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André Correia
1) 𝗦𝗮𝗶𝗯𝗮 𝗾𝘂𝗲𝗺 𝘃𝗼𝗰𝗲̂ 𝗲́ 𝗮𝗻𝘁𝗲𝘀 𝗱𝗲 “𝗰𝗼𝗺𝗽𝗿𝗮𝗿” 𝗰𝗿𝗲𝗻𝗰̧𝗮𝘀 𝗮𝗹𝗵𝗲𝗶𝗮𝘀
Quando estamos nos aproximando em uma nova sociedade, tendemos a chegar como um livro em branco, ansiosos para ser preenchido com novas informações. Isso é bom: a ânsia por aprender, vivenciar, ser aceito por aquele grupo e sentir-se integrante daquela consciência compartilhada.
Apesar de ter muitas vantagens nesse mergulho na nova crença, corremos o grande risco de perder a identidade.
Então, mantenha essa percepção em dia e, se possível, faça terapia para saber quem você é e qual a função da nova crença em sua vida.
Tendo consciência de quem se é, é possível fazer a escolha do que gostamos e não gostamos, do que nos pertence e daquilo que não nos agrada mais. Podemos escolher o que manter e o que deixar partir. Sabendo quem se é, teremos uma maior compreensão e até controle de como a nova crença poderá impactar em nosso dia a dia.
2) 𝗘𝘀𝘁𝘂𝗱𝗲 𝗮 𝗵𝗶𝘀𝘁𝗼́𝗿𝗶𝗮 𝗲 𝗱𝗶𝘃𝗲𝗿𝘀𝗼𝘀 𝘁𝗲𝗺𝗮𝘀 𝗿𝗲𝗹𝗮𝗰𝗶𝗼𝗻𝗮𝗱𝗼𝘀
Ao estudar a história da Bruxaria, terá consciência de que a Bruxaria não é uma crença e prática exclusiva da Europa. Terá conhecimento sobre o que é a bruxaria em outros continentes, diferentes formas de práticas, as diferenças e semelhanças com a feitiçaria, com a magia e a relação com o paganismo.
Conhecendo a história da bruxaria, saberá da pluralidade de sua existência e, consequentemente, compreenderá que a neo-bruxaria é um apanhado de diversas práticas postas em um sistema funcional ainda em desenvolvimento.
Estude a bruxaria europeia (dando atenção à inglesa, irlandesa, escocesa, portuguesa, italiana, espanhola, escandinava e russa), o paganismo asiático (principalmente o xintoísmo e o hinduísmo), a bruxaria africana em suas diversas manifestações, a americana e sua mescla com o cristianismo, e muitas outras.
Estude o desenvolvimento desde o neolítico, passando pela Idade do Bronze, Idade Média, até chegar aos dias atuais.
3) 𝗡𝗮̃𝗼 𝗰𝗼𝗻𝗳𝗶𝗲 𝗲𝗺 𝘁𝗼𝗱𝗼𝘀 𝗼𝘀 “𝗹𝗶́𝗱𝗲𝗿𝗲𝘀” 𝗾𝘂𝗲 𝗽𝗮𝘀𝘀𝗮𝗿𝗲𝗺 𝗽𝗲𝗹𝗼 𝘀𝗲𝘂 𝗰𝗮𝗺𝗶𝗻𝗵𝗼
Algumas pessoas são bem-intencionadas, enquanto outras estão apenas esperando a oportunidade de encontrar alguém inocente para dar um golpe. Existem muitos líderes na bruxaria atual, alguns mais evidentes devido à relevância de seus trabalhos, práticas ou rituais. No entanto, a todo momento surgem pessoas querendo ensinar e liderar os jovens ansiosos por conhecimento (e iniciações).
É importante buscar informações sobre essas pessoas. Há quanto tempo elas praticam bruxaria, magia, etc.? Quais são suas referências? Quão bem relacionadas elas são? Esses são indícios físicos, mas é fundamental prestar muita atenção aos fatores práticos e espirituais. Faça perguntas sobre suas referências, quais livros elas leram, com quem estudaram ou praticaram, e procure por fotos antigas e outras evidências que validem sua história.
Confie sempre em sua intuição. Não faça nada que vá contra a sua vontade. Não permita que tirem fotos ou gravem você sem roupa. Não participe de ritos com nudez ou envolvendo sexo se isso não for da sua vontade. Iniciações geralmente não são cobradas, ou caso haja algum valor envolvido, este deve se referir a custos, não a lucros. Lembre-se de que iniciações não são diplomas de cursos.
Se algo lhe parecer estranho, saia do local. Mantenha-se sempre informado.
4) 𝗗𝗲𝗴𝘂𝘀𝘁𝗲 𝗰𝗮𝗱𝗮 𝗳𝗮𝘀𝗲 𝗱𝗼 𝗱𝗲𝘀𝗲𝗻𝘃𝗼𝗹𝘃𝗶𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼
No início, geralmente somos mais lúdicos e fantasiosos em nossas práticas. Posteriormente, começamos a evoluir nossos rituais e nos tornar mais exigentes e rigorosos. Com o tempo, vamos nos desapegando de algumas coisas e começamos a questionar outras. Aos poucos, aprendemos coisas novas e voltamos a nos encantar e a tornar as coisas lúdicas. Aproveite cada etapa, desde colocar maçã para o duende até soprar canela e se questionar sobre “se uma borboleta entrar pela minha janela…”. Experimente cada fase. Leia quantos livros puder e quiser. Devore-os e anote tudo o que achar interessante. Converse com amigos sobre suas anotações. Pratique tarot com amigos da escola ou amigas da faculdade. Compre bruxinhas e use pentagramas no pescoço, se assim desejar. Seja autêntico/a em sua expressão. Descubra a bruxaria natural e encha potinhos de vidro com ervas. Coloque um sino dos ventos na janela do quarto, se lhe trouxer alegria. Misture panteões e explore diferentes tradições. Faça rituais mesmo sem saber exatamente o porquê. Cometa erros e corrija-os. Leia livros mesmo sem entender completamente. Releia-os depois de um ano e veja como seu entendimento evoluiu. Continue crescendo e evoluindo. Compre um caldeirão maior, se assim desejar. Considere mandar fazer um traje ritualístico, se isso lhe trouxer prazer. Participe de grupos de estudos e discussões. Compreenda o fator político e, se necessário, desfaça confusões. Ajude pessoas que estão iniciando em seu caminho. Deixe de lado os livros básicos e comece a ler sobre mitologia e antropologia. Aprofunde-se em leituras sobre bruxaria, magia e o trabalho de Jung. Comece a questionar sua própria fé e desfaça-se do que não lhe serve mais. Volte a ler os livros básicos e redescubra aquilo que sua imaturidade não lhe permitiu ver no começo do seu percurso.
5) 𝗡𝗮̃𝗼 𝘁𝗲𝗻𝗵𝗮 𝗺𝗲𝗱𝗼, 𝗺𝗮𝘀 𝘀𝗲𝗷𝗮 𝗽𝗿𝘂𝗱𝗲𝗻𝘁𝗲
A bruxaria pode chocar você e muitas pessoas ao redor, não por ser aterrorizante, mas por ser incrivelmente humana. Dentro de uma sociedade predominantemente cristã, repleta de códigos de conduta e moralismos, a bruxaria choca por sua natureza natural e autêntica.
A bruxaria aborda tanto os aspectos maravilhosos como os destrutivos e maliciosos que existem em cada um de nós. Assumimos a responsabilidade por nossas ações, em vez de terceirizar a culpa para forças externas.
Falamos abertamente sobre sexo, reconhecendo sua importância tanto para a reprodução quanto para o prazer. Não encontramos culpa nessas experiências. Pelo contrário, compreendemos sua importância e aprendemos a educar nossos instintos, olhando para dentro de nós mesmos.
Cultuamos deusas e reconhecemos a importância das mulheres como parte integral do sagrado. As reverenciamos como seres divinos em suas diversas fases: meninas, mães e sábias.
Cultuamos deuses que caminham ao nosso lado, em vez de um deus distante que nos julga severamente de seu trono. Reconhecemos que nosso deus pode ter características chifrudas, alternando entre ser um pai acolhedor e uma força destrutiva.
Inicie seus estudos. Leia, pratique e exercite-se. Esteja ciente de que cometer erros é inevitável.
Converse com outras pessoas, troque informações, desapegue-se e recomece sempre que necessário
André Correia. Psicólogo atuante em clínica desde 2007, adepto da bruxaria eclética, construtor de tambores ritualísticos. Coordenador do Círculo de Kildare e autor da obra musical Tambores Sagrados.
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