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Parfaxitas (Túneis de Set)

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Por Kenneth Grant, O Lado Noturno do Éden.

 

O 27º Túnel está sob a égide de Parfaxitas, cujo número é 450. Seu nome deve ser vibrado em uma nota de comando profunda e imperiosa na clave de ‘C’ (registro baixo), e o som deve lembrar o trovão.

 

Seu sigilo deve ser desenhado com um pigmento vermelho brilhante em um quadrado esmeralda.

 

450 é o número de ThN, significando ‘Dragão’. Ele é a raiz de Leviathan.672 Tan, Tanith feminino, é aquele grande dragão das profundezas que se manifesta na terra como Babalon, a mulher ou sacerdotisa especialmente consagrada para o trabalho da Corrente Draconiana.

 

A fórmula de Parfaxitas é aquela do VIIIo+ O.T.O., que comporta a assunção de formas astrais animais para a reificação de energias atávicas. Ela é descrita em detalhes por Austin Osman Spare, que se refere ao processo como aquele de ‘ressurgência atávica’.673

 

No Culto da Serpente Negra a fórmula é conhecida como De Mystère Lycanthropique, que Michael Bertiaux descreve como o ‘Mistério do Templo Vermelho de Magia Atlante na sua primeira forma’, que envolve ‘transformações mágicas em animais674 para magia sexual’. Na sua Segunda forma ela é conhecida como Ataviqier, que é análoga à fórmula de Spare de Ressurgência Atávica.

 

A versão da OTO desta fórmula envolve a operação sexual solitária do magista, que veste uma máscara animal consoante com a natureza do atavismo que ele pretende reativar. Alguns magistas vestem uma máscara de verdade durante o rito de forma que a assunção astral possa ganhar substância por este meio, porém esta é uma questão de preferência pessoal. No momento da emissão da semente a forma-deus é projetada para além da aura do magista e é alimentada por sua energia. Ela então reifica no astral e algumas vezes no plano etérico, onde ela se une sexualmente com uma entidade similar projetada por uma sacerdotisa operando no mesmo rito. Um trabalho bem sucedido é compreensivelmente raro, porém em casos onde as entidades alcançam uma existência objetiva, o resultado de sua união é tal que um vórtice de energia muito poderoso é gerado em níveis astrais de consciência. Então se torna possível sugar para dentro deste vórtice as energias supra humanas de atavismos primais.

 

O túnel de Parfaxitas é iluminado por criaturas híbridas resultantes de operações desta natureza realizadas de forma imperfeita.

 

Os animais tradicionalmente associados a este raio são a Coruja e o Lobo, portanto Le Mystère Lycanthropique.

 

O número de Parfaxitas – 450 – é aquele de KShPIM, significando ‘encantamentos’, ‘bruxarias’, ‘feitiçarias’; e de PShO, ‘transgressão’, que neste contexto denota uma travessia para dentro do mundo astral ou do espírito. Isto é confirmado pela palavra AThMCha (também 450), ‘ser crucificado’, que significa a travessia desde a consciência corporal até a consciência espiritual.675 A palavra AThMChA deriva do egípcio makha, significando ‘equilíbrio’, ‘nível’, ou ‘cruzamento (travessia)’.

 

O sigilo de Parfaxitas retrata uma Fortaleza com uma porta e duas janelas (olhos) superpostos sobre as letras SUE, 676 cujo número é 71, que é o número de LAM.677

 

A fortaleza está magicamente protegida pelas letras M V N D V S D (170)678. O número 71 é aquele de ALIL, que significa ‘nada’, ‘uma aparição’, ou ‘imagem’, e serve para mostrar a natureza astral ou não-física da fórmula de Parfaxitas. Ele é também o número de ChZVN, ‘visão’, e de AIMK, ‘teu terror’. Ele é também o número do ‘Silêncio’. Por outro lado, 170 é ativo e é o número de MQL, a ‘vara’ ou ‘báculo’, i.e. o falo do magista. Ele é também o número de Nephilim, NPIL significando ‘um gigante’, a designação mítica de um deus ou ser extraterrestre, da palavra egípcia Nepr, ‘um deus’.679 Os dois números juntos denotam a fórmula do VIIIo+ O.T.O., que envolve o uso do Torre do Silêncio e da Torre de Shaitan (i.e. a vara), em cujo isolamento ele conjura imagens ou visões provenientes do Vazio.

 

O caminho acima deste túnel é consagrado a Trabalhos de Ira e Vingança, o que mostra a natureza notoriamente marcial da corrente que – no túnel abaixo dela – é interpretada na forma de atavismos primais. Fúrias e Lobisomens povoam suas sombras, e a Espada é a arma mágica associada com as deidades Mentu, Marte, e Horus o ‘Deus flamejante’ que se enfurece ‘através do firmamento com sua lança fantástica’.680 Segundo o Liber CCXXXI: ‘Ele derrotou as torres do lamento; ele as quebrou em pedaços no fogo de sua ira, de forma que só ele escapou das ruínas desta’.

 

Como Scholem ressaltou,681 os conceitos de ira divina estão conectados com a corrente purgativa, que em seu sentido primário é a purgação associada ao ciclo feminino. O sangue derramado pela mulher no período da puberdade era a água da vida purificadora ou ‘redentora’. Este era o primeiro sacrifício de sangue como também era este o primeiro sacramento.682 O sangue derramado em batalha era uma forma secundária deste simbolismo e pertencia à Marte e à Corrente Marciana. É no sentido primário de purgação que a expressão ‘Trabalhos de Ira e Vingança’ deve ser compreendida.

 

Febres e feridas são as enfermidades típicas do Caminho 27; também a Inflamação, cuja vermelhidão é simbólica da ferida da puberdade, o primeiro corte sendo a fenda feminina com sua emissão de sangue. Portanto a Espada como o repartidor ou divisor [fazendo abertura] é simbólico da vagina, e era assim interpretada nos mistérios astronômicos primitivos.683 Isto foi continuado no simbolismo da foice atribuído a Saturno, o recente representante planetário da Deusa primal nos céus.684

 

A pedra preciosa associada a este 27º kala é o rubi ou pedra vermelha; as plantas características são rue685, pimenta, e absinto, todas notórias por suas qualidades ígneas.

 

672 Vide página 217, supra.

 

673 Vide Imagens e Oráculos de Austin Osman Spare, Parte 2.

 

674 Nota do Tradutor: Aqui o autor escreve were-animals. Talvez algo como werewolf-lobisomem.

 

675 Vide Cultos da Sombra, capítulo 2.

 

676 SUE pode ser uma abreviação do primeiro nome da mulher escarlate de Crowley na ocasião em que ele recebeu este sigilo. Outros exemplos da inclusão de nomes pessoais nos escritos ‘transmitidos’, ou Livros Sagrados, podem ser citados. Vide, por exemplo, os versos 1 e 2 do Liber LXVI (Equinócio, I, vi), Liber LXV, V, 43 (Equinócio, III, i). Vide também The Bagh-i-Muattar.

 

677 Vide página 125, supra.

 

678 A Fortaleza é uma forma da Torre, cujo simbolismo foi tratado na Parte I.

 

679 Vide capítulo 7 (Parte I).

 

680 Liber Liberi vel Lapidis Lazuli (Crowley), capítulo vii, verso iii.

 

681 Sobre a Kabbalah e seu Simbolismo, de Gershom G. Scholem, Routledge and Kegan Paul, 1965.

 

682 Vide Aleister Crowley e o Deus Oculto, capítulo 11, nota 53.

 

683 A Grande Mãe celestial era simbolizada pela constelação conhecida como a coxa.

 

684 Note que a foice, ou sinal de Saturno, é uma forma da figura 5 – o número do feminino como simbólico de Nuit (i.e., a fonte Negativa de toda positividade).

 

685 Nota do Tradutor: Uma planta do Velho Mundo com forte aroma antigamente usada na medicina. Do grego rhute.

 

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.


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