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Por Kenneth Grant, Nightside of Eden, Capítulo III.
SEGUNDO A sabedoria oculta a Consciência Cósmica se manifesta na humanidade como sensibilidade que se concentra em um centro individualizado de consciência e divide-se em sujeito e objeto. O sujeito se identifica com o princípio consciente como ego, e o objeto é o seu mecanismo de consciência. Esta identificação de consciência com ego é ilusória e portanto o Princípio de Consciência é velado. [68] O ego se imagina como sendo uma entidade distinta dos objetos que ele sente e, ao invés de pura sensação, audição, visão, gustação, conhecimento, existe a falsa suposição que ‘eu sinto’, ‘eu ouço’, ‘eu vejo’, ‘eu experimento’, ‘eu conheço’. É assim que o mundo fenomenal (o mundo das aparências) é representado para nós como Malkuth. O processo inteiro, de Kether a Malkuth, é o de coberturas sucessivas acompanhado de uma perda crescente de consciência do Princípio de Consciência, sendo o pleno propósito da encarnação a ‘redenção’ e reintegração do Princípio perdido.
Budistas e Advaitas consideram estes véus como totalmente ilusórios, ao passo que outros os consideram como modificações do Princípio original. Sob quaisquer pontos de vista em que estes sejam considerados o problema continua inalterado: como resolver o perpétuo jogo de esconde esconde [69] que Kether joga através dos véus primários de sujeito e objeto (Chokmah e Binah), sendo o nexo deste localizado em Daäth. A causa do mistério, glamour, ou ignorância como os Budistas o chamam, é a identificação inicial e mal entendida do Self com seus objetos. Isto é causado principalmente pelo fato que, como os Qabalistas reivindicam, “Kether está em Malkuth e Malkuth está em Kether, porém de uma maneira diferente’. A presença de Kether em Malkuth [70] cria uma ilusão de realidade em todos os objetos. Este glamour engendra sensibilidade a qual desnorteia e submerge o Self em ilusão. Srí Ramakrishna compôs e cantou muitos hinos de transcendente beleza à sua ‘Maya encantadora do mundo’ ou jogo mágico de glamour e ilusão gerada nos sentidos da humanidade que confunde o irreal com o Real.
Kether é o foco da Consciência Cósmica, e a sua primeira manifestação é Luz [71]. O Ain, que é sua fonte, não é Escuridão mas a Ausência de Luz, e portanto a verdadeira essência da Luz. Kether é o ponto infinitesimal no espaço-tempo no qual a Ausência de Luz se torna sua Presença ao virar o Vazio (Ain) no avesso (de dentro para fora). Kether, e a Árvore da Vida resultante, podem portanto ser concebidos como o interior do Vazio [se] manifestando em Espaço, que é o mênstruo da Luz.
No microcosmo esta Luz se manifesta como a luz da consciência que ilumina a forma. Ela é a luz pela qual, e na qual, um pensamento pode ser visualizado na escuridão da mente; como os sonhos aparecem na escuridão do sono. Na esfera celestial, a consciência se manifesta como luz física, o sol. No reino mineral ela se manifesta como ouro. Biológicamente considerada ela é o falo que perpetua a semente de luz (consciência) no reino animal. Estas luzes são Uma Luz (Kether) e elas provém de uma infinita ausência de luz (Ain). Ao se derramar através de Kether ela é dividida em três raios que formam os três ramos supernos da Árvore. Estes possuem três pylons (portais_?): Chokmah, Daäth, e Binah, assim concentrando 16 kalas [72] que, com seu reflexo no mundo da anti-matéria (o Ain) constituem os 32 Caminhos ou Kalas da Árvore da Vida.
Escuridão é ausência de luz, uma ausência que torna possível a presença de tudo que parece ser. Não-ser, cujo símbolo é a escuridão, é a fonte do Ser, e entre estes dois terminais existe uma solution de continuité (solução de continuidade) representada pelo Abismo que separa o mundo numênico de Kether, com seus terminais gêmeos, [73] do mundo fenomenal de Malkuth. O ponto exato de discontinuité (descontinuidade) é marcado pelo Pylon de Daäth no meio do Abismo. Daäth é conhecimento do mundo fenomenal refletida para baixo através dos Túneis de Set na parte posterior da Árvore. Este conhecimento, ou Daäth, é a morte do Self. Ele representa o estágio primário no qual as mortalhas são tecidas em volta da múmia que entra em Amenta no Deserto de Set. Ele aparece na frente da Árvore como a semelhança aparentemente viva do ego com o qual ele se identifica em sua descida gradual para dentro da matéria (Malkuth). Seu despertar para a consciência mundana é em realidade um sono e uma morte dos quais o Princípio de Consciência original pode ser salvo apenas atravessando os Caminhos de Amenta em reverso. Esta jornada para trás através dos Túneis de Set começa no Tuat, a passagem preliminar ou 32o Caminho que conduz de volta de Malkuth (consciência mundana) até as esferas astrais de Yesod.
As tradições orientais tem tipificado esta descida de Consciência nos termos dos três estados de consciência sushupti (sono), svapna (sonho), e jagrat (vigília), e sua reintegração em um quarto estado – turiya – que não é realmente um estado definitivamente, mas o substrato dos outros três e o único elemento real naqueles três. Turiya se iguala com Kether (Consciência Indiferenciada), Sushupti se iguala com Daäth, Svapna com Yesod, e Jagrat com Malkuth. Este esquema se iguala à doutrina cabalista: O estado de sono profundo e sem sonhos (sushupti) é um estado no qual a mente não está consciente do universo objetivo ou fenomenal. Ele é vazio no sentido em que está isento de pensamento (imagens), e escuro no sentido em que dentro deste a luz está ausente. Sushupti funde-se em Svapna, o estado de objetividade subjetiva, ou sonho, porque Kether cria no vazio de Sushupti uma tensão que se manifesta como vibração. Esta tensão é refletida no mundo dos sonhos (Yesod) como sensibilidade latente nas zonas de poder micro cósmicas (chakras) nos quais ela assume formas elementais de éter, fogo, ar, água, e terra. Em outras palavras, esta vibração se manifesta como os seis sentidos que, por sua vez, são projetados como fenômenos objetivos no estado de vigília (jagrat; Malkuth). Desta maneira um estado ou mundo de consciência funde-se em outro. Similarmente, um estado ou nível de Consciência Cósmica se desenvolve e evolui em outro até que o Princípio de Consciência original seja objetivado com densidade crescente. Desta maneira o mundo do ‘nome e forma’ parece ao ego (o pseudo sujeito) como ‘realidade’, enquanto que no fato real a Realidade se retira enquanto o Princípio de Consciência retrocede e retorna ao ponto de sua ausência original.
Daäth como [sendo] o ego é a sombra-shakti ou poder ocultador de Kether no momento ultra rápido (como o raio) de sua bifurcação em Chokmah (sujeito) e Binah (objeto). O ego é uma sombra, mas ele é a sombra da realidade. É impossível expressar este conceito na linguagem da dualidade. Realidade é Não-Ser, e o ego é o reflexo ou reverso da Realidade nas águas do Abismo; mas a imagem não está apenas revertida, ela está também invertida. [74] Nos termos da Tradição Draconiana o ego é a miragem que aparece no Deserto de Set.
A exaltação do ego em Daäth e sua reivindicação em ser a Coroa [75] é a blasfêmia contra a divindade, e aqueles que estabeleceram este falso ídolo tem sido chamados de Irmãos Negros (Black Brothers). Por este ato eles banem a si mesmos para o Deserto de Set pela duração de um aeon; ou, se profundamente comprometidos com a hierarquia inversa, eles podem manter esta soberania de sombra durante ‘um aeon e um aeon e um aeon’, um kalpa inteiro ou Grande Ciclo de Tempo. O falso rei dura até que o kalpa seja eliminado por um Mahapralaya. [76] Contudo, tais Irmãos Negros não devem ser confundidos com os Irmãos Negros cujo ídolo não é o ego mas um certo Chefe secreto de uma hierarquia verdadeiramente inversa que resume todos os 777 [77] caminhos na parte posterior da Árvore. Eliphas Lévi indicou esta hierarquia em termos de ‘magia negra’ e do Chefe Bafomético iluminado com o enxofre do inferno e adorado pelos Templários. Outra Adepta que teve um breve vislumbre desta Hierarquia Negativa foi H.P.Blavatsky, embora sua imensa luta para retirar através do véu algum fragmento(?) de seus negros mistérios resultou apenas na confusão volumosa de suas duas obras monumentais. [78] Talvez a Ísis que ela buscou desvelar não fosse a Ísis da natureza manifesta na matéria, mas a Nova Ísis do Não Natural, da antimatéria, com seus vazios do ser e buracos negros no espaço. Antes de explorar os Túneis de Set temos que estabelecer o fato de que os mistérios do Não Ser, embora não interpretados nos tempos antigos no modo pelo qual nós os interpretamos hoje, foram não obstante considerados como possuindo um significado que era tanto vital como ameaçador. Isso é o mais surpreendente uma vez que é apenas dentro dos cinqüenta anos passados ou mais que estes assuntos obscuros tem sido iluminados através de descobertas surpreendentes nos campos da física nuclear e sub-nuclear e psicologia, nenhuma das quais tendo sido demonstrada cientificamente quando a doutrina cabalística estava sendo evoluída.
Ainda assim outro adepto dos tempos recentes, Salvador Dali, sugeriu através das ausências negras que surgem abruptamente em algumas de suas pinturas a doutrina do não-ser, do negativo,do numênico que é a Realidade subjazendo a existência fenomenal. [79]
Embora haja uma solução de continuidade entre os dois mundos – representados pelas partes anterior e posterior da Árvore – existe nada mais do que uma copula, e ela reside em uma função peculiar da sexualidade. Ela não é uma ponte em qualquer sentido positivo, e portanto ela não pode ser descrita, contudo ela pode ser pressagiada através da analogia de um raio brilhando entre eletrodos invisíveis de eletricidade positiva e negativa. As dimensões interiores do não-ser podem ser iluminadas pelo brilho ofuscante liberado pela energia sexual descarregada em conexão com certas técnicas de magia(k) Tifoniana na qual a energia pré- conceitual é capturada pelos mais tênues tentáculos da consciência assim que ela vaza através do véu do vazio a partir do olho transplutônico (Ain) além de Kether.
O Livro de Dzyan, O Livro da Lei, e os Livros Sagrados Thelêmicos, todos os quais tem sido disponibilizados durante o século passado, contém fórmulas mágicas que tem sido utilizada desde tempos imemoriais, mas não existe ainda nenhum comentário adequado à qualquer um deles, pois ambos Blavatsky e Crowley – avançados como eles indubitavelmente eram – estavam limitados por uma atitude basicamente de velho aeon perante o Vazio. Crowley, talvez em virtude de uma identificação consciente com a Corrente Draconiana (através dos mistérios do número 666), tinha compreendido intuitivamente a possibilidade de um anti-Cristo e um anti-Espírito embora ele não pudesse, ao que parece, confrontar a idéia de anti-Logos! Isto é evidenciado pelo horror com que ele se referiu ao Aeon que não possui nenhuma Palavra, um aeon ainda por vir ao qual ele atribui a letra Zain. [80] Apenas um Adepto, que eu saiba, estava atento ao fato de que Crowley não pronunciou uma Palavra, porque, sendo identificado com a Besta ele era incapaz de formulá-la [81]. Mas a reversão à falta de fala e incapacidade bestial de pronunciar uma palavra não explica a falha de Crowley que estava enraizada em sua inabilidade de sondar a dimensão atemporal onde a verdadeira anti-palavra (anti-cristo) verdadeiramente se obteve. [82]
Um exame sobre a versão de Dion Fortune sobre a Doutrina Cósmica revela uma relutância similar, ou talvez uma inabilidade genuína em perceber interiormente (insee_?) a questão a qual é a de que a Magia(k) da Luz (LVX) não se relaciona nem com magia branca nem com magia negra mas com uma corrente oculta que, como Austin Spare corretamente assumiu, vibra nos espaços intermediários [entre os espaços]; nos interstícios, por assim dizer, da ausência de espaço espiritual que existe em um vazio necessariamente atemporal por detrás, ou em algum lugar fora, da Árvore.
Se Daäth, cujo número é onze, [83] for contada junto com as quatro sephiroth remanescentes do Pilar do Meio, [84] o número 37 será obtido. Este é um número primo significando a plena manifestação da corrente mágica simbolizada por Set ou Shaitan. [85]
Aquilo que era conhecido pelos Cabalistas como a Árvore da Morte era de fato o outro lado da Árvore da Vida, e as qliphoth eram forças ‘demoníacas’, os anti-poderes ocultados nos túneis de Set que formavam a rede interior e reflexo reverso dos Caminhos.
O célebre Cabalista Isaac Luria (1534-1572) compôs as seguintes linhas as quais Gershom Scholem [86] descreve como um ‘exorcismo dos “cães insolentes”, os poderes do outro lado’:
Os cães insolentes devem ficar do lado de fora e não podem entrar, Eu chamo o ‘Antigo dos Dias’ à noite até que eles sejam dispersados, Até que sua vontade destrua as ‘conchas’. Ele os lança de volta para dentro de seus abismos, eles devem se esconder profundamente em suas cavernas. [87]
Os cães insolentes são, em um sentido muito especial, ‘os cães da Razão’ (i.e. de Daäth) mencionados em AL, capítulo 2, verso 27. A atribuição do cão aos reinos infernais deriva do Egito onde o chacal ou raposa do deserto é o típico habitante do Abismo, sendo ambos estes animais totens de Set. O simbolismo ilumina o capítulo 2, verso 19: ‘Deve um Deus viver em um cão? Não! mas os mais elevados são de nós . . .’ Cão, que é a palavra Deus ao contrário, indica o Pylon de Daäth através do qual o cão da razão entra no Abismo e ‘perece’. Um deus não deve ‘viver em um cão’, mas os ‘mais elevados são de nós’. O mais elevado é a altura representada pela oitava cabeça da Serpente que habita no Abismo. Os ‘mais elevados são de nós’ implica que existem outros três: a tríada superna ou mais elevada da Árvore, consistindo de Kether, Chokmah e Binah. Junto com o oitavo (ou mais elevado) estes três formam onze. A deusa Nuit (que é Não) proclama no capítulo 1, verso 60: ‘Meu número é 11, como todos os seus números que são de nós’. Estas palavras fornecem a chave para o mistério do Oito e do Três, ou o Um e o Três, [88] pois a Serpente é Uma embora ela tenha oito cabeças. [89] Onze é o número da magia(k), ou ‘energia tendendo à mudança’, e é no pylon de Daäth que esta morte ou modificação mágica ocorre. Daäth é o único ponto na Árvore que dá acesso ao mundo de Nuit (Não). A palavra ‘nós’, em ambos os versos, é cabalisticamente igual a 66 que é o ‘Número Místico das Qliphoth e da Grande Obra’. [90] Então aqui há uma chave para o real significado das Qliphoth que tem iludido cabalistas e ocultistas do mesmo modo, pois poucos tem sondado a função das qliphoth com relação à Grande Obra. Entretanto quando se percebe que o ‘mundo das conchas’ é formado pelo lado reverso da Árvore é possível compreender porque ele tem sido considerado como inteiramente maligno.
As qliphoth não são apenas as conchas dos ‘mortos’ mas, de forma mais importante elas são as anti-forças por trás da Árvore e o substrato negativo que subjaz toda vida positiva. Como no caso do Livro dos Mortos egípcio, cujo título significa seu oposto preciso, [91] assim também a Árvore da Morte judaica é a fonte numênica da existência fenomenal. É a última que é falsa pois o mundo fenomenal é o mundo das aparências, como seu nome implica. A fonte numênica por si É, porque ela NÃO é. Uma vez que esta verdade seja compreendida torna-se evidente que os antigos mitos sobre o mal, com sua demoníaca e terrificante parafernália de morte, inferno, e o Demônio, são sombras distorcidas do Grande Vazio (o Ain) que persistentemente assombra a mente humana. Estes mistérios são explicados em termos cabalísticos pelo número 66 que é a soma da série de números de um a onze. 66 é o número da palavra LVL que significa ‘torcer’ ou ‘circundar’(o outro lado da Árvore). Como já foi notado, a humanidade está ‘reservada a fazer um giro ao redor das costas da Árvore’ durante o Aeon de Zain. Este é o Aeon que não possuirá nenhuma Palavra porque este é o Aeon do anti-logos que será vivido no reino do cão, o que é um modo simbólico de denotar as costas da Árvore. Além do mais, Zain está conectado com o simbolismo ‘gêmeo’ de Gemini, e uma espada denotou a mulher, ou o que parte em dois (?), como mostrado na oitava chave do Taro. Esta chave também contém a fórmula do Amor através da polarização, pois no Aeon de Zain a humanidade terá transcendido as ilusões de tempo e espaço, tendo compreendido a base numênica da consciência fenomenal.
Segundo a tradição oculta o homem alcançará a iniciação final pelo Fogo antes do fechamento ou retirada final do presente Mahakalpa. [92] Sessenta e seis é também o número de DNHBH, o nome de uma Cidade de Edom que é a sombra da Cidade das Pirâmides (Binah, ) no Deserto de Set (). Seu pylon, Daäth, é o santuário daquele Chefe Secreto (o Oitavo) que os Templários adoravam sob a imagem de Baphomet, o Deus do Nome Óctuplo, Octinomos. Crowley assumiu a forma-deus de Baphomet como ‘Chefe’ da O.T.O. [93] Oito mais três (a Tríada Superna) constitui o Sagrado Onze: o número daqueles ‘que são de nós’. ‘Nós’ (66) é também o número de ALHIK que é interpretado em Deuteronômio, iv, 24, como ‘O Senhor teu Deus (é um fogo que consome)’. Pode ser demonstrado que este fogo é a Serpente de Fogo ou Corrente Ofidiana. 66 é o número de Gilgal (GLGL) ‘uma roda’ ou ‘espiral’ e é instrutivo notar que a tradição hindu dos chakras, ou rodas de força, confirma a interpretação egípcio-caldaica dos mistérios de Daäth.
Se um diagrama da Árvore da Vida for superposto de ponta cabeça sobre uma forma correta desta, vários fatos significativos virão à tona. Tiphareth permanece central, o pivô ao redor do qual nós giramos a Árvore invertida; mas ao invés do Fogo Branco do Sol nós agora temos o Fogo Negro de sua anti-imagem; e Kether se tornou Malkuth como se para ilustrar, literalmente, o texto ‘Kether está em Malkuth e Malkuth está em Kether, mas de uma maneira diferente’. Esta ‘maneira diferente’ se refere à um modo mágico associado com a fórmula do cão que, segundo meu conhecimento, foi indicada apenas em um exemplo – a saber: no Liber Trigrammaton. [94] Este livro é descrito por Crowley como um informe sobre o processo cósmico correspondente às stanzas de Dzyan em outro sistema’. [95] Finalmente, porém mais significativamente, Yesod agora cobre Daäth. Yesod é o assento das forças sexuais e do aspecto mais denso das energias eletromagnéticas da Serpente de Fogo. Ele é a morada de Shakti e o local ou centro especial de culto dos devotos de Shaitan (Set) entre os Yezidis. [96] Daäth potencializada por Yesod se torna portanto a Palavra energizada, o linga ao invés da língua, pois Daäth se equaciona com o Visuddha Chakra, como Yesod se equaciona com o Muladhara. [97] A ligação entre linguagem, [98] representada pela Palavra (Visuddha Chakra) e o linga, representado pelo Muladhara, é óbvia porque o Logos é a forma assumida pelo linga quando ele pronuncia sua Palavra suprema. [99]
A característica peculiar de Daäth sózinha é que as condições de iniciação obtidas nesta esfera requerem a total desintegração da Palavra. Em outras palavras: O Muladhara encontra seu anti-estado em Daäth, e a Palavra permanece não pronunciada. Isto em si mesmo inicia o Aeon de Zayin, que é um aeon subjetivo que começa se e quando um Adepto salta os vazios por trás da Árvore. Esta é a Grande Obra implicada pela fórmula de viparita como tipificada pelo reverso da Árvore.
Notas:
68 Isso é descrito no Liber LXV (verso 56, capítulo IV) como o ‘Erro do Início’. Esta é a falha essencial notada pelos Árabes, a ‘Queda’ original.
69 No Hinduísmo, este Jogo é descrito como um ‘Lila’ que tem sido traduzido como ‘esporte divino’, ‘máscara’ ou a eterna Dança de Shiva e Shakti. Esta ilusão básica mais tarde fez surgir o conceito de ‘pecado original’ que foi pervertido pelos cristãos se tornando uma doutrina de importância moral.
70 i.e. Consciência ou Sujeito em todos os objetos.
71 A LVX ou Luz da Gnose.
72 O número de Chokmah é 2; o de Daäth, 11; e Binah é 3; 16 kalas no total.
73 Chokmah (sujeito) e Binah (objeto).
74 Vide o Grande Símbolo de Salomão; figura 1 em Magia Transcendental de Eliphas Lévi.
75 Um título de Kether.
76 Literalmente, Grande Dissolução. O retrocesso para dentro do Vazio [por parte] do Universo após sua manifestação na matéria. Um Mahapralaya ocorre após cada sete fases de existência manifesta. Vide Aleister Crowley e o Deus Oculto, capítulo 4.
77 O número total de Caminhos e Sephiroth da Árvore da Vida.
78 Ísis Sem Véu e A Doutrina Secreta. Estas obras estão repletas com alusões à mistérios que são iluminados pela Tradição Draconiana e são explicadas no presente volume.
79 Vide em particular a pintura entitulada ‘Acomodação dos Desejos’, reproduzida em A Vida Secreta de Salvador Dali, e em outros lugares.
80 Vide capítulo anterior.
81 O adepto em questão era Charles Stansfeld Jones (1886-1950), conhecido como Frater Achad. Vide Cultos da Sombra, capítulo 8.
82 Frater Achad, com sua fórmula de reversão e negação, parece ter chegado mais próximo do verdadeiro significado de AL do que o próprio Crowley, pois os comentários de Crowley revelam uma abordagem consistentemente positiva e consequentemente fenomenal ao seu significado.
83 Daäth é 11 e 20, e portanto 31, AL, a Palavra Chave do Aeon de Hórus. 84 10 + 9 + 6 + 11 + 1 = 37.
85 Três, o número de Set ou Saturno, multiplicado por 37 resulta em 111 que é o número de Samael (Satã), Pan, e Baphomet.
86 A Kabbalah e seu Simbolismo (Routledge, 1965).
87 Velho dos Dias’, usualmente traduzido como ‘Antigo dos Dias’, é um título de Kether. As ‘Conchas’ são as qliphoth.
88 Existe um mistério maior aqui que concerne a letra de fogo – Shin. De acordo com o Sefer há-Temunah esta letra em sua forma completa possui quatro, não três, línguas. Scholem observa (ibid, pagina 81) ‘Em nosso aeon esta letra não é manifestada e portanto não ocorre em nosso Torah’. Também, ‘Todo aspecto negativo está conectado com esta letra ausente’. Shin, é a tripla língua de fogo, e a letra de Set ou Shaitan, também de Chozzar o deus da Magia(k) Atlante, e de Choronzon, a Besta do Abismo.
89 Hadit diz no capítulo 2, verso 30: ‘Eu sou oito, e um em oito’.
90 Liber D. (Vide O Equinócio, volume I, No.8).
91 i.e. O Livro dos Sempre Imortais.
92 Fogo = a chama de 3 línguas representada pela letra Shin. Segundo Crowley (Diário Mágico, p.144) ‘Shin é o Fogo de Pralaya, o “Juízo Final” ‘.
93 Ordo Templi Orientis, A Ordem do Templo do Oriente, da qual Crowley foi em uma ocasião o Grão Mestre.
94 Vide Os Comentários Mágicos e Filosóficos sobre o Livro da Lei. (Ed.Symonds and Grant; 93 Publishing, Montreal, 1974).
95 A referência é ao sistema exposto por H.P.Blavatsky.
96 Vide a Trilogia Tifoniana (Grant/Muller, 1972-75) para um informe completo sobre esta zona de poder.
97 As regiões da garganta e dos genitais respectivamente.
98 Mais corretamente, langage, no sentido de uma língua sagrada.
99 i.e. no momento do orgasmo.
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Revisão final: Ícaro Aron Soares.
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