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Como Vencer Qualquer Debate Sem Precisar Ter Um Pingo de Razão

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Toda verdade passa por três estágios:

No primeiro ela é ridicularizada.
No segundo é rejeitada com violência.
No terceiro é aceita como algo óbvio e evidente por si própria.

– Arthur Schopenhauer

 

ENtãO, vOCê QuRE sER o tROLLzÃo DA INTerNeT?
– Sr. Meias

 

Estou escrevendo isto na última semana de outubro de 2018, logo o primeiro parágrafo oficial começa com: “acabamos de passar pela cólica de diarréia mais estranha que a Realidade já teve, os incultos nas artes ocultas, os não ligados ao ocultismo, os prisioneiros do véu de Maya chamaram simplesmente de as eleições mais sinistras da democracia do Brasil…” Este parágrafo que você lê agora, então, não é o primeiro parágrafo do texto. Ele serve apenas para localizar o que você vai ler no tempo para não ter nenhum desavisado[1] pensando “mas do que ele está falando? Não teve eleição agora!” e pode ser ignorado! Vamos ao primeiro parágrafo de verdade agora:

Acabamos de passar pela cólica de diarréia mais estranha que a Realidade já teve, os incultos nas artes ocultas, os não ligados ao ocultismo, os prisioneiros do véu de Maya chamaram simplesmente de as eleições mais sinistras da democracia do Brasil. Além de qualquer importância histórica ou democrática, essas eleições tiveram uma importância fundamental para nos mostrar 2 coisas:

1- O Brasil não precisa ter medo de uma ditadura ou um governo autoritário psicopata de direita ou esquerda: o próprio povo já faz o papel do líder fanático torturando, atacando, desacreditando e massacrando a sim mesmo ANTES DE QUALQUER RESULTADO DE ELEIÇÃO!

E

2- Um deputado hoje ganha um salário de R$33.763,00 reais. Além disso, durante o exercício do mandato cada deputado tem mais uma cota para o exercício da atividade parlamentar (conhecida como Ceap). O valor depende do estado de cada deputado por causa dos valores das passagens aéreas, para ter ideia os representantes do Distrito Federal recebem a menor quantia (R$30.788,66) enquanto os de Roraima recebem a maior (R$45.612,53). Além disso cada um recebe mais R$106.866,59 por mês para gastar com a contratação de secretários para sí. Mais R$4.253,00 de auxílio moradia. Fora isso tem mais algumas regalias como Ajuda de custo: no início e no fim do mandato, o parlamentar recebe ajuda de custo equivalente ao valor mensal da remuneração. A ajuda é destinada a compensar as despesas com mudança e transporte. E no fim ainda ganham uma Aposentadoria: a lei do Plano de Seguridade Social dos Congressistas (PSSC – Lei 9.506/97) prevê aposentadoria com proventos proporcionais ao tempo de mandato.

Isso é o dinheiro que ganha um deputado. Não um senador, não um presidente não um milionário… um mero deputado. Pegue uma calculadora e faça a conta.

De cara vemos que a primeira coisa só nos diz respeito a nossos vizinhos e parentes, colegas de trabalho e cônjuges. Já a segunda coisa nos diz respeito a podermos ganhar tanto dinheiro que a lei dos homens vai deixar de significar qualquer coisa para nós. É dinheiro no bolso e você nem precisa ser competente ou bom no que faz. Sério. Passa uma semana assistindo a TV Câmara e pense que cada tiozinho e tiazinha que você vê está com cara de saco cheio tem a conta bancária muito mais cheia do que o saco. Do que a sua 🙂

Nem terminou de ler o texto e já decidiu que quer entrar para a política junto com o tiozinho da borracharia, o dono da churrascaria e aqueles caras que fazem santinhos com a foto do Faustão e o número de chapa deles? Ótimo!

Vamos então te dar o curso completo de como entrar para vencer. Como vencer. Como virar um ator da TV Câmara!

 

LIÇÃO 1

Com quantos paus se elege um deputado?

Nas eleições para a Presidência, os governos estaduais, as prefeituras e o Senado, um voto corresponde a um voto. Nas eleições para a Câmara dos Deputados e a Assembleia Legislativa, não é bem assim. O sistema proporcional adotado no Brasil faz com que um deputado federal por São Paulo, por exemplo, represente 432.000 habitantes, enquanto um colega eleito por Roraima representa 33.000 pessoas.

As distorções nas eleições proporcionais têm origem no chamado quociente (ou coeficiente) eleitoral e são agravadas pela existência de limites para as representações estaduais, que podem ser de no mínimo oito e de no máximo 70.

O quociente eleitoral indica quais partidos terão direito a ocupar vagas no legislativo e é obtido a partir da divisão do total de votos válidos – excluindo nulos e em branco – pelo número de cadeiras a serem preenchidas. São Paulo, por exemplo, tem direito à 70 vagas na Câmara. Caso 30 milhões dos 33 milhões eleitores do estado compareçam às urnas em 2010 (e não haja nenhum voto nulo ou em branco) o quociente será de 430 mil: ou seja, a cada 430 mil votos o partido elege um deputado, caso não atinja essa marca, não terá representantes.

Já, para saber quantas vagas caberão a cada legenda que atingiu o coeficiente eleitoral, calcula-se o quociente partidário: é só dividir o número de votos que o partido recebeu (soma dos votos de todos os seus candidatos, mais aqueles dados à legenda) pelo quociente eleitoral do estado.

A partir do exemplo descrito acima se um partido qualquer de São Paulo alcançar 900 mil votos, ele terá direito a duas vagas na Câmara. É por isso que, no Brasil, um candidato que recebe mais de 100.000 votos pode não se eleger, enquanto outro com menos de 100 consegue uma vaga.

Pronto. Fim da lição 1. Você achou que seria longa e chata e se deu mal. Foi curta e legal. Curta porque tem 5 parágrafos rápidos. Legal porque te mostra como traçar sua estratégia geográfica: se candidatar em uma área com menos habitantes significa que você precisa de menos votos, se for uma área pequena longe do DF significa que você vai ganhar uma Ceap maior.

Ótimo, agora vamos para a lição 2

 

LIÇÃO 2

Com quantos paus se faz uma eleição?

É claro que você encontrará concorrência, afinal não precisa ser muito inteligente para ver como ser um candidato eleito tem vantagens. E não falamos apenas das vantagens óbvias como poder fazer suruba sem se mexer, mas das vantagens financeiras! Assim muitas pessoas vão entrar na briga com você, mas quantas pessoas exatamente? Quantas pedras entram no seu sapato se você decidir abraçar a vida pública?

Nas eleições de 2018 o Acre teve 445 candidatos concorrendo a Deputado Estadual. São Paulo teve 2047. Roraima, os que recebem a maior Ceap: 458.

Você vê que mesmo no Acre teria que concorrer com 445 candidatos dos quais

24 foram eleitos – e desses 12 reeleitos. Numa linguagem jovem que todo mundo que já prestou vestibular entende, no acre seriam 18 candidatos por vaga.

Em São Paulo são 70 cadeiras, 46 a mais que o Acre, e você as disputaria com outros 2047 concorrentes: 29 candidatos disputando cada vaga.

Faça a lição então e busque a proporção mais interessante de candidatos por cadeira para ver onde você teria brigas mais interessantes e podemos ir para a lição 3.

 

LIÇÃO 3

Com quantos paus se faz uma suruba?

Em qualquer disputa eleitoral você vai depender de basicamente 2 coisas:

1- Seu plano de mandato, aquilo que você acredita e representa, sua integridade e sua moral, sua capacidade de exercer o cargo, etc. etc. etc.

e

2- Como você se sai em todo e qualquer debate.

Lembre-se que você vive em um mundo onde as pessoas preferem estar juntas do que estar certas. Lembre-se que a psicologia humana se utiliza de termos como “comportamento de manada”, “Olocracia” e “tirania da maioria” quando o assunto é viver a vida e votar em alguém.

Assim, antes de ser bom, bonito ou inteligente o vencedor é aquele que mostra o quão ruim, feio e burro são os seus oponentes e acredite isto não é exagero – a não ser que você ache que Alexandre Frota e Tiririca são mesmo exemplos de ótimos … não sei o que dizer aqui… bem a não ser que ache que Frota e Tiririca sejam ótimos exemplos que qualquer outra coisa além do que escrevi até aqui!

A lição 3, esta que você lê agora, então é a última e mais importante deste curso. Nela vou resumir em 23 estratagemas a arte de Como Vencer Qualquer Debate Sem Precisar Ter Um Pingo de Razão – dai tiro o nome do artigo.

Você não precisa ser culto. Você não precisa ser erudito. Você não precisa ser inteligente. Você não precisa ser um bom estrategista, nem um mal estrategista… diabos, você nem precisa saber o que “estrategista” significa!

O mais lindo é que você pode usar nossos pequenos estratagemas para ser simplesmente aquele chato com quem ninguém mais tem saco de conversar. O senhor ou senhora da Razão. Se dominar com maestria o que vou ensinar as empresas de telemarketing vão ter medo de ligar para você – mesmo a NET ou a VIVO ou o Santander!

Pois bem se prepara então e vamos cair de boca nos “principais esquemas argumentativos enganosos que os maus filósofos utilizam, com razoável sucesso, para persuadir o público de que 2 + 2 = 5.

De hoje em diante a “arte de discutir” vai se tornar, em suas mãos, “a arte de discutir de modo a vencer” – per fas et per nefas (por meios lícitos ou ilícitos)”. Como acima, usarei termos em latim não apenas para parecer mais inteligente do que você, mas porquê eles trazem significados importantes fáceis de serem pesquisados e mostram como um pouco de palavras diferentes podem tornar o seu discurso ainda mais potente! Pesquise-as se quiser.

 

ESTRATAGEMA 1

Ampliação indevida ou Expansão

Levar a afirmação do adversário para além de seu limite natural, interpretá-la da maneira mais genérica possível, tomá-la no sentido mais amplo possível e exagerá-la; inversamente, concentrar a própria afirmação no sentido mais limitado, no limite mais restrito possível; pois, quanto mais genérica se torna uma afirmação, a mais ataques ela fica exposta. O antídoto é a colocação exata dos puncti (Latim; pontos, terminação, fim) ou status controversiae (Latim; controvérsia, no caso, apontar a controvérsia, contradição)

Exemplo:
Candidato A diz que as drogas devem ser legalizadas. Você deve dizer que, como os traficantes usualmente cometem homicídios, sequestros, extorsões, etc, o candidato A está sugerindo os bandidos devem ser perdoados por todos esses crimes.

Comentário:
O argumento a favor da legalização propõe o fim de um único crime: o comércio de determinadas substâncias. Nada foi dito em relação aos demais crimes, pois supõe-se que estes devam permanecer proibidos.

Está percebendo como a coisa funciona? Está vendo para onde vamos te levar?

 

ESTRATAGEMA 2

Homonímia sutil

Homonímia são palavras que possuem a mesma grafia ou a mesma pronúncia, mas com significados diferentes entre si: manga a fruta e manga da camisa, sessão que indica período de tempo e seção que indica um departamento, etc.

Use a homonímia para tornar a afirmação apresentada pelo concorrente extensiva também àquilo que, fora a identidade de nome, pouco ou nada tem em comum com a coisa de que se trata; depois refutar com ênfase esta afirmação e dar a impressão de ter refutado a primeira.

Exemplo:
Candidato A diz que pretende combater o sistema que gera prejuízo à sociedade. Você deve dizer que a esquerda usa a palavra “sistema” para se referir ao “sistema capitalista” que consiste do livre mercado, propriedade privada, direito a emprego, busca do lucro, etc. Logo seu concorrente, obviamente o pior dos comunistas, deseja combater o seu direito ao emprego, à propriedade privada, etc…

Comentário:
Obviamente o concorrente está tratando da cultura da imoralidade e da impunidade, que permite que o crime se alastre, contando com o apoio de políticos e policiais corruptos, mas o público nem vai se atentar a isso se seu rosto ficar vermelho e suas veias saltarem enquanto você o critica.

 

ESTRATAGEMA 3

Mudança de modo

A afirmação que foi apresentada em modo relativo … é tomada como se tivesse sido apresentada em modo absoluto, universalmente …, ou pelo menos é compreendida em um sentido totalmente diferente, e assim refutada com base neste segundo contexto.” Isto faz com que “o adversário, na realidade, fala de uma coisa distinta daquela que se havia colocado. Quando nos deixamos levar por este ‘’estratagema’’, cometemos, então, uma ‘’ignoratio elenchi’’ (ignorância do contra-argumento).

Exemplo: 

Candidato A defende a descriminalização do aborto. Você deve argumentar que ao descriminalizar o assassinato de crianças dentro do útero da própria mãe o homicídio de qualquer natureza será descriminalizado.

 

ESTRATAGEMA 4

Pré-silogismos

Silogismos são a ‘conexão de ideias’ o ‘raciocínio’, necessários para a argumentação lógica perfeita.

Quando desejar chegar a uma certa conclusão, evite que esta seja prevista, e trabalhe de forma que o adversário, sem percebê-lo, admita as premissas uma de cada vez e dispersas sem ordem na conversação.

Para isso apresente as premissas dessas premissas e faça uso de pré-silogismos; fazer com que as premissas de vários desses pré-silogismos sejam aceitas de modo desordenado e confuso, ocultando, portanto, o próprio jogo até que tudo o que se necessita esteja admitido.

Quando o seu concorrente admitir que cada pedaço de coisa que você falou faz sentido, ordene sua lógica e agradeça a ele por concordar que sua ideia – por mais esdrúxula que seja – é melhor do que a dele próprio.

 

ESTRATAGEMA 5

Uso intencional de premissas falsas

Pode-se, para comprovar as próprias “proposições, fazer antes uso de proposições falsas, se o adversário não quiser aceitar as verdadeiras, seja porque percebe que delas a tese será deduzida como conseqüência imediata. Então adote proposições que são falsas em si mesmas mas verdadeiras ad hominem, e argumente ex concessis, a partir do modo de pensar do adversário.”

 

ESTRATAGEMA 6

Petição de princípio oculta

Petitio principii é uma retórica falaciosa que consiste em afirmar uma tese que se pretende demonstrar verdadeira na conclusão do argumento, já partindo do princípio que essa mesma conclusão seja verdadeira em uma das premissas.

Você deve ocultar uma petitio principii, ao postular o que deseja provar:

  1. usando um nome distinto ou ainda usando conceitos intercambiáveis;
  2. fazendo com que se aceite de um modo geral aquilo que é controvertido num caso particular;
  3. se, em contrapartida, duas coisas são consequência uma da outra, demonstraremos uma postulando a outra;
  4. se precisamos demonstrar uma verdade geral e fazemos que se admitam todas as particulares (o contrário do número 2).

ESTRATAGEMA 7

Perguntas em desordem

Quando a disputa é conduzida de modo rigoroso e formal e queremos fazer com que nos entendam com perfeita clareza, então aquele que apresentou a afirmação e deve prová-la procede contra o adversário fazendo perguntas para concluir a verdade a partir das próprias concessões do adversário. Simplesmente faça de uma só vez muitas perguntas pormenorizadas, e oculte o que, na realidade, quer que seja admitido.

 

ESTRATAGEMA 8

Encolerizar o adversário

Provoque a cólera do adversário, para que, em sua fúria, ele não seja capaz de raciocinar corretamente e perceber sua própria vantagem.

 

ESTRATAGEMA 9

Perguntas em ordem alterada

Dê uma de louco! Ouça o que seu concorrente diz e ao invés de começar a questioná-lo de forma lógica e racional faça perguntas numa ordem diferente da exigida pela razão que levaria à conclusão que dela pretendemos, com mudanças de todo tipo; assim, o adversário não conseguirá saber aonde queremos chegar e não poderá se defender de seus ataques.

 

ESTRATAGEMA 10

Pista falsa

Se percebemos que o adversário, intencionalmente, responde pela negativa às perguntas cuja resposta afirmativa poderia confirmar nossas proposições, então devemos perguntar o contrário da proposição que queremos usar, como se quiséssemos que fosse aprovada, ou então, pelo menos, por as duas à escolha, de modo que não se perceba qual delas queremos afirmar. Você não gosta de não colocar açúcar no seu café?

 

ESTRATAGEMA 11

Salto indutivo

Se o adversário já aceitar casos particulares, não “perguntar-lhe se admite também a verdade geral” derivada dos casos particulares; introduzi-la “como se estivesse estabelecida e aceita”.

 

ESTRATAGEMA 12

Manipulação semântica

Faça o concorrente trabalhar para você associando a um termo um conjunto de significados diferentes do original, significados que mostrem que você é a escolha certa. Com isso, o termo já conterá, em si, a conclusão a que se quer chegar de que até a concorrência te apóia.

 

ESTRATAGEMA 13

Alternativa forçada

Apresentar ao adversário uma alternativa menos provável que sua própria. Faça com que ele comece a debater essa alternativa como se a defendesse. Faça ele chegar à conclusão de que a sua alternativa é melhor do que a que ele estava discutindo como se fosse dele. Sorria para as câmeras.

 

ESTRATAGEMA 14

Falsa proclamação de vitória

Non causae ut causae – tratar como prova o que não é prova!

Uso as respostas tolas de seu concorrente – geralmente resultado de sua timidez ou ingenuidade – e passe a falsa certeza de que você venceu o debate.

Esta técnica também pode ser usada como castigo para o concorrente com uma leve modificação: faça muitas perguntas e, mesmo sem obter respostas favoráveis, ou mesmo mínimas respostas, proclame o reconhecimento da tese apresentada.

 

ESTRATAGEMA  15

Anulação do paradoxo

Para triunfar, faz-se uma redução ad absurdum.

Basta que você assuma uma ou mais hipóteses a partir de qualquer coisa que o concorrente diga e, a partir destas, deriva uma consequência absurda ou ridícula, e então conclui que a suposição original deve estar errada “como qualquer tolo pode ver”. Neste estratagema quanto mais criativo você for, melhores os resultados!

 

ESTRATAGEMA 16

Uso intencional da mutatio controversiae

Estratagema que consiste em “interromper o debate a tempo” quando se está ameaçado de ser abatido, sair do debate “ou desviá-lo e levá-lo para outra questão”.

 

ESTRATAGEMA 17

Fuga do específico para o universal

Por exemplo, “se temos de dizer por que uma determinada hipótese física não é crível, falaremos da incerteza geral do saber humano, ilustrando-a com toda sorte de exemplos.”

 

ESTRATAGEMA 18

Falsa reductio ad absurdum

É o estratagema 15 entupido de esteróides! Tire falsas conclusões absurdas dos argumentos do adversário. Com isso você refuta essas conclusões, fazendo tudo parecer uma reductio ad absurdum.

 

ESTRATAGEMA 19

Retorsio argumenti

Usar o argumento do adversário contra ele próprio, sempre que isso for possível. E acredite, SEMPRE É POSSÍVEL!

 

ESTRATAGEMA 20

Argumento ad auditores

Apresentar uma objeção falsa, mas cuja falsidade somente poderia ser percebida por um auditório capacitado no assunto em questão.

Exemplo:
Qualquer político que use qualquer ou todos os argumentos de ONGs e ambientalistas, que dizem que é preciso reduzir a emissão de gás carbônico a fim de reduzir o efeito estufa (e, consequentemente o aquecimento global).

Comentário:
Enquanto 50% dos cientistas defende que as causas e o próprio aquecimento global serão a ruína do planeta ou outros 50% dos cientistas questionam as causas e a própria existência do fenômeno. Ou seja, apesar de ser politicamente incorreto ou mesmo socialmente de mal gosto o aquecimento global ainda é uma incógnita, não sabemos o que o causa ou o que mesmo ele é. Mesmo assim o argumento é sempre apresentado à plateia leiga como se fosse consensual e o melhor é ainda encerrar afirmando que não há convergência científica sobre o assunto quando na verdade há.

Em resumo:
80% das pessoas costumam acreditar em qualquer dado seguido de um símbolo de ‘%’ sem se preocupar em checar a sua veracidade, inclusive neste resumo.

 

ESTRATAGEMA 21

Negação da teoria na prática

Aceite os fundamentos de um argumento apresentado, mas negue que eles possam ser colocados em prática. Se utilize do ESTRATAGEMA 20 sempre que precisar parecer melhor informado.

Exemplo:

Você diz que o Estado deve proibir a produção de anúncios que tem como público alvo crianças com menos de 14 anos porque elas não tem capacidade de discernir um anúncio publicitário de uma peça de entretenimento, e assim as empresas obrigam as crianças a se tornarem defensoras de suas marcas, etc.

Seu concorrente contesta dizendo que você está totalmente correto: “a infância é muito bela e importante para ser corrompida” mas… é dever dos pais fazer essa vigilância e explicar a diferença entre uma propaganda e um programa infantil. Os pais é que devem ensinar os filhos a serem consumidores conscientes.

Você simplesmente responde: “Ah, se na prática fosse assim…”

Obs.: O tom irônico é fundamental para dar força a este estratagema. O sarcasmo ajuda a esconder o sofisma: se na prática os pais não são capazes de cuidar de seus próprios filhos, tanto menos será o Estado, que tem provado consistentemente sua incompetência em toda as áreas, em particular na educação das crianças.

Este estratagema é ótimo porque pode, em muitos casos, cortar ataques que você pode receber do concorrente. “Ah claro… se o mundo fosse assim…”

 

ESTRATAGEMA 22

Discurso incompreensível

Desconcertar, aturdir o adversário com um caudal de palavras sem sentido. Isto baseia-se em que, ‘normalmente o homem, ao escutar apenas palavras, acredita que também deve haver nelas algo para pensar’ (Goethe, Fausto)

 

ESTRATAGEMA 23

Último estratagema: Ofensas pessoais

E, caso o debate se mostre totalmente uma perda de tempo: ataque seu concorrente pessoalmente, com grosseria e agressividade!

 

 

Conclusão

A maioria dos seres humanos, por terem uma inteligência mediana, recorrem a um ou mais desses estratagemas instintivamente! Ao invés de evitar o horário político nas épocas de eleição o abrace. Procure assistir debates atuais e antigos de candidatos. O Youtube está ai para isso. Como lição de casa tente desmontar cada embate discernindo que estratagema cada um usa em todos os momentos. Torne-se um mestre do ataque e da retórica.
Estude com afinco e logo você poderá se gabar de estar jogando no mesmo time que todos adoram xingar e criticar, mesmo continuando a lhes dar caminhões e mais caminhões de dinheiro todo mês!
Notas:
[1] Por “desavisado” quis dizer idiota, mas acharam que começar um texto chamando as pessoas de idiotas não era “educado”, então escrevi desavisado, mas quero dizer mesmo é idiota.

por Senhor Meias


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