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Distinguimos já vários tipos de ataque psíquico, descrevemos os métodos que podem ser empregados para executá-los, e observamos também as várias formas de delírio, de fraude e de auto-sugestão que podem complicar o problema. Estamos, agora, em posição para discutir a questão da diagnose. Consideremos todo o assunto do ponto de vista prático. Supondo-se que um estranho nos venha com uma história de ataque psíquico, qual deveria ser o nosso procedimento? Devemos em primeiro lugar ter em mente que é preciso ter cautela em presumir que um ataque psíquico está sendo efetuado. Os ataques psíquicos são coisas relativamente raras. Não devemos presumir que estamos lidando com um até que tenhamos excluído todas as outras hipóteses. Não muito tempo atrás deparei-me com um caso de pretensa obsessão, que era na verdade uma constipação negligenciada e que foi efetivamente exorcizada com óleo de rícino. Quando se observam sintomas físicos no caso, mesmo que eles se resumam a uma cor má ou a um mau hálito, um médico qualificado deveria fazer um diagnóstico, pois mesmo que a perturbação tenha um elemento psíquico predominante, a sua origem pode ser física. Os focos sépticos são realmente centros de decomposição, e como tal eles abrem a porta para formas inferiores de vida elemental cuja função é tomar parte na volta do pó ao pó. As impurezas da corrente sanguínea podem envenenar o cérebro. Tumores e abscessos podem desregular suas funções. Essas coisas só podem ser reconhecidas pelo homem que compreende o corpo; diante de sintomas semelhantes, o homem treinado é o melhor homem, e o homem com o melhor treinamento é o homem certo, e o único lugar em que um treinamento adequado em diagnose pode ser obtido é um hospital geral. Além disso, se as coisas não correrem bem, a única pessoa que pode tirar a sardinha com a cauda do gato é a pessoa cuja assinatura as autoridades aceitarão num certificado. Supondo-se que o paciente se revele um lunático, o que é que o praticante não-qualificado pode fazer com ele? Muitos casos de pretenso ataque psíquico são na verdade casos de insânia e histeria. A sandice incipiente é algo muito difícil de detectar; a histeria é muito astuciosa e plausível; um médico que lida com a natureza humana todos os dias de sua vida detectará esses dois estados muito mais rapidamente do que o leigo que jamais os viu antes .
Pode-se objetar que é muito difícil encontrar um médico que tenha uma atitude simpática para com o ocultismo. Utilizar esse argumento é falsear a questão .
Não se pede ao médico que coopere com qualquer operação oculta, mas que examine o distúrbio físico e, quando o encontrar, que o cure. Ele está tão preocupado com as medidas ocultas que se tomam em benefício do paciente quanto com a igreja que este freqüenta .
Se o médico não encontra nenhuma evidência de um distúrbio orgânico, ou de alguma doença como veias varicosas, que obviamente nada tem a ver com o estado mental, pode-se dizer que o caso passou pelo primeiro teste, e podemos estar certos de que cumpre-nos passar à investigação psíquica. Se o caso tem mau aspecto, ou se a perturbação dura já há muito, o médico provavelmente descobrirá que o paciente está debilitado, mesmo que não haja nada definitivamente errado, e irá proceder ao tratamento adequado. Isso é muito bom, pois, quanto melhor for o estado físico do paciente, maior controle mental e resistência ele terá. Os soporíferos deveriam ser evitados, se possível, mas, se forem necessários, o paciente deverá então ser vigiado enquanto dorme por alguém que saiba como manter uma guarda ocultista, e o quarto em que ele dorme deverá ser purificado e selado. Normalmente, se uma pessoa que está no astral depara com um ataque oculto, ela volta para o seu corpo como um coelho para a toca e desperta como que de um pesadelo; mas se o sono se tornou artificialmente profundo devido à ingestão de um soporífero, ela não poderá despertar, e ficará presa no astral, por assim dizer, que é a última coisa que se deseja no caso de um ataque psíquico. Se o soporífero é considerado absolutamente necessário, já que é impossível ficar sem dormir indefinidamente, a pessoa que está vigiando o paciente deverá observar cuidadosamente todos os sinais de que o sono está sendo perturbado por sonhos, e se ela perceber resmungos e contorções, deverá imediatamente realizar os esconjuros necessários e sussurrar em seus ouvidos sugestões calmantes e tranqüilizadoras como as que Coué recomenda que se façam no caso das crianças. Uma das características mais aflitivas de um ataque psíquico consiste no fato de que a vítima teme dormir porque sente que no sono ela está indefesa. Aqueles que leram a terrível história de Kipling, “The End of Passage”, devem lembrar-se de que a vítima do ataque oculto nela descrito sempre ia para a cama usando esporas para que com elas pudesse ferretear-se e despertar na eventualidade de estar pelejando com o seu inimigo invisível durante o sono .
Há muitas coisas que se podem fazer no piano físico para auxiliar a pessoa que está sofrendo um ataque oculto, e esses métodos físicos estão dentro das providências que um médico pode tomar quando o caso está aos seus cuidados. A luz do sol é extremamente valiosa porque fortalece a aura e a toma muito mais resistente., As pessoas são sempre aconselhadas a se retirarem para o campo por essa razão, mas, para a vítima de um ataque oculto, a reclusão no campo pode não ser a atitude mais sábia, pois as forças elementais são muito mais potentes fora das cidades, e se essa vítima corre o perigo de sofrer uma investida de forças atávicas, o melhor que ela tem a fazer é agarrar-se à morada dos homens. O mar é igualmente uma força elemental que será melhor evitar, pois a água é um elemento que está intimamente associado ao psiquismo. Quando se recomenda uma recuperação saudável para uma pessoa que sofre de um distúrbio psíquico, as grandes massas de água e as montanhas elevadas devem ser evitadas. O melhor lugar é um balneário no interior do país. Jogos, treinamento físico, massagens, tudo que melhora o estado do corpo é útil, mas as longas caminhadas solitárias devem ser evitadas porque ela sempre o risco do suicídio. A pessoa que sofre de um ataque psíquico deveria a todo custo evitar a solidão .
Há uma outra medida simples que proporciona imenso alívio nos casos de interferência psíquica. E óbvio que o ataque é feito através dos centros psíquicos, portanto tudo que feche esses centros tornará a vítima relativamente imune. É sabido que uma pessoa embotada e materialista pode viver impunemente em casas assombradas que levam o sensitivo à loucura e ao suicídio. É também sabido que o trabalho psíquico não pode ser realizado se há. alimento no estômago; os melhores resultados são sempre obtidos em jejum. O corolário óbvio desses fatos é que, se desejamos manter os centros psíquicos fechados, não deveríamos permitir que o estômago ficasse vazio. A pessoa que está enfrentando um ataque psíquico não deveria ficar mais do que duas horas sem ingerir algum alimento .
Certos importantes centros psíquicos localizam-se na cabeça. Uma das maneiras mais simples de testar a sua atividade é retirar o sangue da cabeça. Isso pode ser feito tomando-se um banho quente ou colocando-se os pés em água e mostarda quente. Outro importante centro psíquico é o plexo solar; durante um ataque psíquico, sente-se que ele está quase sempre tenso e confrangido. Uma grande garrafa de água quente, bem cheia de modo que seja tão pesada quanto quente, deposta sobre o plexo solar, que é o espaço da largura da mão entre a boca do estômago e as costelas, aliviará efetivamente a tensão nesse ponto. Além disso, a pressão sem calor trará alívio, e eu soube de casos em que uma almofada firme presa no local por um cinto de espartilho trouxe muito conforto .
Acima de tudo, os intestinos deveriam ser mantidos livres enquanto se enfrenta um ataque psíquico, porque não há nada que ponha alguém em tão grande desvantagem quanto a acumulação de matéria estéril no corpo .
Todos esses simples remédios físicos são absolutamente úteis. Eles não darão uma cura para as patologias psíquicas, nem uma completa defesa contra o ataque psíquico, mas podem trazer um grande alívio para a aflição; eles permitem à vítima oferecer uma resistência muito mais efetiva, e aliviando a tensão eles aumentam a sua resistência. Em muitos casos de ataque psíquico, aquele que resiste por mais tempo triunfa; os ataques psíquicos realizados por seres humanos não são coisas que podem ser mantidas indefinidamente, pois utilizam muita energia .
Diz um velho adágio: “Nunca utilize uma grande pá se uma pequena pá pode fazer o serviço”. Os métodos físicos de defesa envolvem muito menos dispêndio de energia do que os métodos psíquicos, portanto é psiquicamente econômico fazer tanto uso dela quanto possível. Por que devemos nos preocupar com exorcizar os elementos da terra por meio de um ritual se podemos fazê-lo com uma pílula? A questão da dieta também precisa ser considerada a esse respeito. A propaganda muito difundida da Sociedade Teosófica fez com que o vegetarianismo fosse visto como um sine qua non do treinamento ocultista. Isso, contudo, não é verdade. A Tradição Esotérica ocidental não inclui o vegetarianismo como parte de seu sistema, mas ensina que um homem deveria comer frugalmente e moderadamente os alimentos da terra em que se acha. Pessoalmente, estou propensa a pensar que ocultismo e vegetarianismo podem constituir uma mistura insensata para um europeu, tendo como conseqüência uma super-sensibilidade que torna a vida muito difícil em nossa árdua civilização .
O vegetarianismo deve ser absolutamente bem compreendido e extremamente bem realizado para ser bem sucedido, e mesmo assim há muitas pessoas que são incapazes de digerir as proteínas vegetais, que não são tão facilmente assimiláveis quanto as substâncias animais. Nada a não ser a experiência pode mostrar se uma dieta vegetariana se adapta a uma dada pessoa. A indigestão não é o único indício de que algo não vai bem. A perda de apetite, a perda de energia, a perda de peso ou uma flácida corpulência podem causar uma má saúde crônica. Uma pessoa pode dar-se muito bem com o vegetarianismo no início, mas pode descobrir, depois de um considerável período de tempo, possivelmente anos, que estão se tomando sujeitas a neurites, a nevralgias, a dores ciáticas ou a uma ou outra das dores nevrálgicas. Essa é uma indicação segura de que uma dieta vegetariana está fornecendo insuficiente nutrição, não porque ela não contenha as unidades alimentícias necessárias, mas porque a digestão é incapaz de assimilá-las e elas estão passando inalteradas pelo organismo. Sempre que há uma história de dores nevrálgicas complicando um caso de distúrbio psíquico, costumo suspeitar de uma má nutrição crônica como causa de um psiquismo hipertrofiado. Nesses casos, descobrir-se-á provavelmente que uma volta gradual à dieta mista trará uma redução da hipersensiblidade, os contatos indesejáveis que se formaram desaparecerão e o estado orgânico voltará ao normal. A mudança de dieta, no entanto, deveria ser sempre feita gradualmente para que a digestão não seja perturbada.Todo aquele que está tendo problemas com um distúrbio psíquico deveria imediatamente cessar todas as práticas ocultistas e abandonar suas meditações habituais, retornando às preces de sua infância ou aos métodos do Novo Pensamento. Não é hora de abrir os centros psíquicos quando há uma perturbação astral. A coisa a fazer nesses casos é regressar ao plano físico e aí ficar, resolutamente. Havia um desenho num velho número de Punch que no meu modo de ver expressa a atitude correta para uma pessoa atormentada pela perturbação psíquica. Á frente de uma antiga cama de baldaquino está uma feroz mulher armada com um rolo de pastel, e embaixo da sanefa aponta a cabeça do marido, que diz: “Você pode me bater e me quebrar, mas não pode reprimir a minha personalidade, pois eu não sairei”. Se a vítima de um ataque oculto se concentra em coisas mundanas, ela se transforma num osso duro de roer para qualquer feiticeiro. O que pode o feiticeiro fazer se no momento em que opera a arte negra, a sua vitima está no cinema rindo às gargalhadas com as momices de Carlitos? Reza o velho ditado que um prego empurra o outro. Se você tem medo de perigos invisíveis, dedique-se a um esporte que tenha algum elemento de risco .
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