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O Trovão, Mente Perfeita da Biblioteca de Nag Hammadi

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Eu fui emanada do poder,
e eu vim para aqueles que refletem sobre mim,
e eu fui encontrada entre aqueles que me buscam.
Olhem-me, vocês que refletem sobre mim,
e vocês ouvintes, ouçam-me.
Vocês que estão me esperando, tomem-me para si próprios.
E não me expulse da sua visão.
E não faça a sua voz me odiar, nem a sua audição.
Não seja ignorante a meu respeito em qualquer lugar ou qualquer hora. Esteja em guarda!
Não seja ignorante a meu respeito.

Pois eu sou a primeira e a última.
Eu sou a estimada e a rejeitada.
Eu sou a prostituta e a sagrada.
Eu sou a esposa e a virgem.
Eu sou a (mãe e) a filha.
Eu sou os membros da minha mãe.
Eu sou a estéril
e muitos são os filhos dela.
Eu sou aquela cujo casamento é grandioso,
e eu não tomei um marido.
Eu sou a parteira e aquela que não dá à luz.
Eu sou o consolo das minhas dores do parto.
Eu sou a noiva e o noivo,
e foi meu marido quem me gerou.
Eu sou a mãe do meu pai
e a irmã do meu marido
e ele é a minha prole.
Eu sou a escrava daquele que me preparou.
Eu sou a governanta da minha prole.
Mas ele é quem me gerou antes do tempo numa data de nascimento.
E ele é a minha prole no devido tempo,
e o meu poder vem dele.
Eu sou o bastão do poder dele na juventude dele,
e ele é o cajado da minha velhice.
O que quer que ele deseje, me acontece.
Eu sou o silêncio que é incompreensível
e a ideia cuja recordação é frequente.
Eu sou a voz cujo som é diversificado
e a palavra cuja aparência é múltipla.
Eu sou a declaração do meu nome.

Por que, você que me odeia, me ama,
e odeia aqueles que me amam?
Você que me nega, me admite,
e você que me admite, me nega.
Você que fala a verdade sobre mim, mente sobre mim,
e você que mentiu sobre mim, fala a verdade sobre mim.
Você que me conhece, seja ignorante sobre mim,
e aqueles que não me conheceram, deixem eles me conhecer.

Pois eu sou sabedoria e ignorância.
Eu sou timidez e coragem.
Eu sou impudente; eu sou envergonhada.
Eu sou força e eu sou medo.
Eu sou guerra e paz.
Atente para mim.

Eu sou aquela que é desonrada e a grandiosa.
Dê atenção à minha pobreza e à minha riqueza.
Não seja arrogante comigo quando eu estiver jogada na terra,
e você me encontrará naqueles que estão por vir.
E não me olhe no monte de esterco
nem vá e me deixe jogada,
e você me encontrará nos reinos.
E não me olhe quando eu estiver jogada entre aqueles que
estão desfavorecidos e nos lugares insignificantes,
nem ria de mim.
E nem me lance entre aqueles que são assassinados com violência.

Mas eu, eu sou compadecida e eu sou cruel.
Esteja em guarda!

Não odeie a minha obediência
e não ame meu autocontrole.
Na minha fraqueza, não me desampare,
e não tenha medo do meu poder.

Pois por que você menospreza o meu medo
e amaldiçoa a minha dignidade?
Mas eu sou aquela que existe em todos os medos
e força em vacilação.
Eu sou aquela que é fraca,
e eu estou bem em um lugar agradável.
Eu sou insensata e eu sou sábia.

Por que vocês me odiaram em suas deliberações?
Pois eu estarei silenciosa entre aqueles que são silenciosos,
e eu aparecerei e falarei,

Por que então vocês me odiaram, vocês Gregos?
Porque eu sou uma bárbara entre os bárbaros?
Pois eu sou a sabedoria dos Gregos
e o entendimento dos bárbaros.
Eu sou o julgamento dos Gregos e dos bárbaros.
Eu sou aquela cuja imagem é grande no Egito
e aquela que não tem imagem entre os bárbaros.
Eu sou aquela que foi odiada em todos os lugares
e que foi amada em todos os lugares.
Eu sou aquela a quem eles chamam de Vida,
e vocês chamaram de Morte.
Eu sou aquela a quem eles chamaram de Lei,
e vocês me chamaram Ilegalidade.
Eu sou aquela a quem vocês perseguiram,
e eu sou aquela a quem vocês renderam.
Eu sou aquela a quem vocês espalharam,
e vocês me juntaram.
Eu sou aquela diante da qual vocês ficaram envergonhados,
e vocês foram impudentes comigo.
Eu sou aquela que não celebra festival,
e eu sou aquela cujos festivais são muitos.

Eu, eu sou incrédula,
e eu sou aquela cujo Deus é grandioso.
Eu sou aquela na qual vocês refletiram,
e vocês me zombaram.
Eu sou inculta,
e eles aprendem através de mim.
Eu sou aquela que vocês desprezaram,
e vocês refletem sobre mim.
Eu sou aquela de quem vocês se esconderam,
e vocês aparecem para mim.
Mas quando quer que vocês se escondam,
eu mesma aparecerei.
Pois quando quer que vocês apareçam,
eu mesma me esconderei de vocês.

Aqueles que […] para […] sem razão […].
Tomem-me [… compreensão] da tristeza.
e tomem-me para si próprios pela compreensão e pela tristeza.
E tomem-me para si próprios de lugares que estão feios e em ruína,
e desapossem daqueles que estão bons muito embora em feiúra.
Da vergonha, tomem-me para si próprios desavergonhadamente;
e do cinismo e da vergonha,
censurem meus membros em si próprios.
E venham adiante até mim, vocês que me conhecem
e vocês que conhecem meus membros,
e estabeleçam os grandiosos entre as primeiras pequenas criaturas.
Venham adiante para a infância,
e não despreze porque é pequena e é humilde.
E não rejeite magnificências em algumas partes por causa da insignificância,
porque as insignificâncias são reconhecidas pelas magnificências.

Por que você me difama e me reverencia?
Você me feriu e você teve piedade.
Não me separe dos primeiros que você conheceu.
E não expulse ninguém nem mande ninguém ir embora.
[…] mandar você ir embora e […] não conhecê-lo.
[…].
Que é minha […].
Eu conheço os primeiros e os sucessores deles me conhecem.
Mas eu sou a mente do […] e o restante das […].
Eu sou a sabedoria da minha averiguação,
e a descoberta daqueles que me buscam,
e a influência daqueles que me solicitam,
e o poder dos poderes na minha sabedoria
dos anjos que foram enviados pela minha palavra,
e dos deuses em suas estações pelo meu conselho,
e dos espíritos de cada homem que existe comigo,
e de mulheres que habitam dentro de mim.
Eu sou aquela que é reverenciada e que é glorificada,
e que é menosprezada com desprezo.
Eu sou paz,
e guerra veio por minha causa.
Eu sou uma estrangeira e uma cidadã.

Eu sou a substância e aquela que não tem substância.
Aqueles que não estão associados a mim são ignorantes a meu respeito,
e aqueles que estão na minha substância são aqueles que me conhecem.
Aqueles que estão próximos a mim foram ignorantes a meu respeito,
e aqueles que estão longe de mim são aqueles que me conheceram.
No dia que eu estou perto de ti, você está longe de mim,
e no dia que eu estou longe de ti, eu estou perto de ti.

[Eu sou …] internamente.
[Eu sou …] das naturezas.
Eu sou […] da criação dos espíritos.
[…] requisição das almas.
Eu sou controle e a incontrolável.
Eu sou a união e a desagregação.
Eu sou a permanência e eu sou a desagregação.
Eu sou aquela inferior,
e eles sobem até mim.
Eu sou o julgamento e a absolvição.
Eu, eu sou impecável,
e a raiz do pecado deriva de mim.
Eu sou lascívia na aparência externa,
e autocontrole interno existe em mim.
Eu sou a atenção que é conseguível por cada um
e o discurso que não pode ser agarrado.
Eu sou uma muda que não fala,
e grande é a quantidade das minhas palavras.
Ouça-me com bondade, e aprenda sobre mim com severidade.
Eu sou aquela que exclama,
e eu estou jogada sobre a face da terra.
Eu preparo o pão e a minha mente internamente.
Eu sou a sabedoria do meu nome.
Eu sou aquela que exclama,
e eu escuto.
Eu apareço e […] caminho em […] sinal da minha […].
Eu sou […] a defesa […].
Eu sou aquela que é chamada Verdade
e injustiça […].

Você me reverencia […] e você murmura contra mim.
Você que está dominado, julgue-os (aqueles que te dominam)
antes que eles te julguem,
porque o juiz e a parcialidade existem em ti.
Se você for condenado por este, quem te absolverá?
Ou, se você for absolvido por ele, quem será capaz de te deter?
Pois o que está dentro de ti é o que está fora de ti,
e aquele que te elaborou por fora
é aquele que moldou o seu interior.
E o que você vê fora de ti, você vê dentro de ti;
é visível e é a sua vestimenta.
Escutem-me, seus ouvintes
e aprendam das minhas palavras, vocês que me conhecem.
Eu sou a audição que é conseguível por cada coisa;
Eu sou o discurso que não pode ser agarrado.
Eu sou o nome do som
e o som do nome.
Eu sou o símbolo da letra
e a designação da divisão.
E eu […].
(3 linhas perdidas)
[…] luz […].
[…] ouvintes […] para vocês
[…] o grande poder.
E […] não mudará o nome.
[…] aquele que me criou.
E eu falarei o nome dele.

Olhem então para as palavras dele
e todas as escrituras que foram concluídas.
Atentem para elas, seus ouvintes
e vocês também, os anjos e aqueles que foram enviados,
e vocês espíritos que se ergueram dos mortos.
Pois eu sou aquela que existe sozinha,
e eu não tenho ninguém que irá me julgar.
Porque muitas são as formas agradáveis que existem em numerosos pecados,
e incontinências,
e paixões vergonhosas,
e prazeres fugazes,
que os homens aderem até que eles fiquem sóbrios
e subam até o lugar de repouso deles.
E eles me encontrarão lá,
e eles viverão,
e eles não morrerão novamente.

***

Fonte:

O Trovão, Mente Perfeita. In. A Biblioteca de Nag Hammadi. Tradução por: http://misteriosantigos.50webs.com. Disponível em: <https://web.archive.org/web/20200715175835/http://misteriosantigos.50webs.com/os-livros-apocrifos.html>. Acesso em 15 de março de 2022.

***

Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

 

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