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Dr. Faustus e seu Pacto com o Diabo – Dossiê Pacto com o Diabo

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Magister Georgius Sabelius Faustus, como ele mesmo se apresentava viveu na Alemanha entre o final do século XV e começo do século XVI. Pouco se sabe sobre sua juventude e toda a sua biografia apresenta lacunas, períodos em ele simplesmente desaparece de cena. Porém, há registros históricos de que sua existência foi real. Em 1509, ele estava na Universidade de Heidelberg. Estudou Ciências Naturais na Polônia, tornou-se astrólogo e necromante ambulante, progrediu e, em 1520, estava na Corte de Jorge III, príncipe-bispo de Bamberg. Fausto era, então, “Astrólogo da Corte do Príncipe-Bispo.”. Mas isso não durou. Em 1529 tinha mudado de emprego e endereço: era diretor de uma escola para rapazes em Nuremberg. Em 1532 foi expulso daquela cidade sob acusação de corrupção de jovens.

A essa altura, Fausto assumia publicamente sua condição de feiticeiro. Em seu cartão de apresentação lia-se: “Fonte de Necromantes – Astrólogo – o Segundo dos Mágicos – Quiromante – Aeromante – Piromante – o Segundo em Hidromancia”. Praticava magia como ofício e ganhava seu sustento fazendo horóscopos e outras vidências, vendendo filtros de amor e produzindo fenômenos “sobrenaturais”. Não há dúvida de que era um estudioso das Ciências Ocultas e é realmente possível que tenha tentado recursos extremos para obter mais conhecimento. Entretanto, pagou alto preço pela sabedoria.

Desde a Idade Média e mesmo durante a Renascença, era crença popular que os homens de muita ciência, os extraordinariamente inteligentes, eram, quase sempre, signatários de Pactos com o Diabo. No caso de Fausto, se já suspeitavam dele quando era vivo, depois de sua morte, violenta e misteriosa, espalhou-se rapidamente, na Alemanha a lenda do Dr. Faustus e seu Pacto com o Diabo. Em 1857, episídios de sua vida foram publicados em A História de Johann Faust ou O Livro de Fausto, autor anônimo, traduzido para várias línguas. A História Trágica da Vida e Morte do Dr. Fausto, peça teatral de Christopher Marlowe, estreou com sucesso em 1594. Nesta versão, Fausto, que decide fazer o Pacto porque deseja conhecer “todas as possibilidades da experiência humana” (GRANDES MISTÉRIOS, 1996 – p 292), arrepende-se mas não consegue se livrar do destino fatal e implora a Deus que seja abrandado seu futuro terrível:

Ah! se minh’alma tem de sofrer por seus pecados
Condede que termine essa dor incessante!
Permita que Fausto viva mil anos no inferno,
Cem mil anos! Mas que acabe por ser salvo.

Muitos outros textos foram escritos baseados na lenda de Fausto e, especialmente, os lucrativos manuais de magia, muito procurados pela plebe que acreditava estar adquirindo fórmulas originais do célebre feiticeiro. Os manuais continham instruções tanto para realizar o Pacto com o Diabo quanto artimanhas para quebrar este Pacto, escapando das garras do Malígno. Três séculos depois da morte do misterioso ocultista, Johann Wolgang Goethe publicava a edição completa do seu Fausto, drama em verso que levou trinta anos para ser elaborado. Em Goethe, Fausto é um herói que fez o Pacto em um momento irrefletido, em meio a sua intensa busca de sabedoria; e porque sua ambição era compreender o sentido da vida humana, consegue, no fim, se livrar do acordo maldito, ou seja, é redimido pela nobreza de sua motivação. Na música, o personagem inspirou a cantata em drama A Danação de Fausto, de Hector Berlioz e a ópera Fausto, de Charles Gounod.

De todos os episódios fabulosos que se contavam sobre Fausto, o Pacto com o Diabo era o tema preferido dos “fuxicos” do povo. Diziam que o prazo de validade do “contrato” fora fixado em vinte e quatro anos. Fora por causa do Pacto que Fausto pudera adquirir conhecimentos de magia e um homem misterioso, que sempre o acompanhava sendo apresentado como “cunhado”, na verdade, era Mefistófeles, demônio perverso encarregado de auxiliar e ao mesmo tempo vigiar as ações de Fausto. As circunstâncias da morte do bruxo confirmavam que o prazo havia terminado e Satanás, efetivamente cobrara a alma prometida. Fausto teria reagido; estava arrependido, porém não houve apelo que demovesse o Belzebuh que destruiu o infeliz de forma cruel:

As paredes da Estalagem do Leão estremeceram durante toda a noite. Guinchos, rugidos e um ruído surdo arrepiante aterrorizaram a vizinhança e só com a primeira luz da manhã o dono da estalagem se atreveu a bater na porta do quarto do estranho homem conhecido por Fausto. Não obtendo resposta, o estalajadeiro, tremendo, abriu a porta… e viu no chão, no meio da mobília destruída, o corpo do famoso feiticeiro, torcido, horrivelmente mutilado e desfigurado.
(GRANDES MISTÉRIOS, p 288)

Conta a lenda, que Mefistófeles fez questão de partir o pescoço do parceiro com as próprias mãos, e arrebatando-lhe a alma, entregou-a triunfante ao seu Mestre Supremo, Satanás, que imediatamente sujeitou o espírito amaldiçoado ao começo do que seria sua eterna condenação.


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