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Martinismo

Os Sete Céus de Martinez de Pasqually

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Sar Naquista

Martinez de Pasqually explica em seu Tratado da Reintegração que o  universo é dividido em quatro níveis. O mais elevado chama de “Imensidade Divina”, seguido da “Imensidade Supraceleste.” Os dois seguintes formam a “Criação Universal”: sendo mais elevada a “Imensidade Celeste” e  por fim o “Mundo Terrestre”. Os dotados de instrução cabalística acharão impossível não fazer aqui uma relação com os Quatro Mundos da Árvore da Vida: Azilut, Beriah, Yezirah e Asiyyah, ou como está em Isaias 43:7:

“Todos os chamados pelo meu nome, e os que criei para a minha glória, os formei, e também os fiz.”

No texto de hoje falaremos mais sobre o final da citação bíblica: “os formei, e também os fiz”; a Criação Universal.

Apesar deste aspecto dual podemos tratar a Criação Universal sob um prisma ternário como fazem os alquimistas a falar do Mercúrio, do Sal e do Enxofre, ou como chamou Martinez de Pasqually o “Universal”, o “Geral” e o “Particular”.

O Universal é o equivalente a todo “Eixo “Fogo Central Incriado” que vimos no artigo sobre o Simbolismo Martinista dos Dias da Criação. Dentro do Universal termos os outros dois mundos e seus habitantes. O “Geral” sendo o mundo terrestre e o “Universal” o mundo celeste.

Como vimos no artigo O Bem, o Mal e de Volta Outra Vez,  todos este mundos foram criados por Deus para promover a Reintegração de todos os seres novamente a Imensidade Divina. A Imensidade Celeste nasce logo abaixo do último círculo da Imensidade Supraceleste (número 4) a partir do qual o Eixo “Fogo Central incriado” se desenvolve. Nele surgem o mundo “Geral” que se compõem de outros sete círculos ligados aos sete céus (enumerados de 5 a 11). Seus habitantes, tendo natureza puramente espiritual, possuem faculdades e características que transcendem as dos seres humanos habitando o planeta Terra. O Mundo Terrestre por sua vez se faz presente neste mapa conceitual pelo triângulo designado com o número 12.

Quando as Sagradas Escrituras dizem que o Criador “descansou no sétimo dia” temos uma alegoria nos ensinando que Deus designou à Sete Agentes Espirituais (5 a 11) os dons espirituais com os quais a criação poderiam ser sustentadas. A união e combinação da qualidades destes Agentes – simbolizadas pelos sete astros –  produzem uma infinidade de influências das quais todos os seres da Criação Universal se submetem queiram ou não. No Apocalipse, ou seja quando todos os seres estiverem reintegrados, as Sete Trombetas soarão para a reintegração da matéria da mesma forma que atualmente atuam na sua conservação.

A função destes Agentes é promover uma etapa preliminar do processo de Reintegração que Pasqually chamou de Reconciliação.

O Primeiro Céu (5), ligado a Saturno, é a fronteira entre os mundos superiores e inferiores. E aqui que aguardam e repousam todos os espíritos “reconciliados”. A reconciliação é o mais alto nível que um ser encarnado pode alcançar em sua evolução individual por meio do “culto espiritual”. Por isso o Céu de Saturno é também chamado de “Círculo Espiritual” e é considerado o mais elevado mundo temporal. Mas reconciliação ainda não é Reintegração. A reintegração mesmo não pode ser individual, pois é necessariamente universal e só poderá ocorrer quanto todos os espíritos estiverem reconciliados com Deus.

Se dizemos que nesta esfera  habitam os espíritos reconciliados isso implica em dizer que na Criação Universal, e mesmo na Imensidade Celeste existem seres espirituais que não foram reconciliados. Estes Espíritos Rebeldes não cooperam com o equilíbrio e a harmonia da Criação Universal e até mesmo se opõem a seu propósito. Sua ação por mais rebelde que seja está agora contida e de forma alguma podem prejudicar ou enfraquecer os Sete Agentes Planetários em sua missão, pois estes estes estão acima de qualquer influência senão a de cumprir perfeitamente sua missão.

O Segundo Céu (6) é ligado ao Sol, considerado o astro rei. Essa segunda região é também chamada “Círculo Intelectual”, pois esta mais próxima do mundo das ideias do que do mundo da matéria. O status o Sol como uma esfera superior se explica pois é por meio dele que todos os corpos vivem e agem em nosso mundo. O Sol é assim um reflexo do Eixo “Fogo Central Incriado”, origem de toda vida e movimento temporal. Como colocou Martinez de Pasqually: “O Criador colocou seu tabernáculo no Sol”.

As esferas abaixo do Sol compõem o Círculo Sensorial, e estão muito mais próximos do mundo terrestre. O Terceiro Céu (7) está ligado a Mercúrio, e o Quarto Céu (8) ligado a Marte. Juntos com o Primeiro e o Segundo Céu que já vimos estes formam os ‘Círculos Maiores Celestes’ e na área entre eles de nosso diagrama temos o “Jardim do Éden”, o Paraíso Terrestre no qual o Ser Humano Original governava a criação.

Se comtemplara novamente o esquema dado no desenho acima notará que os três últimos círculos da Imensidade Celeste (9, 10 e 11) formam um espelho do triangulo inferior que corresponde ao Mundo Terrestre. Na verdade, nos ensina Pasqually, é o mundo terrestre que é um reflexo destes mundos superiores:

“Por estes três últimos planetas – vulgarmente chamados Júpiter; Vênus e Lua – que o corpo geral terrestre se materializa para operar de acordo com sua natureza, e se conserva no movimento e ação apropriados”.

Como você já deve ter antecipado, os círculos de Júpiter, Vênus e Lua correspondem ao Quinto, Sexto e Sétimo Céu. O “Tratado da Reinteração” nos ensina que do Quinto Céu (9) emana a putrefação, tão necessária ao ciclo da vida ou a desintegração necessária a qualquer produção. Aqui vale um pequeno adendo.. As relações que Pasqually faz entre os Céus da Imensidade Celeste e os astros não buscam uma correspondência exata com o mesmo simbolismo usado por astrólogos. No Sexto Céu (10) está a raiz de toda concepção sem a qual as sementes não brotariam e nada poderia ser produzido. Por fim, o Sétimo Céu (11), ligado a Lua, com sua umidade e fluidez ameniza a ação direta do Círculo Solar (consequentemente do Eixo ‘Fogo Central Incriado’.

Portanto os sete círculos da Imensidade Celeste exercem papeis importantes na Criação Universal. Eles não apenas mantêm seu equilíbrio, mas constituem também as sete colunas do Templo em que deve ocorrer o culto da Reintegração, mencionadas por Salomão:

“Sabedoria já edificou a sua casa, já lavrou as suas sete colunas”
– Provérbios 9,1

Recapitulando temos o Círculo Espiritual (Saturno), o Círculo Intelectual (Sol) e o Círculo Sensorial (demais astros). Além de sustentar as necessidades materiais dos seres encarnados, estes três Círculos transmitem o conhecimento necessário  para que os seres humanos cumpram seu regresso ao Mundo Divino.

Para encerrar este artigo, é oportuno dizer que se há na Imensidade Celeste há um lugar onde habitam os espíritos reconciliados (O Primeiro Céu), isso implica em dizer que existem também no mundo Geral, seres espirituais que não foram reconciliados. Estes Espíritos Rebeldes, que não cooperam com o equilíbrio e a harmonia da Criação Universal e mesmo se opõem a seu propósito foram expulsos da Imensidade Divina e também ocupam espaços no Mundo Terrestre. Sua ação por mais rebelde que seja está agora contida e de forma alguma podem prejudicar ou enfraquecer os Sete Agentes Planetários em sua missão, pois estes estes estão acima de qualquer influência senão a de cumprir perfeitamente sua missão.


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