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Cultos Afro-americanos

Tefnut: A Deusa da Umidade

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Por Ícaro Aron Soares.

Tefnut é uma divindade da umidade, do ar úmido, do orvalho e da chuva na religião egípcia antiga. Ela é irmã e consorte do deus do ar Shu e mãe de Geb e Nut.

O nome Tefnut não tem etimologia certa, mas pode ser uma onomatopeia do som de cuspir, como Atum a cospe em algumas versões do mito da criação. Além disso, seu nome era escrito como uma boca cuspindo em textos posteriores. Como a maioria das divindades egípcias, incluindo seu irmão, Tefnut não possui um ideograma ou símbolo único.

MITOS:

Tefnut é filha da divindade solar Rá-Atum. Casada com seu irmão gêmeo Shu, ela é mãe de Nut, a Deusa-Céu, e de Geb, o Deus-Terra. Os netos de Tefnut eram Osíris, Ísis, Set, Néftis e, em algumas versões, Hórus, o Velho. Ela também era bisavó de Hórus, o Jovem. Ao lado do pai, irmão, filhos, netos e bisneto, ela é membra da Enéada de Heliópolis.

Existem várias variantes do mito da criação dos gêmeos Tefnut e Shu. Em todas as versões, Tefnut é o produto da partenogênese e todas envolvem alguma variedade de fluido corporal.

No mito da criação de Heliópolis, Atum espirrou para produzir Tefnut e Shu. O Texto da Pirâmide 527 diz: “Atum foi criativo ao espirrar enquanto estava em Heliópolis. E irmão e irmã nasceram – isto é, Shu e Tefnut.”

Em algumas versões desse mito, Atum também cospe sua saliva, que forma o ato de procriação. Esta versão contém um jogo de palavras, o som ‘tef’ que forma a primeira sílaba do nome Tefnut também constitui uma palavra que significa “cuspir” ou “expectorar”.

Os Textos dos Sarcófagos contêm referências a Shu sendo espirrado por Atum pelo nariz e Tefnut sendo cuspida como saliva. O Papiro Bremner-Rind e a Teologia de Mênfis descrevem Atum espirrando saliva para formar os gêmeos.

OS ASPECTOS DE TEFNUT:

Tefnut é uma divindade leonina e aparece como uma mulher com cabeça de leoa quando retratada como parte da Grande Enéada de Heliópolis. A outra representação frequente é a de uma leoa, mas Tefnut também pode ser retratada como totalmente humana. Em sua forma total ou semi-antropomórfica, ela é retratada usando uma peruca, encimada por uma serpente uraeus ou por um uraeus e um disco solar, e às vezes é retratada como uma serpente com cabeça de leão. Seu rosto às vezes é usado em forma de duas cabeças com o de seu irmão Shu em contrapesos de colares.

Durante as 18ª e 19ª Dinastias, particularmente durante o Período Amarna, Tefnut era retratada em forma humana usando um cocar baixo e achatado, coberto com brotos de plantas. A mãe de Akhenaton, Tiye, era retratada usando um cocar semelhante e identificando-se com Hathor-Tefnut. A icônica coroa azul de Nefertiti é considerada pela arqueóloga Joyce Tyldesley como derivada do cocar de Tiye e pode indicar que ela também estava se identificando com Tefnut.

CENTROS DE CULTO:

Heliópolis e Leontópolis (agora el el-Muqdam) eram os principais centros de culto. Em Heliópolis, Tefnut foi um dos membros da grande Enéada daquela cidade, e é referido em relação à purificação do wabet (sacerdote) como parte do rito do templo. Aqui ela tinha um santuário chamado Menset Menor.

“Eu ascendi até você
com o Grande atrás de mim
e [minha] pureza diante de mim:
Passei por Tefnut,
mesmo enquanto Tefnut estava me purificando,
e de fato eu sou um sacerdote, filho de um sacerdote neste templo”.

— Papiro Berlim 3055.

Em Karnak, Tefnut fazia parte da Enéada e era invocada em orações pela saúde e bem-estar do faraó.

Ela era adorada com Shu como um par de leões em Leontópolis, no Delta do Nilo.

MITOLOGIA:

Tefnut estava ligada a outras deusas leoninas como o Olho de Rá. Como leoa, ela podia exibir um aspecto irado e diz-se que fugiu furiosa para a Núbia, com ciúmes da adoração superior de seus netos. Somente após receber o título de “honorável” de Thoth ela retornou. Nos Textos das Pirâmides anteriores, diz-se que ela produz águas puras de sua vagina.

Como Shu separou à força seu filho Geb de sua irmã-esposa Nut, Geb desafiou seu pai Shu, fazendo com que este se retirasse do mundo. Geb, que estava apaixonado por sua mãe Tefnut, a toma como sua principal rainha-consorte.

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