está descrita no Capítulo XI, Da Invenção do Perfeito Magistério, que vos sugiro ler com muita atenção.

No nº. X , XI e XIII, diz:

«…o céu permaneceu nublado por um pouco mas depois das abundantes chuvas, reencontrou a sua serenidade.»

«Daqui surgiu um Mercúrio Hermafrodita. Puseram-no sobre o fogo e o coagularam em pouco tempo e na sua coagulação encontraram o Sol e a Lua.»

«Por isto é que aí puseram o Sol; e para sua grande surpresa, o que no Mercúrio era fixo, tornou-se volátil, o corpo duro abrandou-se, e o que era coagulado se encontrou dissolvido, para surpresa da própria natureza.»

Esta parte do texto, na nossa opinião, descreve a outra versão da via de Filaleto ou seja pela via húmida, não sem que antes tenha sido necessário fazer o régulo marcial para preparar o mercúrio filosófico.

Este mercúrio cozido em vaso fechado per se transforma-se em Sol ou Lua, isto é em Enxofre filosófico que pela adição de novo mercúrio vos permitirá continuar a obra.

Mas em vez de cozer o mercúrio per se para transformá-lo em enxofre, pode juntar-se-lhe o ouro metálico e prosseguir a obra como e Mestre explica.

É isto, em nosso entender o que Filaleto quer expressar nos nº. X a XIII.

Filaleto na Medula da Alquimia, descreve, alegoricamente a preparação do Mercúrio filosófico e a via completa de Filaleto e, não só na Medula da Alquimia, como também num pequeno tratado Experiências.

A preparação do mercúrio filosófico é feita pelo amálgama do régulo marcial tornado régulo Solar ou Lunar, fundindo com ele um destes metais nobres e, só assim, é que será possível fazer o amálgama com o azougue comum. Este amálgama é destilado numa retorta de aço desmontável até sete vezes. Filaleto chama a cada destilação uma “Águia”. Não confundir estas Águias com as descritas na nossa URL no escrito “As Águias”.

Este pequeno tratado Experiências encontra-se no livro La Tabla Redonda de Los Alquimistas, já aqui mencionado, página 299 e também em Português na nossa URL Terravista.

Nós temos os fac-símile dos escritos em Inglês antigo destes dois pequenos tratados que complementam o livro principal de Filaleto A Entrada Aberta ao Palácio Fechado do Rei os quais são preciosos auxiliares para a compreensão da sua obra. Na nossa URL Terravista, encontrareis o texto das Experiências traduzido por nós do original para Português e um escrito sobre a Obra de Filaleto.

Na Obra de Alberto o Grande, O Composto dos Compostos, descrita no livro Siete Textos de Alquimia, Anónimo, Editorial Kier, Buenos Aires, 1978, página 18 a 45 e em Le Composé des Composés, Arché, Milano, embora seja também uma via dos amálgamas, o princípio é diferente e começa pela sublimação do Mercúrio tal como podereis ver também nos textos que se encontram na nossa URL Terravista, Sublimação do Mercúrio, As ÁguiasO Nosso Ouro e bem assim o Composto dos Compostos, traduzido por nós para Português.

Via húmida. A via húmida considerada pelos Mestres como a mais nobre de todas, emprega como matéria prima o cinábrio e o vitríolo. Normalmente as vias húmidas são longas mas a de Kamala Jnana, por incrível que vos pareça, é realizada apenas em 28 dias.


Dragão vermelho

São duas vias completamente distintas. A via do cinábrio é descrita com bastante pormenor no livro Dictionaire de Philosophie Alchimique, par Kamala-Jnana, Éditions, G. Charlet, Argentiére (H.S.) France, 1961. Na nossas URL Terravista, Geocities, e Starmedia, encontreis escritos sobre esta via com os respectivos links para as matérias reais, tanto da matéria prima como do fogo secreto.

Alguns artistas, por esse motivo, tem-nos acusado de excesso de “caridade”, porque é inédito fazê-lo tão claramente e principalmente na Internet internacional em diversos idiomas. Pensamos que não. A via de Kamala Jnana, em princípio, parecer-vos-á de uma simplicidade extrema mas, na prática, temos encontrado dificuldades inultrapassáveis não obstante a nossa a longa experiência em alquimia. E não só a nós, mas também a outros artistas experientes tem acontecido o mesmo. Continuaremos sem desfalecimento conjuntamente com outros irmãos na resolução deste problema.

Outra via húmida muito conhecida é a via do Vitríolo. Esta via está descrita em Le Dernier Testament de Basil Valentim, Retz, Paris, Troisième livre.


Vitríolo natural

No nosso livro A Grande Obra Alquímica, descrevemos esta via com bastante pormenor. Mas para que não vos restem dúvidas quanto à nossa afirmação descrevemos algumas passagens do texto do Mestre, página 234, no que à matéria se refere:

«Ora, neste momento, é preciso que aprendas que tal alma ou enxofre áureo, tal sal e espírito se encontra mais forte e virtuoso em Marte e Vénus e, bem assim, no vitríolo, como também de Marte e Vénus se podem reconduzir como por retrogradação em um vitríolo muito virtuoso e eficaz, no qual vitríolo metálico se encontram agora sob um céu todos os três princípios, a saber, mercúrio, enxofre e sal e, cada um deles se pode particularmente tirar e obter com pouco trabalho e tempo, como entenderás, quando te fizer, presentemente, uma narração sucinta de um vitríolo mineral que se encontra na Hungria, belíssimo e de alto grau.»

E na página 238:

«Quando tiveres encontrado um mineral de uma tal e tão alta graduação que seja limpo e puro, que se chama vitríolo, roga, então a Deus, que te dê inteligência e sabedoria para continuar o teu desígnio. E, depois da sua calcinação, mete-o numa retorta forte e bem cerrada. Fá-lo destilar primeiramente, a fogo moderado, depois, a fogo forte. Destile-se o espírito branco como a neve que sai em forma de uma horrível e medonha exalação ou vento, até que não venha mais e que tudo tenha saído. Observa que neste vento ou espírito branco, estão ocultos e encerrados todos os três princípios…E, por isso, não é absolutamente necessário procurar estes princípios nas coisas preciosas.»

E no final do Troisième livre na página 262, Basile Valentim, invectivando os sopradores, diz: «Oh! Deus eterno! Que pensam ou podem pensar essas pessoas que são cegas e insensatas? Ah! É um trabalho bastante fácil, mesmo para uma criança. Uma coisa provém e procede da outra, tal como do bom trigo se pode cozer facilmente o pão. Mas o mundo é cego e o será até ao fim. Assim, abstenho-me de escrever mais e encomendo-te ao Soberano.»

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