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Os Sete Mandamentos do Fama Fratenitatis

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Jean Dubuis

Tradução: Tamosauskas

“Seu acordo era o seguinte:

1. – Que nenhum deles deveria fazer nada mais que curar os
enfermos e isto gratuitamente.

2. – Que nenhum deles nem os que os seguiam; deveriam jamais usar certa classe de hábito, senão vestir-se segundo o costume do país em que residissem.

3. – Que a cada ano no dia C. deviam reunir-se na casa
SANCTUS SPIRITUS, ou justificar por escrito sua ausência.

4. – Que cada Irmão deveria buscar uma pessoa merecedora, que depois de sua morte pudesse substituí-lo.

5. – Que a palavra C.R. devia ser o selo, marca e caráter deles.

6. – A FRATERNIDADE devia permanecer secreta por cem anos. ”
– FAMA FRATERNATIS

Não vamos lançar-nos numa exegese dos textos relativos ao “Fama”. Muitos anos após o ano de 1600, certos escritos apareceram na França e na Alemanha sobre estes assunto. Eles foram escritos em alemão, latim e francês.

Os textos autênticos foram, na verdade, escritos por indivíduos que tinham um contato entre o pequeno eu e o Grande Eu. Portanto, os textos da Fama são emanações do Invisível, indubitavelmente escritas para atrair os seres de forma material para o Caminho da realização interior.

De fato, um indivíduo que restabeleceu seu próprio contato interior
automaticamente se torna um membro da Ordem Invisível. Portanto, os mandamentos abaixo parecem muito apropriados para sustentá-lo em seu trabalho de realização pessoal. O nome do autor ou a data da publicação importa muito pouco. O ponto importante é que você possa verificar seus uso e veracidade por si mesmo à medida que suas paredes internas começam a se dissolver.

1. NÃO SERVIRÁS A DEUS E A MAMON

Se você é de Servir, você não pode estar imediatamente a Serviço de Deus (os Princípios Universais) e a serviço de Mamon, que é o símbolo da energia do dinheiro. Nós explicamos a seguir:

Não devemos ignorar o papel do dinheiro, mas devemos buscar a mais perfeita independência e o mais completo desinteresse. Se você adquiriu algum dinheiro facilmente através de herança ou arduamente pelo trabalho, ele é seu e você é responsável por isso. Você não deveria
desperdiçar este bem. Lembre-se sempre que a riqueza é o símbolo de uma poderosa energia do Invisível que aparece no nível 4 junto com a dualidade. Seu aspecto passivo está na origem de toda fortuna material terrestre. Seu aspecto ativo é o alimento do conhecimento esotérico. O nível 9 transmite essa energia como o nível do metal chamado prata (dinheiro). Seu papel é ajudar no funcionamento do mundo material, mas, sob este aspecto e dentro de todos os limites possíveis, deve ser excluído do trabalho.

Se lhe é confiada uma parte importante desta energia é porque você é o guardião e único mestre de seu uso. Se for esse o seu caso, isso deve autorizá-lo particularmente a trabalhar no caminho esotérico sem compensação financeira. Se seus meios de existência material chegam até você através de conhecimento esotérico você não é mais neutro ou livre e conseqüentemente você não pode ser um Servo reconhecido.
Se você examinar os métodos usados ​​por aqueles que praticam ou praticaram as disciplinas esotéricas, você pode verificar se esta regra sempre foi respeitada. Os monges de outrora trabalhavam trabalhavam a terra para obter seu sustento. Hoje qualquer organização esotérica digna deste nome se esforça em seguir esta regra e não distribui qualquer salário aos indivíduos responsáveis. Vamos especificar que este ponto foi incansavelmente defendido entre os Pensadores da Natureza.

Muitas vezes vemos os estudantes esotéricos cometerem o seguinte erro de discernimento: “graças ao meus “poderes” terei algum dinheiro com o qual posso fazer o bem” Na verdade, nunca há necessidade de
dinheiro para ajudar os outros em sua evolução. Quando um trabalho material é feito ele exige uma compensação financeira, mas ajudar através de meios ocultos, nunca.

2. NÃO VENDERAS O DOM DE DEUS

Não há “dom de Deus” no sentido literal da palavra, pois isso seria contrário ao princípio da Justiça Universal. Os “presentes” resultam de uma realização parcial da nossa Reintegração durante as encarnações anteriores.

Esta expressão um tanto arcaica “dom de Deus” traduzir-se-ia hoje como “atributo divino do Ser Interior”, ou seja, o atributo Original que neste momento foi recuperado. Não devemos obter nenhum lucro financeiro com isso. Quem vende o dom de Deus, quem faz disso um negócio, mais cedo ou mais tarde o perde.

Se você é ao mesmo tempo um médico e um curandeiro místico, o médico em você, de acordo com as leis desta Terra, pode ganhar dinheiro por seu trabalho, mas o curador que está em você deve curar secretamente e, claro, livremente. Se você não é médico, mas tem um dom de cura, não deve receber nenhum dinheiro, pode aceitar doações, mas não deve impô-las nem reivindicá-los. Se você é um astrólogo, pode ser pago pelo seu trabalho de estudo e cálculo. Mas se você tiver acesso às Memórias da Natureza, não poderá obter dinheiro para esta parte da consulta.

Em resumo, afirmamos que o trabalho específico do nivel 10 pertence ao domínio material e pode ser remunerado. Aquilo que é dado através de outros níveis não pode ser trocado por dinheiro. O tênue linha aparente na prática, é na verdade mais um problema de consciência e intuição do que um problema de regra.

Esses dois primeiros mandamentos são talvez os mais difíceis de compreender porque, em nosso mundo, as forças visíveis e invisíveis do dinheiro são particularmente poderosas. Para explicar mais uma vez a fronteira que está envolvida, digamos que um remédio espagírico não necessita de um dom para sua confecção e, portanto, pode ser vendido. Por outro lado, um remédio alquímico que depende de um certo dom para sua fabricação bem sucedida não deve de forma alguma ser objeto de compensação financeira.

Lembre-se de que no nível 4 são criadas as energias espirituais da riqueza e as energias materiais da riqueza. Um é o espiritual positivo da dupla lei deste nível, o outro é o matéria negativa. O ponto é não confundi-los em seu uso. A função do dinheiro não procede do domínio espiritual e a força do dinheiro não pode guiar o trabalho espiritual.

3. DEVE USAR OS TRAJES DO SEU PAÍS

O iniciado – aquele que genuinamente recebeu o Conhecimento – não precisa demonstrar seu Conhecimento nem se distinguir do mundo ao seu redor por nenhum sinal externo.

A discrição é a sua regra. O sacerdote de uma religião exterior pode usar o traje que constitui um sinal de reconhecimento exterior. Mas um adepto não precisa ser distinguido do leigo por seu traje.

Ele pode usar um manto cerimonial para uma oração – por que não – ou em um Templo; isso é permitido. Mas ser anônimo na multidão é uma das chaves para o progresso. Um traje distinto leva mais ou menos ao orgulho, um grande obstáculo no Caminho.

Além disso, este terceiro mandamento abrange um escopo maior de significados relacionados à moral e aos costumes, os aspectos sociais e políticos da nação em que nascemos. Dentro sua interpretação oculta este mandamento e significa esforçar-se para estar em harmonia com a egrégora de seu nascimento porque você pode encontrar lá o que melhor lhe convém nesta Terra, para o grau de evolução em que você se encontra.

Podemos acrescentar ainda: se parte da criação se tornou invisível para o leigo é por necessidade e quem quer ou começa a contatar o Invisível não deve mostrá-lo aos leigos.

4. SE PRATICA UMA RELIGIÃO PRATICA A DE SEU PAÍS

Você não nasceu “aleatoriamente” em seu país. Assim, você deve, tanto quanto possível, estar em conformidade com as regras dele. Muitas pessoas são atraídas por filosofias, religiões e crenças existentes em países bem distantes de seu local de nascimento. Há duas razões principais para isso: a primeira vem da atratividade um tanto misteriosa sempre exercida pelo desconhecido distante, a segunda, mais sutil, é a atração exercida sobre nós por coisas que foram nossas em um passado próximo ou distante.

Do passado, devemos manter apenas o aspecto construtivo e usar o que adquirimos como trampolim para o progresso futuro. O amor do passado não deve se tornar um obstáculo na conquista do futuro pelo qual nos sentimos menos atraídos porque ainda pertence ao domínio do desconhecido.

Por meio deste quarto mandamento devemos tomar cuidado para não nos tornarmos vítimas porque ignoramos a inversão das forças psíquicas do homem durante a iniciação do Nadir. Antes desta iniciação, o homem cai, depois desta iniciação o homem evolui. Antes da iniciação, um homem nascido em um país de religião solar é atraído pelos países de religiões lunares porque está descendo os níveis. Após a passagem do Nadir, as coisas se invertem, um homem -independentemente de seu local de nascimento – é tentado a seguir primeiro a ordem lunar e depois a solar.

Lembre-se de que podemos ser guiados ou esclarecidos em nossas escolhas se observarmos cuidadosamente os símbolos que regem as várias religiões deste mundo. Obviamente, quem penetrou no caminho esotérico não tem obrigação de seguir e muito menos de se submeter a nenhuma religião exotérica. Se assim o desejar, pode praticar uma religião, mas não se apegue a ela. A submissão a uma religião invariavelmente leva à intolerância e ao estreitamento de seu ponto de vista. De fato, qualquer adepto do caminho esotérico deve saber que existem apenas duas igrejas, a Igreja de Pedro e a de João. A primeira inclui todas as religiões e seitas do mundo, é a igreja externa. A outra inclui todos os movimentos esotéricos, é a Igreja Interior. Quem é admitido na Igreja Invisível não tem mais interesse em permanecer com a primeira. O ensino das igrejas de Pedro é dogmático e nenhuma dessas igrejas concede qualquer liberdade interior. Por outro lado, a liberdade interior é o objetivo da Igreja de João.

Sem dúvida, as religiões são baseadas em textos sagrados que podem ser excelentes assuntos para meditação. Mas diz-se que “o Espírito vivifica e a letra mata” e vemos que as religiões exteriores tomam esses textos literalmente porque não têm mais as chaves esotéricas para penetrá-los.

De fato, a religião genuína, no sentido de “religare” que significa ligar, unir, reunir, visa sempre criar um vínculo entre o homem da Terra e as estruturas de seu Eu Superior.

Para todos os efeitos práticos, desejamos especificar que se você discorda dos costumes de seu país, pode querer provocar uma evolução, mas não uma revolução. De alguma forma, este quarto
mandamento também é um mandamento de “paciência”. Ou seja, à medida que as funções originais despertam em nós, não devemos usá-las para movimentar a sociedade nem a política, a religião ou a filosofia do nosso país. Devemos esperar até que nossa missão nos seja revelada pelo Invisível através do canal de nosso Mestre Interior. Obviamente, será pequeno e limitado no início. Na verdade, devemos aprender a ser Servos antes de nos tornarmos Maitre D’ (Mestre do Altar).

5. NÃO SUBSIDIAR HOSPITAIS OU IGREJAS

A interpretação esotérica deste mandamento é que a cura universal pertence ao domínio do oculto, do invisível. Um místico que faça jus ao seu nome deve remediar a causa da doença e ele não precisa de um hospital para isso.

Isso não significa que o adepto não deva fazer nada neste domínio. Paracelso, por exemplo, muito contribuiu para o desenvolvimento da farmacopeia. O adepto tem o direito e dever de explorar as terapias para os aspectos espirituais, portanto não deve apoiar sistemas que resultem de uma medicina exclusivamente materialista.

Este mandamento pode parecer chocante se o tomarmos literalmente. Mas um Iniciado  reivindicou: “dai a César o que é de César”. Neste contexto, César simboliza o mundo físico material. Uma interpretação profunda desse mandamento seria que César ainda precisa desses
coisas para – inconscientemente – se preparar ainda mais. Quanto ao iniciado, ele não deve cair na armadilha de fazer o trabalho material de César, um trabalho que deve ser deixado para aqueles que ainda não podem trabalhar para seu crescimento consciente. Se tiramos deles suas tarefas, também tiramos sua possibilidade de se tornar “o filho de suas ações”.

Em um nível mais sutil, poderíamos interpretar este quinto mandamento da seguinte forma: não devemos usar os dons da iniciação para os aspectos materiais da vida. Esses dons devem ser reservados apenas para ajudar a pessoa a alcançar seu crescimento. Se curar alguém ajuda em seu crescimento, isso é concedido. Se a cura não pode acontecer, temos que ir além do conceito atual de morte que resulta do materialismo, e lembrar apenas o que é ensinado através da experiência interior, ou seja, que a morte é apenas uma mudança de reino.

6. NÃO DEMONSTRAR AS DOUTRINAS ATRAVÉS DE MILAGRES

No calor das primeiras realizações, muitos estudantes são tentados a apresentar certezas metafísicas a seus pais e amigos por meio de operações ocultas que parecem ter características milagrosas – para um leigo. Este é um erro muito grave. Não só você não ajuda ninguém dessa maneira, mas, além disso, é prejudicial para eles.

A certeza metafísica interior só é adquirida individualmente. Ninguém tem o direito de fornecer certeza a ninguém. Na verdade, a única coisa que você pode fornecer são os meios para o acesso a certeza. Além disso, possuir certeza metafísica implica sua contrapartida de responsabilidade. Conseqüentemente, não devemos tirar o privilégio da ignorância daqueles que não puderam suportar o conhecimento, porque durante a Grande Passagem, quando eles se julgarem, não poderão dizer à sua própria consciência “eu não sabia”. O conhecimento dá liberdade, mas também sua contrapartida de responsabilidade.

O sexto mandamento também pode ser expresso da seguinte forma: “não rasgue o véu do templo”. Na verdade, o Véu do Templo é a parede de matéria que separa os dois tipos de consciência. Podemos ensinar a cada um o uso das trombetas de Jericó que é destruir os muros, mas não temos absolutamente nenhum direito de revelar as maravilhas dos poderes da Jerusalém celestial. Cada um tem que descobri-los por conta própria. É importante entenda que a iniciação leva a pessoa à sua própria revelação e esta revelação é a única para ela.

Discutir a revelação de outra pessoa pode talvez nos dar uma dica do que pode ser a nossa, mas no caso de divergência, só nossa própria revelação deve contar para nós. Existem neste mundo tantas revelações quanto seres porque, embora todos os seres sejam equivalentes no início, todos diferem durante a involução e a evolução.

Seja livre em espírito para se preparar para receber sua própria revelação. Não se esqueça das três armadilhas que são muito difíceis de evitar se você fizer uma demonstração:

– o orgulho do operador
– uma gratidão exagerada dos “recebedores” que, de certa forma, equivale a um salário (não venda o dom de Deus),
– o risco de ficar sobrecarregado com pedidos de cura ou milagres que você não pode satisfazem por razões materiais, bem como esotéricas.

Isso pode causar sérios problemas.

7. NÃO TERÁS MESTRE NEM SERVO

A fraternidade humana não requer mestre ou escravo. Quem se apresenta no Portão do Templo é ao mesmo tempo o Servo do Eterno e o Filho pródigo do Retorno.

O filho reconhecido do Eterno não pode aceitar um mestre deste mundo. Ele só pode aceitar um piloto para a viagem no mar cósmico.
A liberdade interior é condição essencial para a abertura da Porta do Templo.

O crescimento do homem é começar com o escravo que somos no ponto zero da Jornada, para realizar nosso tornar-se em Infinito Livre. Devemos, portanto, exercer nossa liberdade e isso muitas vezes é mais desconfortável do que refugiar-se na proteção de um mestre ou pseudo-mestre.

Tudo o que acabamos de mencionar é apenas uma indicação, uma chave básica que cada um de vocês deve adaptar à sua própria fechadura. Aqui, damos um suporte de trabalho, mas cada um você deve construir seu próprio Templo pessoal através de seus próprios esforços.

No entanto, é bom lembrar de dois itens, desde que o contato interno não esteja solidamente estabelecido:

– Para agir em nosso mundo, devemos examinar os fatos à luz da razão sem nos tornarmos escravos da razão.
-Na busca de inspiração espiritual, apenas o nível 6, o nível do coração, pode nos levar diretamente às ressonâncias de que precisamos.


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