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Por John D.
De muitas maneiras, os japoneses que escolhem seguir a bruxaria são o espelho oposto dos ocidentais que escolhem praticar o xintoísmo. Ambos buscam inspiração espiritual em países distantes com costumes estranhos. Ambos podem ser considerados esquisitos por não seguirem as ricas tradições religiosas de suas próprias culturas.
Desde a Restauração Meiji, os japoneses começaram a explorar a ocidentalização em praticamente todos os aspectos. Não é nenhuma surpresa, então, que com a extraordinária ascensão do paganismo no Ocidente, em particular da Wicca, não haja pessoas atraídas para aprender mais. O interesse foi impulsionado enormemente por Harry Potter, como evidenciado pelo número de visitantes japoneses a locais de filmes associados, bem como ao histórico Museu de Bruxaria e Magia.
A passagem abaixo foi extraída de um artigo de um acadêmico japonês intitulado ‘A bruxaria ocidental no Japão contemporâneo’ (clique aqui: https://www.academia.edu/37834
O artigo, apresentado na Reunião Anual da Academia Americana de Religião de 2018, gira em torno de entrevistas com 16 autodenominados pagãos japoneses na área de Kansai. Com uma miríade de kami e uma tradição indígena de magia simpática em ritos xintoístas, os japoneses têm seu próprio passado “pagão” para explorar. Isso torna os empréstimos transculturais ainda mais intrigantes, particularmente quanto ao tipo de divindade na qual os praticantes se inspiram.
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A citação do artigo começa….
DISCUSSÃO:
O que podemos dizer dessas entrevistas?
1) Não são muitas as bruxas que escolhem divindades japonesas, mas sim divindades ocidentais. Muitas não têm uma imagem específica, mas entendem a divindade como um conceito, que é semelhante aos pagãos ocidentais. Suponho que as bruxas japonesas sejam influenciadas por livros traduzidos do inglês ou escritos por bruxas que estudaram no Ocidente.
2) Embora existam muitas divindades no Japão, as bruxas não mencionam seus nomes e não escolhem divindades para propósitos diferentes…. No entanto, elas não dizem algo como “há muitos nomes de deusas, mas todas são uma só deusa”, como os pagãos ocidentais. Para elas, as divindades são figuras separadas, como na tradição japonesa.
3) Sua ideia de divindade é influenciada pela situação religiosa de sua família. Quase não estudamos religião na escola, nem mesmo mitologia japonesa, desde a Segunda Guerra Mundial. Para muitos de nós, a ideia de divindade é diferente de Deus, mas não há um conceito claramente compartilhado de divindade.
CONCLUSÃO:
A bruxaria japonesa não assume um papel de fé alternativa ou movimento social, como o feminismo ou o nacionalismo. As bruxas estão envolvidas em arte, cura, terapia, adivinhação ou ocultismo, então o número de pessoas interessadas em bruxaria é limitado. Se elas vão para os Estados Unidos ou Reino Unido, geralmente ficam surpresas com o fato de a bruxaria atrair uma gama maior de pessoas para lá.
Suponho que não seja fácil para os japoneses entenderem os conceitos de divindade e fé da bruxaria ocidental, desenvolvida nos países judaico-cristãos. Uma senhora que parou de se chamar de bruxa disse: “Tenho a sensação de que existem divindades em muitos lugares, não como o monoteísmo, mas não estou entusiasmada com uma divindade, ou duas ou três. (…) Então eu não tenho fé. Frequento santuários e templos desde criança, é como um costume. Eu não estou consciente da divindade. Não consigo esquecer esse tipo de ideia.”
Como ela, muitos japoneses não pensam em “divindade” conscientemente, mas apenas aceitam algo ali. Portanto, se eles estão em uma situação em que podem pensar sobre uma divindade conscientemente, as bruxas japonesas percebem as divindades, usando sua experiência. Ou, se não, elas aceitam a ideia ocidental de forma mais direta.
As bruxas japonesas podem ser semelhantes aos antigos celtas, gregos ou escandinavos, que provavelmente entendiam cada divindade separadamente. Para ser honesto, as divindades são personificadas e se tornaram personagens populares de jogos e animes no Japão. A ideia de uma divindade com muitos nomes, que provavelmente vem do conceito hindu de uma divindade com vários avatares, pode ser uma forma de entender o politeísmo em um mundo monoteísta.
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Outros links…
Para uma entrevista com uma bruxa japonesa, por favor veja aqui: https://www.greenshinto.com/20
Fonte: https://www.greenshinto.com/20
Tradução por Ícaro Aron Soares.
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