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JACOB BOEHME
Traduzido e editado por Anônimo
DIÁLOGOS ENTRE UM MESTRE
E SEU DISCÍPULO SOBRE A VIDA ALÉM DOS SENTIDOS
Prefácio
É com grande prazer que apresentamos esta tradução do livro “A Vida Suprassensorial” do renomado filósofo e místico cristão Jacob Boehme. Nesta obra, Boehme nos conduz a uma jornada fascinante em direção à compreensão da vida além dos limites da experiência sensorial, levando-nos a explorar os mistérios do mundo espiritual e da conexão profunda com o divino.
Jacob Boehme, um sapateiro autodidata do século XVII, emergiu como uma das figuras mais influentes do movimento místico cristão. Sua sabedoria transcendental e suas visões profundas do universo e da natureza humana conquistaram a admiração de pensadores, filósofos e místicos de todas as épocas. Sua obra é um testemunho vivo da busca incessante pela verdade e pelo despertar espiritual.
Nesta tradução, buscamos transmitir a essência e o poder transformador das palavras de Boehme. Com profundo respeito pelo original, empenhamo-nos em capturar a beleza poética, a profundidade filosófica e a sabedoria espiritual que permeiam suas escrituras. Esperamos que esta tradução proporcione aos leitores de língua portuguesa uma experiência enriquecedora e inspiradora.
“A Vida Suprassensorial” convida-nos a transcender as limitações da percepção cotidiana e a mergulhar nas profundezas do nosso Ser, onde encontramos a verdadeira conexão com o divino. Ao explorar temas como a vontade, o poder da mente, a busca pela união com Deus e a natureza do bem e do mal, Boehme desafia nossas concepções convencionais e nos leva a questionar o significado mais profundo da existência.
À medida que avançamos pelas páginas desta obra, somos levados a uma jornada interior, convidados a refletir sobre as complexidades da vida e a explorar as dimensões mais elevadas do nosso ser. “A Vida Suprassensorial” nos lembra da importância de cultivar uma consciência espiritual e de buscar a verdade além das aparências superficiais do mundo material.
Ao traduzir este livro, buscamos transmitir não apenas as palavras de Boehme, mas também a essência de sua mensagem. Esperamos que cada leitor seja tocado pela profundidade de suas ideias e encontre inspiração para sua própria busca espiritual.
Desejamos expressar nossa gratidão a Jacob Boehme por sua contribuição valiosa para o campo da espiritualidade e ao leitor por embarcar nesta jornada conosco. Que esta obra seja uma fonte de iluminação, sabedoria e inspiração para todos aqueles que buscam desvendar os mistérios da vida suprassensível.
Que as palavras de Jacob Boehme encontrem ressonância em nossos corações e nos guiem em direção a uma compreensão mais profunda do mundo espiritual e da nossa conexão com o divino.
Antes de iniciar os Diálogos, é importante inserir algumas frases retiradas de um tratado de Boehme denominado Regeneração, juntamente com algumas outras retiradas de outro tratado, o Testamento de Cristo, pois mostram o espírito do pensamento e escrita de Boehme. A liberdade de pensamento e expressão que ele reivindica é, felizmente, mais prontamente concedida agora do que o era em seu próprio tempo.
Na tradução em inglês dos séculos XVIII das Obras de Boehme, todos os substantivos, como era então costume frequente, são impressos com letras maiúsculas. Há uma base filosófica para essa prática, porque um substantivo é uma tentativa de denotar uma “coisa em si mesma” e, portanto, tem maior peso do que um adjetivo, que apenas expressa qualidades que atribuímos a ela. Para as Obras de Boehme, esse modo de impressão parece especialmente apropriado. Em nossa linguagem atual, notadamente literária, muitas palavras se tornaram tão banais e usadas descuidadamente que quase deixaram de ter referência a coisas realmente existentes. Mas Boehme nunca usa palavras de uma forma meramente literária, sendo de fato um homem de letras. Poder-se-ia ter dito dele, como de fato seus inimigos disseram na época, o que foi dito pelos judeus a respeito de nosso Senhor: “Como sabe este homem as letras sem ter aprendido?” Quando ele fala da “glória” de Deus, é algo tão real como se falasse das “folhas naquela árvore” e, ainda assim, com todas as suas palavras. Por isso foram preservadas as letras maiúsculas em muitos casos, onde é especialmente desejável enfatizar a expressão de existências reais pelas palavras. É claro que é um compromisso ilógico entre dois costumes.
O título Vida Suprassensorial foi utilizado em edições anteriores de Boehme. A ideia é mais de uma Vida por trás do que acima da vida dos sentidos.
SUMÁRIO
- INTRODUÇÃO
- FRASES SELECIONADAS DOS TRATADOS DE JACOB BOEHME
- DIÁLOGOS ENTRE UM MESTRE E SEU DISCÍPULO
Notas
[1] Em inglês, foi adotada a pronúncia Boehme, por questões fonéticas e linguísticas. Nesta tradução, em português, optou-se por manter o nome original. Segue-se o texto original retirado para uma melhor compreensão textual: “Esse nome é escrito mais corretamente como Jacob Boehme, porém prefiro manter a grafia mais facilmente pronunciada de Boehme, adotada pelos editores de ambas as edições completas em inglês”.
[2] Do livro “Jacob Boehme” do Bispo dinamarquês Martensen; um excelente estudo bem traduzido do dinamarquês para o inglês pelo Sr. T. Rhys Evans, (Hodder and Stoughton, Londres, 1885). Uma conta da vida de Boehme é fornecida no prefácio do primeiro volume da edição inglesa do século passado das Obras.
[3] “Lumen de lumine” pode ser traduzido para o português como “Luz da luz”. É uma frase em latim frequentemente usada em contextos religiosos ou filosóficos para descrever a relação entre Deus e a luz, enfatizando a natureza divina da luz. A expressão pode ser encontrada em diversos textos religiosos e hinos, incluindo o Credo Niceno, que afirma: “Luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro”. Ela destaca a crença de que Deus, como a fonte de toda luz e iluminação, traz esclarecimento espiritual e conhecimento. N do T
[4] Deve-se observar que Jacob Boehme defendia fortemente o Sacramento da Ceia do Senhor, o pão e o vinho como um “meio permissivo” da alimentação real, para que haja “um sinal visível do que é feito no solo interior”. Mas ele diz: “Não devemos depender apenas detse meio ou significado, e pensar que a Carne e o Sangue de Cristo são participados apenas e exclusivamente nessa utilização de pão e vinho, como a Razão neste tempo presente erra miseravelmente nisso. Não, isso não é assim. A fé, quando tem fome do amor e da graça de Deus, sempre come e bebe da Carne e do Sangue de Cristo. Cristo não se limitou apenas ao pão e ao vinho, mas se comprometeu com a fé, de que ele estará nos homens.” Obras, vol. IV. p. 208. Charles Gordon tinha a mesma visão do “comer” visível, como sendo uma grande ajuda para a alimentação espiritual, mas não indispensável à ela. (Cartas de Gordon à sua Irmã)
[5] pão do céu que contém todo deleite em si – Essa frase em latim destaca a ideia de que o pão celestial, ou seja, a alimentação espiritual ou divina, contém em si toda a satisfação e prazer que se pode obter. Ela enfatiza a importância e a plenitude da nutrição espiritual em contraste com as necessidades físicas. N do T
[6] Ricchezza senza brama de Dante, que significa riqueza sem desejos ou anseios, referindo-se um estado de abundância em que alguém possui riquezas ou bens materiais, mas não deseja ou anseia por mais. Neste contexto, representa um estado espiritual de contentamento e desapego das posses materiais, onde se encontra plenitude e satisfação na riqueza das experiências espirituais ou divinas. N do T
[7] Obras de William Law, vol. VIII, p. 177.
[8] “Mali mores sunt mali amores” é uma expressão em latim que pode ser traduzida como “maus costumes são maus amores”. Essa frase sugere que os maus comportamentos e atitudes têm origem em maus desejos ou paixões. Reforça a ideia de que os atos negativos e prejudiciais são alimentados por inclinações errôneas ou egoístas. A frase nos convida a refletir sobre a importância de cultivar bons desejos e amores para promover uma vida moralmente saudável e positiva. N do T
[9] Versão Almeida Corrigida e Fiel
[10] Aquele lugar onde nenhuma criatura habita não está nem próximo nem distante em termos espaciais. Não se trata de uma localização física que possa ser medida em termos de distância. Em vez disso, refere-se a um estado de consciência ou a um plano espiritual que transcende a proximidade física. É um reino além das limitações do mundo físico e da presença de qualquer ser criado. N do T
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