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É comum a citação de bacias em rituais e processos mágickos, desde os Obis (um Bori com água), no paradigma afro, até as bacias de cobre ou bronze dos cristãos.
Há a utilização de bacias em inúmeros cultos, cerimônias, oferendas, ritos e magicks em geral, nas cerimônias do antigo Egito, rituais celtas, xamânicos, hindus, budistas e muito outros.
Há uma recomendação no “Oráculo de Ifá”, onde o sangue em uma bacia deve ser lançado ao mar, para que se execute determinado procedimento. Mas a bacia, neste caso, é mera coadjuvante. Entretanto a utilização da bacia com água como oráculo é pouco difundida.
São poucos os que sabem que era através de uma bacia com água que Nostradamus fazia as suas profecias. E foi inspirado neste procedimento que eu criei um oráculo com uma bacia com água e sal. Uni Salt Magick, com “Nostradamus” e Scrying, uma técnica muito conhecida pelos membros da religião Wicca.
Logo na minha primeira experiência fui surpreendido com uma letra do tamanho de um palmo que se formou com o sal na bacia. Aquela letra tinha uma ligação direta com minha pergunta e era absolutamente a resposta exata que eu estava esperando.
Depois deste caso, observei desenhos variados, conjuntos de duas e até três letras formados pelo sal.
O mais comum dos casos, em quase 99% deles, o que é observado mesmo são outras mudanças e alterações do sal. Estas são inevitáveis. E é através delas que pude construir um “manual” pessoal de interpretações.
A minha sugestão é que o magista que se interesse em criar um oráculo com água e sal monte suas próprias convenções. Mais ou menos como fazemos quando estamos “educando” um pêndulo.
O magista deve montar sua magick com as “traduções” que pretende obter do oráculo, já previamente combinadas. Eu sugiro que ele comece com o “sim” e “não”, para somente depois de um tempo, partir para assuntos mais específicos e respostas mais elaboradas.
Não pretendo influenciar o magista a seguir meus procedimentos, porque acredito que, com suas idéias, possa avançar até além do ponto onde estou. Pela natureza individual dos meus trabalhos, tenho o hábito de transformar minhas experiências em aplicações exclusivas ao meu universo pessoal. Porém como o objetivo aqui é a apresentação de uma proposta, vou partir deste ponto individual para que o magista monte o seu.
Para facilitar o entendimento, dividimos o trabalho com o oráculo em três partes:
1- Os elementos do oráculo.
2- A construção e consulta ao oráculo.
3- A interpretação do oráculo.
Elementos
Uso sempre a mesma bacia para a consulta. Trata-se de uma bacia simples destas encontradas em R$1,99 de cor preta ou escura. Mas o magista pode utilizar qualquer recipiente para esta finalidade, até mesmo uma embalagem de sorvete ou margarina. Não reutilizo esta bacia para nenhuma outra finalidade.
A utilização de uma bacia escura tem como finalidade contrastar com o sal. Pode ser utilizado elemento mais “nobre” como uma bacia de cobre, bronze ou outro elemento. Imagino que uma bacia de ouro seria muito poderosa.
Quanto ao sal, sempre indico o sal comum de cozinha refinado. Salt Magick, em geral, somente com sal de cozinha, sendo melhor o sal marinho refinado, porém, os mais vagabundos servem tranquilamente. Sal de churrasco, sal grosso ou o sal misturado com qualquer outro elemento somente para casos específicos cujo objetivo demanda uma utilização dirigida. Mas aqui, no oráculo, só funcionou com eficiência o sal refinado com água.
Construção e consulta
A construção consiste na transformação de elementos comuns em elementos mágickos, e a consulta compreende a interação do magista com o oráculo.
O magista mais experiente verá muitas possibilidades na construção do oráculo. Para este eu deixo aberto a sua própria concepção de construção, de acordo com suas preferências.
Para o magista iniciante, apenas como ilustração, passarei algumas dicas sobre como proceder a construção. Uma orientação plausível é no sentido desta construção ser o mais simples possível, posto que os elementos são igualmente simples e comuns. Trata-se de uma adequação apropriada tratá-los com a mesma simplicidade.
Como ponto de partida (sempre lembrando que não há receitas em Chaos Magick) podemos passar um guia:
-Abertura (RMP).
-Gnosis.
-Consagração dos elementos (Sal, água e bacia).
-Comando.
-Pergunta.
-Selamento.
-Vivendi (se a resposta não for “imediata”).
-Fechamento.
Uma rápida apresentação daqueles pontos que diferem do que foi apresentado
até agora:
-Abertura: pode ser feita de várias formas, sugiro o RMP mas qualquer outro
ritual pode ser feito, desde que se respeite o objetivo principal do RMP que é
de fato importante para o sucesso de uma magick. No meu caso, adiciono uma
menção à “proteção” (magista e magick) e “abertura multidimencional”, além de
uma breve “improve” no censor psíquico e banimento.
-Consagração dos elementos: procure simplificar. Você pode lançar mão de
algum paradigma específico e formar um mote pessoal para consagrar os
elementos, mas procure sempre coerência em tudo que for fazer, e isso serve
pra tudo. Você pode, por exemplo, se imaginar uma Pitonisa entrando em
Delfos e consagrar seus elementos para Apolo, mas fique atento ao panteão
grego observando a coerência com todos os pontos da magick. Não é
aconselhável trabalhar com Apolo e se associar a um animal totem como uma
cobra ou serpente, por exemplo. Pesquise sempre!
Uma outra alternativa é consagrar a Odin e entregar os elementos com a
declaração “Cabeça de Mimir” para que você leve a Asgard, ou a ele.
-Comando: O comando deverá ser feito com antecedência e consiste
basicamente na aplicação da convenção. Por exemplo, o magista conversa
com o sal e lhe aplica um comando específico como: “Suma” se for sim! E
“Estoure” se for não! (consulte abaixo alguns exemplos de reações do sal)
Procure inicialmente estabelecer esta relação com o oráculo. Antes de sua
primeira consulta. O magista deve deixar que o oráculo “converse” com ele. Por
este motivo é melhor deixar que ele apresente a sua resposta ideal. E devemse tentar várias vezes até que se tenha uma resposta padrão. No início,
quando estava ainda no momento das convenções, as respostas eram quase
sempre as mesmas. Somente depois de um período que comecei a obter
resultados diferentes para respostas diferentes, até que finalmente estabeleci
um padrão. Neste momento, percebi que estava pronto para utilizar o oráculo
para divinação.
Interpretação
No momento crucial do trabalho com o oráculo, é necessário que se estabeleça com total precisão como será constituída a relação do magista com o oráculo.
O ideal é que se estabeleça um procedimento que não varie muito depois que tiver realizado o trabalho pela primeira vez. Por este motivo, é melhor que o magista procure estudar bastante, analisar bem antes de iniciar o trabalho e não ter medo de eliminar ou acrescentar alguns pontos que achar necessário caso algo não corra bem.
Primeiramente é importante ressaltar que perguntas mais complexas ao oráculo, não serão respondidas de forma imediata. Por este motivo, as respostas como “O que devo fazer hoje à tarde” devem excluir o período de vivendi. O tempo mínimo para uma resposta complexa é de 24 horas, sendo o de 48 a 72 o ideal e, para casos mais complexos, a resposta em 7 dias é altamente eficaz. Não mais do que isto. Em um tempo prolongado, o sal tende a modificar e variar sua apresentação, anulando o trabalho.
Reações do sal
O sal sempre irá apresentar alguma reação quando deixado em contato com a água por algum período. A interpretação destas reações é que me levaram a criar uma forma de descobrir algo a partir deste ponto. E não demorei muito para obter bons resultados nestas interpretações. Basta ter disposição para testar.
Apresento aqui algumas reações possíveis com o sal, ao menos as que ocorrem em 99% dos casos. Mas é evidente que podem ocorrer reações diferentes do que estas. Em conversa com um dos mestres de jogos de “Caos o Jogo”, ao realizar esta experiência, apareceu pequenos insetos em torno da água, sendo que não havia incidência de insetos em sua residência. De alguma forma, o sal trouxe “vida e vento” ao seu oráculo, o que pode ser interpretado de acordo com o entendimento e a psique do magista. Lamentavelmente, não pudemos desenvolver o processo como queríamos, mas a experiência foi válida. Neste trabalho, estou apresentando algumas alternativas, mas o magista pode ser surpreendido com resultados bem diferentes. Essas alterações só serão verificadas em um período acima de 24
horas.
Meu sal:
1- “Estourou” – O sal forma algo parecido com uma espuma densa que sai da água, alojando nas paredes do recipiente e pode inclusive sair para além da parede interior, indo para a parte de fora do recipiente.
2- “Sumiu” – Em pouco tempo não há mais nada além de água no recipiente, dando a idéia de que o sal desapareceu.
3- “Desenhou” – Há várias possibilidades neste caso. O sal apresenta desenhos como círculos, formas geométricas variadas e até mesmo alguns desenhos que lembram animais, objetos e fragmentos.
4- “Cristalizou” – Por um período foi observado que ele se condensou ou mesmo formou pequenos flocos ou pequenos pontos. Estes pontos podem assumir formas variadas como pequenos quadrados, círculos, e outros.
5- “Sujou” – Foram verificados pontos de material semelhante à areia na cor negra.
6- “Pintou” – Ele mudou com o tempo a coloração da água, em geral para marrom ou amarelo, ou outra coloração específica que não a negra.
7- “Escreveu” – O sal sugere formações de letras em sua constituição
Vale ressaltar que podem ocorrer duas ou mais reações simultâneas.
Normalmente, as letras aparecem com um tempo maior de reação do sal, até lá ele já pode ter apresentado algumas das reações acima. Todo o sal deixado por um período prolongado tende a cristalizar ou estourar, por este motivo, esteja atento quanto ao período pedido pela magick e não mude ou altere aquilo que já foi designado.
Procure manter o sal, de preferência, longe dos olhos de curiosos, procure não tocar na bacia no período de vivendi e a mantenha sempre em um lugar fixo.
Se verificar que houve alguma alteração “artificial” (alguém mexeu ou tocou, etc.) considere a possibilidade de jogar fora e começar novamente. Uma proposta a ser considerada no momento da observação do sal é utilizar a técnica de scrying, difundida pela religião wicca. Mesmo nos primeiros momentos, quando os CY’s são retirados do batismo, a própria espuma já pode nos contar algumas histórias.
Salt Magick, SatAnanda
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