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1883 – 1939
Harvey Spencer Lewis nasceu em Frenchtown, estado de New Jersey, Estados Unidos. Filho de Aaron Lewis, descendente de gauleses e Catherine Hoffmann, nascida na Alemanha. Viveu nos arredores da granja de sua família até que o seu pai, decidiu emigrar para a cidade grande em busca de melhores perspectivas para a sua vida. Aaron Lewis interessou-se muito por caligrafia, chegando a desenvolver uma bela letra, graças, sobretudo, ao método de escritura Spencer, em cuja honra deu o segundo nome ao seu filho Harvey. Aaron Lewis mudou-se para New York em busca de melhores horizonte quando seu filho Harvey ainda era um menino, tornando-se sócio de um escritório de peritos em caligrafia, onde chegou a desenvolver trabalhos muito interessantes relacionados a identificação de escrituras falsificadas, etc., chegando a atuar perante os tribunais em vários casos importantes.
Primeiros anos
Harvey estudou na Escola Pública de New York até 1899, mas deixou os estudos aos quinze anos de idade quando começou a trabalhar. Entre outros trabalhos atuou como ajudante de um escritório de editores, fotógrafo profissional, também como jornalista no Evenig Herald e no Eagle, para posteriormente, após perder seu emprego, dedicar-se à publicidade.
Lewis pertencia a um a família muito religiosa e quando veio a New York com seus pais, tornou-se membro da Igreja Metodista, frequentando o Templo Metropolitano da Sétima Avenida. Lewis diz que desde jovem interessou-se pelos fenômenos psíquicos e que tinha aquilo que os membros da igreja chamavam de “dons proféticos”. Aos 20 anos uniu-se a uma associação denominada “Liga de investigações psíquicas de New York” na qual foi eleito Presidente.
Faz-se referência a esta experiência no livro “Missão Cósmica Cumprida”:
“Durante anos fui presidente desta associação e no ano seguinte vários cientistas e leigos eminentes organizaram o Instituto Novaiorquino de Pesquisas Psíquicas. Fui eleito presidente deste e seu trabalho se desenvolveu da mesma forma com que atuava a Liga, só que era um trabalho mais profundo, envolvendo maior análise e investigação, pois teve muito a ver com o desmascaramento e neutralização do trabalho de médiuns fraudulentos e criminosos, trabalho este que se efetuou com a colaboração do Departamento de Polícia de Nova York e com o New York Word (Jornal).”
Foi nesta época que, segundo declarações de Lewis, ele se interessou a primeira vez pelos Rosacruzes, entrando em contato com pessoas que tinham ouvido falar deles e inclusive, diziam ter se relacionado com eles, o que não era incomum em um país como os Estados Unidos, onde a maçonaria e muitas outras associações fraternais sempre tiveram acolhida. Também conforme declarações de Lewis, além de ter colocado em prática seus dotes psíquicos e proféticos em suas associações, continuou frequentando a Igreja Metodista onde, segundo seu próprio relato, em 1908, teve uma revelação.
O Recebimento de uma Missão
Foi na primavera de 1908, numa quinta-feira, depois do “Serviço de Ressurreição” que, enquanto orava na igreja e olhava para a cruz que havia atrás do altar, apareceu-lhe um ‘ser divino’, meio transparente e luminoso, que lhe revelou sua missão que lhe parecia por demais fantástica: Restaurar na América a Ordem dos Rosacruzes. Ele relata este episódio nos seguintes termos:
“Toda a imagem era como se fosse de neblina e clara como um vapor branco e espesso. Dos lábios deste vulto brotaram palavras e vi o movimento dos lábios e o piscar dos olhos. Não irei relatar o que disse, por não recordar exatamente as palavras. Gostaria de fazê-lo, porque foram pronunciadas de forma amável e numa linguagem tão divina e bela como as frases mais maravilhosas da Bíblia Sagrada. Tive a impressão que vinham até minha pessoa procedentes de uma Mente Infinita, Santa e escutei com sentimento de respeito e agradecimento, porém, não me encontrava perplexo ou atemorizado. Em resumo, o que me disse foi o seguinte: se eu quisesse saber mais sobre os Rosacruzes e seus ensinamentos, teria que me preparar para uma iniciação na fraternidade, que possuía um corpo exotérico imortal; que por vários anos eu tinha sido um habitante do umbral e de seu templo imaterial, mas que não havia sido suficientemente resoluto para cruzar o umbral e que, portanto, não havia avançado para além do que a minha própria vontade tinha determinado; que não falaria nada sobre a fraternidade, em nenhum livro ou documento, porque seus segredos nunca tinham sido publicados, nem nunca iriam sê-lo; que eu iria achar minha iluminação em meu eu interior e não fora; que quem me falava era um AMORCUS da antiga fraternidade e que tinha sido eleito para ser o meu guia, até que eu estivesse preparado para cruzar o umbral e continuar sozinho; que o corpo exotérico da fraternidade já não existia e que não havia existido durante os últimos 101 anos; que cada corpo exotérico existia somente durante 108 anos e que somente em 1915 este corpo exotérico teria existência novamente e que seria, então, o único corpo exotérico sobre a face ocidental da terra; e que enquanto eu estivesse me preparando para a minha iniciação ali, o corpo exotérico seria concebido e amadurecido para o seu advento no mundo material; que eu deveria dedicar todas as noites de quinta–feira para encontrar orientação;que o próximo corpo exotérico estaria na França, ou qualquer coisa do gênero”.
Iniciação em Toulouse
Em outro relato, ao qual intitula “Viagem de um peregrino para o Este”, em 1909, o jovem Lewis tinha estabelecido contato com o editor de um jornal de Paris, o qual o aconselhou a colocar-se em contato com um professor de línguas, que vivia no Boulevard Saint Germain, em Paris. Lewis, depois de entrevistar-se em Paris com o seu contato, que lhe entregou uma gravura com a imagem da Torre do Donjon de Toulouse. Ele viaja à Montpellier e em seguida, à Toulouse. Spencer relata:
“Cheguei na avenida indicada … ia de táxi. Naquela época, havia em Toulouse um excelente serviço de bondes, porém, nenhum deles percorria a avenida de um extremo a outro. Por isso era necessário ir de automóvel. O condutor, a meu pedido, conduzia o veículo lentamente, pois eu ignorava se era a algo ou a alguém a quem eu deveria prestar atenção. Portanto, observei com o maior cuidado, as pessoas e as coisas, sem ignorar nenhum prédio. Rodamos, assim, por todo o centro da cidade e observei, de relance, igrejas, monumentos antigos, algumas ruínas …. e, finalmente, A VELHA TORRE … Eu avançava em direção à velha torre, o coração um pouco apertado, mas não sem coragem. Chamei junto à porta, mas não obtive resposta. Então eu vi, perto do muro, um cordão e puxei-o. Em algum lugar, nas profundezas do prédio, ressoou uma campainha, prédio este que parecia ter centenas de anos e certamente era o caso …
Rangendo, finalmente a porta se abriu ligeiramente. Esperei. Estava muito escuro no interior e parecia que naquele lugar não havia nenhum sinal de vida. Decidi-me a empurrar a porta e entrar. Encontrei-me diante de uma velha escadaria, que parecia bem conservada. Empurrei a pesada porta e escutei o “clic” do fechamento. Estava preso na velha torre e não experimentei nenhum temor. “Pareceu-me que algo, em cima, tinha se movido. O menor ruído, naquele prédio silencioso, adquiria proporções enormes. Um grande vão dava acesso ao primeiro andar. Logo a escada tornava-se em caracol e cada andar dava saída na galeria ao redor da escada. As galerias eram muito escuras e estreitas.
Olhei para cima, através do vão e para manifestar minha presença, emiti um “alô!” sem ter a certeza que tal saudação era a mais adequada naqueles locais. Em seguida, vindo de um andar superior, ouvi claramente: “Entre, entre!” . Subi imediatamente
” … Finalmente cheguei ao andar superior e vi que este consistia de um recinto de forma quadrangular, com diversas janelas pequenas. As paredes estavam cheias de estantes com livros, aparentemente muito velhos. Havia duas mesas no recinto, de aspecto comum e muito gastas e uma vintena de velhas sillas, as quais, em troca, despertavam maior interesse por seu estilo antigo e uma escrivaninha velha coberta de manuscritos e de utensílios necessários para selar documentos. Havia também uma vela, cera, fósforos, alguns produtos químicos, uma caneta tinteiro, tinta e alguns mapas astrológicos.
O homem que me recebeu era um ancião. Tinha uma barba cinzenta e uma vasta cabeleira levemente eriçada, de um branco puro, que lhe caíam sobre os ombros. Mantinha-se ereto e sua estatura elevada, seus ombros largos e sua distinção eram imponentes. Seus olhos castanhos surpreendiam pelo seu brilho. Falava com uma voz suave e seus gestos eram rápidos. Vestia uma túnica bordada com alguns símbolos que me eram desconhecidos, porém, que não são desconhecidos por aqueles que são membros da Rosacruz AMORC.
Me dirigi a ele em inglês: “Eu me apresento sem ter sido convidado, senhor e se o faço, é porquê, em primeiro lugar, sinto que este prédio é de grande interesse para mim e em segundo lugar, porque o senhor me disse para entrar. Estou em busca de uma informação difícil de obter e talvez o senhor possa me ajudar em minha investigação, tanto que, pelo que vejo, o senhor parece estar interessado em astrologia”, eu lhe disse, apontando para os mapas que se achavam sobre a escrivaninha.
Respondeu-me em um excelente inglês, porém, com pronunciado sotaque francês: “Você não é nenhum intruso, meu amigo. Você conhece a astrologia e sabe, portanto, o que são “direcionamentos”. Digamos, pois, que você tenha sido “direcionado” até aqui. Tenho aqui, sobre minha escrivaninha, seu tema natal (certidão de nascimento??) Eu o estava aguardando”. “Tenho também uma carta preparada para você. Ela te será útil. Sei da investigação que você está empreendendo e esta carta é a resposta à sua pergunta. Porém, sente-se. Tenho muitas coisas para te ensinar e explicar”.
“Tens buscado a Ordem Rosacruz de forma séria e quer ser membro dela. Talvez seu desejo possa ser realizado, mas, e depois? Irá participar da grande obra? Aceitará perpetuar a ordem em seu país? Te serão necessários coragem, bravura e decisão”.
Depois de ter-lhe dito que o tinha observado desde sua chegada à Paris e durante toda a sua estada no Sudoeste e que as informações relativas a ele eram altamente favoráveis o sábio mostrou a Spencer Lewis alguns documentos autênticos de interêsse apaixonante referentes a Tradição Rosacruz.
” .. Antes de deixar esta torre, à qual você não mais terá oportunidade de voltar, vou mostrar-te nossos arquivos. Sou o “Grande Secretário”. É aqui que conservamos os arquivos de nossos fratres e sorores (irmãos e irmãs) desde que a Ordem se estabeleceu neste país. Nunca se extraviou nada, nem o relato mais insignificante em sua aparência. É aqui que irão ser classificadas suas cartas, suas informações e sua correspondência concernente ao seu trabalho. O olho vê tudo, o pensamento onisciente recebe e tudo ocupa lugar em nossos arquivos …
Em seu relato, Lewis diz que além de livros, documentos, etc. “… Vi relíquias raras vindas de Jerusalém e de outras cidades e países. Por último, vi o juramento feito por Lafayette à Ordem, antes de sua partida para a América. Lafayette, primeiro rosacruz francês vindo ao meu país. Que o seu nome seja sempre sagrado para a Ordem na América. Em seguida, conforme o relato, o ancião diz a Lewis que esteja preparado para participar de uma cerimonia impressionante, que terá lugar em breve.
Alguns dias mais tarde, chega um automóvel.
“O automóvel” – continua Lewis em seu relato – “cruzou o par de quilômetros que nos separavam dos limites da cidade e logo tomou rumo via uma estrada paralela a um riacho, até a antiga cidade de Tolosa. Tolosa foi a primeira cidade romana da região e hoje está em ruínas. O percurso que fizemos é muito interessante. Finalmente, chegamos a uma grande mansão, rodeada por altos muros e o automóvel atravessou o portal de entrada. Os magníficos canteiros de flores e o césped bem cuidado da chácara saltaram à minha vista. À esquerda da chácara, um castelo parecia flutuar no cimo de uma colina verdejante. Mais além do portal, vi algumas velhas casas, uma delas quadrangular e que era particularmente atraente. O automóvel parou nas proximidades dela e na entrada, fomos recebidos por um jovem de uniforme que, pelo seu corte, parecia ser militar. Parecia conhecer o condutor e estendeu-lhe calorosamente a mão. Em seguida voltou-se para mim e, por intermédio de gestos, deu a entender que deveria entregar-lhe uma carta ou bilhete. Entreguei-lhe a carta que o grande secretário me tinha confiado. O jovem, depois de tê-la lido, saudou-me cordialmente e fez com que eu entrasse em uma grande sala de espera.
“A casa era muito antiga. Era inteiramente construída de pedra, sendo que estas estavam visivelmente gastas, até o ponto de se perguntar como o prédio ainda estava em pé. Ao término de alguns minutos fui apresentado a uma mulher de idade, a qual, inclinando-se, me ofereceu sua mão e me acompanhou ao andar superior, do qual fui conduzido, com a mesma cerimônia, para um recinto menor. Ali me entregaram alguns papéis que continham as instruções reservadas a mim” .
“Desta forma, fui informado que encontraria os oficiais da Grande loja ao cair do sol, isto é, três horas mais tarde e que, por enquanto, deveria estudar atento às instruções que me foram entregues e, também, descansar um pouco. Naturalmente, não posso publicar aquelas instruções … ” Li e reli as instruções e depois me acomodei. Li as instruções uma vez mais e adormeci sobre o antigo sofá, naquela sala de paredes de pedra, nesse misterioso prédio o qual, naquela época, era o grande templo da Ordem na França.
“… Nesta mesma noite fui iniciado na ordem da Rosacruz. Minha “travessia através do umbral” aconteceu naquele recinto memorável. Tomei compromissos solenes, recebi a grande benção e converti-me em um “frater” da Ordem no instante em que soava a meia-noite na torre desta residência secreta.
“Tinha encontrado a luz. A Rosacruz me tinha aceito e minha alma se estremeceu ao sentir o sopro da iluminação …
Alguns dias depois, em Toulouse – conclui Spencer Lewis – “… assisti a convocação mensal dos Iluminatti em outro prédio antigo, situado nas proximidades de Garona. O prédio tinha sido construído com pedras procedentes de diversas partes do Egito, da Espanha e da Itália. Estas pedras tinham sido parte de monumentos, templos e pirâmides, hoje em dia em ruínas. A pedra angular do prédio tinha sido transportada de Tell-el-Amarna, onde o grande mestre da Ordem viveu em certa época. A parte superior do prédio era utilizada nesta época como mosteiro rosacruz. Na adega havia uma gruta rosacruz. Esta “gruta” era ampla e seus muros eram construídos com pedras cinzentas, velhas, por entre as quais crescia o musgo e a umidade. Estava escorada por uma grande chaminé e sua única iluminação provinha de velas e tochas. Nesta gruta havia um altar, construído com madeira egípcia rara, magnificamente esculpido. Spencer continua:
“No dia de minha saída de Toulouse, me foram entregues vários documentos da mais alta importância. Os mesmos me investiram com a insígne responsabilidade de perpetuar as atividades da ordem na América. Eis aqui as últimas instruções que me foram entregues pelo mui venerável grande mestre da França, M.L … :
“Frater, por estes documentos V.S. é nomeado legado da nossa ordem em seu país. Seus deveres e privilégios estão perfeitamente definidos neles. Os documentos que possui e as jóias que hoje lhe entrego, lhe permitirão trabalhar, quando chegado o momento e da maneira indicada. Quando tiver alcançado alguns progressos, encontrará um representante da Ordem no Egito. Ele lhe transmitirá outros documentos e outros selos. De tempos em tempos, algumas pessoas irão até V.S. que as reconhecerá pelos sinais habituais. Elas completaram os documentos que V.S. tem em seu poder para, dessa forma, entrar na posse de tudo o quanto necessita para levar a término o seu trabalho. Nosso secretário lhe enviará pessoalmente, com lacre, sob a proteção do governo francês (esta afirmativa é muito difícil de se manter e muito menos, acreditar nela, pois é absurdo pensar que o governo da França tenha patrocinado tais atividades, ou que tenha fornecido ou remetido documentos Rosacruzes e muito menos para o estrangeiro, onde poderia ocasionar um conflito diplomático pela fundação e manutenção de uma “associação secreta” em país estrangeiro) outros documentos, tão logo nós sejamos informados pelos nossos observadores que V.S. já obteve suficientes progressos. Seus informes semestrais nos mostrarão se V.S. está em condições de fornecer uma ajuda eficaz à nossa Ordem. Os donos do mundo se sentirão felizes em poder atender às suas necessidades, se isso for necessário e se a obra de nossa Ordem for fielmente executada, a paz profunda será compartilhada por um número cada vez maior de homens de boa vontade em seu país e no mundo”.
Fundação da AMORC
Conforme relata Harvey Spencer Lewis em seus diversos escritos, uma vez “iniciado” em Toulouse, regressa a Nova York, onde começa um processo intenso de tradução e um esforço contínuo para decifrar os documentos que lhe foram confiados na França. Mas ele não estava sozinho, lemos em “Perguntas e Respostas Rosacruzes, com a História completa da Ordem Rosacruz”:
“Antes de sair da França tive a satisfação de me relacionar com vários oficiais superiores; e quando regressei aos Estados Unidos, o delegado da Índia me entregou os documentos e jóias que haviam se conservado na antiga fundação rosacruz na Filadélfia.. De 1909 a 1915 o Conselho reuniu-se em minha casa ou na de outros membros, com a presença de pessoas descendentes dos antigos rosacruzes e de alguns iniciados na França entre 1900 e 1909.
“Em 1915 publicamos o primeiro manifesto oficial anunciando o começo de um novo ciclo da Ordem e imediatamente procedeu-se a eleição do primeiro Conselho Supremo da Ordem entre centenas de homens e mulheres cuidadosamente selecionados durante os sete anos precedente. Na primeira sessão oficial deste Conselho Supremo da Ordem nos Estados Unidos procedeu-se a nomeação aos cargos e grande foi minha surpresa ao saber que o delegado da Índia havia recebido instruções para designar-me presidente do Conselho, em atenção aos meus trabalhos, durante os sete anos precedentes, ao estabelecimento da verdadeira Rosacruz nos Estados Unidos. Os demais cargos recaíram em pessoas qualificadas e foram nomeadas comissões, com a finalidade de traduzir e adaptar às norte-americanas a constituição e demais documentos oficiais da Ordem na França “.
Em edição posterior do mesmo livro, a de 1973 se diz ainda:
“Durante anos tinha reunido um grande número de homens e mulheres que se interessavam na busca do esoterismo e da metafísica, de acordo com as diretrizes rosacruzes. Como editor de muitas revistas de caráter esotérico, tinha tomado conhecimento de diversos manuscritos rosacruzes e tinha descoberto que eu tinha ligações com os descendentes dos primeiros rosacruzes da América, que haviam se estabelecido na Filadélfia em 1694. Isso me deu acesso a muitos dos seus antigos documentos, manuscritos secretos e ensinamentos. Nós discutimos e analisamos estes documentos, para colocar seus conteúdos em prática. Entre nós, a sociedade composta por centenas de pessoas que tinham uma carreira profissional, era conhecida pelo nome de “Sociedade de Investigações Rosacruzes” .
As reuniões da sociedade aconteceram entre 1904 e 1909, em Nova York. Entendendo que não estávamos constituídos ou autorizados para usar o nome de Rosacruzes, a sociedade atuou publicamente sob o nome de Instituto de Pesquisas Psíquicas de Nova York. Entre 1909 e 1915, diversas reuniões oficiais do conselho realizaram-se na minha casa, com a presença de homens e mulheres descendentes dos primeiros iniciados da Ordem, alguns dos quais tinham sido iniciados na Ordem, na França, entre 1900 e 1909 …”
Mas as primeiras tentativas de fundar uma Ordem Rosacruz na América não foram frutíferas, amargurado, diz em um dos seus escritos:
” Aqueles que eu pensava estivessem interessados não mostraram interêsse nenhum, senão antipatia. Lembro-me bem desta noite chuvosa, enquanto eu voltava, indo em direção à casa de uma senhora que vivia em Madison Avenue, perto da rua 34, com meus documentos sob o braço, a Carta e o “Livro negro” , abatido e perplexo. Dos 12 que estiveram reunidos, dentre 20 convidados, nem um só assinou os documentos preliminares da organização … ” .
Então, depois de ter refletido bem, Lewis se dá conta de que tinha se equivocado, apesar do auxílio de tantos iniciados e descendentes e que não era em 1914, senão em 1915 que tinha que reapresentar os documentos para assinatura … devidamente auxiliado por um personagem misterioso, a delegada da Índia, mas esta é outra história, que iremos relatar a seguir.
Em diversas páginas foram feitas referências a um Delegado da Ordem Rosacruz na Índia, conforme os escritos de Lewis e que, em escritos posteriores, viria a ser uma mulher, muito misteriosa, cujo “retrato” aparece em uma das obras fundamentais do “doutor” Harvey Spencer Lewis (nota 1) intitulada “Manual Rosacruz”, sob cujo retrato consta uma observação: ” … Sra. May Banks-Stacey, Co-fundadora e primeira Grande Matre dos Estados Unidos (veja-se referência histórica na página 153) … ”
Na página 153 do “Manual Rosacruz” e que corresponde a uma resenha biográfica de Harvey Spencer Lewis, se diz: ” … um membro do ramo inglês que patrocinou o primeiro movimento na América, a esposa do coronel May Bank-Stacey, descendente de Oliver Cromwel e dos D’Arcy, da França, colocou em suas mãos esses documentos, da mesma maneira e de forma oficial, como lhe haviam sido transmitidos pelo último dos primeiros Rosacruzes americanos, junto com a jóia e a chave de autoridade que ela recebeu do Grande Mestre da Ordem na Índia, quando era oficial da Ordem nesse país “….
Foi somente em 8 de fevereiro de 1915, que na presença de nove pessoas acontece uma reunião prévia para a fundação da AMORC e apenas no dia 1 de abril de 1915, às 20:30 horas, na presença de umas trinta pessoas assina-se um pronunciamento que diz:
“Em reunião devidamente constituída nós, abaixo-assinados, senhoras e cavalheiros da cidade de Nova York nos constituímos formalmente em membros do Conselho Supremo da Antiga e Mística Ordem da Rosa Cruz em concordância com os Ritos Antigos e Cerimônias e aprovação do mui Grande e Poderoso Grande Mestre Geral da América. Em consequência, levado ao conhecimento de todos a proclamação e estabelecimento da “Ordem Rosacruz na América” e reconhecemos os Oficiais da Grande Loja, cujos membros aqui constam, como devidamente eleitos em conformidade com o Primeiro Manifesto Americano.”
Nascia assim, a Ordem Rosa Cruz como hoje a conhecemos. É curioso observar como foi, de um ponto de vista histórico, providencial a vida de Spencer Lewis para a preservação da tradição Rosa Cruz. Nos anos imediatamente posteriores a Europa inteira foi dizimada por Guerras Mundiais. Se os manuscritos e a tradição não estivesse a salvo da destruição na América, muito do conhecimento das antigas escolas de Mistério teriam se perdido para sempre.. A tradição Egípcia, a escola iniciática Pitagórica, os mistérios neo-platônicos, a herança templária, o conhecimento dos alquimistas, enfim, toda tradição esotérica foi salva e foi perpetuada graças a vida e empenho de Harvey Spencer Lewis.
por Tamosauskas
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