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Divinação e Oráculos

‘Bola de Cristal e Clarividência

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A. HERNANDEZ Y ALONSO

Um dos mais eficazes Espelhos Mágicos é o usado ultimamente pelos estudantes de psiquismo das duas partes do globo: a Europa e a América, especialmente a Inglaterra e os Estados Unidos. Queremo-nos referir à Bola de Cristal.  Os escritores ocultistas americanos, modernos, consideram o uso da Bola de Cristal como uma forma nova do que os antigos chamavam Espelhos Mágicos e a acham o melhor método de desenvolvimento do poder psicossomático. O uso da Bola de Cristal serve para evocar o desejo concentrado, a vontade e o pensamento da pessoa de modo a se tornar o ponto de partida de uma espécie de tubo astral.

Para operar eis o que é preciso fazer:

Limpa-se bem a Bola de Cristal, de maneira que na sua superfície não se notem grãos de poeira, e que a transparência seja a melhor possível. Em seguida, aquece-se-a entre as mãos do operador e envolve-se-a num pedaço de veludo roxo ou preto. A obscuridade será quase completa e o quarto em que se opera, orientado na direção Norte. O clarão da lua é muito favorável a este gênero de adivinhação.
O operador senta-se comodamente, também voltado na direção do Norte e toma a bola numa das mãos ou deposita-a sobre o veludo que a envolve, uma vez desdobrado, sobre uma mesa ou outro móvel qualquer, colocado diante da cadeira em que se instalou o observador. Este fixa o cristal bem no centro, a uma distância idêntica àquela em que se disporia um livro que se quisesse ler.

As experiências devem ser feitas duas horas, pelo menos, depois da última refeição. É preciso esperar, no mínimo, cinco ou seis minutos antes que se perceba alguma coisa. Uma pessoa não educada neste gênero de operações pode ter uma visão imperfeita. Todavia, ao cabo de um pequeno número de tentativas, as visões aumentarão de nitidez e de precisão.

Como se vê a experiência é facílima, e, não raro, produz resultados de um efeito surpreendente, maravilhoso.

Quando olharmos na Bola de Cristal deveremos resguardá-la de reflexos, de modo que ofereça aos olhos uma superfície uniforme sem partes brilhantes. Para alcançarmos isso, devemos voltear a bola com um pedaço de seda escura ou de veludo, ou segurando-a na mão em posição côncava, ou mesmo na extremidade dos dedos, contanto que as condições já referidas sejam observadas.

A bola deverá ficar afastada dos nossos olhos na distância habitual.
O olhar não deve unicamente repousar na superfície da bola, mas procurar penetrar no interior da mesma o que não é difícil conseguir.
As causas que por este método, baseado na experiência, determinam o desenvolvimento das percepções interiores são várias e múltiplas.
Deve-se fixar a bola com intensidade, evitando-se, porém, fatigar os olhos; manter-se em estado de completa passividade, tendo a consciência livre de todas as impressões e, se possível, até da presença da própria bola.

As experiências não deverão jamais ir além de 15 a 20 minutos consecutivos. Terminada a experiência no prazo determinado, embrulha-se a bola no pano escuro e aguarda-se tranqüilamente outra oportunidade para refazer a experiência. A bola deve ser conservada no seu pano e em uma caixa onde ela esteja só. A bola deve ser usada diariamente à mesma hora e, se for possível, no mesmo local, observando-se sempre com cuidadoso interesse as instruções referidas, quer quanto à posição, passividade, etc, etc.

O operador deverá estar sempre só, porque o isolamento é muito favorável ao desenvolvimento da clarividência.

O fazer penetrar o olhar no interior da bola não é uma coisa difícil, e o próprio reflexo do rosto do experimentador, com o tempo, cessará de perturbar a vista quando este se aprofunda na bola. Algumas pessoas obtêm resultados imediatos, outras só o conseguirão depois de 15 ou 20 minutos de esforço; e, a certo número de pessoas, porém poucas, só o podem conseguir após 8, 10 ou mais sessões.

Quando não se obtêm resultados pelos processos antes indicados, será bom experimentar o seguinte: Levantar a bola até aproximá-la o mais possível de um dos olhos, o esquerdo, por exemplo e, então, fechar o olho direito e com o outro olhar fortemente a bola.

O experimentador, já exercitado, observará refletido na superfície da bola tudo o que desejar saber; por exemplo, o que faz certa pessoa em determinado momento e isso ainda que esteja em local distante; o passado e o presente; o próprio futuro será desvendado naquilo em que for permitido.

Mediante um pequeno ensaio de duas a três vezes ao dia, quase todos poderão desenvolver esse poder oculto; e a nitidez das imagens obtidas, aliada com a seguridade do fenômeno, proporcionarão ao experimentador continuas surpresas, servindo-lhe de poderoso estímulo para prosseguir.

De qualquer forma, desde que se deseje obter resultados importantes, jamais se deverá desanimar, ainda que sejam infrutíferos os primeiros resultados.

Assim, pois, desde que se obtenham as condições favoráveis, deve-se fixar o olhar com toda calma na Bola de Cristal e as imagens ir-se-ão apresentando claramente, aumentadas umas ou reduzidas outras, conforme o grau de força da faculdade.

Em vários casos e para algumas pessoas, a bola apresenta uma superfície negra e sobre este fundo escuro movem-se figuras no começo informes, porém, que, pouco depois, adquirem formas definidas; e notar-se-á que vultos e rostos de diversas formas se apresentarão e desaparecerão.

Observamos que as imagens refletidas na bola correspondem sempre à vontade da pessoa e de acordo com a sua inteligência; por isso é indispensável conseguir o mais elevado grau da faculdade, desenvolvendo em si próprio a clarividência, de cuja existência muitas vezes se tem apenas uma vaga percepção.

Esta faculdade positivamente poderá também servir de poderoso fator à realização de nossas aspirações, porquanto o espírito do experimentador exercita-se pela concentração, conseguindo aprofundar-se em suas meditações, podendo igualmente melhor gravar na memória o que lhe dizem e o que vê e obtendo maior soma de energia moral e material.

Alguns exercícios de Clarividência

Nem todas as pessoas são aptas de modo igual à realização da clarividência, embora todas possam chegar a um resultado qualquer.

PRIMEIRO EXERCÍCIO: Abstrações das Sensações Físicas

Uma das principais condições para a realização de exercícios tendentes a desenvolver qualidades psíquicas é a abstração quase completa do uso das sensações e percepções do corpo material.

Encerrando-se em um quarto perfeitamente escuro e despido de móveis, roupas ou objetos que se possam destacar na escuridão, o estudante pode facilitar a realização de uma parte do exercício, isto é: a não função dos olhos, o não ver nada físico, apesar de ter os olhos abertos.

Para isso melhor será construir propositalmente um pequeno gabinete, fechado a chave, forrado ou pintado de preto, mas com respiradores, junto ao chão e no alto, disfarçados, a fim de não causar dano à vida fisiológica.

Sentando-se em uma cadeira longa e confortável, onde o corpo fique perfeitamente à vontade, e não se movendo, pode-se realizar outra parte, que é a anulação do tato.

Se tivermos escolhido um local onde ninguém faça barulho e onde nenhum perfume ou cheiro de espécie alguma o perturbe, realizaremos assim a anulação de outros dois sentidos: o ouvido e o olfato. Quanto ao paladar, poderemos anulá-lo conservando o aparelho gustativo imobilizado.

Para perfeito preenchimento de todos esses requisitos, a vontade deve estar alerta, exercendo uma espécie de controle sobre os órgãos de sensação descritos, a fim de que eles se abstraiam perfeitamente.
Não há nenhum perigo em que este exercício seja prolongado e executado a qualquer hora do dia. À noite, porém, sendo mais fácil obter-se um perfeito silêncio e uma obscuridade completa, é mais preferível operar durante ela.

Em certos paises, onde está começando a ser estudado sob um ponto de vista experimental o ensino oculto, na América do Norte especialmente, existem associações onde os seus membros encontram as maiores facilidades para os estudos e exercícios.

A Associação Vedanta inaugurou uma Câmara de Meditações, para uso de seus consórcios. Compreende-se bem quanto a associação e a cooperação dos homens auxilia e torna possíveis e fáceis os trabalhos que a um só seria impossível realizar. Se isto é verdade que salta aos olhos, falando-se de esforços materiais, também o é quando se trata de práticas psíquicas, espirituais ou divinas.

Entretanto, não é fácil obter bons auxiliares, mormente tratando-se de questões que ainda não puderam ser apresentadas de modo a ser bem compreendidas por todas as inteligências. Se é verdade que dois pensamentos uniformes podem mais do que muitos divergentes, também às vezes basta o intrometimento de um discordante para prejudicar e mesmo anular o esforço dos demais, especialmente tratando-se de principiantes.

Quando puderdes vos aliar a um ou dois companheiros ajuizados e sensatos, pessoas inteligentes e capazes de bem compreender o que desejam, essa aliança vos proporcionará enormes vantagens. Deveis, porém, ser escrupuloso em extremo, mais valendo estudar só, se julgais não preencher nenhuma pessoa do vosso conhecimento as condições requeridas.

SEGUNDO EXERCÍCIO: Educação doMental

Não deveis passar ao segundo exercício sem ter bem realizado o primeiro durante muitos dias. Esse prazo (muitos dias), não podemos aqui determinar. Há pessoas que em dez ou vinte vezes que experimentam, logo conseguem realizar com perfeição o primeiro; outras necessitam mais tempo, de modo que seria sem valor uma determinação de prazo. Este deve ficar aos cuidados do próprio estudante, que irá, pouco a pouco, sentindo-se senhor da compreensão exata do que realiza.

Tendo obtido a perfeita execução do primeiro exercício, o estudante está apto para começar o segundo, que deve constar da educação do mental.

Educar o mental é educar o pensamento e a vontade, a fim de que possa dirigi-los e mantê-los numa direção determinada. Este exercício, repetimo-lo, só deve ser tentado e iniciado depois do estudante estar familiarizado com o precedente, pois sem isso não dará resultado e poderá trazer em conseqüência desarranjos fisiológicos. É, pois, um exercício em continuação, e antes de começá-lo deve-se executar o precedente, que como que preenche o papel de preparador.
Trata-se então de fixar o pensamento no que se deseja obter, que é a vidência no astral, a clarividência. Para não fatigar o cérebro, impondo-lhe logo ao começo a fixação de um pensamento único, o estudante deve, nesse estudo de isolamento e concentração, meditar sobre o que tiver lido nas páginas precedentes e em outras obras, a respeito do mundo astral, pois deve chegar a fazer uma idéia muito aproximada do que vai ver antes de pretender ver realmente.

Esse saber pode ser mais rapidamente adquirido se o estudante, munido de uma grande boa vontade de sinceramente ser útil aos seus semelhantes, invocar a proteção de um espírito superior que ele saiba capaz de, por seus conhecimentos e poderes sobre o assunto, poder inspirá-lo com sabedoria.

Desse modo, com muita constância, tenacidade e boa fé, poderá conseguir compreender quais sejam os poderes que lhe conferirão a visão no astral, e como aplicar essa faculdade em proveito do seu adiantamento intelectual e espiritual, em muitas ocasiões da vida.

TERCEIRO EXERCÍCIO: Realização

Relembramos que os exercícios devem ser executados na ordem dada, e não se deve passar a fazer o segundo sem ter compreendido e executado com perfeição e inteligência o primeiro. Este terceiro exercício é o que propriamente se refere à clarividência, constituindo os dois primeiros preliminares adaptáveis a todos os desenvolvimentos psíquicos.

No primeiro exercício procurou o estudante alhear-se das coisas visíveis, abstraindo as suas sensações físicas e procurando interromper o laço que liga o seu eu do exterior.

Neste terceiro exercício tratar-se de estender a consciência aos planos da matéria astral, de modo que é necessário reduzir ainda mais a atividade dos órgãos físicos dos sentidos, a fim de que a força nervosa que os faz funcionar, deixando-os, possa, dirigida pela vontade, lançar-se com proveito sobre esses planos.

Pode-se chegar a esse resultado por meio de auxiliares, tais como a música monótona (para o ouvido), um perfume delicado e brando (para o olfato), e uma pequena luz, convenientemente disposta. Esses auxiliares têm por fim completar o que o estudante tentou no primeiro exercício: o adormecimento dos sentidos físicos, e conseqüente desenvolvimento dos sentidos astrais.

Essa faculdade não aparecerá logo, em toda a sua plenitude, mas só ao fim de reiterados esforços. As primeiras coisas percebidas serão vagas e incompreensíveis, algumas mesmo horrorosas.

O estudante não deve desanimar, pois nesses casos as grandes dificuldades estarão vencidas e para um completo êxito bastará vontade e pertinácia raciocinada.


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