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Terceira Hora – Nuctemeron

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Terceira Hora: As serpentes do Caduceu de Hermes se entrelaçam três vezes. Cérbero escancara sua tríplice goela, e o fogo entoa louvores a Deus pelas três línguas do relâmpago.

Em nosso artigo anterior falamos sobre uma parte da Segunda Hora do Nuctemeron de Apolônio de Tiana, a saber:

“Mediante a dualidade, os peixes do zodíaco louvam a Deus”.

A parte restante, que não foi tratada, diz:

As serpentes ígneas enrolam-se em torno do Caduceu, e o relâmpago torna-se harmonioso”.

Por meio da parte já tratada vimos que, quando o candidato permanece sobre o Tapete, numa diretriz inequívoca, ele obtém o domínio sobre si mesmo e, em decorrência dessa unificação dos “eus”, o diabo no candidato perde a sua maldade e a sua ira. Isso significa que, quando o candidato – no auto-sacrifício do eu dialético – segue o verdadeiro caminho de João através do deserto, surge uma coordenação de todas as correntes magnéticas que se fazem presentes no ser dialético.

As tensões magnéticas com todas as suas conseqüências, tão naturalmente presentes na vida dialética, desaparecem, e por um lado toda essa força de expansão magnética, acumulada no ser áurico, é convertida em harmonia e, assim, posta a serviço do candidato. Por outro lado, essa força de expansão magnética é posta em ordem ou retirada do sistema, de modo que, por fim, só reste a unidade. Amargura e ira desaparecem completamente.

Após essa normalização e preparação, o candidato ingressa na Segunda Hora, na qual ele é direta e conscientemente confrontado com o mundo astral da natureza comum, um campo em que, em razão da natureza dialética do candidato, ele vive e respira.

Nesse campo ele deve aprender a vencer aquilo que é tipicamente “próprio” da natureza dialética, a saber, as chamadas forças gêmeas da natureza, o polo dos opostos. O candidato soluciona agora os problemas relacionados com isso, enquanto segue uma Via Crucis. Aqui ele se encontra totalmente voltado para o significado simbólico dos peixes do zodíaco. Neste símbolo está o homem natural inteiramente aprisionado e ardendo no fogo sideral da natureza dialética. Ele se encontra ligado ao Homem Divino, ao Espírito, que é livre de todas as opressões terrenas.

A ligação entre ambos é realizada pela Cruz do Amor Divino, isto é, pela radiação da Divindade. Isto significa que o candidato mediante um verdadeiro Amor impessoal, universal pode atravessar, ileso, o fogo sideral.

Esse Amor torna-se vivente na base da absoluta ausência de desejo segundo a natureza.

O fogo sideral é desejo, cria desejo, e cada desejo desperta e tem em si mesmo um desejo oposto. Se nele mergulhais, então ides de viagem para o inferno da natureza comum. Só há um anseio, uma diretriz volitiva, pela qual o candidato pode ascender, visto que o homem dialético nada mais pode fazer do que ter este anseio!

É o anseio pelo outro Reino, o novo campo astral, o profundo anseio pelo Homem Divino com o qual está ligado pela harmonia de Piscis, que é o contínuo entoar louvores a Gnosis.

Se a diretriz da Primeira Hora trouxe ordem no sistema magnético, então a diretriz da Segunda Hora traz, em profundo anseio, o auto-esvaziamento pelo auto-sacrifício a Alma Divina, mediante a conclusão do caminho de João, o qual se realiza através do:

Ele deve crescer e eu devo diminuir.

Em decorrência desse acontecimento, as Serpentes Ígneas enrolam-se em torno do Caduceu, e o relâmpago torna-se harmonioso.

Qual é o significado disso?

Na Doutrina Universal as radiações do fogo sideral são denominadas Serpentes Ígneas; são deslocamentos que se assemelham aos do raio. O Caduceu representa a coluna vertebral, e nele circula o fogo serpentino, o fogo sideral, o animador do homem, o fogo que o faz correr pela Vida!

No Caduceu e ao seu redor realiza-se continuamente toda espécie de processos Ígneos. O multiforme fogo sideral dos polos opostos dispara ininterruptamente, no fogo serpentino dos homens, suas farpas flamejantes e, através desse fogo serpentino e do sistema nervoso a ele ligado, todas essas influências são conduzidas através de todo o sistema.

O observador atento vê como todo o Caduceu está continuamente envolvido por um jogo multicor de flamas de radiações siderais às vezes de cor branca, viva e resplandecente, às vezes de cor vermelho-escuro e de vibração pesada. E o homem se revolve nesse charco infernal do fogo. Ele precisa fazê-lo!

Quem, pois, segue o seu caminho segundo diretriz inequívoca, e fez com que a ordem se estabelecesse em seu estado magnético, caminha sossegado e ileso através do charco infernal. Uma vida dialética, porque ele, em auto-sacrifício, encontra-se voltado para a elevada e única meta da filiação divina, isto é, para o despertar da Alma, para o renascimento da Alma mediante a Via Crucis da Rosa.

Imediatamente se realiza grande milagre!

Aquilo que é inquieto e convulsivo desaparece do ser e da vida, e se desenvolve grande quietude interior. Como se explica essa quietude?

Explica-se pela profunda transformação que se transmite aos processos Ígneos siderais no Caduceu e ao seu redor. “As Serpentes Ígneas enrolam-se em torno do Caduceu e o relâmpago torna-se harmonioso”.

É que as forças siderais da Gnosis, as forças do Domínio da Alma, o Mundo da Alma, as forças do sexto domínio cósmico governam o Caduceu. Por este meio surge um flamejar claro, brilhante, uniforme e calmo, uma flama serena que não pode mais se apagar e pela qual todo o ser é harmoniosamente alimentado.

Nessa harmonia interior ingressa o candidato na Terceira Hora. Apolônio a designa:

“As Serpentes do Caduceu de Hermes se entrelaçam três vezes. Cérbero escancara sua tríplice goela, e o fogo entoa louvores a Deus pelas três línguas do relâmpago”.

Quando a flama serena, proveniente da ausência de desejo, segundo a natureza, tornou-se realidade e o candidato avança pela Via Crucis da Rosa, ele deve tornar-se um cavaleiro do Santo Graal, isto é, um guerreiro (um obreiro) a serviço da Luz Universal. Para tanto ele precisa primeiramente fabricar sua arma, sua espada.

Essa espada ele a possui pelo preparo correto de dentro para fora, pelo preparo correto do Caduceu, da coluna do fogo serpentino. Essa coluna, esse Caduceu possui três canais. Quando abrangemos no processo os dois aspectos do simpático, vemos que o fogo desce por um dos cordões para, em seguida subir pelo outro. Deste modo o Caduceu fica protegido pelo novo fogo e recebe a oportunidade de, nesse abraço, preparar-se completamente para o grande processo da transfiguração que se segue, e sintonizar todo o ser com esse processo, e assim armar-se contra Cérbero.

O que é esse Cérbero?

Na mitologia, Cérbero é descrito como o cão infernal tricéfalo; outros dizem que ele possui 50 cabeças e uma cauda parecida com a de um dragão! Possui uma crina de 100 serpentes e ainda por cima uma saliva e um hálito venenosos. O seu latido faz o inferno estremecer. Cérbero e indicado como o guardião do umbral, o guarda na outra margem do Stix.

Dentre as muitas lendas que o tempo estendeu no tocante a Cérbero, escolhemos uma e justamente aquela que diz que aqueles mortais que querem passar para a outra margem do Styx, devem possuir o Bastão de Mercúrio.

Refere-se aqui ao Caduceu de Hermes!

O candidato deve provar se a sua arma, a sua espada, tornou-se suficientemente forte, suficientemente forte para ele, na qualidade de Cavaleiro do Santo Graal.

Um candidato nos Mistérios trilha a Senda com o único objetivo, o de somente conseguir participar do Mundo da Alma, do novo campo de vida, para estar livre dos grilhões da natureza da morte; e por isso ele quer atravessar o Styx..

Mas a dialética não permite a um homem seguir assim tão facilmente! É que aquilo que na natureza da morte foi construído e conservado durante milhões de anos, não desaparece assim tão fácil e repentinamente.

Cérbero é o símbolo da natureza pecaminosa que, como uma serpente, encontra-se oculta no ser áurico, e em conseqüência das leis dos processos magnéticos, se opõe finalmente ao aluno antes que ele, Cérbero, desapareça e assim deixe o candidato passar.

Com a idéia “natureza pecaminosa” ou “ser do pecado”, não é preciso que se pense tanto assim num fantasma, no resultado das terríveis façanhas e crimes dos vossos predecessores em vossos microcosmos, mas na soma de tudo aquilo que eles e vós mesmos conservaram e conservam na natureza da morte.

Considerai o medo que é uno com os homens nesta luta pela existência. O medo é um dos aspectos de Cérbero. Precisais bem compreender o aspecto do vosso Cérbero para que a cada hora saibais se, pelo vosso caminhar pela Senda, já vos tornastes suficientemente fortes para passardes por essa serpente do passado! Cérbero, porém, em grande parte nada mais é do que ilusão! Ele é somente o espelho do passado! E chegado o tempo, tudo isso que esse espelho mágico reflete seja em vosso cérebro, seja em vosso coração em nada mais vos atinge, em nada mais vos pode fazer mal, então podereis dissolver em névoa essa figura ilusória mediante as três línguas do relâmpago do vosso fogo serpentino renovado.

As serpentes do Caduceu de Hermes se entrelaçam três vezes. Cérbero escancara sua tríplice goela, e o fogo entoa louvores a Deus pelas três línguas do relâmpago.

Chegamos ao término da Terceira Hora. “Cérbero escancara sua tríplice goela”, assim está escrito. Cérbero é o símbolo da natureza pecaminosa no homem, natureza que, semelhante a uma serpente, encontra-se oculta no ser áurico, e se projeta continuamente no caduceu do ser humano vivente e, de conformidade com as leis das radiações magnéticas, impõe-se ao candidato.

Quando, nos Mistérios Gnósticos, o candidato renovou seu próprio caduceu, de modo tríplice (o caduceu possui três aspectos), então é preciso constatar se o candidato se encontra bastante forte para atravessar as sombras do passado e sua garra, a fim de neutralizá-las e aniquilá-las. Portanto, Cérbero é simplesmente o estado fundamental do ser humano dialético, é todo o passado no presente.

Se o vosso “hoje vibrante” situa-se na Gnosis, então é natural que este fato dê testemunho eletromagnético. É evidente que num certo momento entrais em conflito com a força nuclear, a força central do passado, e então deve-se mostrar quem é o mais forte.

Cérbero, a força central do passado, que, devido à vossa condição de nascidos desta natureza, vos governa e vos controla completamente é, com razão, “o guarda do umbral” sobre a outra margem do Styx.. Todo peregrino que está a caminho da Terra dos Vivos deve passar por esse vigia. Passar por ele significa aniquilá-lo, significa a completa extinção do passado em sua totalidade e o estabelecimento de um começo absolutamente novo em todo o microcosmo. Este é o inicio do “hoje vibrante”

É bom que expurgueis as realidades relacionadas com esses fatos de todo romantismo e de toda história de horror que, acerca do guarda do umbral, correm mundo, porquanto já anteriormente fizemos constar que toda radiação magnética possui uma estrutura e que aparece no campo de respiração como uma imagem, uma figura, figura esta que se apresenta freqüentemente sob aspectos mais ou menos assustador.

Quando no campo de respiração de um aluno surge semelhante imagem, e o aluno está de posse do verdadeiramente novo caduceu, então, em razão da sua irradiação, a mencionada influencia magnética é diretamente transformada numa outra vibração, enquanto que – assim diz o Nuctemeron todos os demônios (isto é, todas a formas grotescas no campo de respiração) desaparecem e entoam louvores a Deus.

Resta ainda a força nuclear presente no ser áurico, da qual todas essas influências magnéticas dimanaram e dimanam.

Por fim, essa força nuclear, esse Cérbero precisa ser expulso, visto que Cérbero é a chave para o “não mais além” da sétima região cósmica.

Por conseguinte, se algum candidato quer passar do sétimo para o sexto campo cósmico, então ele é confrontado com Cérbero. Este escancara sua tríplice goela para tragar o peregrino que se aproxima e, desta maneira, remetê-lo à região a que pertence pelo seu nascimento natural.

Quando assim falamos sobre o vosso e o nosso Cérbero e acerca de sua atuação como nosso opositor, então tendes que pensa num caminho que todos devemos seguir, numa resistência que todos devemos anular. E quando para isso nos armamos com a espada do Caduceu Renovado, precisamos, além disso, averiguar como se mostra o campo de batalha, o lugar do encontro, e com que meio Cérbero se apresenta para se opor a todos aqueles que anelam passar por ele. Estamos convencidos de que, quando considerarmos os meios de luta do guarda do microcosmo, então ele se nos aparecerá numa luz totalmente diferente!

Talvez pensemos que, para podermos passar por esse guarda do umbral, haja, por um lado, necessidade de se dispor de grande valor em sentido dialético e, por outro lado, possuir grande pureza. Porém haveis de compreender que, para se ter êxito, há necessidade de algo mais, assim como também ponderar sobre as urgentes correções a fazer em relação a nós mesmos.

Por isso, em primeiro lugar, desejamos remeter-vos outra vez ao fantasma do medo, o qual a todos nós nos mantém aprisionados em razão do nosso nascimento natural.

O medo é próprio da natureza dialética. Tendes medo quanto à vossa saúde, quanto à vossa posição econômica e social, vossas posses, quanto ao marido, mulher, filhos. Tendes medo de todos os acontecimentos que possivelmente venham a interferir em vossa vida. Por medo fazeis coisas que não devíeis fazer e deixais de fazer muitas outras que devíeis fazer.

Medo, preocupação e receio realizam, de modo absoluto, uma fragmentação, uma divisão em vós, isto é, provocais essa divisão ao quererdes trilhar a senda, ao quererdes tecer a Veste Gnóstica.

Cérbero é, para o candidato, o grande obstáculo no Caminho, é a causa pela qual, e sempre de novo, buscais um compromisso com o mundo…

E quando não há medo dos obstáculos, desenvolve-se o medo de que a Veste Áurea de Bodas não seja alcançada. Cérbero sempre despertará, seja como for, o medo no candidato.

E por medo de perder a Gnosis o candidato pode tornar-se um fanático, que é o exemplo típico de um homem que força por efeito do medo bipolar: medo de participar e medo de não participar.

Um tal homem traz a ilusão do fanatismo em seu fogo serpentino. E há então incrível necessidade de persistência e firmeza para exterminar esse medo.

Por isso, deve-se ter passado de modo correto pela Segunda Hora do Nuctemeron. Esta Segunda Hora é o carregar da Cruz do Amor, de tal maneira que esse Amor vos torne fortes para que toda ação ou não-ação seja corretamente realizada em Sua força, e da calma interna que esse mesmo Amor concede, a tudo fazer frente.

Enquanto esse Amor ainda não estiver perfeito em vós, Cérbero manterá fechada a passagem, e isto tão somente pelo medo, que ainda está presente.

A libertação do medo, da preocupação e do receio é também a tarefa que o Sermão do Monte propõe ao candidato. Isto não quer dizer neutralizar, vencer neste mundo dialético todos os medos, preocupações e receios, não, porque eles são unos com a dialética! Eles se mostram naturalmente em vossa vida! Deveis alçar-vos para fora deles na força e na luz do Outro Reino.

A banalidade de muitos contos, lendas e mitos está em que o cavaleiro vence o dragão mediante coragem cultivada. Não se trata de nenhuma coragem! Quem estabelece em si mesmo a Luz do Outro Reino, ergue-se acima de todos os temores.

O temor desapareceu de sua vida, e isto de passar pelo guarda do umbral, mediante forte luta e demonstração de grande valentia e muita coragem, está fora de questão.

Um aspecto seguinte de Cérbero em vós é o dogma.

Um dogma é uma proposição. Há inúmeros dogmas, portanto inúmeras proposições. A Gnosis pode ser dada a entender, delimitada e definida mediante proposição. Tais proposições são necessárias para se ter um ponto de partida e poder-se seguir um certo caminho. Todos os Grandes no Espirito, assim como também todos os outros igualmente presentearam o mundo com proposições. Todas elas tem aspecto dogmático. Elas nos proporcionam um programa fundamentado e sólido. Na Rosa Cruz, como não podia deixar de ser, semelhante doutrina foi transmitida e, com o auxílio da literatura, foi extensamente esclarecida.

O candidato, que é portador dessa Doutrina, tendo-a na cabeça e no coração, também a fixou em seu sangue e cobriu-se completamente com a roupagem da dogmática. Essa dogmática preenche toda a sua vida. Mas pode acontecer que nesta situação, sobre essa base, Cérbero tenha o candidato em seu poder e o possua de modo extraordinariamente firme. O candidato se considera “gnóstico” por excelência, pois que não é verdade que os homens tem os gnósticos em alta conta? E com que elegância e clareza esse candidato sabe difundir a Doutrina, como ela é corretamente formulada, bem pensada, esclarecida segundo pureza filosófica. Contudo aqui espreita o grande perigo!

Uma proposição é um programa, e um programa existe para ser executado! E o executor é muitíssimo mais que o conhecedor! Alguém pode ser um mau conhecedor do programa, mas um excelente executor! Por isso o candidato corre o perigo de apegar-se a um dogma, a uma proposição. Deixar o mundo sufocar-se em proposições é uma tática, um método de Cérbero.

Esta foi sempre a grande decadência da teologia da igreja, que em sua maior parte nada mais é que um instituto dogmático.

A Gnosis Original veio aos homens num dos aspectos de sua Doutrina, Doutrina perfeitamente pura. Houve pessoas que se deleitaram com ela, sorveram-na como nardo. Em seguida, saíram para predicá-la. Alguns escreveram livros para divulgar a mensagem e levá-la àqueles que não estavam em condições de alcançá-la pessoalmente.

A geração seguinte baseou-se nesses livros.

Surgiram universidades, grandes escolas, para ensinarem essas proposições.

E os dogmáticos se reuniram para revisá-las, corrigi-las a fim de adaptá-las ao mundo, à cultura e aos aspectos e necessidades dialéticas prevalecentes.

O medo torceu o ensinamento. As proposições se confundiram, se emaranharam e se contradisseram. Ficaram em pedaços. E um grupo disse: Esta é a parte aceitável! Um outro grupo buscou a sua salvação na segunda parte. E assim surgiram as universidades das divergências.

E toda essa dogmática do século está ausente em nosso sangue e em nosso fogo serpentino. Cérbero nos têm a todos firmemente em seu poder, devido ao instinto dogmático do passado.

Não existem, dentre os candidatos da Senda da Salvação, muitos que precisaram lutar desesperadamente consigo mesmos porque o instinto dogmático transmitido não se harmonizava com o programa e a filosofia da Gnosis?

Como é possível libertar-se da garra dos dogmas?

Assim: O dogma que escolhestes, transformai-o num programa em vossa vida e executai-o com todo o vosso ser.

E assim logo ficareis sabendo se ele é um dogma morto ou um dogma vivo, ou se ele vos conduz para o objetivo que nele se contém. Se ficais dependurados ao dogma, sem nada mais fazer, e de tempos em tempos trocais um dogma por outro, então a vossa vida fica povoada de ídolos. Permanecereis com os outros, agrilhoados no cárcere. Todas as vossas esperanças dogmáticas se mostrarão inúteis e afundareis no lodaçal das decepções.

Cérbero, vossa natureza pecaminosa, então triunfou pela milésima vez.

Aprendei esta lição, candidato.

O ensinamento o recebeis para realizá-lo.

Realizai-o e estareis livres do dogma.

E vos tereis tornado o próprio ensinamento e vos tereis libertado do vosso Cérbero!


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