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Eduardo Berlim[1]
Certamente a Magia do Caos traz um campo de infinitas possibilidades dentro da magia. Eu particularmente me sinto atraído aos pequenos pontos completamente ignorados desta seara e foi pensando sobre possibilidades quase aleatórias que me veio a ideia de escrever este pequeno artigo.
Em um dos meus devaneios sobre as possibilidades de criação dentro da magia do caos, comecei a desenhar. Calma… Na verdade, eu comecei a redesenhar algo! Foi se formando um símbolo, um sigilo, um selo. Eu já o tinha visto antes e já o havia esboçado em outros momentos da minha vida, mas ele sempre me pareceu incompleto e com um propósito completamente desconhecido. Ocorre que naquele momento ele começou a se completar e seu propósito foi se apresentando para mim aos poucos.
Creio que uma parte considerável das pessoas na senda mística e esotérica veriam esse “recebimento” como algo vindo de um guia, entidade ou coisa que o valha, enquanto uma parcela bem menor pensaria algo como “eu viajei aqui e nem percebi”. Confesso que nas primeiras vezes que isso me ocorreu pensei estar recebendo algo de algum tipo de guia, mas conforme os meus poucos anos de magia seguiram passei a observar isso como uma grande interrogação: uma completa viagem da minha cabeça ou…?
Foi pensando sobre o que seria possível estar acontecendo ali que sinto ter encontrado uma possível resposta – que é ainda mais estranha do que ter recebido isso de qualquer entidade que o seja. Me questionei então se um simples sigilo poderia distorcer o tempo.
Resolvi por minha teoria à prova: tracei um sigilo específico com o intuito para adquirir um determinado conhecimento. Só que tracei este sigilo para que ele funcionasse no passado.
O curioso é que tenho o conhecimento em questão é no tempo atual, mas que não lembrava do exato momento em que o adquiri. Após a ativação minha memória me levou a momentos de minha vida em que eu parecia ter pleno conhecimento sobre determinado assunto cuja origem não conseguia rastrear. Por me considerar uma pessoa com (parte das) faculdades mentais em dia, sempre me ocorreu que determinados conhecimentos vieram de algo que li, vi ou presenciei sem dar muita atenção – e que minha mente simplesmente guardou para o momento adequado.
Ao ativar o sigilo em questão, lembrei-me que foi em um desses momentos que “aprendi” o tal conhecimento. Na época, eu fui atrás da informação, busquei livros e em aulas, para me assegurar de que “não estava falando uma merda gigantesca”. Como disse, foi um momento em que acreditei já ter visto a informação anteriormente e que ela havia passado desapercebida.
Contudo, a criação do sigilo me fez perceber que sou uma pessoa que costuma ter curiosos insights que se provam corretos quando busco sua validação. Também tenho uma facilidade impressionante com textos automáticos (e isso passou a me intrigar). Seria eu uma pessoa naturalmente criativa? Ou será que existia de fato a possibilidade de enviar conhecimentos do futuro para o passado através de um sigilo?
Acredito que a magia precise ter uma via de manifestação que respeite as leis da realidade. Lembro-me de ouvir algumas histórias sobre pessoas que provocaram uma chuva, quase que a invocando. Que isso é possível eu não duvido, mas acredito que o efeito da magia tenha criado as condições de pressão necessárias para tal fato, movido nuvens através de ventos ou qualquer outro fenômeno natural e explicável para que aquilo ocorra. A princípio, o inexplicável é o fenômeno da magia manifesta ter “obrigado” as condições a acontecerem.
Buscando possíveis vias de manifestação, encontrei as mais estranhas teorias no campo da física e da mecânica quântica – e certamente não vou entrar em quaisquer desses assuntos pelo receio de que alguém venha com ideias de “sigilos quânticos”. O ponto principal é a percepção de que tempo e espaço são a mesma medida dentro da física e que espaço é um caminho que pode ser trafegado em mão dupla.
Sim(!), não há absolutamente nenhum respaldo para que nós possamos viajar no tempo em direção ao passado…, mas e uma ideia? Um pensamento? Como explicar pessoas diferentes pensando as mesmíssimas coisas ou chegando as mesmas conclusões em tempos completamente diferentes? Há um real conceito de tempo no Plano das Ideias de Platão? Ou existe algum indício de que o tempo corra apenas para frente dentro do plano astral?
A partir do momento que um sigilo é ativado ele se torna uma ideia, matéria jogada no subconsciente humano. Um subconsciente repleto de informações e mesmo uma possível conexão com um inconsciente coletivo, segundo o psiquiatra e psicoterapeuta Carl Jung – um inconsciente coletivo que também parece carecer do conceito de tempo.
Então qual seria o real limite para a implementação de uma ideia dentro do espaço-tempo?
Eu poderia semear uma ideia em mim mesmo a partir do futuro?
Poderia ter alcançado o fim da minha vida e percebido a necessidade de ter estudado certas coisas, de ter tido certas experiências e de ter vivido certos momentos e com isso ter decidido implementar em mim mesmo os ingights, os desejos, a curiosidade e o que quer que fosse necessário para me fazer buscar aqueles caminhos?
Mais ainda: eu posso ter feito (farei?) de uma forma que não fosse parecer estranha a mim mesmo! Talvez um conhecimento vindo do “absoluto nada” seja estranho para você, mas e se foi uma mensagem dos teus guias? E se foi o resultado de uma meditação? E se foi um capricho ou um desejo que parece que sempre esteve em você? E se isso se assemelhasse a uma mera criatividade vinda desde a infância?
Perceba que se isso for possível, o simples fato de você estar lendo este texto pode ser o gatilho para que você execute isso no futuro.
Talvez os teus insights, criatividade, saberes ocultos e mensagens recebidas não sejam nada mais que o resultado do teu Eu futuro após ler este artigo…
Eduardo Berlim é músico, tarólogo e estudante de hermetismo com vasta curiosidade. Tem apetite por uma série de correntes diferentes de magia e se considera um eterno principiante. Assumidamente fanboy dos projetos da Daemon e das matérias do Morte Súbita inc.
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