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Damien Vorhees[1]
Excerto do livro O Caminho da Mão Esquerda: Fundamentos e Comentários
Existe um grave problema no campo espiritual da sociedade atual que consiste no mais completo equívoco em relação aos elementos que consagram um indivíduo como ‘bem-sucedido espiritualmente’. Alguns destes equívocos provocados pela sociedade dominante são atrelar o desenvolvimento espiritual com o sucesso financeiro, amoroso ou com ‘feitos milagrosos’ de assim autointitulados ‘Magos’ conforme vemos aos montes por aí. A grande verdade é que muitos profanos, Húbris e Mundanos, especialmente nos últimos anos de crescente Pandemia e isolamento social, muitas dessas figuras que, não nos enganemos, já eram uma multidão antes; começaram a surgir de suas tocas vendo no desespero e ingenuidade uma nova e rentável oportunidade de negócios.
Isso favoreceu ainda mais o surgimento de charlatões, ‘professores’, ‘mestres’ que jamais estudaram mais de duas linhas daquilo que cobram centenas de reais para ensinar aos leigos, que acreditam na lábia, caem na conversa e acabam sendo prejudicados, tanto por aprenderem errado quanto perdendo dinheiro que poderia ser mais bem investido.
Os fatores que contribuem para que esses charlatões recebam tal crédito, como vimos anteriormente, são:
Primeiro, o fator financeiro. Em algum dado momento a modernidade e a mentalidade do rebanho se infiltrou tanto no mundo Esotérico que não mais olhamos com respeito para os humildes, para os evoluídos que se expressam através de ações ou palavras de sabedoria e conhecimento. Estes, muitas vezes são vítimas do desprezo. A grande massa olha com respeito somente para os ricos. Não há sinal maior do fim dos Tempos conforme previsto no Srimad Baghavan, escritura hindu similar em muitos aspectos ao Apocalipse bíblico, que narra a derrocada do ser humano, da qual a queda e profanação da espiritualidade faz parte.
Desde que momento um monge, uma pessoa simples ou de modos humildes é inferior a uma que seja ‘rica’ ou de posses?
Não quero dizer aqui que ‘dinheiro não é importante’, somos seres humanos vivendo no Plano Físico, portanto é óbvio que dinheiro É importante. Mas ele não é a essência e muito menos o objetivo final de um caminho espiritual e quem assim o pensa deveria retornar aos estudos primários.
Em segundo dos pontos que colaboram para pensamentos equivocados sobre adeptos espirituais são as ‘amarrações amorosas’ e os supostos ‘feitos milagrosos’. Aqueles com mais ‘causos’ surrealistas para contar ficam em destaque. Afirmam poder destruir os ‘inimigos’ (já denotando uma ideia infantil de realidade); afirmam ‘trazer de volta o amor ou acabar com ele’, como se mandarem na emoção alheia e ainda mais, curar o câncer e doenças terminais com seus ‘superpoderes’, com toda pompa e prepotência possível.
Não é incomum que esses ditos ‘magos’ saibam até menos que um estudante iniciante que possua afinco em sua jornada, sendo nada menos que uma completa vergonha para si e para aqueles que orbitam em seu redor. Eu tenho visto, por exemplo, bruxas cobrando fortunas para a cura daquilo que é incurável, adolescentes dizendo lidar com demônios ‘desde os oito anos de idade’, ignorando todos os preceitos de maturidade que a magia exige, até fui ameaçado de ser ‘demandado’ por alguns destes que tanto inflamam seus egos, especialmente em meios virtuais, por tê-los criticado e questionado sua falta completa de fundamentos para falar o que falam e como falam. É curioso, porém não surpreendente, que estes aspectos equívocos usados pelos charlatões da magia também são utilizados pelos Pastores evangélicos.
Desde que foi trazido ao Brasil o neoprotestantismo infectou visceralmente a espiritualidade brasileira, a tornando um escárnio putrefato do que um dia foi. Pastores se utilizam dos mesmos pontos: Sucesso financeiro, muitas vezes obtido sob meios escusos; coação psicológica mediante supostos feitos ‘milagrosos’ e utilizando seu ‘status’ pessoal para se livrar de casos que nem o pior filme de terror mostraria, como o do menino Lucas Terra, violentado, assassinado e queimado vivo por ‘religiosos’. Mas claro, como suas ‘condutas religiosas são ilibadas’, eles saem sempre andando da porta da frente da delegacia. Não apenas neste, mas em muitos outros casos, alguns inclusive que eu mesmo presenciei.
Dito isso, deixo duas reflexões de meu diário pessoal:
I – Ideias, como seres vivos, se adaptam para sobreviver. A escravidão e o materialismo mundano, se dobra em si e se adapta de tal modo que a mentalidade neopentecostal evoluiu fazendo surgir uma Falsa ideia de Liberdade e um Falso Despertar. Uma
Cegueira disfarçada de iluminação danosa.
II – Jamais o sucesso financeiro deve ser usado como medida ao espiritual. Se fosse o caso, os cristitas corrompidos seriam Budas enquanto os monges mendicantes um fracasso! Um iniciado reconhece o outro pelo agir, pela Etiqueta e pelo Olhar,
aquela fagulha da Chama Negra que reflete na íris e é indisfarçável. Dinheiro é importante, mas não é a prioridade nem objetivo final de um Mago. Esse erro largamente difundido aprisiona ao invés de trazer liberdade genuína.
No fim, esses charlatões serão devorados pelas forças que usam como engodo para tirar vantagem dos desesperados e nenhum de seus rubis e diamantes irá salvá-los das Mandíbulas de Deus.
Enquanto nós, que realmente conhecemos a Magia, gritamos em uníssono:
Abaixo o ethos mundano! Ao Diabo, o Status Quo!
Damien Vorhees é teólogo, tarólogo, devoto da Santíssima e escritor de diversos livros de ocultismo pelo selo Ordo Lunae Sanguinis bem com artigos no blog Arauto do Chaos
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