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Lovecraft Magia do Caos

Quem foi Lovecraft e o que ele dizia? – Psiconomicon

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Howard Phillips Lovecraft nasceu no dia 20 de Agosto de 1890, na cidade de Providência, em Rhode Island, e mesmo podendo ser considerado uma criança prodígio – era capaz de recitar poemas inteiros com a idade de 3 anos e os escrevia com a idade de 6 – teve seu trabalho publicado apenas depois de sua adolescência. Dos 18 aos 23 anos ele já havia escrito alguns contos de ficção, mas seu trabalho consistia principalmente de poemas; foi apenas no ano de 1917 que Lovecraft começou a se dedicar à literatura fantástica, tendo sua primeira história, Dagon, publicada em novembro de 1919.

Atualmente, grande parte do que sabemos sobre Lovecraft, seu trabalho e sua vida, tem origem na vasta correspondência que trocava com amigos, editores e outros escritores. Nesta correspondência vemos que muitas pessoas se surpreendiam com o universo que o jovem escritor expunha em seus contos e acabavam se inspirando para desenvolver nele histórias próprias. Com o tempo grande parte das histórias escritas por Lovecraft começaram a demonstrar um padrão em seus cenários, e esse padrão ficou conhecido como o Mito de Cthulhu, termo que foi cunhado por um de seus amigos, o escritor e correspondente, August Derleth.

Os escritos de Lovecraft mostram muito de sua relação com o mundo que o cercava. Rhode Island, a cidade em que nasceu e viveu, é o menor estado americano, mas ao mesmo tempo o único com uma maioria absoluta católica (mais de 60% dos habitantes), da mesma forma o grupo étnico dominante é o dos brancos, e suas principais subdivisões os italianos, irlandeses, franceses, canadenses e portugueses. Esses fatos talvez tenham contribuído muito em sua obra que se torna claustrofóbica e apresenta vários tons racistas, descrevendo com desdém qualquer personagem que não seja um americano “puro-sangue”, sugerindo que todas as outras raças são inferiores física e mentalmente, geralmente resultado de laços consanguíneos,  sendo chamados de idiotas ou comparados constantemente a animais. Contos como Herbert West, Reanimator e O Horror em Redhook chegam a demonstrar quase um pânico em relação a regiões habitadas por estranhos. Da mesma forma que as crenças estrangeiras são atacadas de forma crítica e pejorativa, qualquer forma de crença institucionalizada era vista com desdém por ele, que chegou a escrever que “a estupidez crassa, o julgamento falso e a rigidez do espírito não são substitutos para o sonho”. E foi com essa visão de mundo que ele começou a colorir seus contos.

Resumo do Mitos de Lovecraft

Segundo a narrativa de seu Mito, a terra teria sido descoberta e colonizada em pequenas áreas por gigantes extra-terrenos multi-dimensionais enquanto o planeta ainda estava em formação. Teriam sido essas monstruosidades ciclópicas e completamente alienígenas para a compreensão humana, que teriam criado a vida no planeta; não apenas isso mas os seres humanos teriam sido também desenvolvidos por esses “deuses” que decidiram criar que os divertisse ou servisse de alimento. Essas criaturas vivem em um plano mais complexo do que o que estamos acostumados em nosso mundo tridimensional, estando vivas além do espaço e do tempo. Elas seriam responsáveis não apenas pela vida na Terra, mas pela criação de todo o universo e de todos os seres existentes, fossem resultado direto ou indireto de sua ação. A visão de Lovecraft nos oferecia um cenário onde essas bestas primordiais, embora incrivelmente avançadas em práticas que confundiam magia com tecnologia, não eram boas ou cruéis, apenas indiferentes à existência e ao sofrimento humano. Nosso bem estar seria de preocupação deles, tanto quanto é nossa preocupação o bem estar de uma pomba na praça. Este universo sombrio, repleto de adjetivos grandiosos quando se referiam às obras desses criadores da realidade, e aviltantes e debilitantes, quando se referiam a seres humanos e suas estúpidas esperanças e quanto à posição que ocupam no universo, fez com que muitos cultos fundamentalistas considerassem Lovecraft um grande blasfemo, embora fossem essas mesmas qualidades que conquistassem o respeito de muitas pessoas que viam em seus contos não uma mera distração, mas uma filosofia e uma estética muito interessantes e poderosas.

Permeando vários de seus contos está ainda a noção de que esta posição humana desprezível enquanto animal insiginificante habitando uma bola de sujeira chamada Terra poderia ser transcedida, caso por meio de rituais específicos ou estranhas ciências a atenção dos Grandes Antigos pudesse ser despertada por um ocultista, um culto ou um cientísta “maluco.” Caso isso acontecesse, dois futuros seriam possiveis a estas pessoas: Ou entrariam em colapso, enloquecendo e  morrendo imediatamente por não aguentarem o contato com uma realidade tão assustadora ou poderiam ser transformados em algo “superior”. Superior aqui esta entre aspas, porque o resultado final desta transformação dificilmente seria reconhecida pelos humanos normais como algo atraente ou desejavel, pois toda moralidade, conhecimento e mesmo biologia dos nossos corpos se perderia, dando lugar a algo inominável e do ponto de vista humano, usualmente horroroso.


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