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Uma filosofia oriental que tem como objetivo o desenvolvimento integral do ser humano nos seus aspectos físico, mental e espiritual, as práticas tântricas, como a yoga e a meditação, foram severamente reprimida durante a época medieval na Índia Hinduista, que tinha uma mentalidade estupidamente espiritualizada, assim os seguidores dessa filosofia que por enxergarem-na como uma prática liberadora, a mantinham em segredo na escuridão. Outro motivo do Tantra ser visto com tanto preconceito é que sua origem e suas práticas refletem a cultura matriarcal onde foi desenvolvido. Os sistemas originais de Tantra foram desenvolvidos nos cultos draconianos, ou tifonianos, do antigo egito. Mas diferente das práticas budistas e das práticas excessivamente espiritualizadas, que buscavam livrar os praticantes da paixão, vista como a origem de todos os males, o Tantra trabalha com essas paixões “animalescas” e com o sexo. Por exemplo, shakti, que significa ‘poder’, o conceito central do Tantra, já era conhecido no Egito eras antes sob o nome de Sekht ou Sekhmet, a consorte dos deuses. Ela tipificava o calor ígneo do sol do hemisfério sul que tinha seu correspondente biológico no calor sexual da leoa, um símbolo de origem africana. Pasht, em Sânscrito, significa ‘animal’, e no Tantra a palavra Pashu se relaciona especialmente aos modos bestiais de congresso sexual, isto é, congresso sexual não sacralizado pela tradição ortodoxa.
O tantra é composto por dois ramos denominados a “mão esquerda” e a “mão direita”. Embora o objetivo geral dos dois seja o mesmo, os processos utilizados diferem. A “mão esquerda” está ligada muitas vezes à procura de poderes ocultos e à extroversão de energia psíquica sob forma de capacidades supra-normais. A “mão direita” está ligada à canalização de toda a energia para a elevação espiritual do ser humano. Assim enquanto aqueles que seguem o caminho da mão direita, o da iluminação pessoal, que resultava na sublimação do ego e em um estaod de compreensão superior das verdades do mundo, os que buscam pelo caminho da mão esquerda, tentam conseguir o desenvolvimento de “poderes mágicos” e capacidades super humanas. E isso através da magia sexual, onde a energia sexual é transformada em energia mágica, quando a Serpente de Fogo (kundalini) adormecida na base da espinha é despertada pela serpente (ojas) – qualquer imagem que envolva sexo anal não é mera coincidência. A prática mágica sexual busca purificar a energia vital de tudo o que é negativo através da virtude purificadora de seu calor intenso. Assim, a função do sêmen no Tantra é construir o ‘corpo de luz’ (corpo astral), o corpo interior do ser humano. À medida em que o fluido vital se acumula nos testículos, ele é consumido pelo calor da Serpente de Fogo (Kundalini) e os vapores voláteis ou ‘perfumes’ deste sêmen fortalecem o corpo interior. É a coleta das essências dos pés da Deusa que deu seu nome ao Vama Marg ou Caminho da Mão Esquerda, pois, neste contexto, Vama significa tanto ‘gerar’ como ‘botar para fora’. Os praticantes deste Caminho trabalham com as secreções que fluem da genitália feminina e não com a mera pronúncia das letras do alfabeto, como os cabalistas ou seguidores da mão direita, que, apesar de sua utilização mântrica para carregar e direcionar os fluidos, têm pouca ou nenhuma outra utilidade além desta.
Foi a união do útil ao agradável. A magia sexual começou a se infiltrar em grupos que buscavam uma forma mais prática de conseguir a evolução e o poder. Crowley desenvolveu muitos rituais que tinham o sexo, inclusive o homossexual, como forma de despertar esse poder e conseguir uma forma de ter acesso ao conhecimento oculto, o uso de drogas também não era tabu, o próprio Crowley fazia uso da cocaína e da heroína para atingir estados alterados de consciência, a magia do Caos uniu a energia sexual e qualquer prática que levasse ao estado de Gnose – asfixia, consumo de álcool e de outras substâncias que alteravam a percepção – à confecção de sigilos. Se separando completamente de doutrinas que tinham o asceticismo como prática, que instigavam os praticantes ao jejum, à abstinência de sexo e a evitarem o consumo de bebidas alcóolicas e de substâncias entorpecentes, a nova leva de mago buscava muitas vezes nos excessos, embora fossem excessos conscientes e de certa forma controlados, o vislumbre do inacreditável.
Outro grande responsável por essa busca adogmática de um conhecimento que existiria além da consciIencia mundana do homem foi o livro escrito no início da década de 1950 por Aldous Huxley, As Portas da Percepção. O título do livro foi inspirado nos versos do poeta inglês William Blake, que escreveu:
“If the doors of perception were cleansed everything would appear to man as it is, infinite”
“Se as portas da pecepção fossem limpas [purificadas] tudas as coisas pareceriam para o homem como são, infinitas”
Huxley escreveu seu livro depois de uma experiência que teve com a mescalina, e chegou à conclusão que a mente humana não é o elo de ligação entre nossa consciência e o mundo, ela é, na verdade, um filtro que impede que o cérebro toma consciência do universo como ele é, pois se fôssemos conscientes de tudo o que se passa a todo momento, seríamos incapazes de interagir com o mundo, seríamos incapazes de sair da cama de manhå. Algumas substâncias, de acordo com ele, poderiam interferir neste processo e servir como chaves para que as portas da percepção fossem abertas e pudéssemos compreender o universo e a realidade como são de fato.
Na idade média e no renascentismo, a filosofia natural buscava maneiras de trabalhar com o magnetismo que unia todas as coisas, e o meio encontrado para trabalhar essa força oculta foram os espíritos, gênios e anjos. Mesmo nesta fase de revolução que as artes mágicas atravessavam, a busca por anjos, demônios e elementais continuava ávida. O mago buscava poderes para sí e intermediários entre ele e poderes ainda maiores. Foi nesta época que antigos grimórios mágicos foram redescobertos e traduzidos para o inglês, A Magia Sagrada de Abramelin, O Mágico, trazia um trabalho complexo, minucioso e demorado para se evocar o Sagrado Anjo Guardião; MacGregor Matthers traduzia a Goétia, que ensinava o praticante a evocar 72 demônios e os obrigar e realizar tarefas impostas pelo operador; a Cabala renascia como uma ferramenta mágica poderosa para entrar em contato com anjos que controlavam cada aspecto da criação; a linguagem enoquiana descoberta, ou criada, como muitos acreditam, por John Dee era o dicionário que permitia que homens falassem a linguagem dos anjos criados por Deus; o interesse pelas antigas práticas do egipcios, babilônios, sumérios atingia picos inimiginados nos últimos dezessete séculos; as runas nórticas se revelavam uma fonte de poder que chegava a se rivalizar com os caracteres hebraicos, e traziam em si uma carga pagã selvagem que inebriava os praticantes da magia asséptica praticada até então. Qualquer acesso a fontes de conhecimento e poder supremos era abraçadas não importava o quão selvagens, pagãs ou amorais fossem.
Enquanto isso, na mesma época, Lovecraft escrevia:
“Em seguida, sussurrou Castro, aqueles primeiros homens formaram o culto ao redor de pequenos ídolos que os Grandes Antigos lhes haviam mostrado, ídolos trazidos de estrelas sombrias na noite dos tempos. Aquele culto jamais morreria até que as estrelas ficassem propícias de novo, e então os sacerdotes secretos tirariam o grande Cthulhu da Sua tumba para que Este fizesse reviver os Seus súditos e retomasse o Seu domínio sobre a terra. O momento seria fácil de reconhecer, pois por essa época a humanidade já teria se tornado como os Grandes Antigos: livres, selvagens, além do bem e do mal, ignorando leis e preceitos morais, com todo mundo gritando, matando e regojizando em meio a feroz alegria. Então os Antigos, libertados, ensinar-lhes-iam novas formas de berrar e matar e regojizar com alegria desenfreada, e toda a terra se inflamaria num holocausto de êxtase e liberdade. Até lá, cabia ao culto, mediante ritos apropriados, manter viva a memória daqueles procedimentos antediluvianos e prefigurar a profecia da volta d’Eles.”
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