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Por Kenneth Grant, O Lado Noturno do Éden.
O 20o túnel está sob a égide de Yamatu cujo nome deve ser entoado na clave de ‘F’, em registro baixo e com sub-tons suspirantes ou murmurantes. Seu sigilo deve ser pintado em verde amarelado sobre um pedaço (cinza) de ardósia. Seu número, 131, é o número de Samael, um nome de Satan ou Set como Guardião do Limiar. Ele é também o número de Pan e de Baphomet, o ídolo adorado pelos Templários. MKVNIH, significando ‘sua fundação ou fundamento’, um símbolo da kteis, também soma 131.
Note que 131 + 535 (o número da kteis) = 666, o número da Besta. Isto é confirmado pelo fato de que MAKO, o filho620 de Tífon, também soma 131.
O sigilo de Yamatu é uma cifra secreta de Set. Ele exibe a cruz invertida que significa a passagem em descida ou cruzamento para dentro do Amenta.
O astro-glifo do 20º Caminho é Virgem, e seu limiar é a kteis da Virgem guardada por Samael621. Sua fórmula mágica é aquela da ‘força viril reservada’, i.e., Karezza, que comporta um armazenamento de energia sexual para propósitos mágicos mas sem a liberação final. Esta é uma fórmula mágica perfeitamente legítima e uma que pode ser usada em conexão com a fórmula descrita em conexão com o kala anterior. Ela é também uma fórmula dos Irmãos Negros e foi usada por um culto curioso tendo sua sede em Harvard (Nova Inglaterra) no século 18. Andrew Rothovius escreve622 sobre este Culto:
Liderado por Shadrach Ireland, que veio de Charlestown com a mulher a qual ele chamava de sua ‘alma gêmea’, Abigail Lougeem, este [culto] foi uma reação à aridez do Calvinismo dominante, mas com sobretons sugerindo que este sorveu elementos de alguns remanescentes do culto da feitiçaria que se manteve oculto após Salém, um século previamente. Chamando-se a si mesmo de ‘Fraternidade da Nova Luz’, ele advogava o celibato, confissão mútua dos pecados, e um afastamento das ‘pessoas do mundo’, que logo seriam abolidas de qualquer forma, pelos ‘poderes de fora’. Os ‘eleitos’ contudo, – i.e., os membros do culto – então obteriam imortalidade corporal da carne. Aqueles que morreram antes, necessitavam ter seus corpos preservados em plataformas de pedra,623 de onde eles se ergueriam, vivos e respirando, quando chegasse a hora.
Imortalidade na carne é um dos objetivos dos Irmãos Negros. A ideia não surgiu apenas da necessidade natural de proteger o ego do impacto da morte, com sua consequente ruptura de identidade consciente, mas também de uma interpretação errônea da doutrina da Postura da Morte exemplificado pelo Culto da Múmia no antigo Khem. Nesta conexão, Michael Bertiaux – escrevendo sobre Máquinas Astrais – se refere à magos que se empenharam em alcançar a imortalidade no plano astral. Ele observa:
Instrumentos como este624 contra as mudanças do tempo, e tem sido de conhecimento que tais instrumentos tem sido usados por ocultistas para preservar a si próprios, ou manter a si mesmos no plano astral contra a maré progressiva da evolução.625
O Teosofista Leadbeater deplorava esta prática como uma forma de magia negra. Ela é, de fato, um exemplo típico da magia favorecida pelos ocultistas que habitualmente perambulam no Túnel de Yamatu.
Narciso, a flor atribuída a este túnel, oferece uma chave para a natureza da fórmula de magia sexual associada à este, a qual, em seu aspecto negro reflete Karezza como um gasto estéril de força mágica. 626 Isso é confirmado pela letra Yod sendo considerada sagrada para Yamatu. Yod significa uma ‘mão’ e à este túnel os cabalistas atribuem a Ordem das Qliphoth conhecida como os Tzaphiriron, significando ‘Os Riscadores’.
A Luz, ou semente secreta, ocultada por dentro do corpo sugere a ideia de invisibilidade e este é o siddhi mágico atribuído à este raio, como também é a partenogênese.627 O trabalho dos Irmãos Negros portanto pertence naturalmente ao Túnel de Yamatu onde a semente, lançada em um ato estéril, torna o corpo vazio(?) de luz e portanto ‘invisível’. O objetivo da Seita da Nova Luz era reter a luz interna, assim desafiando a morte e alcançando a imortalidade na carne.
A divindade atribuída à este raio é Hoor-paar-Kraat, o original egípcio do deus grego do Silêncio e da Força,628 Harpócrates. Ele era frequentemente representado nos monumentos como uma criança agachada sobre um lótus com o polegar ou o dedo indicador (ambos emblemas do falo) pressionado contra seus lábios no mudra de ‘não pronunciando uma palavra’.629
O verso relevante no Liber CCXXXI repete as ideias acima:
Também o Sacerdote se velou, por receio que sua glória fosse profanada, por receio que sua palavra seja perdida na multidão.630
O Trunfo do Tarô atribuído a este raio é aquele do Ermitão que carrega a lâmpada e o bastão simbólicos da luz oculta, ou a luz manifestada na escuridão. Ele é o Mago da Voz do Poder, mas em seu reflexo qlifótico ele se torna o emissor da Palavra da Morte aprisionada no cadáver e não permitida de realizar sua identidade com o Espaço (consciência cósmica).
Ser capturado neste túnel é sofrer a morte em vida de petrificação. A doença típica é a paralisia, e a inclusão de ‘todos os anafrodisíacos’ entre a lista de Drogas Vegetais atribuídas a este raio novamente sugere a natureza antivital de suas influências esterilizantes.
620 i.e., Set.
621 Vide Liber 777.
622 Andrew Rothovius em um artigo entitulado ‘Lovecraft e os Megalitos da Nova Inglaterra’, publicado em A Fraternidade Negra, Arkham House, Winsconsin, 1966.
623 As plataformas de pedra (a grafia em itálico é de Rothovius) podem ter sido sugeridas através do nome de Set, sendo um de seus significados ‘uma pedra erguida’. O Assento de Pedra é um símbolo de Ísis, originalmente Tífon, a mãe de Mako (i.e., Set). Isto está de acordo com o equivalente gemátrico de 131, MKVNIH, significando ‘seu assento, ou fundação’.
624 Bertiaux está se referindo à uma máquina que ele chama de ‘o Condensador Astral’.
625 Papéis Graduados do Monastério dos Sete Raios (Curso do Terceiro Ano), por Michael Bertiaux.
626 i.e., via VIIIo+.
627 Compare o simbolismo Virgo-Virgin.
628 i.e., sexualidade latente.
629 Vide Cultos da Sombra, capítulo 8, para uma explicação total desta frase.
630 A grafia em itálico é do presente autor.
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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.
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