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Sitra Achra

Super Homem Satânico: Epístola Quinta aos Satanistas

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É quase impossível e um primeiro momento e em um último momento desassociar Nietzsche do Satanismo proposto por LaVey. Claro que quem restringe o Satanismo ao papa negro deixa de fora toda a tradição, folclore e mesmo evidências de um Satã mais livre, poderoso e idependente, mas bem ou mal acredito que não erraria se afirmace que todos aqui hoje falam de Satanismo por causa do que aconteceu na Black House na década de 1950 e 60.

Leia textos sobre Satanismo e verá em abundância passagens descrevendo a “religião do forte”, “individualismo”, “Satanarquia”, o fim da hipocrisia e o nascimento do novo ser humano. Agora até onde isso é verdade?

Quando penso no conceito de super-homem me vem à mente não alguém superior, mas alguém cuja auto-ilusão é tão poderosa que afeta a realidade, e permite que a pessoa consiga não apenas viver na auto-ilusão coletiva, como triunfar nas metas que estabeleceu apra si mesma.

O que quero dizer é o seguinte: a sociedade é um organismo, e não podemos NUNCA nos esquecer disso. O objetivo dela é crescer gorda e forte. Para fazer isso ela deve proteger os indivíduos que a compõe mas mesmo assim torná-los descartáveis. Se fôssemos ser dependentes de cada célula do nosso corpo, um banho com ducha proclamaria nosso fim – se não físico, psicológico e mental!

Como todo organismo a sociedade possui ummetabolismo, sistemas imunológicos, instinto. Quando algo alienígena infesta esse organismo suas defesas entram em ação, com o tempo ele pode ser aniquilado, absorvido ou destruir o todo e a si mesmo, é como uma pessoa que morre de gripe, o vírus “morre” junto, pode se espalhar para outras pessoas, mas os que estavam no hospedeiro acabam sucumbindo à própria fome.

Quando uma célula deseja ser algo mais o que acontece? Nós chamamos isso de câncer. O câncer também pode ser benigno, maligno, ser controlado ou se auto destruir levando o organismo com ele.

Quando penso num ideal de super homem não penso nem em doença nem em câncer, mas em algo diferente. Algo totalmente alienígena, que se submete às regras que bem desejar. A personagem dos quadrinhos mostra bem isso. Kal-el vem de Krypton, pode ser Deus vivendo na terra, mas por causa de sua criação e sua índole assume, de certa forma a carga de viver pela regras dos humanos, faz questão ainda de esconder sua identidade, talvez como forma de carregar melhor o fardo que escolheu para si.

Como enquadrar essa visão no cotidiano? Acho que um passo fundamental é antes de mais nada se tornar de fato alienígena, se tornar marginal.

Quais são os seus valores? Pegue uma folha de papel e os coloque, um a um, conforme se lembrar em uma lista, depois pare para analisar. Até onde tudo aquilo que você presa é seu de fato? Você vive em uma sociedade, antes disso vivia em familia. Esses valores são mesmo seus? Existem culturas onde compartilhar a esposa é uma questão de educação. Existem outras onde procriar com a própria família é uma exigência. Em outras as crianças do grupo, quando atingem 12 anos são espancadas pelos pais em um ritual de maturidade. Existem grupos que se alimentam se vermes e parasitas, outros que vivem de matar e exterminar estrangeiros, e isso tudo é normal apra eles. Até onde sua formação, seus gostos são realmente seus? E isso sem falar em memória genética.

Quando você se corta o seu organismo entra em ação, ele cura o corte. Seu estado de saúde (física e mental) podem fazer o processo acontecer mais rápido ou mais devagar. Mas até onde você não poderia controlar esse processo? Se corte e o corte fecha. Olhe para o braço e um corte se abre.

Imagine isso com a mente, com idéias, com valores.

A moral é um vício. Eu proponho que um Super Homem real deve deixar toda moral de lado. O ideal é o desenvolvimento de um código de honra, para você conhecer os seus próprios limites auto impostos, e uma ética pessoal, para você traçar um mapa do seu curso de ação. E de forma nenhuma isso deve se tornar um dogma.

Seus valores deveriam refletir você mesmo/a. Não aquilo que acha que é esperado de você. E essa parte é difícil, já que nos colocamos em uma situação em que quase 100% de nosso tempo é tomado com o convívio entre outras pessoas, muitas das quais acabam sendo responsáveis por aspectos da nossa vida. Um chefe, um cheque, um mestre, um amante, um cônjuge. Até onde você está disposto a ir, o que está disposto a perder para descobrir o que de fato você é? O que de fato quer para você?

Hoje acredito que para se tornar uma pessoa assim, devemos antes de mais nada pesar na balança tudo o que temos de mais precioso, ver a dor que nos causaria deixar tudo de lado e se estamos dispostos para tal. Alguém que tem algo a perder imediatamente tem a chance de perder, seja o que for.

Ao mesmo tempo não imagino que alguém assim seja uma pedra sem emoções, que se desfaz de tudo e de todos quando se entedia.

Satanistas, por algum motivo, parecem ter uma alergia a tudo que é cristão e nazareno. Isso deve ser deixado para trás. Se um mito te controla você não tem liberdade de criatividade. Satanistas tem um desprezo pela “grande massa”. Isso tem que morrer, bem ou mal, se eles não erguerem sua pirâmide, é você que vai por a mão na massa? As pessoas tem um embaraço de tomar as rédeas de situações que envolvam alguém “superior”. É mais fácil fofocar e falar mal pelas costas de um chefe do que se trancar com ele numa sala e dizer o que pensa. Panos quentes…

Me parece que os objetivos de muitos no caminho para a própria super humanidade são mundanos demais, e isso bate de frente com a necessidade de se tornar alienigena. Dinheiro, poder, status, magia? Quem consegue controlar o corpo a ponto de curar a própria miopia, conter um câncer, ignorar a dor quando ela te incomodar vai ter que visão a respeito de dinheiro? Alguém que molda sonhos vai fazer o que com poder?

Temos que, talvez, enxergar além daquilo que faz esse mundo girar e procurar uma forma de simplesmente conseguir essas coisas de forma a não ter mais trabalho para conseguí-las no futuro e nos concentrarmos naquilo que gera a ilusão de necessidade dessas coisas. Viver além do véu – mesmo que isso signifique apenas um novo véu.

Rev. Obito, Templo de Satã


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