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Carlos César Salvador Arana Castañeda (1925 –1998) ou, simplesmente – Carlos Castañeda, escritor cuja biografia guarda uma boa dose de mistério foi – e para muitos ainda é uma espécie de guru do autoconhecimento no contexto da cultura hippie que floresceu entre o fim dos anos de 1960. Sua cuja fama consolidou-se durante toda a década de 1970 mantendo e alcançando novos adeptos e admiradores durante os anos de 1980 e 1990, transcendendo portanto, a orientação ideológica de seus primeiros leitores alcançando novas gerações da burguesia urbana ocidental que, mesmo não sendo hippies, incorporaram vários elementos da ideologia daquele movimento.
Curiosamente Castañeda não é tão conhecido quanto deveria pela nova esquerda ocultista que emergiu na America latina do ano 2000 para cá, pessoas que talvez devido a explosão da internet para adquirir conhecimentos deste naipe talvez tenha pegado menos em livros do que as gerações anteriores, e embora não conheça Castañeda conhece trechos e títulos inteiros de autores de outros continentes. Pra corrigir isso, a iniciativa Morte Súbita convidou a articulista Lígia Cabus para nos dar uma aula sobre a “Feitiçaria meso-americana, mas para alegria ds leitores em vez disso ela preparou todo um curso sobre o assunto.
Os 14 livros publicados de Carlos Castañeda, 11 em vida e 3 póstumos, consolidaram sua fama como o grande mestre esotérico da magia xamânica, formado na tradição meso-americana dos indígenas do México herdada dos povos pré-hispânicos da região, especialmente os toltecas mas também, astecas e maias. Não seria errado afirmar que ele é o responsável pelo resgate do paganismo meso-americano assim como Gerald Gardner resgatou o paganismo celta. Contudo Castañeda foi muito mais a fundo do que Gardner, pois teve acesso a uma cultura viva e não apenas a registros históricos e arqueológicos. A trajetória de Castaneda no universo da magia xamânica meso-americana começou a partir de sua condição de estudante de Antropologia da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA-EUA) em função de uma pesquisa acadêmica destinada a instruir uma dissertação de mestrado sobre o uso de plantas psicotrópicas (ou medicinais) entre as etnias indígenas.
Essa pesquisa inicial foi inspirada pela obra de Aldous Huxley, As Portas da Percepção que chamou a atenção do Ocidente para os efeitos psicotrópicos da mescalina, um alcalóide alucinógeno presente no cacto chamado Peiote (Lophophora williamsii) que era usado em rituais por diferentes povos indígenas americanos: Porém, a investigação que começou como pesquisa acadêmica acabou por se transformar no centro da vida do autor gerando mais uma dezena de livros autobiográficos. Aos poucos, p antropólogo transformou-se em guru com fama de bruxo.
“No verão de 1960, quando eu era estudante de antropologia na Universidade da Califórnia, em Los Angeles, fiz várias viagens ao Sudoeste a fim de coligir informações sobreas plantas medicinais utilizadas pelos índios do local…tive a felicidade de conhecer um índio yaqui do Noroeste do México. Eu o chamo “Dom Juan”. Eu já conhecia Dom Juan havia um ano quando ele afinal resolveu confiar em mim. Um dia ele me explicou que possuía um certo conhecimento, que aprendera com um mestre, um “benfeitor”, como ele dizia, que o dirigira numa espécie de aprendizagem. Dom Juan, por sua vez, me escolhera para servir de seu aprendiz, mas ele me avisou que eu teria de assumir um compromisso muito sério e de que o treinamento seria longo e árduo.” (CASTANEDA, 1968 – p 6, 10)
Aquela dissertação de mestrado foi seu primeiro livro. Com o título The Teachings of Don Juan – a Yakui* way of knowledge, o texto foi publicado em 1968 em sua primeira edição em inglês pela University of California Press. No Brasil, foi lançado pela editora Record como A Erva do Diabo (a edição mais antiga que articulista conseguiu localizar data de 1970). Porém, conceitos básicos definidos em A Erva do Diabo são significativamente alterados no prosseguimento da experiência de Castaneda como aprendiz, descrita no segundo livro, tese de doutorado do autor: Uma Estranha Realidade, 1971.
O material a seguir de Ligia Cabus sob encomenda da iniciativa Morte Súbita é todo baseado no trabalho direto de Castañeda, e se destina a apresentar a visão de mundo, o caminho do guerreiro e seus aliados a quem deseja conhecer melhor as propostas do xamanismo, mas não substituí a leitura original da obra, que por sua vez não substitui a vivência real. Dividimos nosso dossiê em quatro partes que serão postadas no decorrer das próximas semanas:
Parte 1. O Caminho do Guerreiro
Feitiçaria a Meso-Americano
O Caminho do Guerreiro
Xamanismo & Alta Magia Ocidental-Européia
Os Aliados de Don Juan
O Mistério dos Aliados
Apêndice: Up-Grade do kit-Médico/Nutricional do Guerreiro
Parte 2. A Erva do Diabo
A Erva do Diabo
Primeira Porção – Vigor Físico, Força Fisica Sobrenatural
Segunda Porção – Para o Ritual de Cultivo da Datura Pessoal
Terceira Porção – Vidência & Corpo Astral
Quarta Porção – Unguento das Feiticeiras II
Parte 3. O Fuminho
O Fuminho – Psilocybe
Efeitos Psíquicos e Físicos do Fuminho
Virando Corvo: Fumo e Zoomorfose
Luzes & Trevas: O Mundo dos Corvos
Parte 4. O Peiote
O Mestre Peiote
Encontros com Mescalito
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