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A grande associação cabalística conhecida na Europa sob o nome de Maçonaria surgiu de repente. …Os historiadores dessa ordem não sabem explicar-lhe a origem… [Conforme disse o autor no Livro IV, capítulo 6]… eles tiveram os templários por modelos, os rosa-cruzes por pais e os joanitas por antepassados. Seu dogma é o de Zoroastro e o de Hermes, sua regra é a iniciação progressiva, seu princípio, a igualdade regulada pela hierarquia e a fraternidade universal; são os continuadores da Escola de Alexandria, herdeiros de todas as iniciações antigas, depositários dos segredos do Apocalipse e do Zohar. O objeto de seu culto é a Verdade representada pela luz. Eles toleram todas as crenças…
O fim alegórico da maçonaria é a reconstrução do templo de Salomão; o fim real é a reconstituição da unidade social pela aliança entre razão e fé e o restabelecimento da hierarquia conforme a ciência e a virtude, com a iniciação e as provas por graus. Nada é mais belo …do que estas idéias e tendências; infelizmente as doutrinas da unidade e a submissão à hierarquia não se conservaram na maçonaria dissidente, oposta à maçonaria ortodoxa, e as maiores calamidades da revolução francesa foram resultado desta cisão.
Lenda de Hiram
Quando Salomão mandou construir o templo, confiou seus planos a um arquiteto chamado Hiram. Para dar ordem aos trabalhos, Hiram dividiu os trabalhadores segundo sua habilidade e como era grande o número deles, a fim de reconhecê-los, quer para empregá-los segundo seus méritos, quer para remunerá-los segundo seu trabalho, ele deu a cada categoria, de aprendizes, companheiros e mestres, palavras de passe e senhas particulares.
Três companheiros quiseram usurpar a condição de mestres sem o devido merecimento; puseram-se de emboscada nas três portas principais do templo e quando Hiram se apresentou para sair, um dos companheiros pediu-lhe a palavra de ordem dos mestres ameaçando-o com uma régua. Hiram respondeu: “Não foi assim que recebi a palavra que me pedis.” O companheiro, furioso, bateu em Hiram com sua régua fazendo-lhe uma primeira ferida.
Hiram correu a uma outra porta onde encontrou o segundo companheiro. Mesma pergunta, mesma resposta e desta vez Hiram foi ferido com um esquadro; dizem outros, com uma alavanca. Na terceira porta estava o terceiro assassino que abateu o mestre com uma machadinha. Em seguida, os três companheiros esconderam o cadáver sob um monte de escombros e plantaram, sobre este túmulo improvisado, um ramo de acácia.
Salomão, dando pela falta do arquiteto, despachou nove mestres para procurá-lo. O ramo de acácia revelou-lhes o cadáver. Eles o tiraram de sob os escombros e como lá havia ficado bastante tempo, eles exclamaram levantando-o: “Mac benach! – que significa: a carne solta-se dos ossos. A Hiram foram prestadas as últimas honras; depois, Salomão mandou 27 mestres em busca dos assassinos.
O primeiro foi surpreendido em uma caverna. Perto dele ardia uma lâmpada. Corria um regato a seus pés e ao seu lado, havia um punhal. O mestre que penetrou na caverna reconheceu o assassino. Tomou o punhal e feriu-o gritando: Nekun!, ou seja, “vingança”. Sua cabeça foi levada a Salomão que estremeceu ao vê-la e disse ao que tinha assassinado: “Desgraçado, não sabias tu que eu me reservava o direito de punir?” Então, todos os mestres se ajoelharam e pediram perdão para aquele cujo zelo levara tão longe.
O segundo assassino foi traído por um homem que lhe dera asilo. Ele se escondera num rochedo perto de um sobre o qual brilhava um arco-íris; ao seu aldo havia um cão deitado, cuja vigilância os mestres enganaram. Pegaram o criminoso, amarraram-no e conduziram-no a Jerusalém onde sofreu o último suplício. O terceiro foi morto por um leão que foi preciso vencer para resgatar o cadáver.
[Todos os elementos da lenda são alegóricos] …Salomão é a personificação da ciência e da sabedoria supremas. O templo é a realização e a figura do reino hierárquico da verdade e da razão sobre a Terra. Hiram é o homem que chegou ao domínio pela ciência e pela sabedoria. Ele governa pela justiça e pela ordem, dando a cada um segundo suas obras… [e assim por diante]. …Os verdadeiros maçons são os que persistem em querer construir o templo segundo o plano de Hiram. …Os ritos da maçonaria são destinados a transmitir a lembrança das lendas de iniciação e conservá-la entre nossos irmãos.
Perguntar-nos-ão como, se a maçonaria é tão sublime e tão santa, como pôde ser proscrita e tantas vezes condenada pela Igreja. Já respondemos a essa questão falando das cisões e das profanações da maçonaria. A maçonaria é a gnose e os falsos gnósticos fizeram condenar os verdadeiros. [Os maçons verdadeiros mantêm-se ocultos porque] …temem os profanadores, isto é, os falsos intérpretes, os caluniadores, os céticos de sorriso estúpido, os inimigos de toda crença e toda moralidade. Em nosso tempo, aliás, um grande número de homens que se julgam maçons ignoram o sentido de seus ritos e perderam a chave de seus mistérios. …
A maçonaria foi não somente profanada mas serviu mesmo de véu e de pretexto para as “cabalas” da anarquia, pela influência oculta dos vingadores de Jaques de Molay e dos continuadores da obra cismática de seu tempo. …Os anarquistas retomaram a régua, o esquadro, a malheta e em cima escreveram “Liberdade, igualdade e fraternidade”. Isto é, liberdade para as cobiças, igualdade na baixeza e fraternidade para destruir. Eis os homens que a Igreja condenou justamente e que condenará sempre.
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