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Thelema

Não há Thelema se você precisa ter dinheiro pra comer

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“Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei”, “Faze isso, e nenhum outro dirá não”
– Aleister Crowley

“De cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades.”
– Karl Marx

O que é Liberdade pra você? Como você conseguiria reconhecer a liberdade? Como você a definiria? Seria liberdade econômica? Liberdade de pensamento? De ir e vir? De falar o que quiser? Como ela deveria ser? Por mais que haja diversas formas de descrever e demonstrar o que ela seria, na prática ninguém consegue fazer nada se não houver uma coisa chamada dinheiro. É preciso ter antes de tudo dinheiro para, por exemplo, fazer coisas básicas como: viver. Ninguém vive sem comer e beber água, são coisas primarias pra qualquer ser vivo existir, e para isso é preciso comprá-las. Depois vem moradia e vestimenta, que também é necessário o dinheiro pra obtê-las. E assim por diante: lazer, conhecimento, entretenimento, saúde, etc. Tudo tem um preço. Portanto, vendo as coisas de forma mais profunda, nota-se que não há de fato a liberdade em lugar nenhum, pois liberdade pressupõe que não pode haver nada entre o ser humano e seu objeto de desejo e necessidade. Não pode haver intermediários.

As frases apresentadas no início do texto, atribuídas a, respectivamente Aleister Crowley e Karl Marx, a princípio podem parecer diferentes entre si, mas ao analisá-las mais a fundo, percebe-se uma semelhança em sua natureza, com a presença de uma espécie de filosofia libertária, que abrange todos os aspectos da vida do indivíduo, fazendo com que possamos refletir sobre algo que não temos o costume de fazer no dia a dia, que é pensar em uma revolução.

De acordo com a filosofia de Crowley, conhecida como Thelema, uma palavra grega que significa Vontade, existe dentro de cada ser humano uma vontade nata, única, de ser algo original e verdadeiro, sem imposições externas da sociedade conservadora, onde ele também descreve de forma alegórica na frase: “Todo homem e toda mulher é uma estrela”, como é de fato a humanidade, composta por pessoas que possuem a sua própria órbita, assim como as estrelas que giram em torno de si mesmas.

E na filosofia de Marx, conhecida como Comunismo, um movimento político que evoluiu a partir de um grupo chamado Liga dos Justos, considerados os herdeiros dos Jacobinos, da Revolução Francesa. Karl Marx, assim como Crowley, também demonstra (de forma científica) nos seus livros, como o ser humano nasceu para ser livre e viver de acordo com suas necessidades e vontades, porém é um escravo, vivendo de forma alienada sob o regime capitalista, tendo que trabalhar para conseguir sobreviver. Ou seja, as pessoas são dependentes do trabalho para se conseguir dinheiro para então tentar conseguir coisas, e assim ter um pequeno vislumbre da liberdade. Liberdade essa de viver experiências, se alimentar, se vestir, etc.

Pra quem lembra daquilo que nos foi ensinado na escola, o ser humano não surgiu do nada. Nós somos resultado de uma constante evolução, assim como toda a natureza. Éramos, falando de forma simplificada “homens das cavernas” até chegarmos à condição atual de homo sapiens, que toma café, bebe cerveja e compartilha vídeos pornôs no zap zap. Tudo está em eterna mudança e a humanidade segue essa mudança. Poderíamos dizer que somos agentes dessa mudança? Mais ou menos. Nos escritos de Crowley, a trajetória terrestre dos seres humanos pode ser dividida em três grandes períodos, também chamados de aeons, e foram nomeados da seguinte forma: Aeon de Ísis, Aeon de Osíris e Aeon de Hórus, esse último correspondendo ao tempo atual. Cada um representando, respectivamente, os períodos históricos, nomeados como matriarcal, patriarcal e o moderno, que na verdade consiste em uma transição, portanto sem definição concluída, mas que está no caminho de se tornar, aquilo que as obras do profeta do Novo Aeon disse, da Criança Coroada.

Marx, na sua teoria do Materialismo Histórico, também discorre sobre esses períodos, identificando como “comunismo primitivo” o ciclo que Crowley indica como o Aeon de Ísis; sendo o que seria o Aeon de Osíris a época que abrange o início do sistema patriarcal, e todos os fatos históricos posteriores, desde a ascensão e queda do Império Romano, a criação da Igreja Católica Apostólica Romana, o Sistema Feudal, as Grandes Navegações, ascensão e queda do Feudalismo e Monarquismo e início das revoluções burguesas na França, EUA, Revolução Industrial na Inglaterra, chegando aos dias atuais, onde acontece uma nova mudança, iniciada, do ponto de vista ocultista, em 1904.

Como acontece em qualquer processo de mudança, aspectos presentes em sistemas anteriores se misturam e se sobrepõem no sistema que virá, resultando no fenômeno, em que podemos ver coisas opostas se manifestando ao mesmo tempo, no mesmo lugar, confundindo aqueles que olham de maneira superficial, mas deixando bem claro para aqueles “que tem olhos pra ver”; até porque tudo no universo é fluído, eterno, contínuo. Lembremos também Lavoisier: “Nada se cria, tudo se transforma”. Os elementos que compõem a luz também estão na escuridão.

Sobre a questão das mudanças e suas sobreposições entre o antigo e o novo, o próprio Crowley identificou os movimentos políticos da primeira metade do século XX como manifestações deformadas do Novo Aeon de Hórus, associando fascismo, comunismo, islamismo e ditaduras em geral como “nascimentos abortivos da criança”. Nesse ponto poderíamos caracterizar uma contradição: ora, primeiro se diz que o comunismo representa a liberdade, assim como é Thelema, pra logo depois apresentá-lo como mais um tipo de sistema repressivo? A resposta é não! Não há contradição entre os dois. Reservando um tempinho maior para estudar história, podemos descobrir que o sistema político da União Soviética, se foi em algum momento comunista (de acordo com os ensinamentos de Karx em seus diversos livros, que provavelmente nenhum crítico dele nunca leu), deve ter durado uns cinco anos, depois da revolução de 1917, se tornando logo depois numa burocracia estatal, conhecido com o nome (correto) de Stalinismo. Também, reservando um outro tempinho maior para estudar Magia e Ocultismo, podemos igualmente descobrir, que um avatar (pessoa que se utiliza do seu veículo, também chamado de corpo físico, para manifestar algo oriundo do plano astral, no plano terrestre), não é obrigado a saber de todos os assuntos, principalmente sobre algo tão complexo e instável como a política (ninguém é perfeito, nem Jesus, o avatar do Aeon de Osíris, que não tinha certeza se iria ser crucificado).

Estando nós, vivendo num momento de transição, iremos ver e vivenciar ao mesmo tempo, características do sistema antigo (patriarcal-capitalista) e do sistema futuro (liberal-comunista).

Ainda sobre a questão dos países que se auto intitulam como comunistas (ou mesmo aqueles que não se definem dessa maneira, mas são chamados assim por seus detratores), volto novamente ao parágrafo anterior sobre as obras de Marx que, ao ler em sua totalidade, chega-se a conclusão que NENHUM país é e nunca foi comunista, pois eles não possuem os vários aspectos para caracterizá-los como tal, como por exemplo, os principais: a inexistência da classe burguesa, da propriedade privada e consequentemente, da ausência de classes. Cuba, Venezuela, China, etc, em todos eles há ricos e pobres, propriedade privada e a necessidade do capital pra sobreviver. Da mesma forma, nos países auto intitulados democratas liberais, há manifestações antidemocráticas e conservadoras (até mesmo fascistas), praticadas pelos governos, como censura, corrupção, perseguição ideológica, além dos crescentes problemas econômicos, como pobreza, desemprego e analfabetismo, etc. Ou seja, não estamos vivendo, em nenhum lugar do planeta Terra aquilo que foi previsto por Karl Marx (e nem por Crowley).

Voltemos novamente às citações acima: “Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei”, “Faze isso, e nenhum outro dirá não”, “De cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades”. Além do chamamento às liberdades individuais e coletivas explícitos e implícitos nessas frases, o que mais podemos identificar além disso tudo? Todas elas apresentam propostas que estão resididas no futuro, portanto não aconteceu, mas há de acontecer.

Agora falando sobre as diferenças entre os dois é que, enquanto Aleister Crowley define os problemas em todo mundo, e consequentemente as suas soluções, como coisas de cunho moral e filosófico, dizendo que o ser humano deve falar, pensar, sentir, vestir, fazer aquilo que ele quiser, de acordo com sua “Verdadeira Vontade”, Karl Marx aprofunda a discussão, chegando ao campo da economia, revelando tudo aquilo que impede do mesmo ser humano de falar, pensar, sentir, vestir e fazer tudo de acordo com a sua Verdadeira Vontade, que é o seu poder aquisitivo; você está lendo esse texto mas, caso você não tivesse pago sua conta de internet, você não conseguiria lê-lo. Mas no momento em que juntamos as duas correntes de pensamento e análise, tem-se a solução para se chegar a liberdade verdadeira da humanidade, aquela liberdade onde não há intermediação entre as pessoas e suas vontades, onde o dinheiro não poderá mais impedir a manifestação da verdadeira identidade, vocação e manifestação da essência. E a palavra de restrição a total autonomia dos povos se chama capitalismo (que no fim da Idade Média foi o sistema de libertação dos povos, hoje não mais), e a única forma de chegarmos a liberdade plena é através do sistema comunista (segundo diz Karl Marx e Friedrich Engels e não Stalin e Cia), onde não teremos mais classes sociais, nem ricos e pobres, nem leis restritivas, opressão e censuras; teremos apenas o viver pleno e real, condensado nas frases acima, proferidas por esses dois líderes da história mundial (e maçons).

Pra quem caiu de paraquedas aqui, e nunca ouviu falar nessas duas figuras (e suas doutrinas), sugiro começar pelo básico, o Liber OZ do Crowley e o Manifesto Comunista de Marx e assim, ir se aprofundando. Para o veterano e conhecedor mais profundo das obras deles, faço um convite (para os paraquedistas também), que comece, a partir de agora a pensar, analisar e identificar, todas as coisas que você gostaria de ter, fazer e ser, do fundo do seu coração, no mais profundo local da sua alma, da sua mais verdadeira, real e nobre essência, e que você deixou de manifestar por causa da falta de dinheiro.


Rodrigo Lamore, (@RodrigoLamoreOficial) cantor, inYoutubestrumentista, compositor, produtor musical, ocultista nas horas vagas, thelemita autodidata, conheceu o mundo mágiko durante a adolescência navegando na internet. Baiano, veio pro Rio em 2012 pra viver de música e foi iniciado na F.R.A. em 2014, saindo dois anos depois por discordar de comportamentos de alguns membros. Aquariano praticante.


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